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Um estudo sobre as redefinições do trabalho numa indústria da Zona Franca de Manaus

Foto 3 - Vista aérea parcial quando da implantação do Distrito Industrial - ZFM.

O PARLAM ENTO DAS TÉC N ICA S E DOS HOM ENS

Um estudo sobre as redefinições do trabalho numa indústria da Zona Franca de Manaus

Com o advento da Zona Franca de Manaus os dirigentes das empresas brasileiras que não tinham condições financeiras e nem facilidade de viajar para o exterior, começaram a conhecer os produtos eletrônicos, que na época da primeira linha, era o televisor transistorizado, os amplificadores de som, os toca-fitas para carro, fita cassete que era inovação, posteriormente televisores em cores, mais adiante vídeo, enfim, começou uma nova série de produtos com tecnologia mais avançada. Então a X X Y que era um grupo de São Paulo, genuinamente nacional, em termos de válvula, e que importava equipamentos eletrônicos para São Paulo, percebeu que pequenas firm as estavam vindo para cá e se crescessem, acabariam o mercado deles lá.

Resolveu, desta form a, vir para Manaus, o grupo da XXY.

A empresa, em Manaus, começou no centro da cidade, na rua da Instalação. Naquele tempo era um prédio alugado, pequeno, de dois andares, e ali se iniciou com pequenos rádios a pilha, chamados pokergreivos, oriundos do Panamá. Fazia-se a montagem desses radinhos, era uma simples montagem. A empresa contava com 50 funcionários, distribuídos nas áreas produtiva e administrativa. O crescimento foi gradual; quando a produção saltou de 25 para 100 aparelhos por dia, novos espaços foram alugados. Mais ou menos em 1973, o proprietário veio a Manaus, porque havia

muitos problemas, e ele quase que desiste, uma vez que havia uma fo rte pressão por parte da indústria eletrônica paulista, como a marca A e a marca B, que junto ao Ministério da Fazenda propunha a descontinuidade da Zona Franca.

Ora, esse advento é que havia feito com que as indústrias de São Paulo acordassem para o que estava acontecendo no mundo em relação ao consumidor. Quando esse consumidor começou a conhecer por meio da Zona Franca Comercial tudo o que era novidade, os empresários ficaram com medo. Por quê? Porque havia chegado a hora, as empresas tinham que investir muito para poder modernizar os aparelhos eletrônicos da época. Então, foi uma pressão muito forte, mas a XXY foi a pioneira. Em questão de meses, o projeto foi aprovado, e a empresa já estava produzindo, vendendo alguma coisa e montando até um tipo de amplificado da LL; começou-se a montar alguns toca-fitas da marca Mecca e depois a TEAC, em Manaus.

Ainda era importadora, continuava importando por lá (São Paulo),

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vendendo por lá, mas fo i gradativamente caindo e fazendo isso por aqui (Manaus). A í veio a empresa A para Manaus e a empresa B, logo em seguida veio a empresa C, fazendo o primeiro projeto j á de televisores a cores e a X X Y começou a ter então um desenvolvimento muito grande, prova é que no segundo ou terceiro ano fo i necessário alugar mais dois locais, o distrito não existia, pois em Manaus não havia galpões suficientes. Os galpões eram todos de extrativistas, por isso não serviam para eletrônica, não serviam para fábrica, então alugou-se um prédio na Rua Ramos Ferreira, e um na Rua Silves, espalhou-se, porque houve um crescimento muito grande da XXY. Em seguida fo i iniciada a construção da primeira unidade da empresa no Distrito Industrial da ZFM. O número de funcionários já era bem maior, cerca de 400.

A X X Y fo i uma empresa que, por ser de capital nacional, começou a nacionalizar os seus produtos. Depois teve uma lei que instituiu o índice de nacionalização e quando esse índice de nacionalização fo i posto em prática ajudou muito as empresas sérias. Como o índice de nacionalização era obrigatório e a X X Y j á estava num índice muito bom, então ela facilm ente se adaptou a essa nova era da Zona Franca e começou-se, por volta de 1976, 77, mais ou menos, a oferecer um produto que tinha que ser oitenta por cento produto nacional.

A segunda fase da Zona Franca de Manaus estendeu-se até o final de 1990 e teve início com a edição dos Decretos-Leis n° 1435/75 e 1455/76, que introduziram as seguintes modificações no modelo ZFM: Estabelecimento de índices Mínimos de Nacionalização para produtos Industrializados na ZFM e comercializados nas demais localidades do Território Nacional; estabelecimento de limites máximos globais anuais de importação (contingenciamento). Essa fase, apesar das limitações impostas, registrou um acentuado crescimento do setor industrial, que obteve seu melhor desempenho em 1990, quando atingiu um faturamento de US$ 8,4 bilhões e geração de 80.000 empregos diretos. Tal desempenho caracterizou-se pelos seguintes fatores: acesso a modernas tecnologias; substituição de importações, uma vez que na oportunidade cerca de 2.000 produtos estavam proibidos de ingressar no País; contribuição para o desenvolvimento de uma indústria nacional de componentes e outros insumos, localizada no centro-sul do País, especialmente em São Paulo.

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Nos anos 80, a XXY passou a diversificar a sua linha de produtos. Com os investimentos em tecnologia e automação contínua dos seus processos produtivos, iniciou a produção de televisores e equipamentos de videocassete. A XXY já era uma marca conhecida em todo o país.

Para atender um mercado de demanda crescente, a XXY diversificou o seu parque industrial, passando a fabricar os componentes estratégicos de seus equipamentos. A XXY é a única empresa do setor eletroeletrônico nacional que fabrica peças plásticas, caixas acústicas e alto-falantes. Em 1986, a XXY produziu 1,8 milhão de equipamentos, em 1990 5,1 milhões e em 1994 ultrapassou a marca de 10,2 milhões de unidades.

A empresa ao longo de três décadas tornou-se uma das marcas mais fortes em áudio e vídeo, mantendo a sua posição de liderança até os dias atuais. Buscando o desenvolvimento de novas linhas e oferecer uma maior variedade de produtos, a XXY inicia a produção de forno microondas em 1990.

A terceira fase da Zona Franca de Manaus iniciou-se em 1991, com a chamada Nova Política Industrial e de Comércio Exterior do Governo Federal, promovendo a abertura do mercado brasileiro às importações. A nova ordem econômica fixou como paradigma a busca da "Qualidade e da Produtividade". A exposição do modelo ZFM à nova ordem, especialmente por conta de produtos estrangeiros que passaram a entrar no mercado nacional e a forte recessão que assolou a economia brasileira, agravou-se em nível local e exigiu profundas modificações na legislação, o que ocorreu através da edição da Lei 8.387, de 30 de dezembro de 1991, que estabeleceu medida visando sua salvaguarda: criação de Regimes de Áreas de Livre Comércio (ALC), priorizando faixas de fronteiras, com o objetivo de irradiar o modelo ZFM; eliminação dos limites máximos globais anuais de importação; substituição do critério dos índices Mínimos de Nacionalização pela prática de Processo Produtivo Básico (PPB); desregulamentação de procedimentos; criação do Entreposto Internacional da Zona Franca de Manaus (EIZOF); e o Decreto n° 205, de 05/09/91, que trata da eliminação dos limites máximos globais. (Foto 4)

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Foto 4 - Vista aérea parcial do Distrito Industrial - ZFM, 1994.

As medidas adotadas ensejaram, a partir de 1993, o início da recuperação da ZFM, constatando-se progressiva adequação do seu setor industrial, caracterizada por significativa reconversão industrial com redução de custos, que propiciaram maior competitividade de seus produtos, a par da elevação dos padrões de qualidade a partir da adoção das Normas Técnicas da série ISO 9000, de cumprimento obrigatório pelo Decreto n° 783, de 25 de março de 1993. O resultado mais expressivo decorrente da reestruturação efetivada no parque industrial traduziu-se pelo seu faturamento, que em 1999 foi de US$ 7,2 bilhões, em 2000 US$ 10,3 bilhões e dados parciais até setembro de 2001 de US$ 6,6 bilhões, (tabela 2)

Seguindo a sua estratégia de crescimento no mercado, o Grupo XXY começa a atuar no mercado de produtos voltados à informática, à automação de escritório e à telefonia, com a fundação, em 1994, da empresa ZXY, que oferece uma