saúde frente situações de risco Objetivos
4.2 O processo seletivo de Agente Comunitário de Saúde – ACS
O recrutamento dos agentes é feito através de processo seletivo no municí- pio, com assessoria da Secretaria Estadual de Saúde. Entre outros requisitos, o agente de saúde precisa morar, há pelo menos dois anos, na área onde desempenha suas atividades; ter concluído o ensino fundamental; ser maior de 18 anos; ter concluído, com aproveitamento, curso de qualificação básica para a formação de Agente Comunitário de Saúde; e ter disponibilidade de tempo integral para trabalhar.
Figura 4.1: Agente Comunitário de Saúde. Fonte: Ilustrado por Amanda Duarte.
De acordo com Silva (2001) apud Peres et al. (2011), com relação à área da saúde, o risco é um conceito probabilístico, oriundo e sustentado pela assim denominada epidemiologia moderna. De acordo com a lógica inferencial da estatística, as probabilidades contêm, necessariamente, um princípio de incerteza, de tal forma que nenhum resultado pode ser atribuído a um indi- víduo em particular, senão ao grupo ao qual pertence.
Araújo (2004) apud Bornstein; David; Araújo (2010, p. 95) descrevem que:
É preciso levar em consideração que certo risco epidemiológico pode ser maior ou menor para determinado grupo ou situação. Isso implica que um risco pode ter uma probabilidade baixa ou remota: pode até ser possível (no sentido de que tudo é, em tese, possível), mas não ser plausível. Na divulgação desse conceito, sobretudo pelos meios de co- municação de massa, foi inevitável a polissemia com a noção de risco presente no senso comum.
Lupton (1999) apud Bornstein; David; Araújo (2010, p. 95) faz um comparativo com as sociedades ocidentais contemporâneas:
A noção de risco e de arriscado é comumente usada tanto no discurso po- pular como no discurso técnico. No que se refere ao entendimento popu- lar, à noção de risco tende a ser usada para se referir à ameaça, ao perigo, ao prejuízo, e com a conotação de algo mais negativo do que propriamen- te desastroso. No discurso técnico, são usadas expressões como análise de risco, avaliação de risco e administração de risco, em áreas como medicina e saúde pública, finanças, direito, negócios e indústria.
Por isso a criação do programa do ACS visava às estratégias de reestruturação do Programa de Saúde da Família (PSF), hoje Estratégia de Saúde da Família (ESF), para garantir o acesso a serviços baseados na promoção da saúde e no fortalecimento do vínculo com a comunidade.
O agente comunitário de saúde é o profissional responsável pela coleta de dados de sua comunidade, para isso ele dispõe de Instrumentos do Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB), essas fichas devem ser preenchidos com o máximo de atenção, pois nelas se deposita toda a história da saúde de uma pessoa, em especial, as fichas de atenção à criança, à gestante, às doenças sob controle na saúde pública (diabetes mellitus, hanseníase, hipertensão arterial, tuberculose, tabagismo). O instrumento permite o registro de diversas informações de interesse das equipes e do gestor municipal, relativas à saúde da população coberta e ao andamento das atividades das equipes (SILVA, RIBEIRO, 2009, p.74).
Baseado no texto acima, responda qual a importância de se preencher essas fichas e cadastrar as famílias da comunidade?
Polissemia
Diz-se da qualidade de uma palavra ter vários significados.
O SIAB está sendo substituído, pelo instrumento e-SUS Atenção Básica
(e-SUS AB) que é uma estratégia do Departamento de Atenção Básica para
reestruturar as informações da Atenção Básica em nível nacional. Esta ação está alinhada com a proposta mais geral de reestruturação dos Sistemas de Infor- mação em Saúde do Ministério da Saúde, entendendo que a qualificação da gestão da informação é fundamental para ampliar a qualidade no atendimento à população. A estratégia e-SUS faz referência ao processo de informatização qualificada do SUS em busca de um SUS eletrônico.
4.2.1 Habilidades e competências
para a função do ACS
Os agentes comunitários de saúde desempenham vários trabalhos em sua comunidade, como:
• Identificar os problemas de saúde e situações de risco mais comuns a qual aquela população está exposta.
• Elaborar, com a participação da comunidade, um plano local para o enfren- tamento dos problemas de saúde e fatores que colocam em risco a saúde.
• Executar, de acordo com a qualificação de cada profissional, os procedi- mentos de vigilância e de vigilância epidemiológica nas diferentes fases do ciclo de vida.
• Valorizar a relação com o usuário e com a família para a criação de vín- culo de confiança, de afeto, de respeito.
• Realizar visitas domiciliares de acordo com o planejamento.
• Resolver os problemas de saúde do nível de atenção básica.
• Garantir acesso à continuidade do tratamento dentro de um sistema de referência e contra-refência para os casos de maior complexidade ou que necessitem de internação hospitalar.
• Prestar assistência integral à população descrita, respondendo à deman- da de forma contínua e racionalista.
• Promover ações intersetoriais e parcerias com organizações formais e in- formais existentes na comunidade para o enfretamento conjunto dos problemas identificados.
• Fomentar a participação popular, discutindo com a comunidade concei- tos de cidadania, de direitos à saúde e suas bases legais.
• Incentivar a formação e/ou participação ativa da comunidade nos conse- lhos locais de saúde e no conselho Municipal de Saúde.
• Auxiliar na implantação do cartão Nacional de Saúde. Atribuições especí- ficas do Agente Comunitário de Saúde.
• Realizar mapeamento de sua área por meio da visita domiciliar.
• Acompanhar mensalmente todas as famílias sob sua responsabilidade.
• Cadastrar as famílias e atualizar permanentemente esse cadastro.
• Desenvolver ações de educação e vigilância à saúde com ênfase na pro- moção da saúde e na prevenção de doenças.
• Identificar indivíduos e famílias expostas a situações de risco, bem como áreas de risco.
• Orientar as famílias para utilização adequada dos serviços de saúde, enca- minhando, agendando consultas, exames ou atendimento odontológico.
• Estar sempre bem informado.
• Relatar aos demais membros da equipe a situação das famílias acompa- nhadas, particularmente aquelas em situações de risco, entre outras.