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UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA (USF):

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. O paciente com tuberculose pulmonar

5.1.1. Quanto ao sexo

Gráfico 1. Distribuição e percentual dos doentes em tratamento, quanto ao sexo, de um Ambulatório de Especialidades Médicas e uma Unidade Saúde da Família, Município de São Paulo, 2003.

Segunda o Gráfico 1 observa-se um número maior de entrevistados do sexo feminino em relação ao masculino na USF (69,3%) e no AEM um maior número de doentes do sexo masculino (57,8%). Observou-se neste estudo um maior número de doentes do sexo feminino, lembrando que a amostra é não probabilística. Os dados da literatura apontam que os homens são mais acometidos por tuberculose em relação às mulheres. Nos países em desenvolvimento, dos casos novos notificados dois terços são do sexo masculino (THORSON, DIWAN 1998).

57,8 42,2 30,7 69,3 0 20 40 60 80 100 Masc Fem

Percen

tu

al

AEM USF

5.1.2. Quanto à faixa etária

Gráfico 2. Caracterização dos doentes em tratamento, segundo a faixa etária, de um Ambulatório de Especialidades Médicas e uma Unidade Saúde da Família, Município de São Paulo, 2003.

Observou-se no Gráfico 2 um predomínio da faixa etária entre 35 a 45 anos, com 30,8% (USF) e 26,3% (AEM). Os achados chamam atenção para faixa etária de 15 a 25 anos, onde 30,7% (USF) e 21,0% (AEM) da população estudada ocupava esse intervalo. Porém como se trata de uma amostra intencional, qualquer tipo de análise com generalização desses dados, seria mera especulação, tornando-se necessário uma maior investigação sobre este aspecto.

Estudos realizados no Município de São Paulo e Campinas/SP demonstraram que a população mais atingida pela tuberculose encontrava-se na faixa etária de 30 a 49 anos, refletindo o que acontece no Brasil e em várias partes do mundo (MINISTÉRIO DA SAÚDE 1999; OLIVEIRA, MOREIRA FILHO 2000; NOGUEIRA e col. 2001).

5.1.3. Quanto ao grau de escolaridade

Tabela 1. Grau de escolaridade dos doentes em tratamento de tuberculose pulmonar, de um Ambulatório de Especialidades Médicas e uma Unidade Saúde da Família, Município de São Paulo, 2003.

Grau

escolaridade

AEM USF TOTAL

Nº % Nº % Nº % Analfabeto 2 10,5 3 23,0 5 15,6 1º grau incompleto 8 42,2 6 46,2 14 43,7 1º grau completo 3 15,7 1 7,7 4 12,5 2º grau incompleto 4 21,0 1 7,7 5 15,6 2º grau completo -- -- 2 15,4 2 6,3 3º grau incompleto 2 10,6 -- -- 2 6,3 TOTAL 19 100,0 13 100,0 32 100,0

O grau de escolaridade é baixo na população estudada, quase metade da população entrevistada (43,7%) não tem o primeiro grau completo, e ainda, 15,6% são analfabetos Tabela 1).

O grau de escolaridade está diretamente relacionado às dificuldades enfrentadas pelos doentes durante o tratamento (BELLUOMINI 1981, BERTOLOZZI 1998, CAMPINAS 1999; OLIVEIRA e MOREIRA FILHO 2000), em estudo realizado na cidade de Campinas, São Paulo, constatou-se que 56,5% dos abandonos prévios eram de pacientes com baixa escolaridade. Dentre os doentes com

recidivas (44,5%) eram indivíduos que não estudaram ou tinham menos de quatro anos de estudo formal.

5.1.4. Vínculo empregatício e renda familiar

Gráfico 3. Situação dos doentes em tratamento, segundo vínculo empregatício, de um Ambulatório de Especialidades Médicas e uma Unidade Saúde da Família. Município de São Paulo, 2003.

*os aposentados foram incluídos na categoria de empregados.

Observando o Gráfico 3, o desemprego é acentuado nas populações pesquisadas, embora, seja mais evidente na USF, onde 61,6% consideram-se desempregados. Quanto à ocupação dos pesquisados encontrou-se no AEM que 18,1% tinham trabalho informal no momento da entrevista, e que 18,1% eram donas de casa. Embora estes sujeitos contribuíssem na renda familiar no momento da pesquisa realizando “bicos”, na prática não estão inseridos na população economicamente ativa do país, engrossando ainda mais a categoria dos não empregados.

Observou-se nos serviços estudados que as famílias são numerosas com mais de quatro pessoas por família (37,5%), sendo a renda de maior percentual (46,9%) entre um a três salários mínimos vigente. (R$200,00).

5.1.5. Local procurado para assistência

Tabela 2. Número e percentagem de doentes em tratamento, segundo primeiro local procurado para tratamento, de um Ambulatório de Especialidades Médicas e uma Unidade Saúde da Família, Município de São Paulo, 2003.

Local AEM USF TOTAL

Nº % Nº % Nº % Posto de saúde 2 10,5 2 15,4 4 12,5 Farmácia -- -- -- -- -- -- Pronto Socorro 17 89,5 10 76,9 27 84,4 Convênio -- -- 1 7,7 1 3,1 TOTAL 19 100,0 13 100,0 32 100,0

O local procurado para atendimento (Tabela 2) foi prioritariamente o Pronto Socorro, 84,8% do total dos entrevistados. Nesse estudo a porta de entrada foi o serviço de pronto atendimento. Alguns estudos apontam dificuldades de acesso aos serviços de saúde pelos doentes. A principal porta de entrada tem sido os hospitais e o pronto atendimento (BELLUOMINI 1981, BERTOLOZZI 1998, CAMPINAS 1999).

Nesse sentido a organização dos serviços no atendimento ao doente desde o diagnóstico até a cura é fundamental para o sucesso do PCT. As deficiências técnico- administrativas funcionam como obstáculos à regularidade do tratamento, contribuindo para altos índices de abandono, reingressos repetidos, falências e recidivas ao esquema de curta duração, fazendo com que indivíduos eliminadores crônicos de bacilos permaneçam sem tratamento, ou acumulem-se nos centros de tratamento (OLIVEIRA, MOREIRA FILHO 2000).

5.1.6. Tempo de demora em busca por serviço de saúde a partir dos sintomas

Tabela 3. Número e percentagem de doentes em tratamento, segundo tempo de demora em busca por serviço de saúde. de um Ambulatório de Especialidades Médicas e uma Unidade Saúde da Família, Município de São Paulo, 2003.

Tempo demora

AEM USF TOTAL

Nº % Nº % Nº % < 1 mês 8 42,2 1 7,6 9 28,1 1 |- 3 meses 8 42,2 6 46,1 14 43,8 3 |- 6 meses 1 5,2 3 23,1 4 12,5 6 |- 9 meses -- -- 3 23,1 3 9,4 9 |- 12 meses 1 5,2 -- -- 1 3,1 12 e + 1 5,2 -- -- 1 3,1 TOTAL 19 100,00 13 100,0 32 100,0

Quanto ao tempo de demora na busca por atendimento médico, observa-se na Tabela 3 que apenas 28,1% dos doentes procuraram o serviço de saúde em menos de trinta dias após os sintomas. Também observou-se que 56,3% levaram entre um e seis meses para procurar assistência.

O tempo de demora do doente geralmente traduz falta de percepção da potencial gravidade da tuberculose, acarretando o diagnóstico tardio. Alguns autores atribuem o fato à interpretação dos sintomas por parte dos doentes como sendo resfriado ou uma gripe persistente. Contribue também para a demora o medo de não conseguir acesso aos serviços públicos e fatores ligados ao estigma e a perda do

trabalho durante o processo de tratamento (BELLUOMINI 1981, BERTOLOZZI 1998, CAMPINAS 1999, VENDRAMINI e col 2002).

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