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No setor da Educação Superior Pública programas como REUNI, PROUNI, FIES e Novo ENEM, foram mecanismos implantados pelos governos petistas e que se configuram como formas de sucateamento da universidade pública e adequação às demandas dos organismos multilaterais.

O REUNI, Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, se caracterizou como expansão sem qualidade da universidade pública, o número de vagas nessas universidades se expandiu, no entanto, em suas estruturas físicas as universidades não se expandiram a ponto de adequar qualitativamente o novo corpo estudantil, assim como o número de servidores técnico- administrativos e docentes, pouco foi modificado, caracterizando uma precarização do trabalho dos docentes e servidores. Para LEHER aumento gradativo da relação professor/aluno na graduação – em 1988 era de 7,1% em 1998 de 9% e em 2006 chegou à 10,8% – reflete a intensificação do trabalho docente, e indica uma redefinição da relação entre docentes e discentes no cotidiano das universidades (2008)

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O que se observa são turmas que crescem a cada ano, sobrecarregando os docentes no atendimento e na orientação de discentes, inclusive no intuito de promover sua inserção em pesquisas. Ainda, pode-se afirmar que os números não mostram com clareza o alcance de tais mudanças. Se a contratação de substitutos objetiva cobrir parte da demanda de aulas, todo o restante, como salientado, permanece como atividade dos efetivos: aulas na pós-graduação stricto sensu, orientações, representações etc. A relação professor/aluno apresentada, portanto, é apenas uma parte do problema da intensificação do trabalho docente. O quadro total sugere não só consequências diferenciadas na sobrecarga de trabalho dos docentes, como também alterações estruturais no padrão unitário almejado, tanto para a carreira docente quanto para a universidade. (2008, p.18)

Para Lima e Ferreira (2011), REUNI, PROUNI e Novo Enem se relacionam diretamente com o processo de privatização da Educação Superior, que nos governos do PT avançou significativamente. Os autores apontam que em 2002 (último ano do governo FHC), 11, 9% das Instituições de Ensino Superior (IES) eram públicas e 88,1% privadas. Em 2009, penúltimo ano do governo Lula 2.069 instituições de educação superior eram privadas (89, 4%) e apenas 245 públicas (10, 6%). O processo de expansão das IES se relaciona fortemente com a forte presença da Educação a Distância. Em 2011 o Brasil apresentava 838.125 alunos matriculados em cursos superiores à distância: 665.429 em instituições do setor privado e 172.696 no setor público.

Lima e Ferreira ainda destacam dados que revelam de que forma ocorre a transferência de verba pública para o setor privado de educação superior. Segundo os autores, os empresários do setor educacional tem garantia de dez anos de isenção do pagamento das seguintes contribuições: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ). Outros dados apontados pelos pesquisadores com base em documentos da Receita Federal informam que a perda de recursos para investimentos na educação pública de nível superior aumenta de forma progressiva: em 2005 a isenção fiscal foi de R$ 106. 737.984, em 2005 foi de R$ 12.721.465; e em 2007 R$ 126.050.707.

A partir desses dados, podemos aferir que o Programa Universidade Para Todos (PROUNI), vem significando a isenção de impostos para o empresariado do setor educacional, ao invés do investimento em universidades públicas, demonstrando consonância do Estado com as orientações do Banco Mundial que sugere a diminuição de investimentos no ensino superior.

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Machado e Rocha (2009), afirma que sob a justificativa de introduzir os jovens das camadas populares nas universidades, seja com bolsas integrais ou parciais, a visão do PROUNI é propagada como essencial para a saída dos jovens da situação de desemprego. No entanto, a principal finalidade do programa além de reforçar a ideia de que o Brasil expandiu o ensino superior, é a de aquecer o mercado educacional de nível superior, que vem se apresentando como um setor de investimentos dos mais rentáveis.

O Novo ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), desde 2009 vem sendo implantado nas como forma de extinguir o vestibular convencional gerido pelas próprias universidades. A forma de implantação do modelo nas universidades públicas gerou protestos estudantis à nível nacional contra a adoção do ENEM, por este estar assentado nas mesmas bases meritocráticas que o antigo vestibular, propiciar uma reestruturação no Ensino Médio com base em eixos tecnológicos e se vincular ao Sistema de Seleção Unificado (SISU) que destina o curso adequado ao estudante a partir de sua nota de corte, provocando evasão por falta de afinidade com os cursos aos quais os resultados de sua prova os permite permanecer. Em 2010 a Universidade Federal de Pernambuco já registrava uma taxa de evasão ou abandono de 20% para 35%15.

Outra característica dos governos do PT, dar-se no imbróglio do Plano Nacional de Educação (PNE). O PNE se constitui a partir de um fórum tripartite, a Conferência Nacional de Educação (CONAE), que agrega trabalhadores articulados em movimentos sociais, setores do Estado e empresariais. As vinte metas desenvolvidas nesse espaço para o decênio de 2011-2020 sofreram vetos e reformulações na reedição do documento pelo governo Dilma Rousseff, sendo aprovado no ano de 2014. Observamos que existem pelo menos dois problemas fundantes na constituição do PNE. São eles: sua vinculação direta as metas do Banco Mundial expressas na Declaração Mundial de Educação Para Todos (o que já o configura enquanto política educacional neoliberal), e a formulação de metas para a educação realizada por empresários.

Gabriel Gabrowsky em sua tese de doutoramento (2003) destaca ainda, programas educativos de qualificação profissional surgidos nos governos do PT, que se apresentam como alternativas ineficazes e propagadoras da inserção precária da juventude no mundo do

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http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/sisu-aumenta-evasao-de-estudantes-em- universidades-publicas/?cHash=18cd8596a65304ec14048a70ecf7d0d9 (acesso em julho de 2013)

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trabalho. O PROJOVEM, Programa Nacional de Inclusão de Jovens e Ação Comunitária, que segundo Gabrowsky se realiza principalmente pela ação de Organizações Não Governamentais (ONGs), o PROEJA e o Programa Brasil Profissionalizado dentre outros, são alguns dos programas e políticas assinalados pelo autor.