• Nenhum resultado encontrado

O pedagogo que atua na área de Recursos Humanos, de acordo com Silva et al (2014, p. 04) “está em contato direto com todos os níveis hierárquicos, promovendo ações de reciprocidade, de trocas mútuas, através de suas ações de humanização”. Pode-se dizer que o pedagogo no ramo empresarial é responsável pelas funções de trabalho em equipe, de gestão de grupos de trabalhos (condução de reuniões), de mediação de situações complexas ou de conflitos, entre outras.

Quanto ao trabalho em equipe, Silva et al (2014, p. 05) relata a importância da atuação do pedagogo para conduzir os trabalhos em grupos de forma a definir de modo bem específico a esclarecer a função de cada colaborador, efetuando o entendimento dos mesmos sobre sua determinada tarefa. Assim, o pedagogo estará contribuindo para o fluxo harmonioso e cooperativo da organização.

Dirigir um grupo de trabalho não é uma tarefa fácil. Para isso, o pedagogo precisa conciliar suas tomadas de decisão com as oportunidades de cada membro da equipe se pronunciar, deve proporcionar condições favoráveis a realização das atribuições de cada um. Nas palavras das autoras:

Guiar reuniões não se restringe apenas a indicar o momento onde cada um deve falar ou verificar se a pauta está sendo seguida, significa mais do que isso, significa fazer a equipe se reconhecer enquanto membros ativos de uma equipe de trabalho. (SILVA; COSTA; MOTA, 2014, p. 05).

Para complementar, ele ainda precisa ser cauteloso ao mediar situações conflituosas ou complexas, utilizando o bom senso e a reflexão para a análise e solução das mesmas. Estas atribuições do pedagogo refletem na postura e conduta dos demais funcionários da empresa, uma vez que, ao demonstrar sua atuação no trabalho em equipe, ele age com ética e prudência perante seus companheiros, sem enfatizar posições hierárquicas, mostrando a ação de um líder em equipe competente que não utiliza-se de privilégios nem tampouco de poderes aquisitivos para garantir seu reconhecimento profissional na empresa.

Pacheco (2011) ainda acrescenta as funções de planejamento, treinamento e desenvolvimento profissional, recrutamento e seleção, dinâmicas e universidade corporativa. O planejar, no setor de RH, em uma empresa, está diretamente

relacionado às tomadas de decisões e aos projetos. Para a autora é impossível antecipar acontecimentos sem elaborar, antes, um planejamento das ações. Este precisa atender as necessidades dos funcionários, assim como conter informações necessárias para que o projeto a ser desenvolvido obtenha equilíbrio e harmonia entre a empresa e os funcionários, fixando o foco sempre no resultado. Nas palavras da autora:

O mais prazeroso do planejamento é criarmos processos para aquisição de um determinado conhecimento e ao finalizá-lo veremos que o funcionário jamais terá uma visão de antes, adquirindo novos conhecimentos. E, com certeza, contribuirá para o seu desenvolvimento e, consequentemente, um avanço maior da empresa. (PACHECO, 2011, p. 23).

Isto é, quando se planeja uma determinada ação ou projeto, o pedagogo deve analisar as condições que estão favoráveis e os contras, organizar o material a ser trabalhado, focar no objetivo principal que é o resultado, estimular os funcionários, não somente os envolvidos no projeto como também todos que compõem a empresa, calcular o tempo se, a longo, médio ou curto prazo. Dessa forma, ele terá maior eficiência na realização do mesmo, visto que o planejamento, segundo Pacheco (2011) é um auxílio para a previsão daquilo que se deseja realizar.

Quanto ao treinamento e desenvolvimento profissional, a autora adverte para a importância de valorizar o profissional, pois com os recursos tecnológicos, muita mão-de-obra humana vem sendo substituída por máquinas e o ser humano que não atinge os objetivos da empresa acaba sendo trocado por outro candidato e, assim, aumentando a rotatividade de funcionários, o que não é nada viável para a empresa. Cabe ao pedagogo empresarial treinar e preparar o funcionário para que ele possa se adequar ao comportamento esperado da organização, visando uma mudança de hábitos e desenvolvimento da profissionalização dos mesmos.

Este processo de desenvolvimento e treinamento do profissional é um pouco quanto educativo, deve-se investir neste processo, objetivando habilitar qualidades e recursos nos profissionais, capacitando-os para serem mais produtivos, oportunizando-os a desenvolverem sua criticidade e expandirem-se profissionalmente.

O pedagogo empresarial, embora esteja suas funções mais direcionadas ao treinamento e desenvolvimento profissional, também está habilitado a recrutar e

selecionar o pessoal que irá trabalhar na empresa, visto que, esta é atribuição do setor de RH. Porém, é necessário “estabelecer uma relação de troca de benefícios, que será mais satisfatória se a pessoa escolhida apresentar os requisitos adequados”. (PACHECO, 2011, p. 26). Para isso, é necessário que a seleção e recrutamento sejam o mais eficaz possível, com o intuito de atrair pessoas com interesses e qualificações para a ocupação do determinado cargo. Deve-se buscar no candidato as características que mais se encaixe na vaga ofertada. Ao selecionar o profissional, o ideal é fazer dinâmicas de grupos para perceber como será sua interação.

Essas dinâmicas, ainda baseando-se nas palavras de Pacheco (2011), precisa ter como objetivo principal, além da interação do grupo a observação das mudanças comportamentais, para tal, precisam ser bem planejadas e elaboradas, sendo destinadas ao propósito de cada necessidade, o pedagogo atua como facilitador e tem que estar preparado para trabalhar com diversos tipos de comportamentos, tendo “calma e tato para lida com o grupo e seus membros individualmente” (PACHECO, 2011, p. 31).

Vale ressaltar a necessidade de preparar novas dinâmicas para cada situação, pois aproveitar uma já existente pode não ser o mais satisfatório, pois ela pode não se adequar à proposta esperada. Entretanto, independente do setor a que se destina à proporção da dimensão da dinâmica, a mesma deve conter elementos primordiais para que se almeje o sucesso esperado. Entre estes elementos pode-se destacar: objetivos, materiais ou recursos, ambiente, tempo, metodologia, números de participantes, avaliação e conclusão.

No que diz respeito à universidade corporativa, exalta-se as competitividades do mercado de trabalho, que levam a empresa a investir cada vez mais na sua corporação, através da “criação, aprimoramento e estímulo a qualificações, competências, habilidades, atitudes e desempenho individuais e de grupos”. (PACHECO, 2011, p. 33).

O foco principal das unidades corporativas deve ser na competência e desenvolvimento de qualidades de liderança e organizacionais, visando agregar valores que reconheçam a importância do capital intelectual dos membros da empresa. Quanto ao papel do pedagogo, a autora descreve:

Hoje vemos que o pedagogo é o responsável pela elaboração de projetos de implantação de universidades corporativas, avaliando a viabilidade de cursos e programas educacionais, contatando profissionais e confeccionando material didático. Além disso, os pedagogos são os responsáveis por treinamentos de comportamento para as lideranças. Eles são os mais indicados para transmitir aos líderes a maneira correta de como lidar com subordinados e como ensiná-los a realizar tarefas. (PACHECO, 2011, p. 36).

Neste cenário, o pedagogo é responsável por avaliar os profissionais, programas e cursos de faculdades aos estabelecer parcerias. É ele quem vai escolher as melhores ações para atender às necessidades da empresa, fazer adaptações ao currículo dos cursos que serão realizados dentro da empresa, além de orientar os empregados.

CONCLUSÃO

Pela trajetória da pedagogia, desde a Grécia Antiga (com a função de

paidagogos que seria, a princípio, um cuidador de crianças, responsável por

acompanha-la e ensiná-la), pudemos perceber que houve a necessidade de especialização da figura deste profissional que, passaria, mais tarde, a ser o pedagogo. A pedagogia chega, muitos anos após, ao Brasil, com a vinda dos portugueses que, com o auxílio da catequização dos índios realizada pelos jesuítas no modelo educacional ratio studiorum, introduz no país um modelo educacional baseado nas demandas europeias.

No Brasil, o curso de Pedagogia recém-criado não possuía uma base específica que exemplificasse de forma mais notória a formação do pedagogo. Para tanto, foram necessários muitos debates e criação de leis capazes de melhor distinguirem as tarefas em que o pedagogo se habilitaria. Por conta do déficit na formação do curso de pedagogia, há uma grande confusão das atribuições do pedagogo, que é por vezes confundido como professor ou orientador pedagógico. Entende-se que essas funções podem sim ser realizadas pelo pedagogo, entretanto, este é um profissional capacitado para atuar em diversas áreas educacionais, sejam espaços escolares ou não.

Concluímos, portanto, que o pedagogo é um profissional que pode trabalhar em empresas. Defendemos a importância de sua atuação na área de Recursos Humanos, no setor de Gestão de Pessoas, sendo ele o mediador entre os demais profissionais e a direção. Portanto, vimos o pedagogo como o responsável por introduzir no espaço empresarial metodologias capazes de motivar e auxiliar a empresa na valorização do capital humano, buscando estratégias que harmonizem e preparem os empregados para atuarem com mais autonomia e determinação, auxiliando assim, na realização do trabalho em comum por parte de todos que atuam na empresa.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Luciana Inez Seehaber; COSTA Gisele Maria Tonin da. PEDAGOGIA EMPRESARIAL: A importância da valorização humana na empresa. Revista de Educação de Ideau. Vol. 7 Nº 15 - Janeiro - Junho 2012.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. 3 ed. rev e ampl. SP: Moderna, 2006.

Associação de Pedagogia Social. Disponível em:

http://www.pedagogiasocial.com.br/. Acesso em novembro de 2016.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação – Conselho Pleno. Resolução CNE/CP nº 01,de 15 de maio de 2006. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Pedagogia, licenciatura.

_______. Constituição (1988). Constituição [da] Republica Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal.

_______. Decreto-lei n. 1190, de 4 de abril de 1939. Dá organização à Faculdade Nacional de Filosofia.

_______. Decreto n. 3.254, de 7 de agosto de 2000. Dá nova redação ao § 2º do artigo 3º do decreto n. 3.276, de 6 de dezembro de 1999, e dá outras providências. Brasília, 2000.

______. Decreto n. 3.276, de 6 de dezembro de 1999. Dispõe sobre a formação em nível superior de professores para atuar na educação básica, e dá outras providências. Brasília, 1999b.

______. Lei nº 4024, de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em : http://www.mp.pr.gov.br/institucional/capoio/cidadania . Acesso em 23 de março de 2017.

_______. Lei nº 5540, de 28 de novembro de 1968. Fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior r sua articulação com a escola média, e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/25540 . Acesso em 08 de março de 2017.

_______. Lei nº 5564, de 21 de dezembro de 1968. Provê sobre o exercício da profissão de orientador educacional. Disponível em

http://www.soleis.adv.br/orientadoreducacionalprofissão . Acesso em 29 de janeiro

de 2017.

_______. Lei nº 5692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus, e dá outras providências. Disponível em:

http://www.conteudoescola.com.br/site/content/view/5/ . Acesso em 29 de janeiro de

_______.Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 20 dez. 1996.

_______. MEC/CNE. Resolução CNE/CP 1/2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura.

______. Parecer n. 251/62. Currículo mínimo e duração do curso de pedagogia. Relator: Valnir Chagas. Documenta, n. 11, pp. 59-65, 1963.

______. Parecer n. 252, de 11 de abril de 1969. Estudos pedagógicos superiores. Mínimos de conteúdo e duração para o curso de graduação em Pedagogia. Relator: Valnir Chagas. Documenta, n. 100, pp. 101-17, 1969.

CAMBI, Franco. História da pedagogia. São Paulo: ed. da Unesp, 1995.

CEEP. Proposta de diretrizes curriculares para o Curso de Pedagogia. Brasília, 1999. Disponível em < http://lite.fae.unicamp.br/anfope/>. Acesso em abril de 2017. CEEP; CEFP. Proposta de diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em Pedagogia. Brasília, 2002. Disponível em http://lite.fae.unicamp.br/anfope/ . Acesso em abril de 2017.

CRUZ, Simone da Silva, SILVA, Sirleide de Souza, SÁ, Geraldo Mateus de. Pedagogia no Brasil: Reflexões sobre a formação dos pedagogos. Pedagogy in Brazil: reflections about the formation of the educators. Revista Eletrônica Print by Metanóia, São João del-Rei/MG, n.11, p. -, 2009.

COSTA, Ivanilson da. Professor ou educador? Revista Linha Direta. Disponível em:

http://linhadireta.com.br/publico/images/pilares/igipv3u6jbc.pdf. Acesso em

dezembro de 2016.

CASCAIS, Maria das Graças Alves; TERÁN, Augusto Fachín. Educação informal e não formal na educação em ciências. Ciência em Tela – Volume 7, nº 2 – 2014. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, Licenciatura. Conselho Nacional de Educação. Ministério da Educação. Brasília, 2006.

FERREIRA, Aurélio B.H. Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2001.

FRISON, Lourdes Maria Bragagnolo. O pedagogo em espaços não escolares: novos desafios. Ciência. Porto Alegre: n. 36, p. 87-103, jul./dez; 2004.

GARCIA, Regina Leite. Síntese das anotações dos especialistas no encontro com a professora. Regina L. Garcia. Palestra: O papel do especialista na escola atual. In: Evento: O papel do especialista na escola atual; Inst. Promotor-financiadora: Secretaria Municipal de Educação de Itajaí, 1995.

GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.14, n.50, p. 27-38,

jan./mar. 2006.

HOLTZ, Maria Luiza Marins. Lições de Pedagogia Empresarial. Sorocaba: MH - Assessoria Empresarial, 1999.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos para quê? 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

MASHIBA, Glaciane Cristina Xavier; SERCONEK, Giselma Secilia; MNEZES, Maria Christine Berdusco. O Processo histórico da Pedagogia Histórico – Crítica: gênese, desenvolvimento e organização didático – metodológica. IX Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas. “História, Sociedade e Educação no Brasil”. Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos.

NASCIMENTO, Aretha Soares. Et al. A atuação do pedagogo em espaços não escolares: desafios e possibilidades. Pedagogia em Ação, v. 2, n. 1, p. 1-103,

fev/jun. 2010 – Semestral. Disponível em:

https://www.google.com.br/search?q=Talvez,+a+desvaloriza%C3%A7%C3%A3o+de sse+profissional+seja+um+dos+maiores+desafios+para+o+trabalho+pedag%C3%B 3gico.&ie=utf-8&oe=utf-8&gws_rd=cr,ssl&ei=cMAPWY2fDsOUwATAyYnQBQ#. Acesso em novembro de 2016.

OLIVEIRA, Lígia Bitencourt. Pedagogia Empresarial Atuação do Pedagogo nas organizações. São CRistóão – SE/ Brasil. 20 a 22 de setembro de 2012. VI Colóquio Internacional “Educação e contemporaneidade”. Disponível em:

http://educonse.com.br/2012/eixo_02/PDF/18.pdf. Acesso em fevereiro de 2017.

PACHECO, Adriana Romeiro da Silva. A importância do pedagogo nas empresas. Universidade Cândido Mendes. Instituto AVM: 2011.

PRADO, André Alves; SILVA, Elaine Machado; CARDOSO, Mônica Aparecida Batista da Silva. A atuação do Pedagogo na Empresa: A aplicação eficiente e eficaz da Pedagogia Empresarial. ECCOM, v. 4, n. 7, jan/jun. 2013.

RIBEIRO, Amélia Escotto do Amaral. Pedagogia Empresarial: atuação do pedagogo na empresa. Rio de Janeiro: Wark, 2003.

SILVA, Carmem Silva Bissalli da. Curso de Pedagogia no Brasil: história e identidade. Campinas, SP: Autores associados, 1999.

SILVA, Juliana Abreu Silva; COSTA, Nara Leticia Ribeiro da Silva; MOTA, Naysse Maguine Neta. O papel do pedagogo empresarial: como instrumento de educação na empresa e na sociedade pós-moderna. Revista Humana Et Al, Paço do Lumiar, v. 1, n. 2, p. 94-103, dez. 2014.

TORRES, Tania M. Lopes; SILVA, Ana Cléia Santos da. A atuação do pedagogo empresarial para a humanização das empresas: um estudo de caso no recôncavo baiano. Revista das Faculdades Adventistas da Bahia. Formadores: vivências e estudos, Cachoeira, v. 2, n. 3, 2009.

TURCI et al. Ensaios: ser pedagogo diante dos desafios da educação contemporânea. Semana da Pedagogia: Educação, docência e gestão – A pedagogia em debate. PUC – Minas: 2012.

VIEIRA, Suzane da Rocha. A Trajetória do Curso de Pedagogia – de 1939 a 2006. 1º Simpósio Nacional de Educação, XX Semana da Pedagogia – 11, 12 e 13 de novembro de 2008. Unioeste – Cascável/PR. Disponível em:

http://www.unioeste.br/cursos/cascavel/pedagogia/eventos/2008/4/Artigo%2013.pdf.

Documentos relacionados