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2. EXCELÊNCIA DA GESTÃO PÚBLICA

2.1 O PAPEL DO ESTADO

Em decorrência da redefinição de seu papel, o Estado deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social pela via da produção de bens e serviços para se adequar a uma nova função de “Estado gerencial”.

Os esforços recentes de reposicionamento do Estado através de experiências de reformas ocorridas em diversos países representam indicadores a respeito da inadequação do modelo de administração burocrática aos novos tempos, o que leva ao surgimento de inúmeros questionamentos acerca de seu futuro. O modelo de gestão burocrática apresenta custos elevados, é lento e não orientado para a cidadania.

Com a globalização o desenvolvimento passa a depender cada vez menos da ação isolada do Estado, tornando-se função da capacidade de realização de parcerias entre Estado e Sociedade.

As crescentes críticas relativas às relações intituladas “clientelistas”, e, como tal, inerentes ou corporativas das burocracias, bem como ao seu posicionamento como um grupo de interesse não orientado para o atendimento das necessidades do cidadão, levou à crescente valorização do modelo privado de gestão.

O chamado “paradigma do governo empreendedor”, citado em Osborne e Gaebler (1997, p. 86), apresenta uma concepção de governo que pode ser resumida a seguir: a) um governo catalisador, que timoneia em vez de remar; b) transferência de poder decisório da burocracia para as comunidades; c) estímulo à competição nos serviços públicos; d) governo orientado por missões e resultados; e) ênfase no usuário do serviço público (cliente); f) governo empreendedor, gerador de receitas, orientado para o mercado; g) descentralização; h) governo preventivo.

A necessidade de reestruturação e adaptação do Estado tem se materializado, principalmente, através de um discurso associado à redução do seu papel, com a expansão dos processos de privatização, descentralização e de “reinvenção” do governo em moldes gerenciais.

Przeworski (1998, p. 68) alerta para o risco de excessivo desaparelhamento do Estado:

[...] o Estado neoliberal é, pelo menos, um parâmetro pelo qual se pode aferir a qualidade da intervenção estatal: como as alocações do mercado não são eficientes, desaparelhar o Estado não é um objetivo racional de reforma do Estado.

Considerando-se a necessidade de sua transformação, de forma a contemplar a alteração de aspectos remanescentes da realidade convencional, bem como novos aspectos de uma realidade on line e mutável, anuncia-se um Estado que demandará como nunca um perfil evolutivo, adaptativo e antecipativo às voláteis condições econômico-sociais, tecnológicas e organizacionais, através da redefinição freqüente de suas dimensões jurídica, organizacional, política, legislativa e administrativa, entre outras. Isto não necessariamente significa um Estado mínimo, incapaz de manter seu poder de regulação e sua capacidade coordenadora e formuladora de grandes políticas públicas, conforme afirma Catalá (1998, p. 297):

[...] é necessário transcender as noções convencionais de eficiência e eficácia e concentrar-se no que se poderia chamar de capacidade para fazer com que o futuro tome o rumo desejado. Este é o principal objetivo da melhoria das políticas públicas. Esta é, também, a razão de ser do movimento internacional que se observa no sentido de criar governos mais compactos, que concentrem seus esforços nas funções básicas superiores e deleguem a outras estruturas (agências independentes, setor privado, administrações descentralizadas) as tarefas de prestação de serviços, execução e gestão.

A evolução da administração pública brasileira caracteriza-se, historicamente, por uma tentativa de se implantar uma burocracia profissional nos moldes burocráticos weberianos. Este modelo, entretanto, já tem apresentado há tempos sinais de desgaste, com o surgimento de grande heterogeneidade entre os setores da administração pública e com a sucessão de esforços de correção de desvios através de reformas administrativas diversas, muitas vezes sem profundidade ou consistência consideráveis.

Através do estreitamento de relações entre o setor público e o privado, visando à prestação de serviços públicos, parte-se do princípio que o “público” não necessariamente coincide com a atividade estatal: as atividades públicas também encontram-se na dimensão “não-estatal”.

O Estado passa a atuar como um catalisador das ações desenvolvidas pela iniciativa empresarial e pelas comunidades, com a preservação de um certo espaço para regulação e intervenção, ao contrário de uma abordagem puramente liberal, que defende a total retirada do Estado da economia.

Há valores essenciais tanto na Administração Geral, quanto na Gestão Pública, entretanto cada esfera cultiva suas particularidades.

Segundo Jacobi; Pinho (2006, p. 08):

[...] a inovação na gestão pública pode ser caracterizada em programas com objetivos, natureza e desenhos diversos. Inovar implica introduzir mudanças dentro de uma ordem existente ou planejada e, portanto, alterar elementos e introduzir aspectos valorativos, seja em instituições, em métodos, em técnicas, em formas organizacionais, em avaliação, em atitudes, em relações sociais, em componentes materiais, etc, é sempre inovar em relação a algo.

Em decorrência da redefinição de seu papel, o Estado deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social pela via da produção de bens e serviços para se adequar a uma nova função de “Estado gerencial”.

Assim, a reforma do Estado priorizou a transferência para o setor privado das atividades que podem ser controladas pelo mercado. Com a liberalização comercial, esse mesmo mercado passa a ter mais liberdade de ação, com o abandono da estratégia protecionista de substituição das importações. Para Bresser Pereira (2001, p. 30), o Estado gerencial vai:

[…] além de criar agências reguladoras: é também o Estado democrático e eficiente que financia a fundo perdido os serviços sociais e a pesquisa científica e age como capacitador (enabler) da competitividade das empresas privadas.

Nesse contexto, a questão da transparência passa a ter lugar de destaque, visto que a corrupção apresenta-se como um fenômeno que enfraquece a democracia, a confiança no Estado, a legitimidade dos governos e a moral pública. No caso brasileiro é perceptível que a corrupção é um problema grave e estrutural de nossa sociedade e de nosso sistema político.

As práticas de corrupção não são privativas dos países em desenvolvimento, visto que elas também se encontram arraigadas em maior ou menor grau nos países desenvolvidos. A diferença está na origem da corrupção e na dimensão do problema. Nos países desenvolvidos a corrupção decorre de falhas nos sistemas democráticos, enquanto nos países em desenvolvimento a corrupção surge em decorrência das debilidades das instituições.

Além da corrupção exagerada em nosso país, surge um movimento muito comum chamado de Lobby que é a atuação dos lobistas a fim de investigar sua

relação com os poderes Legislativo e Executivo, com seus clientes e, sobretudo, as estratégias de ação que utilizam para alcançar seus objetivos.

Segundo Oliveira (2005, p. 38) o termo lobbying é usado como sinônimo de pressão simples, tráfico de influência ou corrupção. Outras vezes, é tomado como prática exclusiva de grandes corporações que utilizam seu poder econômico para alcançar seus objetivos.

Ainda segundo a autora, há possibilidades do exercício da atividade de

lobbying sem se utilizar da corrupção ou do tráfico de influência, pois encontramos

indícios fortes de um lobbying “legítimo” sendo executado em esfera federal.

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