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O papel do Estado na produção de eucalipto

No documento LUZIA FERREIRA CAVALCANTE (páginas 58-64)

Organograma 03: Mercado interno e externo da Suzano

4.2 O papel do Estado na produção de eucalipto

O agente Estado é um grande incentivador de absorção de novos investimentos em seu território e sua acolhida ou não pode ser decisiva na atração de novas empresas. Os investimentos de infraestrutura e logística são quesitos que contam muito, sendo bem analisados e geralmente decidem onde um importante empreendimento pode ficar.

No caso do Maranhão, um incentivador para a crescente produção do agronegócio do eucalipto deve-se à logística do estado. Ele apresenta uma importante malha ferroviária ligando o Maranhão aos outros estados do Brasil além do Porto de Itaqui que liga o Maranhão ao mundo. A figura 07 a seguir representa a distribuição da malha viária do Brasil e consequentemente percebe-se que o Maranhão possui boas alternativas logísticas na distribuição de sua produção interna.

Um exemplo a considerar é o Porto do Itaqui que de acordo com informações de sua página na internet juntamente com os terminais privados da Vale e Alumar, integra o segundo maior complexo portuário em movimentação de carga do país. O Itaqui é considerado um dos principais indutores do desenvolvimento econômico e social do Maranhão, que tem grandes investimentos previstos para os próximos anos em áreas como refino de petróleo, agronegócio, celulose e pellets, cimento, geração de energia, entre outros.

De acordo com informações o porto adota uma gestão empreendedora e sustentável, e está focada no potencial humano e na valorização das práticas de desenvolvimento econômico, ambiental e social.

Figura 07: Malha viária do Brasil

Fonte: Ministérios dos transportes, 2016.

De acordo com a EMAP (2016), em relação aos demais portos brasileiros, o Porto do Itaqui é o que apresenta o melhor custo-benefício para os mercados nacional e internacional.

Integrado diretamente a ferrovias e rodovias, o Porto do Itaqui tem vantagens econômicas exclusivas a produtores do eixo Centro-Norte, que gastam menos e ganham mais, usando o Itaqui como corredor de escoamento.

O Maranhão possui uma localização estratégica com relação aos outros estados brasileiros devido sua extensão do litoral e a proximidade do mesmo com outros países, onde o escoamento de sua produção por meio do litoral se torna mais eficiente. Assim, o Porto de Itaqui apresenta rotas marítimas com distancias menores em relação aos outros portos brasileiros. O quadro 03 a seguir mostra essa diferença:

Quadro 03: Comparação das rotas marítimas do Porto de Itaqui com outros portos brasileiros

Fonte: Macedo, M (2012, p.4)

Outro exemplo a considerar é a construção da Ferrovia Transnordestina, iniciada há mais de dez anos, constitui-se como um importante elo de integração contínua e acelerada da estrutura produtiva do Nordeste com as demais regiões do País. Tal empreendimento do Governo irá trazer consequências à população que vive nessa região, se configurando no aumento de empregos diretos e indiretos, no movimento da economia dos municípios envolvidos, assim como também irá proporcionar o escoamento em maior intensidade da produção dos estados que a integra, na produção agropecuária e da extração mineral, colocando-os dessa forma no cenário nacional.

A Transnordestina poderia influenciar em novos investimentos onde a mesma irá passar, tanto no processo de construção como também com a conclusão da mesma a partir de milhares de empregos oferecidos, movimentando a economia dos municípios com a construção e ampliação de hotéis e restaurantes, assim como no crescimento do mercado imobiliário e investimentos de novas empresas e agroindústrias no território a partir da maior facilidade de escoamento da produção.

No entanto a situação não se caracteriza dessa forma visto que a obra foi iniciada e até hoje nunca concluída. Problemas de ordem política, além de gestão econômica podem estar influenciando, porém é uma perda irreparável para quem convivia com essa realidade. As figuras abaixo mostram a construção da Transnordestina e como a mesma poderá influenciar nos territórios na qual será implantada.

Figura 08: Construção da Transnordestina.

Fonte: http://www.piauihoje.com. Acesso: Agosto de 2011.

A figura 08 representa a situação da Transnordestina no início do processo de construção. Observe que para construí-la há uma necessidade prévia de desapropriação de uma grande área que no caso deverá ser recompensada com indenizações para os proprietários das terras.

A figura 09 mostra a situação da Transnordestina no mês de julho de 2016, onde houve a demissão de mais de três mil funcionários na parte que pertence ao Piauí e apresenta- se praticamente parada, ocasionando a perda de renda de inúmeras famílias que dependiam direta e indiretamente da sua construção.

Figura 09: Obra da Ferrovia Transnordestina está praticamente parada.

Fonte:G1/PI. Foto: Patrícia Andrade/G1(julho /2016)

A importância da Transnordestina para o tema da pesquisa se dá devido a mesma ter se tornado um atrativo à Empresa Suzano, visto que no projeto inicial a ferrovia Transnordestina iria ligar a região Sul do Piauí aos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco, facilitando o escoamento da produção, no entanto de acordo com a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários(2016), na época da vinda da Suzano para o Estado do Piauí houve a discussão à respeito da construção de um ramal entre Palmeirais (próximo ao Rio Parnaíba, onde seria a Fabrica da Suzano) e Teresina (capital) para o escoamento da produção. Esse novo trecho se conectaria até a linha da CFN que passa por Teresina para escoar a produção no Porto de Itaqui, no Maranhão.

E ainda há o projeto de ligação da ferrovia Transnordestina em Eliseu Martins no Piauí à Ferrovia Norte sul no Maranhão, passando por Balsas. Seria oportuna a execução do projeto de estender a Ferrovia Transnordestina ligando à Ferrovia Norte-Sul e a Estrada de Ferros Carajás como uma evolução da integração e distribuição da produção nacional. A Estrada de

Ferros Carajás é uma ferrovia brasileira e percorre ao todo 892 km ligando os municípios de São Luís, Santa Inês, Açailândia, Marabá e Parauapebas.

O projeto da Ferrovia Norte-Sul, foi iniciado em 1987, com 1.574 km de trilhos, cortando os estados do Maranhão, Tocantins e Goiás, interligando Açailândia/MA e Anápolis/ GO, tendo como objetivo interligar a região Norte com a malha existente na região Centro- Oeste em Anápolis. Em 2006 foi incorporado o trecho Açailândia/MA–Barcarena/PA ao traçado inicialmente projetado (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2014, p.13,14 e 17).

De acordo com Confederação Nacional da Indústria (2014, p.13), ―a Ferrovia Norte- Sul configura-se como um eixo fundamental para o sistema logístico nacional. Essa ferrovia, quando inteiramente finalizada, tornar-se-á a espinha dorsal do sistema ferroviário, viabilizando o modal ferroviário como uma alternativa competitiva para o transporte de cargas, tanto internamente quanto para exportação‖. Observe o quadro 04:

Quadro 04: Previsão de demanda até 2022/2023 – trecho de Açailândia a Barcarena

Fonte: Confederação Nacional da Indústria, 2014.

O quadro 04 apresenta a previsão de demanda da Ferrovia Norte Sul no trecho de Açailândia/MA a Barcarena/PA até o ano de 2023. Nota-se que os produtos a serem escoados pela mesma têm uma grande variedade, desde produtos de origem do setor primário até o secundário onde a previsão de demanda é crescente. A infraestrutura pertencente aos estados oferecem as condições necessárias que os empreendimentos necessitam para seu

desenvolvimento. Tais características, com certeza, influenciaram na produção de eucalipto no estado do Maranhão.

No documento LUZIA FERREIRA CAVALCANTE (páginas 58-64)