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2.5 Jornalismo Digital

2.5.2 O Profissional no Jornalismo Digital

Tambosi (2007) assinala que da máquina de escrever à internet, o trabalho do jornalista se tornou bem mais fácil, menos braçal. Os jornalistas de hoje, dispõem de bancos de dados acessados diretamente pelos repórteres, uma

profusão de informação nem sequer imaginável nas décadas anteriores, basta conectar à rede. A maior dificuldade é saber selecionar, filtrar e organizar a imensidade de informação dispersas.

Pela instantaneidade das noticias, os profissionais do jornalismo digital “[...] foram taxados de “chupadores de informação”, isto é uma referência ao uso dos recursos de multimídia, onde eles podem copiar e colar notícias oriundas de rádios, TV e de jornais impressos” (IVASSAKI, 2008).

Rocha (2006, p.8 ) considera o jornalista dos dias atuais como

um especialista no uso das novas tecnologias de informação, destacando a Internet como forma de apuração e validação das informações obtidas, além de primar por fortalecer os princípios éticos. É preciso ainda, que o profissional de Jornalismo compreenda o valor e o grau das reformulações de sua conduta ao lidar com gerenciamento de informação em sistemas colaborativos on-line, considerando sempre as especificidades e características do ciberespaço.

De acordo com Oliveira e Teixeira Filho (2001) é necessário uma equipe com redator, editor e grupo técnico - incluindo um especialista em multimídia.

É preciso ter repórteres que se habituem a pensar de maneira abrangente, que também saibam trabalhar em parceria com o técnico e o designer. Para apresentar uma informação na Web é preciso determinar como será a estrutura narrativa do assunto abordado (linear ou não-linear) e utilizar ferramentas que facilitem navegação para não confundir o leitor com excesso de links ou hipertextos. Isso foi uma lição duramente aprendida pelos pioneiros, que muitas vezes se deixaram fascinar pelos recursos tecnológicos, mas só conseguiram produzir "poluição visual". O designer deve ter em mente, antes de tudo, a forma pela qual o usuário irá interagir com o site e qual será o seu passo seguinte. O design de websites envolve, em larga medida, facilitar a navegação dos usuários por suas páginas e o estabelecimento de uma estrutura que permita ao leitor encontrar rapidamente o que precisa. É a reafirmação da velha máxima de que "a forma deve estar a serviço da função", válida para a arquitetura, a publicidade, o design e também a edição de conteúdo. Um outro ponto importante é a Ética.

Neste sentido, ressalta Silva (2007) que não se pode perder o foco que o Jornalismo é feito com responsabilidade. Sendo inaceitável o enfraquecimento da

qualidade do texto por conta da celeridade imposta pelas novas tecnologias. Não importa quanto mais velozes serão os processos jornalísticos, será sempre necessário um profissional para sintetizar, filtrar conteúdo e colocá-lo na Internet. Assim, a qualidade do Jornalismo na era da Internet deve ser não o veiculo, mas a capacidade humana de buscar continuamente a verdade sobre as questões sociais mais relevantes.

Ainda no entendimento Pinho (2003, p. 194),

A principal função do redator e do editor de Web, diretamente relacionada com a atividade jornalística, é a de criar, coordenar, escrever e editar histórias que estarão disponíveis on-line. O redator desenvolve idéias a serem transformadas em histórias, consulta suas fontes e coleta informações que são necessárias para o desenvolvimento da matéria, redige notícias e reportagens e, muitas vezes, atua também como seu próprio editor.

As atividades do redator e do editor Web são mais numerosas e variadas em relação aos profissionais de jornalismo que atuam em outros meios. Elas incluem: desenvolver relacionamentos permanentes com colaboradores, com as fontes e com os públicos interno e externo para garantir que um conteúdo atual e relevante seja apresentado no site; conduzir revisões e auditorias de conteúdo regulares para assegurar a inovação, a interatividade, a qualidade e a relevância necessária para conseguir um alto volume de visitas de usuário [...]

Importante assinalar que o redator e editor da Web desenvolvem diversas atividades. O quadro 2 evidencia as principais tarefas do redator e do editor de Web no processo de desenvolvimento do conteúdo jornalístico digital.

FASES DO

PROCESSO TAREFAS DO REDATOR E DO EDITOR

Pesquisa

-Levantar informação impressa relevante produzida por especialistas em conteúdo.

-Coletar outros dados por meio de entrevistas com especialistas em conteúdo e demais fontes

-Navegar em sites similares para estimular novas idéias sobre arquitetura da informação, navegação, design e estilo de redação e outras.

Organização da

Informação

-Sintetizar e organizar a informação em grupos lógicos

-Cotejar as necessidades do cliente ou do gerente do projeto com as necessidades próprias da audiência

-Considerar os vários caminhos que os usuários podem recorrer quando navegam o site e assegurar que o conteúdo permaneça coerente

-Estruturar as informações de maneira lógica em cada um dos diferentes níveis do site

Redação

-Antecipar e redigir os textos de modo que atenda às necessidades do usuário e responda a questões específicas que ele tenha ou possa levantar

-Expressar idéias complexas em linguagem acessível -Escrever textos claros e concisos

-Criar títulos e resumos curtos e explicativos

-Saber quando é preciso usar listas com marcadores -Escrever textos com impacto e força

Edição

-Criar um manual de estilo e de redação ou adaptar o manual existente para a Web

-Corrigir ambigüidades existentes em qualquer nível do texto: seção, parágrafo, sentença, palavra

-Apontar possíveis inconsistências em fatos, nomes, grafia de palavras e em outros elementos

-Conferir todas as tabelas, quadros e figuras para verificar a exatidão em relação ao conteúdo do texto

-Melhorar o fluxo e a coerência do texto

-Editar parágrafos e sentenças para maior clareza

Edição do Texto

-Assegurar-se de que cada nível de titulação tenha uma apresentação consistente por todo o documento

-Verificar se todos os tópicos ou títulos figuram no sumário ou na lista de conteúdo

-Apontar inconsistência em estilos de fontes, cores e tamanhos Quadro 2 - Principais tarefas do redator e do editor de Web no processo de desenvolvimento do conteúdo jornalístico.

Lembrando também que o redator deve respeitar um conjunto de regras simples, mas importantes para que a objetividade e a clareza estejam presentes em cada elemento da titulação, uma vez que, no Jornalismo Digital, a titulação tem a mesma função que desempenha nos jornais e nas revistas impressas, apesar das regras específicas que podem existir dependendo da linha seguida pelo veículo ou da programação visual adotada. Assim, os títulos, subtítulos e entre títulos de uma publicação on-line devem ser redigidos de modo que indiquem resumidamente o assunto da matéria, chamem a atenção do leitor e mantenham o seu interesse ao longo do texto (PINHO, 2003).

Landsberger (2002) destaca a necessidade de o jornalista on-line considerar alguns pontos como:

- O tópico, a idéia principal e a conclusão devem estar visíveis e ser facilmente localizados;

- as idéias regem a estruturas, assim, as idéias principais ficam no topo da tela, as informações secundárias e de apoio debaixo delas;

- A estrutura, conteúdo e o website devem ser prontamente reconhecidos pelos seus visitantes;

- Construções simples são melhores; - Evitar termos técnicos;

- Eliminar supérfluo; - A ortografia;

Face o exposto, é possível destacar que, hoje as habilidades inerentes ao perfil do jornalista da era digital inclui segundo José Antonio Meira Rocha, professor de Jornalismo Digital em Porto Alegre (apud MANSUR, 2008):

1. Ler muito, inclusive em inglês. 2. Escrever bastante.

3. Pesquisar na internet e relacionar as informações encontradas. 4. Operar planilhas e editores de texto.

5. Operar programas de email e messengers. 6. Participar de diversos fóruns e listas de discussão.

7. Fotografar, manipular as fotos em programas específicos, distribuir as fotos em fotologs.

8. Fazer e editar vídeos em celular ou câmeras domésticas, publicar e embutir estes vídeos em páginas Web.

9. Gravar entrevistas com seu MP3 player ou celular. 10. Editar áudio digital e fazer podcast.

11. Contratar e instalar serviços em hospedagem internet (CMS, blogs, sistemas de workgroup, fóruns, galerias de fotos).

12. Gerenciar um sistema gerenciador de conteúdo (CMS), blog, fórum. 13. Conhecer HTML o suficiente para fazer links ou modificar templates e skins.

14. Usar sistemas de anúncios tipo AdSense.

15. Assinar e gerenciar uma enorme lista de feeds RSS sobre sua especialidade.

16. Trocar arquivos em sistemas peer-to-peer ou de troca de grandes arquivos.

17. Fazer mashups, mapas e modelos 3D com Google Maps, Google Earth e Google SketchUp.

18. Gerenciar, com diplomacia, comunidades de leitores. 19. Resolver pepinos e abacaxis em seu computador.

20. Estar sempre antenado com as tendências das mídias digitais

Todavia, ele precisa, principalmente, “[...] saber como filtrar conteúdo e colocá-lo na rede. Além de agente, ele também é captador de informação na internet“ (MANSUR, 2008). Pode-se afirmar que a prática profissional do Jornalismo Digital está sendo delimitada e formatada conforme evolução do Jornalismo na Internet.

Bitencourt (2007) argumenta que “se há uma ocupação para o jornalista nos dias atuais, essa com certeza é do não-lugar. No Jornalismo o não-lugar está

tanto nas relações de força que o sustentam enquanto profissão, quanto no imaginário de ocupação possível”.

Na era da tecnologia Salim Miguel (2007) faz uma observação pertinente:

o elemento de ontem permanece hoje: o repórter. A reportagem é a essência do jornalismo. Sem bons repórteres, uma eficaz cobertura dos fatos e um competente levantamento dos dados, não se faz um bom jornalismo, seja ele impresso ou digital com todo o aprimoramento e as facilidades advindas com a tecnologia. Por mais avançada que seja a máquina, a qualidade do que se produz nos meios de comunicação ainda depende do esforço coletivo e da criatividade humana.

Hoje, o Jornalismo na internet chama atenção cada vez mais do jornalista, exercendo influência nas próprias universidades que oferecem os cursos de Comunicação, indicando assim um novo desafio para o próprio sistema de ensino superior, sobretudo na área pública onde nem sempre a infra-estrutura permite ao professor contar com as modernas tecnologias disponíveis no mercado. Neste contexto, nasce uma lacuna entre ensino e aprendizado que necessariamente precisa ser preenchida, levando em conta também a requalificação e atualização dos profissionais envolvidos (CAMPOS, 2007).