• Nenhum resultado encontrado

3.5 – O PAPEL DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA 13 NA FORMAÇÃO

DOCENTE

Compartilhamos da idéia de que o coordenador pedagógico é um dos agentes de mudanças na escola. Pensamos também que o trabalho do coordenador deva ser em parceria com os professores, direção e demais funcionários da escola.

Para que o trabalho do coordenador aconteça, necessária se faz uma sistemática de trabalho que envolva várias dimensões, dentre elas o planejamento. O coordenador precisa ter a capacidade para ler o que acontece na escola e, para isto, necessita estabelecer uma comunicação contínua com todos os segmentos da escola, de modo que esse planejamento atenda as especificidades do grupo.

O coordenador pedagógico medeia a atividade docente; essa mediação se dá num processo contínuo de acompanhamento nos momentos de planejamento, sala de aula e nos momentos de formação contínua na escola. Entendemos que o coordenador pedagógico como elemento que deve estar mais próximo do professor na escola, é um grande interventor da formação docente uma vez que:

Desencadear o processo de formação continuada na própria escola, com o coordenador assumindo as funções de formador, além de possibilitar ao professor a percepção de que a proposta transformadora faz parte do projeto da escola, propiciará condições para que ele faça de sua prática objeto de reflexão e pesquisa,

13 Nesse trabalho optamos em usar a nomenclatura “coordenação pedagógica” por ser essa a

encontrada na literatura que trata do assunto. A Secretaria Municipal de Educação/Natal-RN usa a nomenclatura “apoio pedagógico”.

habituando-se a problematizar seu cotidiano, a interrogá-lo e a transformá-lo, transformando a própria escola e a si próprio (ORLOSON, 2001, p.23)

O coordenador deve estabelecer uma escuta permanente das necessidades e desejos do professor para que possa mediar seu apoio, facilitando assim, o seu fazer. Sabemos que lidar com as subjetividades de várias pessoas na escola é uma tarefa difícil e buscar uma linha de trabalho que atenda a essas intersubjetividades na busca de um trabalho sincrônico - é uma tarefa quase impossível que requer do coordenador uma contínua reflexão sobre o seu fazer.

Para isto, o coordenador deve estabelecer um canal permanente de troca com os professores, de modo a estar permanentemente revendo seu trabalho. Essa parceria com os professores “possibilita ao coordenador rever seu papel, historicamente dado, de supervisionar, de deter informações, ‘para co-visionar’” (ORSOLON, 2001, p.25).

Entendemos que, da mesma forma que há uma fragilidade na formação docente há também fragilidade na formação da coordenação para mediar a atividade docente14.

O coordenador é um educador que deve possuir um diferencial, mas ele ainda não tem definida sua identidade que ainda está em processo de construção “de conquista, de uma territorialidade própria” nas escolas (MATE, 2002, p.18). Mas, o que faz o coordenador pedagógico na escola? Qual o seu papel?:

14 Esta é uma temática que requer uma discussão mais apurada mas é uma área de pesquisa pouco

x Ajuda a elaborar a proposta pedagógica da escola e garante que ela seja posta em prática.

x Orienta pedagogicamente pais e responsáveis, alunos, educadores e demais funcionários da instituição.

x Responde pela formação docente (COORDENADOR ...,15, 2003, p.21).

Nessa perspectiva, o coordenador pedagógico na Escola Emília Ramos tem seu papel bastante definido e tem uma ação determinante na formação continuada de professores. O coordenador pedagógico também mobiliza a prática pedagógica da Escola e a sua proposta pedagógica. A clareza desse papel pode ser evidenciada na fala de C1:

Para mim o papel da coordenação pedagógica tem a função principal de fazer esse trabalho de articulação da proposta da escola. Articular a construção e fazer com que essa proposta seja realmente colocada em prática. Como também trabalhar a formação continuada, a formação permanente do grupo de professores, fazendo estudos sistemáticos, juntos, partindo das dificuldades que os professores sentem no seu dia-a-dia, então trazer elementos para subsidiar essa prática.

O trabalho da coordenação pedagógica na Escola, assim como as demais funções, são constantemente avaliadas numa perspectiva de sempre estar atendendo as necessidades da comunidade escolar, de maneira satisfatória. Nesse sentido, na avaliação feita ao final de 2003, os professores da EJA colocaram algumas sugestões de como deveria ser o trabalho da coordenação pedagógica: Com diálogo e troca de experiência - 22%; Atenda às necessidades dos professores

- 45%; Continue o que está sendo feito - 33% (ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA EMÍLIA RAMOS, 2003a, p.4).

O trabalho da coordenação de apoio ao professor acontece em várias frentes, na busca de atender as várias dimensões que a atividade docente demanda:

Tem momento que você se reúne com o grupo, por nível, você escuta o professor, o que ele planejou, a partir do que ele planejou o que ele vai precisar para executar o seu planejamento – que subsídio você pode ajudar. Tem momentos da reunião de estudo e momentos que vamos para sala de aula junto com o professor para uma intervenção pedagógica a pedido do professor (C-1).

Nesse trabalho de escuta do professor, muitas vezes o Coordenador se sente impotente, pois sua formação não contemplou esse trabalho de mediação da atividade docente, uma atividade complexa que, a cada dia lhe apresenta novos desafios a serem enfrentados principalmente quando essa atividade acontece no ensino noturno e na Educação de Jovens e Adultos analfabetos ou pouco escolarizados e numa escola da periferia dos centros urbanos.

Eu sinto muita angústia. Falta elemento teórico pra discutir junto com o professor, na hora que ele ta colocando aquelas queixas, suas angústias. Aí eu começo a conversar com o professor, procuro textos, sempre eu procuro ter um respaldo na teoria pra essas queixas, o coordenador deve ser uma pessoa que escuta o professor e juntamente com o professor tirar encaminhamentos pra solucionar essas queixas. Eu vejo o coordenador pedagógico como um parceiro do professor, eu vejo uma relação de horizontalidade, não vejo essa questão de verticalidade.(C-1).

Nessa relação de horizontalidade, os professores da Escola vêem na figura do coordenador pedagógico um grande parceiro do seu trabalho e, em suas falas sempre ressaltam a importância desse sujeito para a sua prática:

A gente descobre conjuntamente e coletivamente o melhor caminho a seguir, a coordenação pedagógica idealiza os projetos junto com a gente (P-2).

A gente tem dúvidas, a coordenadora chega traz conhecimentos, nos momentos difíceis, na sala de aula, ela vem ajudar (P-3).

Tem uma pessoa que me ajuda muito a caminhar, que eu tenho também como espelho, que é a coordenadora pedagógica, que é uma pessoa com quem, tanto no sentido profissional quanto pessoal, eu criei laços muito fortes, a gente tem uma relação de confiança e credibilidade, na pessoa que coordena os trabalhos na Escola à noite, ela é um referencial para mim – que nos faz sentir essa segurança (P-5).

Nessa construção da identidade do coordenador pedagógico, a Escola vem encaminhando um novo jeito de coordenar a atividade docente onde o eixo principal é a formação. A formação que acontece em várias frentes - nos estudos teóricos, no planejamento e nas trocas de experiências e é sobre a formação que acontece na Escola que falaremos no próximo capítulo que intitulamos Emília Ramos: uma Escola de (inter) formação.