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3 DA CONCILIAÇÃO

3.5 O papel das partes envolvidas

Diante do crescente interesse do Poder Judiciário em fomentar a utilização de métodos consensuais de resolução de litígios, principalmente a conciliação, se faz necessário destacar a importância e o papel das partes envolvidas.

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BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de Setembro de 1995. Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9099.htm> Acesso em: 19 ago. 2015.

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BRASIL. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm> Acesso em: 19 ago. 2015.

3.5.1 O Conciliador

O conciliador é um terceiro imparcial que ajuda as partes envolvidas em um conflito a encontrarem a melhor solução para a demanda por meio de um acordo que seja favorável a ambas as partes. O seu papel é de sugerir soluções para o problema, sem fazer juízo de valor sobre nada que for discutido na conciliação, facilitando um diálogo entre as partes.

A Resolução nº 08 de 09 de março de 2011 do Tribunal de Justiça da Paraíba que regulamenta o artigo 217, parágrafo 3º, da Lei Complementar nº 96/201034 referente à atividade voluntária e não remunerada de conciliador nos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito no Poder Judiciário do Estado da Paraíba, traz em seu art. 1º:

Os conciliadores, em número proporcional ao movimento forense, serão selecionados entre cidadãos que apresentarem qualificação compatível com essa atividade, observada a preferência para bacharéis em direito e universitários do curso de direito regularmente matriculados a partir do sétimo semestre.35

Ainda de acordo com o mesmo decreto, os conciliadores atuarão nos processos cíveis e criminais no desempenho das seguintes atribuições:

I - abrir e conduzir a audiências de conciliação sob a orientação e supervisão do juiz de direito, promovendo o entendimento entre as partes; II-redigir os termos de acordo submetendo-os à homologação do juiz de direito; III - certificar os atos ocorridos na audiência de conciliação; IV - tomar por termo os requerimentos formulados pelas partes na audiência de conciliação.36

O desempenho do conciliador colabora de forma relevante para uma melhor prestação jurisdicional, pois pode adiantar a realização da audiência de conciliação daqueles processos agendados há algum tempo na pauta de audiências, e ainda, por desfrutar de mais tempo para realizar a conciliação, diversamente dos juízes, que geralmente possuem uma pauta sobrecarregada diariamente.

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PARAÍBA. Lei de Organização e Divisão Judiciárias do Estado da Paraíba. Disponível em: <http://www.tjpb.jus.br/wpcontent/uploads/legado/legislacao/1633_Loje_Janeiro_2011_Certificacao_D Digita.pdf> Acesso em: 19 ago. 2015.

35

PARAÍBA. Tribunal de Justiça. Resolução nº 08 de 09 de março de 2011. Disponível em: <http://www.tjpb.jus.br/wpcontent/uploads/legado/legislacao/1521_Resol. 2011.pdf> Acesso em: 20 ago. 2015.

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Convém lembrar que os conciliadores estão sujeitos às mesmas regras de impedimento e suspeição, o que garante a imparcialidade na conciliação.

Enfim, é cediço que a maior contribuição do conciliador é a construção de uma cultura de pacificação na sociedade.

3.5.2 O Juiz

Atualmente a sociedade espera que o juiz seja mais do que um aplicador de leis, que se empenhe com a solução dos litígios, com capacidade de conciliar.

Nesse sentido é a lição de Adriana Goulart de Sena e Giovanni Olsson:

No início do século XXI, a sociedade está a exigir do Judiciário uma revisão de seus paradigmas operativos. Do Juiz, demanda-se uma nova postura, necessariamente proativa, uma nova visão, marcadamente integradora recompositiva, e novos saberes, atentos à multidimensionalidade dos conflitos e à complexidade da atuação do Estado-Juiz, a um só tempo, como administrador, julgador e, em especial, pacificador, ou seja, aquele que dará o tratamento adequado ao conflito de interesse submetido ao seu mister.37

Ainda, nas palavras de Fátima Nancy Andrighi38:

Esse é um momento de inelutável exercício de humildade e de reflexão, tanto dos membros do Poder Judiciário como dos ilustres advogados, porque as circunstâncias históricas o exigem. Dispostos a não cometer mais equívocos, estamos preparados para o desafio de uma nova política na administração da Justiça, empregando todos os esforços para melhorar o sistema judicial, porque só com esta postura cumpriremos o primeiro mandamento da atividade do juiz – a busca pertinaz da paz social.

Ao juiz cabe esclarecer as partes sobre a importância da conciliação, mas deixando a decisão de conciliar ou não a cargo delas. Quando o magistrado está a frente de uma conciliação, deve procurar construir um ambiente que transmita confiança e deixe as partes à vontade.

37

SENA, Adriana Goulart de; OLSSON, Giovanni. Técnicas de juízo conciliatório na Justiça do Trabalho. In: PELUSO, Antônio Cezar; RICHA, Morgana de Almeida (Org.). Conciliação e mediação: estruturação da política judiciária nacional. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, pag. 143.

38

ANDRIGHI, Fátima Nancy. Mediação – um instrumento judicial para a paz social. Revista do Advogado. São Paulo, ano XXVI, n. 87, p. 134-137, set. 2006, pag. 137.

Necessário esclarecer que o juiz deve ser cuidadoso com pré-julgamentos, pois durante a conciliação ele não esta exercendo o papel de Estado-Juiz, mas auxiliando as partes na solução do conflito, sugerindo opções.

3.5.3 O Advogado

Conforme determina o art.2º do Estatuto da OAB, o advogado é indispensável à administração da justiça. Relevante também é sua participação no processo conciliatório.39

O próprio Código de Ética em seu art. 2º, parágrafo único, inciso VI, estabelece que o advogado é defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, e institui como um dever deste “estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios”. Por não se tratar de um processo judicial comum, a conciliação exige do advogado uma conduta diferenciada, deixando de lado o modo adversarial para funcionar como um pacificador.40

Assim, por se tratar de uma modalidade de resolução de conflitos autocompositiva, ou seja, as partes possuem maior participação e controle sobre o processo e seu resultado, vez que a composição deriva de um acordo entre elas e não da imposição de um terceiro, faz-se necessária uma postura do advogado direcionada a criar as melhores soluções para a composição do litígio, usando, para isso, a sua criatividade e experiência profissional.

Ao advogado cabe ajudar a parte a identificar quais são seus reais interesses e assim compor propostas que possibilitem ganhos mútuos.

Para concluir, nas palavras de André Gomma de Azevedo e Cyntia Cristina de Carvalho Silva, “Entende-se assim que bons advogados são importantes, na medida

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BRASIL. Lei nº 8.906, de 4 de Julho de 1994. Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm> Acesso em: 21 ago. 2015.

40

BRASIL. Código de Ética e Disciplina da OAB. Disponível em: <http://www.oab.org.br/visualizador/19/codigo-de-etica-e-disciplina> Acesso em: 20 ago. 2015.

em que apresentam propostas muitas vezes não vislumbradas pelos próprios clientes.”41

3.5.4 O Ministério Público

Por exercer função essencial à justiça, o Ministério Público também atua na pacificação de conflitos perante a sociedade. Na sua função institucional de atendimento ao público, os promotores prestam auxílio jurídico aos que os procuram, dando orientações de quais meios disponíveis e eficazes para o problema em questão.

Assim quando o Ministério Público toma conhecimento do conflito, o mesmo acaba sendo solucionado muitas vezes sem que haja a intervenção do judiciário, o que pode ocorrer através de entendimento entre as partes ou até mesmo através da intervenção de um terceiro no procedimento conciliatório.

Desta maneira, plausível a atuação desta instituição na celebração de transação, que pode recair sobre interesses de natureza disponível ou indisponível - desde que referendado por ela, nos termos do artigo 585, inciso II, do Código de Processo Civil42, e artigo 57, parágrafo único, da Lei 9.099/9543.

Tal procedimento, portanto, proporcionam uma maior celeridade e efetividade à solução dos conflitos que chegam ao Ministério Público.

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