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O que revelam as pesquisas sobre formação de professores de

1. SURDEZ, INCLUSÃO E MATEMÁTICA

1.2. ENSINO DE MATEMÁTICA PARA SURDOS

1.2.1. O que revelam as pesquisas sobre formação de professores de

Dentre o levantamento realizado para este estudo (APÊNDICE B), foram localizadas apenas 06 (seis) publicações, cujo sujeito principal da pesquisa é o

professor de Matemática. São elas, em ordem cronológica: Borges (2006), Gil (2007), Nascimento (2009), Paixão (2010), M. Souza (2013) e Marinho (2016).

Borges (2006) tratou das possíveis correlações entre as representações docentes e o ensino para surdos. Uma pesquisa com um método exploratório descritivo de abordagem qualitativa, em que professores de Ciências/Matemática foram solicitados a descreverem suas experiências ao estarem ensinando surdos em relação a aspectos como: formação profissional, recursos didáticos, expectativas suas e dos estudantes quanto ao ensinar/aprender ciências/matemática, dentre outros. No processo de análise textual qualitativa, foram detectadas as seguintes categorias: identificação de unidades de significado; delineamento do perfil das ideias do entrevistado e identificação das convergências dentro do conjunto de unidades de significado encontradas. Finalmente, foram revelados elementos que auxiliam para com a compreensão do atual estado das coisas do ensino para surdos. Para embasamento teórico da pesquisa foram utilizados Botelho (1998), Gomes (2000), Skliar (1998), Lopes (2004), Perlin (1998), Sacks (1998) entre outros.

Gil (2007) investigou as necessidades formativas dos professores de Matemática de alunos surdos, nas séries finais do Ensino Fundamental, visando o desenvolvimento profissional. Trata-se de uma pesquisa-ação que tinha como meta o atendimento de alunos surdos. Foi realizado em um grupo com os professores participantes da pesquisa para refletir sobre as práticas pedagógicas vivenciadas com os alunos surdos de cada integrante, através de um estudo auxiliado por teorias: Imbernom (2000), Schon (1992), Silva (2000), Mazzotta (2000) e outros. Gil (2007) planejou, em conjunto, as metodologias das atividades aplicadas, abordando o conteúdo de Geometria Plana com interdisciplinaridade. Os instrumentos de coleta de dados foram diários de campo, anotações, máquina fotográfica, filmadora e trabalhos realizados pelos alunos. Os resultados revelaram que a maioria dos professores pesquisados necessitava de formação profissional na perspectiva de um trabalho pedagógico diferenciado no ensino de Matemática para alunos surdos.

Nascimento (2009) propôs contribuir para uma Educação Matemática de qualidade a alunos surdos, em perspectiva bilíngue, por meio da formação continuada para professores de Matemática, considerando que recebiam apenas subsídios para o trabalho com esses alunos. Seis professores de Matemática da educação básica que atuavam em escolas públicas participaram dessa formação, por meio de encontros recorrendo aos pressupostos da LDB (Lei N° 9.394/96) e a revisões bibliográficas acerca da inclusão escolar no contexto da educação de surdos: Botelho (1998), Skliar (1998), Lopes (2004), Perlin (1998), Sacks (1998) entre outros. Além dessa revisão por meio de leituras, foram propostos questionários e a construção de atividades práticas no mesmo contexto. A autora constatou insatisfação dos professores sobre os rumos da inclusão, pois alegaram falta de preparo no lecionar para alunos com deficiência. Porém, constatou que o curso proposto permitiu avaliar a importância da formação continuada, evidenciando produtividade maior quando feita em grupo.

Paixão (2010) investigou os saberes que os professores desenvolviam para incluir os alunos surdos nas aulas de Matemática em turmas de alunos ouvintes, na escola regular. Para isso, partiu de um estudo de caso etnográfico. Foi criado um grupo colaborativo formado pela professora regente da turma/pesquisadora, um professor intinerante que atendia à turma e três futuros professores, alunos da licenciatura em Matemática. Com a formação do grupo, buscaram-se respostas em uma turma de 4.ª série (5.º ano) do Ensino Fundamental de uma escola pública, composta de vinte alunos ouvintes e cinco alunos surdos. Por meio de reuniões, estimulou-se a troca de experiência entre os elementos do grupo incluindo leituras sobre inclusão e educação de surdos. Posteriomente, os futuros professores começaram a interagir com a turma através de atividades de Matemática com materiais concretos no ensino de Geometria tentando superar a dificuldade de comunicação.

Tanto as reuniões, quanto as atividades propostas pelos futuros professores de Matemática, foram fundamentadas com Gauthier (2006), Capra (2000), Foucault (1979), Fiorentini (1998), Morin (2003), Mrech (2003), Schön (2000), Pimenta (1995), Perrenoud (1993) e Gonçalves (2000/2006), na linha de saberes e professor reflexivo, e Tomaz Tadeu da Silva, Bueno, Nídia de Sá,

Skliar, Sacks (1998), Strobel (2008), Botelho (2002), Carneiro (2009), Gil (2007), Glat&Pletsch (2007) e Sales (2008), na linha de cultura e surdez, entre outros estudos confrontados e analisados com as observações participantes e os dados obtidos na pesquisa de campo. Os dados obtidos de reuniões, atividades e observações foram coletados com máquina fotográfica, filmadora e diários de bordo. As análises dos dados mostraram que os saberes da teoria e da prática, juntamente com uma formação inicial, foram fundamentais para a construção de um professor reflexivo capaz de lidar com as diferentes situações que poderia encontrar na vida profissional.

M. Souza (2013) partiu das ações docentes de quinze professores de Matemática da educação básica da rede estadual de uma região que tem alunos surdos inseridos em suas turmas. Buscou compreender a realidade desses contextos educacionais inclusivos e contribuir com os debates e estudos sobre o processo de inclusão desses alunos na educação básica. Utilizou entrevistas estruturadas contendo perguntas sobre surdez, cultura surda, relacionamento com os alunos surdos e educação inclusiva.

As transcrições das entrevistas foram submetidas aos procedimentos e conceitos da análise de conteúdo proposta por Bardin (1977) até a sua estruturação. As respostas dos professores de Matemática da região pesquisada possibilitaram a compreensão de seus conhecimentos sobre surdez, políticas de inclusão e ações educativas na educação inclusiva do aluno surdo. Com a pesquisa, foi possível identificar a necessidade de maiores investimentos na formação continuada dos professores no sentido de que eles próprios possam colaborar para a construção de currículos inclusivos como requerem as legislações educacionais vigentes. Utilizando como embasamento teorico: Curi (2004), Fiorentini e Lorenzato (2009), Fonseca (2013), Júnior (2008), Libaneo (2003), Paixão (2010) entre outros na área da educação Matemática e Skliar (1998), Sacks (1998), Botelho (2005), Santana (2005) entre outros na área da Educação de Surdo.

Marinho (2016) refletiu sobre os relatos de experiências vivenciadas e narradas pelos professores de Matemática, atuantes em Tabatinga - AM, sobre o

processo de inclusão de alunos com deficiência em salas comuns de escolas regulares para responder: Quais os reflexos das experiências de professores de Matemática no ensino de Matemática de alunos com deficiência? Para tanto, os pressupostos teóricos e legais foram fundamentados em documentos nacionais e internacionais, em estudos voltados para a prática do docente em uma perspectiva inclusiva: Sales(2013), Rosa (2014), Medeiros (2015), Uliana (2015), Wanzeler (2015), já na legislação brasileira a respeito do professor de Matemática e sua atuação docente, há uma breve discussão, pautada em autores como Carneiro (2012), Levy e Facion (2009), Freitas (2006), Castro e Facion (2009) e Ferreira (2006).

A pesquisa teve uma abordagem qualitativa, aplicando entrevistas com os professores de Matemática atuantes na rede pública de ensino do município de Tabatinga-AM, sendo eles egressos do curso de Licenciatura em Matemática do Centro de Estudos Superiores de Tabatinga da Universidade do Estado do Amazonas. A análise ocorreu por meio de categorias construídas das narrativas dos professores, considerando os direcionamentos apontados no roteiro da entrevista. Os resultados apontaram que os principais fatores que dificultam a realização de práticas pedagógicas são ausência de conhecimentos acerca da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva e apoio por parte da escola. A formação inicial e continuada foi outro aspecto muito comentado pelos docentes, os quais sugeriram haver mais discussões sobre a temática, ao se mostrarem mobilizados para formação continuada que complementem conhecimentos para atuarem com alunos deficientes. Dessa pesquisa, ainda houve da parte de alguns professores, a realização de práticas inclusivas em suas aulas de Matemática, embora deixando ressalvas para haver mais oportunidades em ações de formação docente, e apoio escolar mais efetivo tanto para o professor quanto para o aluno.

Nas pesquisas supracitadas algumas questões estiveram presentes, como apropriação15 do conhecimento matemático, investigação sobre a adaptação ou

15

Apropriação é o ato, segundo o qual, um sujeito toma posse de algo que não lhe pertencia e ao compreender, o torna próprio.

inserção de metodologias e necessidades formativas do professor de Matemática. Concordamos com M. Souza (2013) ao destacar que existe a necessidade em se ter maiores investimentos na formação dos professores de Matemática que lecionam para surdos, de modo que possam colaborar para a construção de currículos voltados à Escola Inclusiva, como determina a legislação educacional vigente já supracitadas nas politicas públicas educacionais.

De modo geral, esses estudos apresentam como principais referências: Botelho (1998), Skliar (1998), Lopes (2004), Perlin (1998), Sacks (1998) na área de Educação de Surdo, Curi (2004), Fiorentini e Lorenzato (2009), Fonseca (2013), Júnior (2008), Libaneo (2003), Paixão (2010), Sales (2013), Rosa (2014), Medeiros (2015), Uliana (2015), Wanzeler (2015) entre outros, sendo em comum na Sacks (2015) e Skiliar (2013), diferenciando em Strobel (2008), Gesser (2009), V. Souza (2010) e R. Souza (2017), utilizando os estudos supracitados como referência para Educação de Surdo. Para a Educação Matemática Borges (2006), Gil (2007), Nascimento (2009), Paixão (2010), M. Souza (2013) e Marinho (2016), juntamente com as Políticas Públicas a partir das legislações vigentes e documentos oficiais.

1.2.2. A Teoria Antropológica Didática - TAD e praxeologias para o ensino de