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O papel do(a) educador(a) como potenciador das Expressões Artísticas

No documento Arte na educação: práticas e reflexões (páginas 62-64)

Capítulo I Estágios

2. Apresentação da pesquisa

2.2. Enquadramento teórico

2.2.4. O papel do(a) educador(a) como potenciador das Expressões Artísticas

Para Vasconcelos,

Educar é uma arte. Porém, são muitas as competências que convergem nesta arte, tal como são muitas as competências que convergem no artista, as decisões imperiosas sobre quando e como combinar essas competências. Os conhecimentos necessários para o fazer não são apenas uma competência técnica. Podem ser, sem dúvida, adquiridos, mas também algo que provém das crenças mais profundas de cada um de nós e da nossa paixão pelas Crianças e pelo Mundo (1997, p. 251).

Tendo em conta a importância da arte na educação e no impacto positivo que esta tem no desenvolvimento da criança que foi referenciado anteriormente, é no Jardim de Infância e no 1º CEB que o educador (a), professor (a), têm um papel fundamental de promover e desenvolver a arte nas escolas. “Cada a um de nós, combinando percepção, imaginação, repertório cultural e histórico, lê o mundo e o reapresenta à sua maneira, sob o seu ponto de vista, utilizando formas, cores, sons, movimentos, ritmo, cenário...” (Martins,1998:57).

Em primeiro lugar, há que entender qual a intenção pedagógica subjacente à abordagem da arte na infância, assim sendo, cabe ao educador/professor, possibilitar o acesso à arte e à cultura; fomentar o desenvolvimento da criatividade e do sentido estético e facultar a apropriação gradual de instrumentos e técnicas. (OCEPE, 2016: 47- 48).

“Embora muitas das aprendizagens das crianças aconteçam de forma espontânea, nos diversos ambientes sociais em que vivem, num contexto de educação de infância existe uma intencionalidade educativa (…) em que as diferentes experiências e oportunidades de aprendizagem têm sentido e ligação entre si” (OCEPE, 2016:8-9). O papel do educador/professor deve ser o de mediador que fomente o “diálogo aberto e construtivo, que incentive a criança a encontrar formas criativas de representar aquilo que pretende e promove simultaneamente o desejo de aperfeiçoar e melhorar” (ibidem). Segundo o decreto-lei nº344/90 de 2 de novembro do Ministério da Educação (1990) “a educação artística é parte integrante e imprescindível da formação global e equilibrada de uma pessoa, independentemente do destino profissional que venha a ter”.

52 Segundo os autores Gloton e Clero (1973: 119):

sensibilidade perante o mundo, fluidez e mobilidade de pensamento, originalidade pessoal, aptidão para transformar as coisas, espírito de análise e de síntese, capacidade de organização coerente, tais parecem ser (...) as qualidades fundamentais do criador, e que é preciso formar e desenvolver nas crianças se quisermos torná-las criativas.

A criança a ter contacto com a arte, aprende a descobrir e a utilizar formas, cores, texturas e diversos materiais e técnicas, aspetos estes que estão ligados à expressão, à imaginação e à criatividade.

Uma “pedagogia atenta, antes de mais, às virtualidades potenciais da criança, vai possibilitar-se-lhe, primordialmente, a espontaneidade das suas expressões, as quais livremente desabrochando numa atividade lúdica propiciam também, quando essa atividade apresenta já uma feição artística, uma abertura para a criatividade.” Sousa (2003). Assim sendo, o educador deve proporcionar à criança situações intencionais para que ela se desenvolva a nível integral.

O educador/professor tem o papel fundamental de dar a conhecer diversos tipos de arte, nomeadamente, artistas plásticos, obras de arte, diversos tipos de música e diferentes técnicas de expressão plástica, entre outras, ajudar cada criança a compreender que é o ator principal das suas aprendizagens e facilitador(a) das suas descobertas sobre o mundo que a rodeia.

O papel do educador/professor é, efetivamente, de extrema importância na valorização da arte, assim sendo, deve proporcionar situações e vivências para que as crianças possam ter o seu ponto de vista, observar obras de arte e relatar as suas observações com a sua objetividade, onde o ponto de partida é a arte, ao que João dos Santos (1966) citado por Sousa (2003, p. 84) intitula de “formas mais eficientes de higiene mental infantil que permite uma mais perfeita integração das emoções, no contexto geral de uma linguagem convencional.”

A criança ao falar, ver e analisar imagens, “enriquece o seu imaginário, aprende novos saberes, integra-os nos que já sabe, e experimenta criar novas imagens, desenvolvendo progressivamente a sua sensibilidade estética e expressividade através de diversas modalidades (desenho, pintura, colagens, técnica mista, assemblage, land art, modelagem, entre outras)” (OCEPE,2016 p. 49). “Cabe também ao/à educador/a explorar com as crianças essas diferentes imagens e levá-las, de modo progressivo, a descobrirem a importância e expressividade dos elementos formais da comunicação visual”. (ibidem).

O educador, professor deve preocupar-se em despertar na criança a sensibilidade para os diferentes tipos de expressão e conceber um ambiente rico em

53 arte, em que esta capacidade possa desenvolver-se, assim como criar estratégias e atividades que promovam o desenvolvimento da criança.

Para os autores Gloton e Clero (1976),

A primeira condição é que o meio ambiente seja suficientemente rico e suficientemente absorvente para suscitar as experiências pessoais mais formativas. As finalidades de uma educação artística, que afaste a reprodução e restitua o seu lugar essencial à invenção, à novidade e à imaginação, devem substituir-se ao programa metódico tradicional...A atividade criadora constituiu uma necessidade biológica cuja satisfação é absolutamente necessária para o desenvolvimento ótimo do ser humano em crescimento (p.42).

É fundamental que o educador/professor oriente a criança à autodescoberta, motivando- a para o lado positivo das novas experiências, de modo a conquistar, aos poucos, a sua autonomia e independência.

Assim,

O adulto deve ter em atenção que o que importa é a oportunidade que é dada à criança de se expressar por vezes de uma forma catártica e não a maneira como o faz. O educador tem de perceber que estas atitudes positivas podem ajudar a criança a libertar quaisquer angústias e frustrações (Gloton e Clero,1976, p.172).

O educador/professor deve ser criativo, realizar e definir atividades que sejam desafiantes, motivadoras, interessantes e, sobretudo que conduzam à descoberta e exploração do material e do movimento, tendo em conta as caraterísticas da turma.

3. Estudo 1: Apresentação e análise dos dados recolhidos das

No documento Arte na educação: práticas e reflexões (páginas 62-64)