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2.4 Políticas socioambientais na Gestão Pública

2.4.5 O Programa Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P

Dentre as diversas políticas públicas exaradas pelo Poder Público com vistas à implantação da responsabilidade socioambiental internamente, destaca-se o Programa A3P, de caráter voluntário, o qual visa à adoção de novos padrões sustentáveis na Gestão Pública.

Embora tenha se solidificado e destacado recentemente, o programa existe desde 1999, onde então se constituía apenas como um projeto do Ministério do Meio Ambiente e tinha como essência a busca pela “revisão dos padrões de consumo e adoção de novos referenciais de sustentabilidade ambiental nas instituições da administração pública.” (MMA, 2009, p. 30).

Em 2001 o projeto consolidou-se como programa nominado Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P, tendo como objetivo a sensibilização de gestores públicos quanto às questões ambientais, estimulando à incorporação de princípios e critérios de gestão ambiental em suas atividades. (MMA, 2009).

Em 2007 o Ministério do Meio Ambiente reestruturou-se e, nesta feita, a A3P passou a integrar o Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental (DCRS), da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental (SAIC) (MMA, 2009, p. 30), órgãos que na atualidade ainda compõem a estrutura do MMA.

Neste aspecto, de acordo com a nova estrutura institucional, “a A3P foi fortalecida enquanto Agenda de Responsabilidade Socioambiental do Governo” (MMA, 2009, p. 30) e tornou-se uma das principais ações ou política governamental para incorporação dos critérios ambientais, sociais e econômicos na Gestão Pública, por meio da inserção de princípios e práticas de sustentabilidade socioambiental no âmbito administrativo interno. (MMA, 2009).

O Ministério do Meio Ambiente define a A3P, ressaltando as ações de acordo com o que denomina de eixos temáticos:

A A3P é um programa que busca incorporar os princípios da responsabilidade socioambiental nas atividades da Administração Pública, através do estímulo a determinadas ações que vão, desde uma mudança nos investimentos, compras e contratações de serviços pelo governo, passando pela sensibilização e capacitação dos servidores, pela gestão adequada dos recursos naturais utilizados e resíduos gerados, até a promoção da melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho. (MMA, 2009, p. 32).

O Programa visa à consecução de alguns objetivos no âmbito da Gestão Pública, tais como: “a) o uso racional dos recursos naturais e a redução de gastos institucionais; b) a sensibilização de servidores e gestores públicos para as questões socioambientais; c) a revisão dos padrões de consumo e adoção de referenciais de sustentabilidade ambiental; d) redução do impacto socioambiental negativo em razão das atividades operacionais e administrativas; e) a melhoria da qualidade de vida.” (MMA, 2009, p. 33).

Para além de apenas relacionar objetivos, o programa identifica métodos para a sua consecução, o que se dá, inicialmente, com a estruturação e definição de cinco eixos temáticos prioritários: “1) uso racional dos recursos naturais e bens públicos; 2) gestão adequada dos

resíduos gerados; 3) qualidade de vida no ambiente de trabalho; 4) sensibilização e capacitação dos servidores; 5) licitações sustentáveis.” (MMA, 2009, p. 36).

O eixo 1 - uso racional dos recursos naturais e bens públicos - compreende o uso racional, econômico e sem desperdício de energia elétrica, água, madeira, papel e demais materiais de expediente em instituições públicas. Já, a gestão adequada de resíduos gerados na administração pública, tratada no eixo 2, compreende, como primeira medida, a adoção da política dos 5 R´s6, para somente então, tratar da destinação adequada dos resíduos gerados. (MMA, 2009).

O eixo 3, por sua vez, “visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na organização através de ações para o desenvolvimento pessoal e profissional” (MMA, 2009, p. 43), ampliando a qualidade de vida no trabalho. Dentre as ações que podem ser implantadas para o atendimento deste eixo, visualizam-se o uso e o desenvolvimento de capacidades, a integração social e interna, o respeito à legislação, bem como, a implementação de fatores que contribuam com as condições de saúde e segurança no trabalho. (MMA, 2009).

A questão da sensibilização e capacitação de servidores tratada no eixo 4 da A3P, constitui-se imprescindível iniciativa com vistas à responsabilidade socioambiental, visto que “as mudanças de hábitos, comportamento e padrões de consumo de servidores impacta diretamente na preservação dos recursos naturais.” (MMA. 2009, p. 45). A sensibilização pode se dar por meio de palestras, cursos, fóruns, apresentações, mídias digitais ou impressas, envolvendo todos os servidores, com a explanação de temas socioambientais, despertando uma visão crítica, objetivando a mudança de hábitos, a redução no consumo, o reaproveitamento de materiais e a qualidade de vida coletiva. (MMA, 2009).

Como mencionado, a sensibilização dá-se por meio da capacitação dos servidores, com a disponibilização de informações, orientações e de qualificação aos gestores públicos, sendo importante a elaboração de um adequado Plano de Capacitação (MMA, 2009):

A capacitação é uma ação que contribui para o desenvolvimento de competências institucionais e individuais nas questões relativas à gestão socioambiental e, ao mesmo tempo, fornece aos servidores oportunidade para desenvolver habilidades e atitudes para um melhor desempenho das suas atividades, valorizando aqueles que participam de iniciativas inovadoras e que buscam a sustentabilidade. (MMA, 2009, p. 46).

6 A política dos 5 R´s deve priorizar a redução do consumo e o reaproveitamento dos materiais, antes mesmo da reciclagem. Demanda, ademais, um processo educativo para a mudança de hábitos e padrões de comportamento dos cidadãos, repensando valores, práticas, reduzindo o desperdício e o consumo exagerado, impactando na redução de extração de recursos naturais, redução de resíduos e redução de gastos públicos. (MMA, 2016).

Por fim, o eixo 5 da A3P, trata das Licitações Sustentáveis, representa uma grande tentativa de inserir critérios ambientais no âmbito administrativo, com repercussão geral, por ocasião das compras e contrações públicas.

O Ministério do Meio Ambiente relaciona para cada eixo temático, um rol de sugestões de ações a serem incorporadas nas entidades da administração pública, portanto, passíveis de implantação nos órgãos do Poder Judiciário, inclusive na Justiça Eleitoral Paranaense, das quais, as referentes ao “uso racional de recursos naturais e bens públicos” e “gestão adequada de resíduos gerados” subsidiaram as tratativas em tópicos específicos na etapa de entrevistas semiestruturadas desta pesquisa.

Desta breve abordagem, perceptível a magnitude do Programa, visualizado como referencial de responsabilidade socioambiental, o qual, embora seja de adesão voluntária, configura-se como excelente instrumento, passível de utilização por quaisquer esferas ou Poderes da administração pública, para nortear iniciativas ou práticas socioambientais.

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