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4. A GESTÃO SOCIAL DA ÁGUA NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO

4.3 O GERENCIAMENTO E A DISTRIBUIÇÃO DAS ÁGUAS

4.3.2 O Perímetro Irrigado de São Gonçalo – PISG

O PISG não é parte integrante da Sub-bacia, mas como as águas do açude de São Gonçalo que abastecem a cidade de Sousa, está neste perímetro, não há como dissociá-lo neste estudo, sobretudo, pelo grande atrativo que as águas tem na atividade agrícola. O uso das águas neste manancial para a produção agrícola e o consumo humano advém da qualidade da água satisfatória difundido neste território.

A grande importância na distribuição das águas na bacia que compreende o sistema do PISG, é uma particularidade no sertão paraibano, notadamente, neste setor se desenvolvem atividades agrícolas nas áreas de entorno do açude de São Gonçalo. Este reservatório não pertence a sub-bacia mas tem uma ligação direta com a gestão das águas na gerência regional da Gestão das águas no município de Sousa. Neste ambiente, as práticas de irrigação são responsáveis pela geração de emprego e renda fazendo o nexo entre o PISG e as cidades de entorno. Isto torna esta área bastante produtiva onde se desenvolve culturas de subsistência e de produtos para comercialização.

A prática agrícola é do tipo comercial, onde se destacam plantios irrigados de feijao (3.85%), monocultura de côco (38,43%), banana e côco - produção diversificada (53,85%) e outros tais como; mamão, goiaba, e hortaliças (3,85%) (Gráfico 1). Essa produção agrícola abastece o mercado das cidades vizinhas e chegam até a capital do estado – a cidade de João Pessoa e, de outras regiões do país, a exemplo das regiões sul e sudeste. O PISG é monitorado pelo DNOCS, sendo, os produtores cadastrados e também pela AESA/PB quanto a outorga de água (direito ao uso da água pública), e pelo INTERPA/PB, que trata da assistência agrícola aos irrigantes e agricultores em geral que cumprem as normas estabelecidas para o uso e ocupação do solo como é destacado a seguir;

[...] a irrigação vem da água do açude de São Gonçalo. Divididos em grupos os irrigantes se reúne com os representantes e estes são convocados para os comitês. Se reúne e decide o turno de irrigação isso no período de seca. Antes a gente irrigava de noite e de dia hoje a gente num faz mais isso....é liberado em torno a cada 15 dias. Para fazer esta negociação pronto depois de uma irrigação ai suspende por este período de 15 a 20 dias para poder haver ter este racionamento isso é feito com o grupo de irrigantes o DNOCS ajuda no monitoramento da água e nós os irrigante em grupo que controlamos isso. A própria cultura do povo daqui é tudo em torno da água. a cultura de côco é predominante mas também tem a banana, a goiaba o tomate e alguma produção menos de hortaliças sendo que a produção de côco é maior e a gente manda coco para Campina Grande, Fortaleza, João Pessoa e até para São Paulo e Rio de Janeiro [...].

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A cultura irrigada que mais se destaca é a de côco, constituindo-se como o produto mais importante na produção agrícola (GRÄFICO 1). Os agricultores ainda não têm a noção da gravidade futura, caso a água não seja usada de forma racional e sustentada. Para isso, a comunidade organizada dos agricultores e irrigantes tem necessidades urgentes de acompanhamento, quanto ao uso e destino da água para irrigação. Não estão sendo tratados neste momento da água para o consumo humano e para a dessedentação animal, mas apenas para a produção agrícola, esta muito utilizada em escala mundial e em especial no território brasileiro. (GRÁFICO 2).

GRÁFICO 2 – Tipos de Culturas Cultivadas

Feijão C oco Banana e coco Outros

Tipo(s) de cultura(s) cultivada(s)

3,85%

38,46% 53,85%

3,85%

FONTE: Pesquisa Direta (ASSIS, 2007).

No PISG se observa a presença de agricultores detentores das suas próprias terras, uma conquista adquirida ao longo do tempo através dos projetos do DNOCS e do Governo do Estado da Paraíba. A Figura 17 apresenta parte dessa produção que atualmente é beneficiada por estudos realizados na área agrícola desenvolvidos pela Escola Agrotécnica Federal de Sousa – localizada em São Gonçalo.

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Figura 17 - Perímetro Irrigado de São Gonçalo – PISG

Fonte: Pesquisa Direta ( ASSIS, 23/07/2007)

A gestão social da água na SBHRP, mostra que a água é um forte veículo de desenvolvimento e cultura para os municpios e para projetos que comtemplam as comunidades no setor de beneficiamento e da sobrevivência humana.

[...] a qualidade de vida dessas famílias é definida por uma lógica que relaciona elementos de uma ordem moral, centrada no ethos do colono [...]. A partir da experiência de vida como sitiantes e da relação com a família, com o trabalho da terra é que esse grupo pensa, organiza e dá sentido ao mundo social. Portanto, é a origem camponesa que vai estruturar a vida material e simbólica dessas famílias, influenciando a formação de uma identidade coletiva, que antecede e se sobrepõe à consciência individual, característica do homem moderno. Essa articulação possibilitou a formulação de um argumento capaz de explicar a complexidade das práticas inerentes ao estilo de vida do irrigante, sem romper completamente com o estilo de vida do camponês, ambos legitimadores de um conceito de qualidade de vida. [...]. Nesse sentido, o acesso à terra, à água e a melhores condições de vida conquistadas dentro do Projeto de Irrigação, não são os únicos bens valorizados pelas famílias na avaliação da sua qualidade de vida. Mais do que isso, para elas, é necessário que haja respeito aos valores e às disposições internalizadas. E mais, que seja assegurada a continuidade de um modo de vida, definido por uma ética da qual depende a sua felicidade. 59

Para tanto, um estudo realizado no Perimetro Irrigado de São Gonçalo – PHSG, sugere que o aprofundamento desta relação seja desenvolvida tendo como focos de atenção; família,

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GOMES. R. A. A Qualidade de Vida das famílias no Perímetro Irrigado de São Gonçalo: ética e racionalidade. UFPE: Recife/PE. (Tese de Doutorado). Disponível em:

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terra, trabalho, conectados aos elementos de uma razão prática representada pelo acesso à água, às políticas públicas e às condições para morar, trabalhar e oferecer oportunidades aos filhos de desenvolver atividades educacionais.