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O professor do AEE tem como função realizar o atendimento de forma complementar ou suplementar à escolarização, considerando as habilidades e as necessidades educacionais específicas dos alunos, público alvo da educação especial.

Neste sentido, é esperado que o professor que atua no serviço especializado, dentre outras competências, explore os materiais e recursos existentes nas Salas de Recursos Multifuncionais e ainda que, saiba não apenas utilizar os recursos disponíveis nesse espaço, mas, também elaborar materiais de modo a ajustá-los ás necessidades educacionais dos alunos que usam esse espaço.

As Diretrizes Operacionais para o AEE através da Resolução do CNE/CEB n. 4/200912, apregoa que o professor que atua na SRM, deve ter formação especifica para a

educação especial. As atribuições desse professor estão definidas no art.13 da citada Resolução da seguinte forma:

*Elaborar e executar o plano de Atendimento educacional especializado; * Avaliar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade;

*Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias, considerando as necessidades especificas dos alunos público-alvo da educação especial; *Acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola;

*Estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização dos recursos de acessibilidade;

*Orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelos alunos;

*Ensinar a usar a Tecnologia Assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo sua autonomia e participação; *Estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares.

Definidas as atribuições dos professores de Recursos fica explicitada a necessidade de uma formação adequada para o aperfeiçoamento das práticas pedagógicas dos mesmos, além de conhecimento do uso das TIC, no sentido de usar com intencionalidade os recursos na medida da necessidade educativa de cada aluno, na busca da promoção da inclusão/autonomia dos alunos com NEEs.

2.5.1 A ação mediadora do professor no uso dos recursos

Muito tem se discutido sobre o uso das tecnologias na educação inclusiva e a mediação pedagógica do professor. Também é consensual que muitas escolas são indiferentes e não valorizam esses recursos no processo ensino aprendizagem. Para

Masetto (2002), um dos motivos que justificam esse fato está culturalmente arraigado de uma visão reducionista na formação de professores que privilegia a técnica de aula expositiva e a valorização dos conteúdos.

Para além dessas situações, a desvalorização da tecnologia em educação tem a ver com experiências vividas nas décadas de 1950 e 1960 quando se procurou impor o uso de técnicas nas escolas, baseadas em teorias comportamentalistas, que, ao mesmo tempo em que defendiam a auto-aprendizagem e o ritmo próprio de cada aluno nesse processo, impunham excessivo rigor e tecnicismo para se construir um plano de ensino, definir objetivos de acordo com determinadas taxionomias, implantar a instrução programada , a estandardização de métodos de trabalho para o professor e de comportamentos esperados dos alunos. Esse cenário tecnicista provocou inúmeras criticas dos educadores da época e uma atitude geral de rejeição ao uso de tecnologias na educação (MASETTO,2002, p.135). Nessa perspectiva, há a necessidade de mudanças atitudinais do professor, que deve ressignificar o seu papel de professor “conteudista” tradicional, para o papel de comunicador e transmissor para o de professor mediador, que cria estratégias na sua prática de incentivador e orientador nos ambientes escolares. Mas, o que é um professor mediador? Perez e Castillo (1999 apud MASETTO, 2002, p. 145) explicitam que “a mediação pedagógica busca abrir um caminho a novas relações do estudante; com os materiais, com seu próprio contexto, com outros textos, com seus companheiros de aprendizagem, incluído o professor, consigo mesmo e com seu futuro”.

O autor complementa que o professor mediador se comporta e se apresenta como um incentivador, que dialoga permanentemente, troca experiências propõe situações- problema e desafios e que coloca o aprendiz frente à frente com questões éticas, sociais, profissionais e, por muitas vezes, conflitivas. E acrescenta que além desse perfil, o professor mediador deve considerar as tecnologias como aliadas no processo de ensino e aprendizagem e deve “Cooperar para que o aprendiz use e comande as novas tecnologias para suas aprendizagens e não seja comandado por elas ou por quem as tenha programado” (MASETTO, 2002, p. 142).

O professor que se propõe a ser mediador pedagógico deve entender que mediar “deve ser“ uma ação continua sua e de seus alunos, sabendo esperar, compartilhar, construir juntos. Entender e viver a aprendizagem como interaprendizagem (MASETTO, 2002).

Segundo Cerqueira (2012, p. 78), “[...] acredita-se que o professor como sujeito histórico, nunca está pronto, nem terminado, ele vai se transformando sempre, conforme as suas experiências de vida, que lhe permitirão dar saltos qualitativos ou não, em seu processo de constituição”.

Nessa perspectiva, o professor mediador sempre está em busca de inovar sua prática, rever conceitos, romper paradigmas tradicionais e excludentes. Pois, é nas suas vivencias, nas relações de trocas que ele vai adquirindo conhecimentos.

Esses saberes vão se transformando em estruturas de pensar e de agir.São saberes que se transformam em crenças, ou seja, adquirem uma base de confiança e acabam por influenciar ou determinar as decisões e ações dos homens. Uma leitura sobre o professor implica pensar a forma de ele estruturar e organizar seu mundo profissional, sua visão de escola e de aluno. Deste modo, o que o professor pensa sobre educação, sobre sucesso ou fracasso escolar, bem como as expectativas, as representações e os saberes construídos na prática diária, influenciam e determinam a sua conduta docente. As opções que ele faz, suas decisões e ações serão de acordo com o que é válido para eles (SILVA, 2005 apud CERQUEIRA, 2012, p. 80-81).

Diante do exposto, há a necessidade do professor tomar consciência da importância da sua prática pedagógica, como mediador, que essa prática não é restrita à transmissão de conteúdos, mas, na construção conjunta com seus alunos, onde ambos aprendem e fazem parte do processo.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para o desenvolvimento do estudo com vistas ao alcance dos seus objetivos, assim como todos os contextos e sujeitos pesquisados, as estratégias, instrumentos e procedimentos que foram utilizados para a coleta e análise das informações.