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Capítulo 1: O Período Probatório

1.4 O período probatório em Portugal

Em Portugal, o período probatório aparece pela primeira vez referenciado no decreto-lei n.º 139-A/90, que previa no artigo 125.º que os docentes que viessem a integrar o sistema no ano escolar 1990/1991 fossem sujeitos ao mesmo. De acordo com o mesmo decreto-lei, o intuito do período probatório era o de ―verificar da adequação profissional do docente às funções a desempenhar‖ e visava ―a melhoria qualitativa do exercício da função docente‖. Este decreto-lei apoia o período probatório nas recomendações da OIT/UNESCO5 de 1962. O período probatório volta a aparecer de novo no decreto-lei n.º 1/98, de 2 de janeiro, no capítulo VI, artigo 31.º que refere:

―A nomeação provisória converte-se em nomeação definitiva em lugar do quadro de escola ou do quadro de zona pedagógica, independentemente de quaisquer formalidades:

a) No início do ano escolar subsequente à conclusão do período probatório com menção de Satisfaz, no caso dos docentes titulares de qualificação profissional para a docência.‖

Este decreto-lei, no artigo 32.º, vai ao encontro do que já tinha sido referido no decreto-lei de 1990: ―1. O período probatório destina-se a verificar da adequação profissional do docente às funções a desempenhar, tem a duração de um ano e é cumprido no estabelecimento de educação ou de ensino onde aquele exerce a sua atividade‖.

O que traz de novo este decreto é que vai ainda mais longe que o primeiro e especifica melhor o que é realmente o período probatório e em que termos é que ele pode ser concluído. Assim sendo, o decreto-lei no artigo 32.º refere:

―2. No decurso do período probatório o docente é pedagogicamente apoiado por um docente de nomeação definitiva do respetivo estabelecimento de educação ou de ensino […]. 3. O período probatório corresponde ao primeiro ano do respetivo escalão de ingresso na carreira dos docentes com qualificação profissional para a docência. 4. O tempo de serviço prestado por docentes com qualificação profissional para a docência em regime de contratação, por um período mínimo de um ano escolar, computado até ao limite máximo de dois anos letivos, é contado para efeitos de conclusão do período probatório, desde que classificado com a menção qualitativa de Satisfaz. 5. Aos docentes titulares de habilitação própria para a docência com nomeação provisória é considerado como período probatório o tempo de serviço docente prestado até à respetiva aquisição da habilitação profissional,

desde que classificado com menção de Satisfaz. 6. A obtenção da menção de Não Satisfaz no final do período probatório determina a exoneração do docente do lugar do quadro em que se encontrava provisoriamente provido e a impossibilidade de voltar a candidatar-se à docência num período de dois anos escolares, durante o qual não pode igualmente ser contratado para o exercício de funções docentes.‖

Em relação à avaliação ordinária dos docentes integrados na carreira, esta tem lugar no ano anterior à mudança de escalão ou no final do período probatório, e tem em conta o trabalho realizado pelo docente durante esse tempo (decreto lei n.º 1/98, artigo 41.º).

A avaliação é feita através de um documento de reflexão crítica sobre o trabalho efetuado pelo docente durante o tempo em causa e apresentado ao órgão de gestão do estabelecimento de educação, que posteriormente é objeto de apreciação pelo órgão pedagógico e avaliado com as menções qualitativas de Satisfaz ou Não Satisfaz.

Apesar de já em 1990 e 1998 ter sido consagrada a existência de um período probatório em que o docente é ―pedagogicamente apoiado por um docente de nomeação definitiva do respetivo estabelecimento de ensino‖( decreto-lei de 1990, artigo 32.º), este só se veio a efetuar realmente no ano de 2009/2010, com a aplicação do artigo n.º 30.º do decreto-lei n.º 15 de 2007, de 19 de janeiro.

O despacho n.º 21666/2009 é fulcral pois vem, desta forma, regulamentar o período probatório de uma forma mais clara, bem como as ações de cada interveniente.

Assim sendo, no plano das intenções este despacho considera que o período probatório ―corporiza uma mudança na regulação de acesso à carreira docente nas escolas públicas e promove o apoio ao desenvolvimento profissional dos professores e a sua integração e participação no desenvolvimento da escola. […] Sendo a integração dos novos professores considerada um fator relevante na melhoria da qualidade do serviço pelos estabelecimentos de ensino‖ (despacho n.º 21666/2009: preâmbulo).

O período probatório tem, de acordo com este despacho, o seu centro na escola e é encarado como a ponte entre esta e a universidade ou escola superior de educação. A escola em que o professor se insere deve possibilitar ―a socialização profissional do docente e a definição do seu perfil profissional‖.

O despacho nº 21666/2009 considera ainda que ―o período probatório corresponde a uma fase do processo de desenvolvimento profissional centrada na capacidade de integração do docente na função a desempenhar‖ (despacho n.º 21666/2009: preâmbulo).

Em relação ao professor mentor, o despacho preconiza que o professor mentor seja ―designado pelo coordenador do departamento ou do conselho de docentes a que pertence o docente em período probatório ou pelo diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada, no caso do professor titular a designar pertencer a departamento diferente do docente em período probatório‖ (despacho n.º 21666/2009: artigo 2.º).

A escolha do professor mentor, deve ser efetuada tendo em conta os seguintes critérios de prioridade:

―a) Professor titular do mesmo grupo de recrutamento dos docentes em período probatório, preferencialmente com formação especializada na área de organização educacional e desenvolvimento curricular e avaliação, supervisão pedagógica e formação de formadores ou, na sua inexistência, com o perfil adequado de acordo com os critérios definidos pela escola, com a menção igual ou superior a Bom na última avaliação de desempenho;

b) Professor titular do mesmo departamento dos docentes em período probatório, preferencialmente com formação especializada na área de organização educacional e desenvolvimento curricular e avaliação, supervisão pedagógica e formação de formadores ou, na sua inexistência, com o perfil adequado de acordo com os critérios definidos pela escola, com a menção igual ou superior a Bom na última avaliação de desempenho;

c) Professor titular de outro departamento, preferencialmente com formação especializada na área de organização educacional e desenvolvimento curricular e avaliação, supervisão pedagógica e formação de formadores ou, na sua inexistência, com o perfil adequado de acordo com os critérios definidos pela escola, com a menção igual ou superior a Bom na última avaliação de desempenho.

d) Professor, sucessivamente do grupo de recrutamento ou do departamento dos docentes em período probatório, preferencialmente com formação especializada na área de organização educacional e desenvolvimento curricular e avaliação, supervisão pedagógica e formação de formadores ou, na sua inexistência, com o perfil adequado de acordo com os critérios definidos pela escola, com a menção igual ou superior a Bom na última avaliação de desempenho, que será nomeado em comissão de serviço na categoria de professor titular, por um ano escolar.‖ (despacho n.º 21666/2009: artigo 3.º).

Em relação às funções que terá o professor mentor, o despacho também prossegue dizendo que lhe compete:

“a) Apoiar a elaboração e acompanhar a execução do plano individual de trabalho para docentes em período probatório que verse as componentes, científica, pedagógica e didática;

b) Apoiar o docente em período probatório na preparação e planeamento das aulas, bem como na reflexão sobre a respetiva prática pedagógica, ajudando -o na sua melhoria; c) Avaliar o trabalho individual desenvolvido, no âmbito do processo de avaliação do desempenho docente;

d) Elaborar relatório circunstanciado da atividade desenvolvida, incluindo os dados da observação de aulas.‖ (despacho n.º 21666/2009: artigo 4.º).

Por esta razão, o despacho prevê nos pontos 5, 6 e 7, uma redução da componente letiva, tantos para os professores em período probatório, como para os professores mentores. Para fazer a supervisão, o acompanhamento e a avaliação desta primeira implementação do período probatório o despacho delega à Universidade de Aveiro, através do LAQE (Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa) essa tarefa, com a Professora Doutora Nilza Costa a coordenar o projeto.

―A supervisão, o acompanhamento e a avaliação da primeira aplicação do período probatório competem à Universidade de Aveiro, através do Laboratório de Avaliação da Qualidade Educativa, coordenado pela Professora Doutora Nilza Costa6, nos termos de um protocolo celebrado com o Ministério da Educação através da Direção -Geral dos Recursos Humanos da educação (DGRHE):

Compete à Universidade de Aveiro:

a) Assegurar as condições de desenvolvimento do trabalho de acompanhamento do período probatório;

b) Promover a articulação entre a Universidade, as escolas e os professores mentores; c) Ministrar formação aos professores mentores;

d) Elaborar o relatório da atividade desenvolvida (despacho n.º 21666/2009: artigo 18.º).‖ Desta forma é assim implementado pela primeira vez implementado em Portugal um período probatório, com o envolvimento de escolas, professores mentores e professores mentorados. E inclusive pela DGRHE através do LAQE.

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A equipa coordenada pela professora doutora Nilza é composta dos seguintes membros: Maria do Céu Roldão; Idalina Martins; Joana Campos; Maria Figueiredo; Pedro Reis; Teresa Gonçalves e Teresa Leite.

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