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O PENSAMENTO VERTICAL

No documento Como Improvisar Varios Estilos (páginas 40-49)

Aliado às escalas, que formam um pensamento horizontal, podemos pensar em termos de arpejos, criando um pensamento vertical ao improvisar um determinado trecho.

O raciocínio é bastante simples:

1- O primeiro passo é descobrir a escala do acorde, fazendo as devidas associações de escala.

2- Após descobrir a escala associada, escrever o seu campo harmônico.

3- Todos os acordes do campo harmônico servirão para improvisação sobre o acorde em questão.

Veja abaixo, uma lista dos campos harmônicos usados para improvisação, de acordo com a escala, levando em consideração a quantidade de notas de tensão:

- Modo lídio: campo harmônico situado uma quinta justa acima.

- Modo dórico: campo harmônico situado uma segunda maior abaixo.

- 5° modo a escala menor harmônica: campo harmônico situado uma quarta justa acima. Por esta escala possuir uma nota evitada, todos os acordes que possuem esta nota não são utilizados na improvisação.

- Escala menor melódica: como já foi visto, é uma escala usada para improvisar sobre acordes menores com sexta ou sétima maior (ou ambas as tensões).

- Modo lócrio (2° M): campo harmônico situado uma terça menor acima.

- 7° modo da escala menor harmônica: como já foi visto, é uma escala usada para improvisar sobre acordes diminutos com função dominante e que resolvem em acordes menores. Por esta escala possuir três notas evitadas, não utilizamos o campo harmônico da escala menor harmônica, e sim, o arpejo diminuto e suas inversões. Ex:

B° = B° D° F° Ab°

Diante das possibilidades acima, qual acorde do campo harmônico usar para uma determinada cifra? A resposta irá depender, entre outras coisas, da quantidade do número de tensões que o improvisador deseja colocar na sua melodia. Veja o exemplo abaixo:

Ex: cifra: C7M

Acordes com 0 nota de tensão: C7M Acordes com 1 nota de tensão: Em7 / Am7 Acordes com 2 notas de tensão: G7M / F#m7(b5) Acordes com 3 notas de tensão: D7 / Bm7

É comum no jazz o uso de apojaturas na construção do acorde, isto é, ornamentamos um acorde (tendo ele notas de tensão ou não) com notas de aproximação:

- Exercício de assimilação:

1- Improvisar as mesmas progressões vistas no pensamento horizontal, aplicando os acordes do campo harmônico associado às escalas (procurar utilizar apojaturas em alguns arpejos).

2- Fazer uma mistura de escalas e arpejos nas progressões já vistas.

11- AS PENTATÔNICAS

As pentatônicas são mais um recurso que o músico tem seus improvisos. Tanto no Jazz como em outros estilos, são usadas com freqüência pela sua sonoridade característica. Neste tópico abordaremos as seguintes pentatônicas:

- Pentatônica menor- m7;

- Pentatônica menor com sexta- m6;

- Pentatônica menor com sétima e quinta diminuta - m7(b5); - Pentatônica maior com segunda menor – b2;

PENTATÔNICA MENOR - m7

A pentatônica menor (m7) pode ser usada para improvisar em acordes maiores (que implicam no modo lídio) e menores (que implicam no modo dórico). Veja como é feito o processo de escolha desta pentatônica na improvisação:

1- Descubra a escala do acorde e o seu campo harmônico:

2- Todos os acordes menores do campo harmônico possuem suas pentatônicas relacionadas.

Ex:

Am7 = A menor pentatônico Bm7 = B menor pentatônico Em7 = E menor pentatônico

Todas essas escalas pentatônicas podem ser usadas para improvisação em C7M. Veja a relação das notas da pentatônica em relação a esse acorde:

O mesmo processo é feito no modo dórico:

Am7 = A menor pentatônico Bm7 = B menor pentatônico Em7 = E menor pentatônico

Da mesma forma, todas essas escalas pentatônicas podem ser usadas para improvisação em Am7.

A escolha da (s) pentatônica (s) na improvisação irá depender também, entre outros fatores, do número de tensões que o músico pretende usar:

Ex: cifra: C7M

E menor pentatônico = 2 tensões A menor pentatônico = 2 tensões B menor pentatônico = 3 tensões

No acorde dominante, podemos improvisar com duas pentatônicas: uma situada uma sexta maior acima do baixo do acorde (com menos tensões) e outra situada uma terça menor acima do baixo do acorde (com mais tensões). Veja:

Em acordes meio diminutos, empregamos a escala pentatônica situado uma quarta justa acima:

Ex:

Bm7(b5) = E menor pentatônico

Veja a progressão ii- V7- I abaixo (típica do jazz e bossa nova) e a relação cromática das pentatônicas:

- Exercício de assimilação:

1- Improvise as progressões abaixo: a) modo lídio --- |: C7M(9) | F7M(9) :| G maior C maior C7M(9) = Em, Am e Bm (penta). F7M(9) = Em, Am e Dm (penta).

Obs: note as pentatônicas em comum entre os dois acordes, procures utiliza-las como ponte de ligação.

b) modo dórico--- |: Cm7 | Fm7(9) :| Bb maior Eb maior Cm7 = Cm, Dm e Gm (penta). Fm7(9) = Cm, Gm e Fm (penta).

c)

modo lídio ---escala alterada modo lídio |: C7M(9) | F7M(9) | G7 (9) | C7M :| G maior C maior Dm melódico G maior

C7M(9) = Em, Am e Bm (penta). F7M(9) = Em, Am e Dm (penta). G7(9) = Em e Bbm (penta).

Obs: em Bb menor pentatônico, usar com cautela a nota de tensão Ab.

d)

modo dórico modo lídio modo lócrio (2M) 5° modo modo dórico | Cm7 | Eb7M | Dm7(b5) | G7(b13) | Cm7 | Bb maior --- F menor melódico C menor harmônico Bb maior

Cm7 = Cm, Dm e Gm (penta). Eb7M = Cm, Gm e Fm (penta). Dm7(b5) = Gm (penta).

G7(b13) = Em e Bbm (penta).

Obs: em E menor pentatônico, usar com cautela a nota de tensão E.

2- Transponha as progressões acima para outras tonalidades e improvise utilizando pentatônicas.

PENTATÔNICA MENOR COM SEXTA - m6

A pentatônica menor com sexta (m6) pode ser usada para improvisar em acordes maiores (que implicam no modo lídio). Pensamos sempre no relativo menor deste acorde.

Ex:

C7M = Am6 pentatônico (relativo menor). F7M = Dm6 pentatônico (relativo menor).

Em acordes menores (que implicam o modo dórico), pensamos na tônica do acorde. Ex:

Am7 = Am6 pentatônico (tônica). Dm7= Dm6 pentatônico (tônica). Em7= Em6 pentatônico (tônica).

Em acordes dominantes, pensamos uma quinta justa acima – mais usada em resolução para acorde maior (com menos tensões) - uma segunda menor acima e uma terça menor acima (com mais tensões) – usadas tanto em resolução para acorde maior quanto menor. Ex

G7 = Dm6 pentatônico (quinta justa acima); Abm6 pentatônico (uma segunda menor acima); Bbm6 pentatônico (uma terça menor acima).

Obs: o acorde dominante permite um número maior de notas de tensão. Na verdade, em G7, todas as notas, com exceção da sétima maior (F#) são consideradas notas de tensão.

Em acordes meio diminutos, pensamos uma terça menor acima. Ex:

Bm7(b5) = Dm6 pentatônico (uma terça menor acima).

- Exercício de assimilação:

Improvise as progressões já vistas na pentatônicas menores (m7) empregando pentatônicas menores com sexta (m6).

PENTATÔNICA MENOR COM SÉTIMA E QUINTA DIMINUTA – m7(b5)

Diferencia-se da pentatônica menor por apresentar uma quinta diminuta ao invés da quinta justa:

É empregado, quase que exclusivamente, em acordes meio diminutos (partindo da tônica) e em dominantes (partindo da terça maior).

Ex:

Bm7(b5) = Bm7(b5) pentatônico. G7 = Bm7(b5) pentatônico.

Como exercício de assimilação, improvise com esta escala as progressões acima que possuírem acorde meio diminuto.

PENTATÔNICA MAIOR COM SEGUNDA MENOR – b2

Diferencia-se da pentatônica maior por apresentar uma segunda menor ao invés da segunda maior:

Esta escala é empregada em acordes dominantes partindo da tônica. Ex:

G7 = G b2 (penta).

De outra perspectiva, podemos considerar que as pentatônicas de Bb b2, C# b2 e E b2 cabem dentro do âmbito de G7, por possuírem notas de tensão relacionadas com este acorde:

Devido a isso, ela possui a particularidade de ser simétrica no que diz respeito à

digitação, isto é, a sua digitação no braço do instrumento se repete a cada três semitons.

- Exercício de assimilação:

Improvisar, com esta escala, os acordes dominantes presentes nas progressões já vistas.

12- ESCALAS DE IMPROVISO EM V7

O acorde dominante, pela sua função de acorde de tensão, aceita várias tensões e várias escalas, cada qual com sua intenção musical. Já vimos que a escala alterada é uma escala amplamente usada neste acorde (usada mais para resolução em acorde maior); agora estudaremos outras escalas, cada uma com sua sonoridade característica, que funcionam muito bem (tanto em resolução para acorde maior quanto menor) e são muito usadas pelos jazzistas, que utilizam um pensamento tanto horizontal quanto vertical.

No documento Como Improvisar Varios Estilos (páginas 40-49)

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