• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 2 Enquadramento teórico

2.1. O que são as relações públicas

Quando falamos em relações públicas muitos são os que associam a alguém bonito, bem vestido que está na entrada de determinada empresa a receber o público. O que é verdade é que os profissionais de relações públicas contribuem de forma extremamente importante para a planificação e organização de uma empresa. Grunig e Hunt realçam, as RP são “uma função de gestão da comunicação entre uma orgnaização e os seus públicos” (1984: p. 6)

As RP desenvolvem as mais variadas actividades nas organizações, tais como, comunicação interna, assessoria e consultoria de comunicação e imagem, relações financeiras, relações com os colaboradores, lóbi, gestão de meios, comunicação de marketing e relações com o público externo em geral. Neste seguimento, cita-se Sousa (2004: p. 37) que refere, as RP devem ser olhadas como “um poderoso instrumento de comunicação planificada para qualquer organização”.

Partindo do princípio que qualquer empresa ou organização necessita contemplar uma política de comunicação coerente com os seus objetivos e missão, assim como, planear estrategicamente a sua imagem, pode-se defender o profissional de relações públicas como o elemento indicado para exercer tal tarefa. As relações públicas assumem-se como fundamentais na criação e defesa da notoriedade e credibilidade das organizações junto dos seus públicos.

É consensual a definição de relações públicas como aquele que gere estratégica e adequadamente as políticas de comunicação das organizações. Essas políticas permitem solucionar problemas ou aproveitar oportunidades comunicacionais que vão ao encontro dos objetivos da organização. Através da RP podem-se atingir objetivos vários, em especial, a

14

alteração de crenças e opiniões dos públicos, para assim provocar alterações de comportamento em relação à organização (Gonçalves, 2010, p.41).

Como afirma James Grunig na obra “ Excellence in public relations and communication management”, hoje em dia, as relações públicas têm de ser pensadas como um projecto de excelência, que contribua na gestão para uma eficácia global da organização, (apud Gonçalves, 2010, pp.41-42).

De acordo com a bem conhecida teoria da excelência das RP de Grunig,(Gonçalves, 2010, pp.63- 64), a consolidação da actividade de relações públicas depende de uma maior abertura das organizações, que permita a participação do profissional de relações públicas nos processos de planeamento estratégico. Conhecedores e detentores de uma capacidade única de gestão e planeamento, devem por isso ser valorizados pela administração das organizações, e aproveitados como um elemento essencial ao desenvolvimento comunicacional da organização. Como referido no capítulo anterior, isto não acontece na C.V.C, uma vez que as decisões ligadas à gestão e planeamento são discutidos apenas e só pela gerência desta empresa.

Ainda seguindo Grunig, só a prática de um modelo de relações públicas bidirecionais simétrica permitirá instaurar uma comunicação que conduza à compreensão mútua entre a organização e os seus públicos, quer sejam internos ou externos, de forma a minimizar ou resolver conflitos (Gonçalves, 2010: p58). Ou como Perez e Gomez realçam, a prática das relações públicas nas organizações terá de ter a capacidade de conviver com a inovação e a rotina, a estabilidade e a instabilidade, conseguindo no quotidiano resolver e harmonizar todas estas questões:

O êxito depende da capacidade em movimentar-se neste ambiente complexo e de criar estratégias para a solução de problemas práticos através da integração inteligente e criativa do conhecimento e da prática. (Pérez Gómez, citado por Moreira & Pons, 2008, p.169)

Habitualmente, definem-se três públicos específicos na prática das relações públicas: público interno, externo e misto. Dentro do interno enquadram-se os colaboradores da organização, fornecedores, parceiros, no externo, todos os clientes da empresa e os diferentes públicos envolventes (por ex. jornalistas, governo ou concorrência). Já no misto estão aqueles que podem funcionar como membros do público interno e externo simultaneamente.

A imagem de uma empresa, que decorre da percepção dos públicos, pode mesmo ser essencial à sua sobrevivência. Daí ser primário trabalhar a identidade da empresa, através das relações públicas, de forma contínua, intensiva e cuidada. Assim, todos os públicos devem ser tomados em consideração no momento de tomada de decisões importantes na vida organizacional. Em concreto, como Kunsch (2006) realça, na sua actividade profissional, “as relações públicas trabalham com as questões que dizem respeito à visibilidade interna e externa, ou seja, à identidade corporativa das organizações”.

15

Segundo Villafañe (1993), citado por Sousa (2004: p.47), a imagem organizacional inclui três componentes principais: notoriedade - o grau de conhecimento que o público tem acerca de determinada empresa; a força - a capacidade e rapidez com que os serviços e produtos se relacionam com um estímulo; e o conteúdo - os elementos da imagem que correspondem com a realidade.

Isto significa que a imagem é importante, mas não vale de nada dizer-se que determinado produto ou serviço é assim quando na verdade não o é, porque estará certamente condenada ao fracasso. É também neste aspeto que as relações públicas têm relevante importância para mudar comportamentos das organizações, para resolver o problema daquilo que a organização diz ser e aquilo que ela realmente é. Para isso torna-se por vezes necessário intervir sobre a própria cultura organizacional, analisando valores, missão, políticas e objectivos da organização de forma a criar estratégias que visem as mesmas. Segundo Sousa (2004: p. 48), a cultura organizacional não é mais do que as interações entre políticas organizacionais, processos organizacionais, os colaboradores, os líderes, as relações de poder, as tecnologias usadas, o espaço de trabalho etc.

Em suma, torna-se cada vez mais difícil uma organização não possuir um profissional de relações públicas que participe na definição da estratégia organizacional tendo em vista atingir objetivos e metas. Kunsch realça por isso, “Em termos conceituais o planejamento deve ser entendido como um processo técnico, racional, lógico e político- como um ato de inteligência.”( Kunsch: 2009 p.108). É importante que todo este processo seja desenvolvido de forma coerente, e para tal exercido por um especialista da área.

Documentos relacionados