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4 DESLOCAMENTOS ENTRE ASSISTENCIALISMO, ATIVIVISMO,

4.1 O PROCESSO DE PROFISSIONALIZAÇÃO

A formação em Educação Especial com Habilitação em Deficientes da Audiocomunicação ofertada pela UFSM é a graduação de 2 entre os 10 entrevistados. A Patrícia também tem a formação em Educação Especial, mas com habilitação em Deficientes Mentais. O grupo B é composto por sujeitos que atuaram em Santa Maria antes do ano de 2002. A cidade é uma das poucas em que há uma universidade que oferta o Curso de Graduação em Educação Especial no País.

Esse Curso tem formado recursos para atuação na área de educação especial há mais de 40 anos. A partir da constatação de que os sujeitos surdos necessitavam de atendimento pedagógico, a UFSM passa a capacitar profissionais para atuar. Em 1974 foi instituído o Curso de Pedagogia com habilitação em Deficientes da Audiocomunicação. Em 1976 passou a existir a Educação Especial – licenciatura curta, até que em 1984 a Educação Especial se divide em habilitações (Surdez e deficiência mental). Foi assim que no ano de 1993 o NEPES passa a existir e o CACEE extinto. Clotilde conta que nesse período houve um processo administrativo para que ela e outros colegas deixassem de atuar no CACEE e fossem remanejados para outros setores.

“A alegação era de que o CACEE iria se transformar em núcleo de pesquisa e que não precisava mais de técnicos de outras áreas a não ser Educação Especial. O processo administrativo foi horrível porque eles alegavam outras coisas. Eles não aceitavam o fato da gente ter essa convivência e nunca se propuseram a aprender Libras também. Aí eu me afasto do CACEE, mas eu continuo na convivência com eles e depois eu vou para outras áreas e aí já tinha outras intérpretes, começa a surgir

outras. Lembro que fizeram uma prova da FENEIS e aí eu vou me afastando, vou para outros setores. Então eu me afasto, não da comunidade porque tenho contato com eles até hoje” Clotilde (Grupo B).

“Nesse tempo, em 1998, a gente não falava ainda de Libras, não falava de comunidade surda. Se falava sim, que o surdo precisava ouvir e o curso tinha esse foco, tanto é que a gente tinha aula na área da fonoaudiologia. A gente não tinha esse foco de Libras ou qualquer outra coisa assim” Florinda (Grupo B).

Com a constituição de toda uma rede discursiva que produz as políticas voltadas para a inclusão dos surdos e que proporcionam, especialmente em Santa Maria, a aproximação dos alunos da Educação Especial com a comunidade surda, vimos a Libras se fortalecer. Mesmo não havendo a disciplina de Libras na matriz curricular do Curso, o imperativo da inclusão mobiliza muitos egressos da Educação Especial – UFSM ao encontro dessa língua e da comunidade surda.

Algumas recorrências durante as entrevistas com o grupo B indicam a compreensão de que o Curso de Educação Especial da UFSM formava o tradutor e intérprete de Libras antes da Libras ser reconhecida. O fato é que os egressos do Curso buscavam contato com os surdos justamente para ter oportunidade de adquirir a língua de sinais. Desde os primeiros semestres, os acadêmicos inseriam-se em cursos de Libras, na escola para surdos e na associação de surdos. A aproximação entre os sujeitos em questão traz à tona o reconhecimento de que a língua de sinais é uma necessidade para a comunidade surda. Havia a concepção de que a Educação Especial primava pela oralidade e reabilitação auditiva do sujeito surdo, no entanto, os primeiros contatos entre acadêmicos e os sujeitos surdos já demonstram que as práticas educacionais priorizam a língua de sinais.

A Educação Especial produz novos conceitos e técnicas de reeducação e reabilitação, ao mesmo tempo em que constitui outras formas de sujeitos. Os encontros e a aquisição da Libras pelos estudantes do Curso propiciam ações que beneficiam a comunidade surda. Florinda e Roberto comentam que havia uma Central de Intérpretes em Santa Maria formada por acadêmicos do Curso de Educação Especial.

“A primeira central de intérpretes de Santa Maria, era um grupo novo, um grupo nosso de estudantes desse mesmo curso, Educação Especial” Florinda (Grupo B).

“Fui convidado para ir na Associação onde foi realizada uma reunião para me incluir na Central de Intérpretes. Já era sócio da Associação, mas eu lembro que gerou uma

discussão muito grande entre o presidente da Associação de Surdos de Santa Maria e a coordenadora da Central porque segundo a coordenadora eu não tinha formação, não tinha formação na área e que eu não poderia interpretar. Os surdos quiseram muito, porque haviam poucos intérpretes e muitas demandas que as pessoas da Central não conseguiam atender. Aí a coordenadora conversou comigo, acabou cedendo porque era um desejo dos surdos que eu fizesse parte dessa Central. Todas as interpretações que surgiam, era a Associação, através da central dos intérpretes, que deliberava” Roberto (Grupo B).

Creio que esse curso foi assumido como um curso de formação de intérpretes porque havia confusão sobre a atuação do professor e do intérprete, também por serem escassos os cursos de formação existentes. Os cursos de extensão e bancas promovidos pela FENEIS eram insuficientes para habilitar intérpretes.

“O que eu percebo é que tanto na docência da Libras quanto na interpretação, é um primeiro espaço (eu acho) que as pessoas percebem as profissões. Acho que a Educação Especial serve como um primeiro caminho para mostrar essas outras profissões e talvez desperte o desejo de ir além. Talvez as pessoas acabam desviando da Educação Especial e indo para construir uma carreira na Libras. Eu vejo assim. Se tu fores analisar hoje o número de intérpretes e de docentes de Libras, se fores ver a formação deles, a grande maioria é da Educação Especial, mas eu penso que a Educação Especial não interfere na formação dessa profissão até porque não oferece condições para isso, mas ela desperta, eu acho. Eu vejo como uma ponte assim” Nina (Grupo B).

A Educação Especial com habilitação em Deficientes da Audiocomunicação se apresentava como a formação adequada, pois eram os surdos que seriam atendidos diretamente por esses profissionais. Nesse período ainda não havia a disciplina da Libras no currículo. Quem optava pelo curso também buscava maior aproximação com a comunidade surda.

“Eu chamo de currículo oculto, como eu chamava na época, pelos professores, pela época de transformação que a gente estava vivendo se falava bastante em língua de sinais, estávamos começando a discutir a questão da surdez cultural e tal...isso me chamou bastante a atenção e a gente começou o contato com a comunidade surda durante a faculdade. Mais ou menos em 1995 a gente já se aproximou, tínhamos instrutores surdos que davam aulas de língua de sinais e foi por aí que começou minha aproximação com a Libras, foi durante o curso de Educação Especial, mais ou menos no ano de 1994, 1995” Nina (Grupo B).

As entrevistas com o grupo A também evidenciaram os conflitos de atuação antes da produção de políticas voltadas à inclusão dos sujeitos surdos. Devido ao

intenso convívio com os surdos, os laços de amizade se confundem com a profissionalização.

“Depois que eu vim morar em Pelotas que foi em 2001, eu descobri a profissão de intérprete porque até então eu não conhecia essa profissão, esse profissional, esse sujeito que fazia isso de uma forma profissional. Cheguei em Pelotas em 2001 e em 2001 mesmo já comecei a trabalhar como intérprete sem certificação e era uma coisa que me angustiava muito” Morgana (Grupo A).

Nos grupos A e B existem intérpretes que iniciaram sua atuação profissional como professores. No grupo A, Victória e Cintia se aproximaram dos surdos pelo viés da docência, surgindo então o interesse pela área de tradução e interpretação.

“Eu venho bem dessa vertente, dos professores que acabaram se tornando intérpretes. Sou bem dessa vertente... eu não tenho familiar, não tenho nada disso, foi assim que eu comecei na área da surdez. Depois os alunos da escola em que trabalhava começaram a ir para a ULBRA e a gente, de início, fazia trabalho voluntário na ULBRA. Até depois começaram a contratar intérpretes” Cintia (Grupo A).

“Eu já atuava em escola e migrei da escola regular para a escola de surdos e foi uma passagem lenta porque naquela época não tinha internet, a gente não tinha smartphone, por exemplo, para ficar olhando os sinais. Aplicativo não tinha. Então eu tinha que comprar umas revistas, eu me lembro que eu comprava umas revistas que tinha língua de sinais. Não lembro que revistas eram” Victória (Grupo A).

Cintia se considera bastante envolvida com a comunidade surda. Victória acredita que seu envolvimento já foi mais intenso quando trabalhava em escola para surdos. Morgana deixa claro que o envolvimento continua, embora muitas conquistas já tenham sido alcançadas. No grupo B, Nina conta que no ano de 2008 passou num concurso para professora, mudou-se para outra cidade. Desde então deixou a área de tradução e interpretação, hoje sente muita falta do envolvimento que tinha com os surdos.

“Quando eu estava mais na escola, eu me sentia mais atuante. Aqui na universidade a gente fica muito nessas questões e também pela etapa de vida” Victória (Grupo A). “Acho que já estive mais envolvida. Talvez hoje em dia eu esteja menos envolvida, mas eu acho que é porque já teve muito mais lutas e hoje existem menos lutas, não é a questão do meu envolvimento. Por mais que a gente saiba que muito já se conquistou, falta muita coisa. O envolvimento existe, hoje menos porque algumas coisas já estão postas, mas acho que ainda nem tudo que eles desejam estão do jeito que eles querem” Morgana (Grupo A).

“Sinto muita falta [se emocionou]. Fico em Santa Maria muito pouco. Tem horas que me dá vontade de chorar, sinto muita saudade. Foi uma época muito boa e eu sinto muita falta” Nina (Grupo B).

Delineei os questionamentos direcionados ao grupo B buscando investigar como as bacharelas em Letras/Libras haviam se subjetivado para a função e por que teriam buscado essa formação.

“Antes de ter essa formação, eu fiz um curso de intérpretes pela FENEIS no ano de 2000 e já atuava. Só que não tinha graduação ainda. Quando surgiu a graduação na área e se tratando também de ensino público, me interessou mais ainda e eu fui fazer” Penélope (Grupo A).

“Tinha aquela história que quem trabalha em graduação, tem que ter graduação e eu não tinha nenhuma formação anterior. Eu precisava ter uma formação. Naquela época, para pagar a graduação não era tão simples, ainda mais morando sozinha, pagando contas e sustentando a casa. Então quando veio o Letras/Libras fechou todas! Uma graduação na nossa área e de graça. Perfeito!” Adelaide (Grupo A). “Quando eu cheguei na escola, vi que existia muito essa demanda de tradução e interpretação. Era uma demanda que não era atendida e que eu precisava saber mais interpretar e traduzir para dar boas aulas para os meus alunos. Na verdade, eu também chego no Letras/Libras buscando também uma afirmação porque eu sentia um déficit na minha trajetória e eu disse: eu preciso me qualificar para estar aqui. Antes do Letras/Libras eu fiz o curso de formação de tradutores/intérpretes em 2007” Victória (Grupo A).

O intérprete, anteriormente guiado pelos surdos no que diz respeito à sua função, passa a ser guiado pelos processos de profissionalização. A partir de todo um conjunto de políticas em que o reconhecimento da Libras, o Decreto 5.626/2005 (BRASIL, 2005), o reconhecimento do profissional através da Lei 12.319/2010 (BRASIL, 2010) e a LBI (BRASIL, 2015), esses sujeitos passam a ser conduzidos em busca de qualificação. Victória atuava como professora, mas buscou o Curso de Letras/Libras com o objetivo de ser reconhecida pela função de intérprete.

“Na época era mais uma necessidade de me afirmar na área. Eu senti essa necessidade, me sentia muito nova, muito sem experiência em língua de sinais. Então pensei: ‘preciso fazer os cursos todos que aparecerem, eu preciso estar em todas as palestras, eu preciso estar em contato com todo mundo porque eu quero saber fazer isso” Victória (Grupo A).

Morgana afirma que a formação em Letras/Libras se apresentava como a oportunidade de pensar sobre a atuação que já exercia.

“Acho que a maioria da turma já tinha experiência como intérprete e a gente começa a entender o uso da língua. Por que a gente faz? Por que aquela escolha não é tão adequada? Por que a outra escolha é melhor? Então, acho que a minha busca foi por estar num espaço onde eu não me sentia apta a estar, né? Tinha o ensino médio e estava interpretando em vários cursos de graduação e aquilo me angustiava muito” Morgana (Grupo A).

Para a qualificação do projeto de Mestrado, foram eleitos como materialidade os PPPs do curso de Letras/Libras do ano de 2008 e 2009), mais especificamente o PPP do curso presencial e à distância da UFSC e o Edital de processo seletivo da UFSC do ano de 2008. O objetivo principal ao selecionar os projetos políticos pedagógicos da UFSC como materialidade se justificava por ser a instituição de origem do curso de Letras/Libras.

A UFSC foi a instituição que, juntamente com o Ministério da Educação, idealizou o curso de Letras/Libras. Segundo consta no portal da universidade (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2018a), o curso foi implantado na modalidade à distância para atender às demandas da inclusão das pessoas surdas na educação, conforme as determinações legais que englobam O Decreto nº 5.296/2004 (BRASIL, 2004), a Lei que oficializa a Libras 10.436/2002 (BRASIL, 2002) o Decreto 5.626/2005 (BRASIL, 2005) entre outras determinações legais que vão ao encontro da acessibilidade educacional da comunidade surda.

Conforme os PPP’s do curso da UFSC, a demanda do Letras/Libras vem ao encontro da necessidade de oportunizar aos surdos maior participação no Ensino Superior (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARNIA, 2018a). Aos intérpretes, a formação atende a exigência do Decreto nº 5.626/2005 (BRASIL, 2005) e da Lei de Acessibilidade nº 10.098/2000 (BRASIL, 2000) garantindo à pessoa surda o direito de ser acompanhada pelo profissional tradutor e intérprete em todas as esferas sociais. Assim, é possível analisar que as políticas de inclusão, instituídas como uma grande verdade da contemporaneidade, produzem a necessidade de um saber específico voltado à qualificação das pessoas que atuavam há muito tempo de maneira informal na função de tradutor e intérprete de Libras.

A proposta do oferecimento na modalidade à distância apresentou um cunho multiplicador. O objetivo da formação desses profissionais em vários estados do Brasil garantiria a multiplicação de formadores em todo território brasileiro. Esta área, por ser nova, não contava ainda com profissionais suficientes para seu desenvolvimento (QUADROS; STUMPF, 2015, p. 10).

O Edital de ingresso ofertado em 2008 foi selecionado com o objetivo de traçar o perfil do aluno que ingressa no curso de Letras/Libras – bacharelado (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2018b). Até então compreendia que essa formação tida como completa, produzia efeitos nos modos de ser tradutor e intérprete a partir do investimento que cada intérprete empreendia para obter essa qualificação, desta forma, destacava-se entre os demais que não possuíam a formação.

Após a análise dos documentos foi preciso partir para as primeiras entrevistas. Nesse sentido, procurava compreender como a formação havia subjetivado os profissionais graduados em Letras/Libras, produzindo diferentes modos de ser tradutor e intérprete.

O Decreto nº 5626/2005 dispunha o exercício da função de tradutor e intérprete em nível superior, mas o reconhecimento da nossa profissão institui a profissão em nível médio. Em desacordo, a LBI deixa claro que a formação deverá ser adequada ao nível de escolarização em que o profissional irá atuar (BRASIL, 2015). Sendo assim, para atuar na educação básica, o profissional deverá ter formação em nível médio e para atuar no ensino superior, o intérprete de Libras deverá ter formação em nível superior. A partir da vigência da lei, o prazo é de 48 meses para que sejam cumpridas essas exigências.

Existe um investimento do Estado, no caso da inclusão, por exemplo, que iguala os alunos e faz com que cada um conduza a si para assim conduzir o outro. Assim, a inclusão está inscrita na racionalidade em que todos estão convocados, pois ela é eficaz, abrange a todos e a cada um. Todos estão inseridos, mas cabe a cada um criar estratégias para permanecer e ser rentável. Se há concorrência e há diferença, existe também alguém com mais condições de permanecer no jogo do que eu.

O intérprete passa a fazer parte desse investimento do Estado na medida em que a formação desse profissional passa a ser atrelada a uma série de aptidões: fluência em Libras; imersão cultural com os surdos, além de exigir formação especifica, como o PROLIBRAS; e nível superior completo, preferencialmente em Letras/Libras.

“Daqui a pouco, pelo fato do cargo ser de ensino médio entra alguém que não tem formação em Letras/Libras ou entra alguém só com formação de 400 horas assim

como a que eu já tive e está ok! Está atendendo os critérios, entendeu? O edital dizia: ensino médio, mas não vai acompanhar! Vai dar quebra na equipe, entendeu? Então, tem essas nuances do trabalho, sim, que dá um desgaste e me preocupa. Isso me preocupa bastante” Victória (Grupo A).

“O próprio concurso aqui na universidade, sempre tem um bacharelado em Letras/Libras e as outras possibilidades. Acho que se deixar só no Letras/Libras, ainda não tem um corpo de profissionais que dê conta. O ideal seria que os profissionais contratados, fossem profissionais com formação em Letras/Libras, isso é uma coisa para o futuro. Neste momento, ainda não é possível” Cintia (Grupo A).

Durante muito tempo, o intérprete de Libras teve sua função bastante atrelada ao viés assistencial. Ao instituir-se um conjunto de políticas acerca da profissionalização desse sujeito, o interesse em obter a formação em Letras/Libras passa a ser justificado como uma oportunidade de validar a atuação, desvinculando da assistência. Além disso, a formação de um corpo de especialistas atende à demanda de mediação linguística na inclusão dos sujeitos surdos.

“Eu acho que discursivamente, tu se apresentar como bacharel em Letras/Libras te dá uma autoridade, as pessoas te olham de outra forma. O trabalho do tradutor e intérprete sempre andou junto (sempre percebi isso) sempre andou junto com a questão da filantropia” Victória (Grupo A).

“Quando entro com um currículo que tem Letras/Libras e um currículo que tem qualquer outra formação que não específica, com certeza, o nosso pesa mais” Adelaide (Grupo A).

Compreendia que o desejo de uma formação em nível superior foi um investimento em formalizar a função anteriormente exercida. Ao se apropriar de um conjunto de saberes sobre a área de tradução e interpretação e compreendendo o Letras/Libras como mais adequada para ser tradutor e intérprete nas instituições federais, procurei compreender a importância dessa formação para as colegas entrevistadas do grupo A.

“Acho que além do conteúdo, da aprendizagem, também nos trouxe muita segurança para afirmar e lutar pelos ideais e pelas nossas políticas. Então acho que o Letras/Libras nos ensinou muito sobre a língua, sobre as práticas de interpretação. A gente sabe que não foi um curso perfeito, não existe um curso perfeito, é um curso que forma tradutores e intérpretes, mas não em áreas específicas. A gente sabe que existem outras realidades, outros desejos, mas eu acho que o curso nos preparou bem para defender a nossa profissão, para responder pela nossa profissão e, claro, para poder saber o que a gente estava fazendo. Acho que como piloto foi um curso

satisfatório, acho que nos auxiliou bastante e nos trouxe segurança para poder desbravar os caminhos que a gente conseguiu desbravar, né?” Morgana (Grupo A).

A abertura de concursos para tradutores e intérpretes em instituições federais poderia se apresentar como uma conquista, mas o fato é que a maioria dos editais traz como exigência nível médio. No ano de 2014, profissionais que atuavam em universidades se reuniram durante o I Fórum Nacional de Tradutores e Intérpretes de Libras-Português das Instituições Federais de Ensino, realizado em Florianópolis/SC. O intuito desse evento foi nortear as demandas dessas instituições, sendo que a principal delas era a ressignificação dos cargos de Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais, já que até o momento a maioria dos concursos exigia (e ainda exige) a formação em nível médio para atuação em nível superior e pós-graduação.

“A pessoa que não tem Letras/Libras agrega com outros conhecimentos, tem outra formação e outra formação consistente a ponto de agregar muito no nosso convívio. Realmente, nunca se traz o Letras/Libras como um critério para escolha de um trabalho. Praticamente todos os intérpretes têm pós-graduação e todo mundo convive nesse meio, mesmo quem não convive, quem não fez o Letras/Libras foi tutor, foi bolsista” Victória (Grupo A).

A profissão ainda não é regulamentada, mas existe um projeto de lei (PL 9382/2017) de autoria da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, o qual dispõe sobre o exercício e condições de trabalho do tradutor, intérprete e guia-intérprete de Libras ao mencionar formação de bacharel em Letras/Libras ou outra graduação em nível superior, dentre outras questões

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