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2.4 Mercado Institucional de Alimentos

2.4.1 O Programa de Aquisição de Alimentos

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (2014), o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é uma política pública criada pelo governo Lula que trabalha com dois objetivos. O primeiro promover o acesso a alimentos às populações, evitando que ocorra insegurança alimentar. O segundo a inclusão socioeconômica no campo, gerando emprego e renda aos produtores rurais e fortalecendo a agricultura familiar.

O primeiro objetivo do programa, como já mencionado, é garantir a segurança alimentar de populações vulneráveis. Apesar de não ser o foco principal da pesquisa é interessante comentar o que se entende e o que é a segurança alimentar. O tema segurança alimentar surgiu ao fim da primeira guerra mundial, aonde se pôde observar que um país poderia dominar outro através da distribuição de alimentos.

Esse fator se tornaria uma arma poderosa contra países que não eram auto-suficientes na produção de alimentos para a população.

Hirai e Anjos (2007) mencionam que a produção e distribuição de alimentos significavam a segurança nacional de um país, e fortalecia a soberania de que quem dependia da sua capacidade de produção de alimentos e matérias-primas para sustentar sua população, tendo vantagem quando comparado com outros países. Ele enfatiza que o termo segurança alimentar é de origem militar e vinculava a questão alimentar exclusivamente à capacidade de produção. Segurança alimentar significava, sobretudo, soberania.

De acordo com o IBGE (2006, p. 22) segurança alimentar pode ser definida como:

Um direito para todas as pessoas o acesso regular e permanente de alimentos em quantidade e qualidade suficiente, sem comprometer a atenção a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares

promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis.

De acordo com a CONAB (2014), o programa foi instituído pelo artigo 19 da Lei 10.696/2003, sendo desenvolvido com recursos dos Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Segundo informações de Brasil (2014), o PAA é executado por meio de cinco modalidades, em parcerias com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), governos estaduais e municipais.

A Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB é o órgão responsável pela operacionalização do PAA. Segundo informações da mesma, o público alvo do programa são os agricultores familiares que se enquadram no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar- PRONAF que possuem a Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP), como os assentados da reforma agrária, trabalhadores rurais sem-terra acampados, quilombolas, agroextrativistas, famílias atingidas por barragens, comunidades indígenas e produtores familiares em condições especiais, classes que são esquecidas pelas políticas públicas.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2012, p. 3), para que se cumpram os objetivos estabelecidos pelo programa, o PAA compra alimentos produzidos pelos agricultores familiares cadastrados, sem licitação, “e os destina às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional e àquelas atendidas pela rede sócio-assistencial e pelos equipamentos públicos de alimentação e nutrição.”

O Instituto ainda comenta que o programa ajuda na geração de estoques públicos de alimentos, contribuindo para o abastecimento alimentar através das compras governamentais de alimentos.

De acordo com o artigo 2º do Decreto nº 7.775, de 4 de julho de 2012, o PAA possui as seguintes finalidades:

I - incentivar a agricultura familiar, promovendo a sua inclusão econômica e social, com fomento à produção com sustentabilidade, ao processamento, à industrialização de alimentos e à geração de renda;

II - incentivar o consumo e a valorização dos alimentos produzidos pela agricultura familiar;

III - promover o acesso à alimentação, em quantidade, qualidade e regularidade necessárias, às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, sob a perspectiva do direito humano à alimentação adequada e saudável;

IV - promover o abastecimento alimentar por meio de compras governamentais de alimentos, inclusive para prover a alimentação escolar nos âmbitos municipal, estadual, distrital e federal, e nas áreas abrangidas por consórcios públicos;

V - constituir estoques públicos de alimentos produzidos por agricultores familiares;

VI - apoiar a formação de estoques pelas cooperativas e demais organizações formais da agricultura familiar;

VII - fortalecer circuitos locais e regionais e redes de comercialização;

VIII - promover e valorizar a biodiversidade e a produção orgânica e agroecológica de alimentos, e incentivar hábitos alimentares saudáveis em nível local e regional; e

IX - estimular o cooperativismo e o associativismo. (BRASIL, 2006)

No que se refere às modalidades do programa, o artigo 17 do mesmo decreto menciona que o Programa de Aquisição de Alimentos será executado com as seguintes modalidades, conforme Quadro 2:

Quadro 2 – Modalidades do Programa de Aquisição de Alimentos Compra com doação simultânea Compra de alimentos diversos e doação

simultânea às entidades da rede sócio assistencial, aos equipamentos públicos de alimentação e nutrição e, em condições específicas definidas pelo GGPAA, à rede pública e filantrópica de ensino, com o objetivo de atender demandas locais de suplementação alimentar de pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional

Compra direta Compra de produtos definidos pelo GGPAA, com o objetivo de sustentar preços

Incentivo à produção e ao consumo de leite

Compra de leite que, após beneficiamento, é doado aos beneficiários consumidores Apoio à formação de estoques Apoio financeiro para a constituição de

estoques de alimentos por organizações fornecedoras, para posterior comercialização e devolução de recursos ao Poder Público Compra institucional Compra da agricultura familiar realizada por

meio de chamada pública, para o atendimento de demandas de consumo de alimentos, de sementes e de outros materiais propagativos, por parte de órgão comprador

Aquisição de sementes Compra de sementes, mudas e materiais propagativos para alimentação humana ou animal de beneficiários fornecedores para doação a beneficiários consumidores ou fornecedores

Fonte: BRASIL (2006)

Ainda de acordo com o Decreto, para cada modalidade escrita a cima, existe uma cota estabelecida. O artigo 19 do Decreto nº 7.775 estabelece que o valor é anual e por unidade familiar. Para a modalidade compra com doação simultânea a cota anual é de R$ 6.500,00, na modalidade compra direta a cota aumenta R$ 1.500,00.

Na modalidade incentivo à produção e ao consumo de leite o valor é de R$ 4.000,00 semestralmente. Na modalidade Apoio à Formação de Estoques o valor é de R$

8.000,00. A modalidade Compra Institucional possui uma cota mais alta, de R$20.000,00. E na modalidade Aquisição de Sementes se tem o valor de R$20.000,00.

O Decreto 7.775 cita que as organizações fornecedoras também possuem uma cota máxima, porém são maiores do que as cotas para a unidade familiar. A modalidade Compra com Doação Simultânea tem a cota de R$ 2.000.000,00. A modalidade Apoio à Formação de Estoque possui uma cota de R$ 1.500.000,00. A modalidade Compra Direta a cota é de R$ 500,000.00, e, por fim, nas modalidades Aquisição de Sementes e Compra Institucional (por órgão comprador) a cota é de R$

6.000.000,00.

Ainda citando a fonte anterior, os produtores familiares cadastrados na modalidade Compra com Doação Simultânea que recebem a cota por unidade familiar estão excludentes de receberem por uma organização fornecedora, ou seja, o produtor que receber os benefícios do programa pela sua unidade familiar não poderá receber os benefícios novamente por meio de organização fornecedora, e vice-versa, sendo limitado a uma participação.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA comenta também que o público beneficiário do programa não é somente os produtores rurais familiares, mas também os consumidores em situação de segurança alimentar. O cadastro dos produtores rurais familiares é feito através da Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP), que é um instrumento que qualifica a família como agricultora familiar. “A DAP pode ser obtida junto a instituições previamente autorizadas, entre as quais estão às entidades oficiais de Assistência Técnica e Extensão Rural ou as Federações e Confederações de Agricultores” (IPEA, 2012, p. 6).

Segundo a (EMATER, 2002) “o Programa adquire alimentos, com isenção de licitação, por preços de referência que não podem ser superiores nem inferiores aos praticados nos mercados regionais.”

No Distrito Federal, a EMATER em parceria com os agentes do Ministério do Desenvolvimento Agrário são os responsáveis por emitir a DAP.

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