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O combate ao favoritismo está presente no ordenamento jurídico em diversas formas. Constituições Estaduais, Leis ordinárias, Leis Complementares, Decretos Estaduais: todas as modalidades normativas apresentam regras acerca do fim do nepotismo.

É importante ressaltar a preocupação do legislador com o favoritismo, tendo em vista que, diversas normas legais foram editadas antes mesmo da aprovação da súmula vinculante nº 13. Estão listados, abaixo, alguns exemplos de normas anteriores à súmula que vedam o nepotismo.

No que se refere às Constituições estaduais, por exemplo, a Constituição do Estado do Rio de Janeiro, através da Emenda Constitucional nº 34/2005, inseriu o 11º parágrafo no artigo 77, que dispõe:

Art. 77...

§ 11 - São vedadas, na Administração Pública do Estado do Rio de Janeiro:

I - a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente, até o terceiro grau civil inclusive, de membro de Poder, para cargo em comissão declarado em Lei de livre nomeação e exoneração ou função de confiança, qualquer que seja a denominação ou símbolo da gratificação;

II - a contratação, sem que seja por concurso público, ainda que por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, das pessoas descritas no inciso anterior.23

A Constituição do Estado do Mato Grosso do Sul preceitua em seu artigo 27, parágrafos 7º e 8º:

Art. 27...

7º No âmbito de cada Poder do Estado bem como do Ministério Público Estadual, o cônjuge, o companheiro e o parente

23 BRASIL. Emenda Constitucional n 33, de 11 dez 2001. Altera os arts. 149, 155 e 177 da Constituição

consangüíneo ou afim, até o terceiro grau civil, de membros ou titulares de Poder e de dirigentes superiores de órgãos ou entidades da administração direta, indireta ou fundacional, não poderão, a qualquer título, ocupar cargo em comissão ou função gratificada, esteja ou não o cargo ou a função relacionada a superior hierárquico que mantenha referida vinculação de parentesco ou afinidade, salvo se integrante do respectivo quadro de pessoal em virtude de concurso público de provas ou de provas e títulos.

8° É vedado a qualquer servidor o exercício de cargo, emprego ou função sob as ordens imediatas de superior hierárquico, de que seja cônjuge, companheiro ou parente, consangüíneo ou afim, até o terceiro grau civil.24

Em 13 de dezembro de 1995, portanto, 13 anos antes da edição da súmula vinculante que combate o favoritismo, o legislador do Estado do Rio Grande do Sul editou a Emenda Constitucional nº 12, alterando ao artigo 20 da Constituição daquele Estado, que passou a vigorar com a seguinte redação:

Art. 20 - A investidura em cargo ou emprego público assim como a admissão de empregados na administração indireta e empresas subsidiárias dependerão de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargos de provimento em comissão, declarados em lei de livre nomeação e exoneração.

§ 1º - As provas deverão aferir, com caráter eliminatório, os conhecimentos específicos exigidos para o exercício do cargo.

§ 2º - Os pontos correspondentes aos títulos não poderão somar mais de vinte e cinco por cento do total dos pontos do concurso.

§ 3º - A não-observância do disposto neste artigo acarretará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável.

§ 4º - Os cargos em comissão destinam-se à transmissão das diretrizes políticas para a execução administrativa e ao assessoramento.

§ 5º - Os cargos em comissão não podem ser ocupados por cônjuges ou companheiros e parentes, consangüíneos, afins ou por adoção, até o segundo grau:

I - do Governador, do Vice-Governador, do Procurador-Geral do Estado, do Defensor Público-Geral do Estado e dos Secretários de Estado, ou titulares de cargos que lhes sejam equiparados, no âmbito da administração direta do Poder Executivo;

II - dos Desembargadores e Juízes de 2º grau, no âmbito do Poder Judiciário;

III - dos Deputados Estaduais, no âmbito da Assembléia Legislativa; IV - dos Procuradores de Justiça, no âmbito da Procuradoria-Geral de Justiça;

V - dos Conselheiros e Auditores Substitutos de Conselheiros, no âmbito do Tribunal de Contas do Estado;

VI - dos Presidentes, Diretores-Gerais, ou titulares de cargos equivalentes, e dos Vice-Presidentes, ou equivalentes, no âmbito da

24 MATO GROSSO DO SUL. Constituição (2005). Disponível em: <http://www.camarasgo.ms.gov.br/

respectiva autarquia, fundação instituída ou mantida pelo Poder Público, empresa pública ou sociedade de economia mista.25

O Poder Executivo do Estado de Minas Gerais, através do ex-Governador Itamar Franco, editou, em 2002, o Decreto Estadual nº 42.258, cuja ementa “estabelece a proibição de contratação, sob qualquer forma, de parente até segundo grau ou afim, para cargo de recrutamento amplo”.

Em 2005, o Município de Indaial, Santa Catarina, editou a Lei Complementar nº 58, cujo artigo 1º assim dispõe:

Art. 1º - Fica vedada a nomeação de cônjuges e parentes consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o 3º grau, inclusive, para cargos de provimento em comissão no âmbito da administração pública dos poderes Executivo e Legislativo, Autarquias, Fundações ou empresas públicas ou sociedade de economia mista do município.26

Em 28 de novembro de 2008, a Câmara Municipal de Botucatu, São Paulo, editou a lei nº 4.082, com a finalidade de combater o favoritismo no âmbito daquele Município. O artigo 1º da citada lei dispõe:

Art. 1º - Fica proibida a contratação, na Administração Pública Direta e na Câmara Municipal, de servidor para cargo de confiança demissível “ad nutum”, desde que parente em linha reta, colateral ou afim, até o terceiro grau, do Prefeito Municipal, do Vice-Prefeito Municipal, dos Secretários Municipais e dos Vereadores.27

Importante ressaltar que em face da mencionada lei municipal foi ajuizada Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, pelo Partido Popular Socialista (PPS), que recebeu o número 159. O Requerente argui que a lei nº 4.082/08 viola o texto do verbete nº 13, vez que impede a nomeação de Secretário Municipal, agente político.

A simples leitura do artigo 1º, contudo, demonstra que a lei municipal não veda a nomeação de Secretário Municipal, mas sim veda que Secretário Municipal nomeie parente em linha reta, colateral ou afim, até o terceiro grau.

25 RIO GRANDE DO SUL. Constituição (1989). Disponível em: <http://www.al.rs.gov.br/prop/

legislacao/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 21 ago 2011.

26 INDAIAL. Lei Complementar n 58, de 8 jun 2005. Dispõe sobre a proibição de nomeação de

parentes para os cargos de provimento em comissão no âmbito da administração pública do município de Indaial.

27 BOTUCATU. Lei n 4.082, de 28 nov 2000. Proíbe a contratação de Servidor na Administração Pública

Municipal direta, indireta, fundacional e Câmara Municipal, se parente ou convivente das autoridades mencionadas.

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