Capítulo 4 – Validação de conceitos
4.1. O projecto MUSE
O projecto MUSE (Multi Service access Everywhere) [9] é um projecto de investigação e desenvolvimento integrado no sexto programa quadro do IST (Information Society Technologies) [138] que conta com a participação de 34 parceiros, oriundos de 12 países europeus. Este projecto encontra-se dividido em duas fases (MUSE I e MUSE II), tendo a primeira decorrido
entre Janeiro de 2004 e Fevereiro de 2006 e estando a decorrer a segunda entre Janeiro de 2006 e Dezembro de 2007.
Os principais objectivos do projecto passam não só pela obtenção de uma visão consensual entre os vários participantes do que poderá ser uma futura rede de acesso/agregação de banda larga, mas também pela divulgação desta mesma rede junto de organismos de normalização como o ITU-T [6], ETSI-TISPAN [7], DSL Forum [3] e HGI [4]. Para além da elevada largura de banda (na ordem da centena de Mbit/s) a disponibilizar a cada assinante, características únicas e fundamentais desta rede futura serão os baixos custos de implementação e manutenção, a facilidade de distribuição de múltiplos serviços (rede multi-serviço) potencialmente disponibilizados por múltiplos provedores de serviços (rede multi-provedor), uma elevada taxa de penetração (deverá estar disponível a 85% da população europeia) e uma interacção adequada com a rede metropolitana e/ou de núcleo e também a rede residencial. A figura seguinte apresenta em pormenor os vários elementos desta rede futura que são objecto de estudo do projecto MUSE.
Figura 28: Diferentes elementos da rede de acesso e agregação endereçados no projecto MUSE [9]. Desta forma, no âmbito da primeira fase do projecto, para além da arquitectura de uma rede de acesso/agregação que permita a distribuição de serviços num regime multi-serviço/multi- provedor (com especial atenção aos nós de acesso e fronteira – na figura 28 access multiplexer e edge node respectivamente), estiveram também incluídos o estudo de tecnologias de primeira milha que possibilitem os débitos anunciados e a interacção da rede de acesso/agregação com a rede residencial (ou rede de SOHO, Small Office Home Office), com uma grande incidência no chamado gateway residencial (elemento através do qual é efectuada a referida interacção). Finalmente um conjunto de estudos técnico-económicos e um conjunto de testes em laboratório pretenderam validar economicamente e tecnologicamente, respectivamente, as
várias soluções encontradas. A primeira fase terminou com a descrição completa de uma arquitectura de rede que cumpre os requisitos impostos, bem como um conjunto de elementos base testados isoladamente em laboratório (plataforma de acesso4, tecnologias de primeira milha e gateways residenciais) que irão ser integrados e testados em conjunto na segunda fase. Na segunda fase do projecto o âmbito foi alargado e contempla agora a adição de novas funcionalidades à arquitectura de rede especificada na primeira fase do projecto. Estas novas funcionalidades permitirão a distribuição de serviços multimédia avançados e também a convergência entre a rede fixa e móvel (FMC, Fixed Mobile Convergence [139]). A execução de testes laboratoriais integrados de todos os desenvolvimentos efectuados no projecto encerrarão a segunda fase do projecto.
Ao nível organizacional o projecto divide-se num conjunto de TFs (Task Forces) e SPs (Sub Projects), estes ainda divididos em vários WPs (Work Packages) alinhados com a área técnica de cada uma das TFs, como ilustrado na figura seguinte:
Figura 29: Organização interna do projecto MUSE, fase II [140]
O primeiro SP é denominado de SP A e é responsável por garantir a coerência técnica e o consenso de todo o projecto. Tal é conseguido com base nos estudos técnico-económicos (WPA.3), nas actividades que visam a promoção dos resultados obtidos pelo projecto junto de organismos de normalização (WPA.4 GSB, Global System for Broadband) e também com base nos resultados obtidos nas várias TFs. Por sua vez, cada um dos restantes SPs concentra-se num tópico de trabalho específico: o SP B dedica-se ao estudo das funcionalidades a serem incluídas nos elementos da plataforma de acesso e no próprio gateway residencial que
4 No contexto do projecto MUSE uma plataforma de acesso é definida como a combinação dos nós de
acesso, dos nós fronteira e de todos os restantes elementos que fazem parte da rede de acesso/agregação e que permitem a distribuição de serviços.
permitirão a distribuição de serviços multimédia avançados, o SP C concentra-se na procura de soluções para o nó de acesso e para a primeira milha que permitam conectividade extremo a extremo e QdS num ambiente FMC, o SP D dedica-se ao estudo de cenários cuja tecnologia de primeira milha permite elevados débitos (tipicamente do tipo FTTx), com especial interesse no impacto nos nós de acesso e nos gateways residenciais e finalmente, o SP E promove estudos no sentido de baixar as despesas de operação da rede de acesso/agregação (OPEX, Operational Expenditure) através da implementação de uma XL PON (eXtra Large Passive Optical Network).
Os resultados obtidos em cada uma das áreas técnicas em cada um destes SPs são depois reportados, através da WP mais indicada, à TF dessa área técnica. Cada TF é depois responsável pela divulgação dos resultados obtidos e pela produção de contribuições para os organismos de normalização já referidos.