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ARTIGO 1 – A APOSENTADORIA RURAL E SUA INFLUÊNCIA NA VIDA DE

4.2 O perfil sociodemográfico das idosas brasileiras

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2013- 2014), os idosos representam 13,4% da população brasileira (IBGE, 2010). Dentro do cenário do envelhecimento destaca-se o processo da feminização da velhice, que está relacionado ao aumento da expectativa de vida das mulheres.

Dados do censo demográfico mostraram que em 2010 6,0% da população total brasileira era composta por mulheres idosas, enquanto os homens idosos representavam 4,8%. A distribuição da população em grupos de idade e sexo, pelo censo de 2000 e de 2010 do

19 IBGE, ilustra o aumento da população idosa e, consequentemente, o aumento das mulheres idosas. Ao comparar a pirâmide do ano 2000 com a representada pelo ano 2010, constata-se que houve alteração na estrutura da pirâmide etária, onde se tem o alargamento do topo, o que pode ser comprovado nas figuras a seguir.

Figura 01: Distribuição da população por sexo, segundo os grupos de idade, Brasil, 2000.

Fonte: Censo demográfico de 2000 e 2010/IBGE.

Figura 02: Distribuição da população por sexo, segundo os grupos de idade, Brasil, 2010.

20 Esse fato acontece na maioria dos estados brasileiros, e em Minas Gerais não é diferente. O estado de Minas Gerais concentra grande parte da população envelhecida do País, perdendo apenas para o estado de São Paulo (FREITAS et al., 2015). De acordo com o último censo demográfico realizado em 2010, em Minas Gerais o total de idosos corresponde a 11,79% da população, porcentagem esta superior à média nacional. Ao comparar os dados de 2000 e 2010, percebe-se o aumento do número de pessoas com 60 anos ou mais, principalmente das mulheres idosas.

Figura 03: Distribuição da população por sexo, segundo os grupos de idade, Minas Gerais,

2000.

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Figura 04: Distribuição da população por sexo, segundo os grupos de idade, Minas Gerais,

2010.

Fonte: Censo demográfico de 2000 e 2010/IBGE.

Constata-se que na cidade objeto deste estudo, localizada na Zona da Mata mineira, também é notável essa mudança na estrutura da pirâmide (Figuras 5 e 6). Entre 2000 e 2010, houve um aumento do número de pessoas com 60 anos ou mais, com destaque para a população feminina, e diminuição do número de pessoas em outras faixas etárias (Figura 5), como observado em todos os estados brasileiros, inclusive em Minas Gerais.

Figura 05: Distribuição da população por sexo, segundo os grupos de idade, Pedra do Anta,

22 Fonte: Censo demográfico de 2000 e 2010/IBGE.

Figura 06: Distribuição da população por sexo, segundo os grupos de idade, Pedra do Anta,

MG, 2010.

Fonte: Censo demográfico de 2000 e 2010/IBGE.

Ao analisar as Figuras 5 e 6, constata-se a diminuição no número de pessoas entre 20 e 29 anos, ou seja, a redução da população jovem. Esse fato está diretamente ligado às mortes por causas externas, o que é frequente principalmente com relação ao público masculino. Minayo (2009) ressalta que o termo causas externas faz referência às mortalidades por homicídio, suicídio, agressões físicas e psicológicas, acidentes de trânsito, transporte, quedas, afogamentos e lesões e traumas. Os óbitos por homicídios e acidentes de trânsito são os principais elementos quem configuram o quadro de mortes violentas. Segundo Moura et al. (2015), a diferença entre sexos é claramente identificada na razão da mortalidade, uma vez que para cada mulher quase oito homens morrem por causas externas.

A maior longevidade feminina pode ser explicada por diversos fatores, como a proteção contra doenças cardiovasculares, a menor exposição das mulheres a acidentes de trabalho e trânsito e o menor envolvimento em homicídios, além de outros fatores como o menor consumo de álcool e tabaco (ARANTES e CÔRTE, 2009). De acordo com Salgado (2002 apud Mafra et al., 2015), geralmente as mulheres vivem mais que os homens. Destaca-se também a maior proporção de viúvas do que em qualquer outra faixa etária, fato que pode ser explicado pela tendência da mulher se casar com homens mais velhos, o que, associado a uma mortalidade masculina maior do que a feminina, aumenta a probabilidade de sobrevida da mulher em relação ao seu cônjuge.

23 Com a idade avançada as mulheres enfrentam um processo de mudanças e perdas, bem como de rompimento de algumas relações. Com o falecimento do cônjuge, a possibilidade de as viúvas se casarem diminui com a idade, diferentemente do que acontece com os homens. Constata-se também um processo de mudança nas amizades, que desaparecem por morte ou mudança, além do fato de essas mulheres, com a criação dos filhos, passarem a assumir outros compromissos, como o cuidado com os pais (SALGADO, 2002).

A velhice também afeta homens e mulheres de formas distintas. As mulheres são mais vulneráveis não apenas aos problemas de saúde, mas ao isolamento social e a transtornos emocionais devido à aposentadoria, à viuvez, às alterações fisiológicas, dentre outros problemas. É preciso ressaltar ainda a falta de perspectiva profissional, visto que muitas mulheres passaram a vida dedicando-se ao cuidado da casa e dos filhos, e aquelas que acessaram o mercado de trabalho não conseguem ascender e acabam perpetuando o papel que lhes foi instituído, o de provedoras do cuidado do outro (LIMA e BUENO, 2009 apud FONSECA et al., 2015).

Com relação ao nível de alfabetização, as mulheres apresentam vantagens em relação aos homens. A explicação para esse fato é a sua maior expectativa de vida. Além disso, a inclusão das mulheres em programas e espaços destinados à população idosa, como a Universidade Aberta da Terceira Idade (UNATI), tem possibilitado o acesso à educação. Para muitas idosas, a aposentadoria e a viuvez têm sido uma oportunidade para acessar a educação (BARRETO et al., 2003).

Com relação à renda, Camarano (2003) afirmou que o benefício da previdência social é importante, pois além de garantir a subsistência básica a essas idosas, tem resultado na sua revalorização dentro da família. Por meio da renda, a idosa passa a ser um dos principais provedores da família, principalmente quando se trata de famílias de baixo nível socioeconômico. A importância da renda de aposentadorias e pensões para mulheres idosas é maior do que entre os homens, devido ao peso das pensões por viuvez (CAMARANO, 2003). Portanto, percebe-se que usufruir de uma renda exerce grande influência no papel da mulher dentro da família, pois mesmo tendo uma velhice marcada por doenças crônicas, viuvez, dificuldade de acesso aos direitos constitucionais, baixo nível educacional e por muitas vezes se encontrar desamparada pela família, a dependência familiar da renda dessa mulher acaba por definir a forma de consumo da família, ou como ela tem acesso ao consumo.

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