• Nenhum resultado encontrado

O REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO: O RECRUDESCIMENTO

No documento TESE Nalayne Mendonça PDF (páginas 158-166)

4- RECRUDESCIMENTO PENAL

4.3 O REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO: O RECRUDESCIMENTO

Nos anos noventa os noticiários anunciavam as rebeliões em presídios organizadas por facções criminosas atuando nos complexos penitenciários dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A primeira organização criminosa atuando em presídios que se teve notícia no Estado de São Paulo ficou conhecida como Serpentes Negras e objetivava exclusivamente a melhoria das condições de vida dos sentenciados da Penitenciária do Estado. Com o tempo, a facção passou a monopolizar o tráfico de drogas e a praticar outros crimes.

Após, surgiram outras organizações fundamentadas em pactos de cooperação e ajuda mutua dentro dos presídios, agindo de forma violenta contra aqueles que não cooperam ou que traem o grupo. São também organizações criminosas o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade (CRBC), a Comissão Democrática de Liberdade (CDL), a Seita Satânica (SS) e o Comando Jovem Vermelho da Criminalidade (CJVC).

O PCC260, que surgiu a partir da facção Serpentes Negras é a organização criminosa que mais tem gerado conflitos nos presídios, inclusive foi a responsável pela maior rebelião da história do país, no dia 18 de fevereiro de 2001, que sublevou simultaneamente 29 presídios e contou com o apoio de aproximadamente 29 mil detentos. Esta organização reúne hoje aproximadamente 9 mil detentos, que representam 10% de todos os presos do Estado, e estima-se que tenha R$ 50 milhões no caixa que é utilizado para pagar despesas com advogados, financiar crimes e fugas e subornar policiais.

Nesse contexto, especialistas em segurança pública do Estado de São Paulo atentavam para a necessidade de criar um regime prisional adequado para coibir a ação dos líderes das facções criminosas dentro dos presídios. Foi então que a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo baixou em 2001 uma Resolução de número 026 que criava o Regime Disciplinar Diferenciado. A finalidade do RDD, segundo a resolução é “segregar presos provisórios ou condenados, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade ou sobre o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, em organizações criminosas, quadrilha ou bando”.

Contudo, esse novo sistema, que à época já era chamado de RDD, não tinha amparo legal. A fim de regularizar a situações dos presos em RDD, o Poder Executivo enviou ao Congresso Nacional em 13 de agosto de 2001, um Projeto de Lei de nº 5073 propondo a alteração da Lei de Execuções Penais para permitir que os presos “de alto risco para a sociedade” ficassem em regime diferenciado dos presos comuns.

Em meados de 2002, Fernandinho Beira Mar, líder do tráfico no Rio de Janeiro, foi capturado e encaminhado para o Presídio de Bangu I. Em 11 de setembro de 2002 comandou uma briga de facções dentro do presídio tendo sido o motim liderado por membros do Comando Vermelho. O líder do grupo Fernandinho Beira-Mar, condenado por tráfico, formação de quadrilha e homicídio mandou matar traficantes rivais que também estavam presos. Nesse dia foram assassinados

260

Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, Wanderley Soares, o Orelha, e Carlos Roberto da Silva, o Robertinho do Adeus, cunhado de Uê.

A partir de então a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro e o Ministério de Justiça planejaram a transferência de Fernandinho Beira-Mar do Rio de Janeiro para outro Estado da Federação. Receosos em arcar com o ônus político de prováveis rebeliões, que certamente ocorreriam em seus presídios com a presença do líder do tráfico, os governadores passaram a travar um verdadeiro jogo de empurra para decidir quem deveria custodiá-lo durante o cumprimento da pena.

Depois de uma pesquisa por presídios em todo o território brasileiro, descobriu-se no interior de São Paulo, em Presidente Prudente, o que parecia ser a solução para a celeuma; o presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes. Recém-inaugurado, com celas individuais, vidros que isolavam o preso do contato com visitantes e sistemas de câmera em todos os ambientes, o presídio fora criado para viabilizar um regime de cumprimento de pena mais severo. Ficou decidida então a transferência de Fernandinho Beira-Mar para o presídio de Presidente Bernardes, a princípio, cumprindo a pena em Regime Disciplinar Diferenciado.

Todavia, o Regime Disciplinar Diferenciado continuava a ser duramente criticado por alguns constitucionalistas por ferir o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana (Art. 1º, inciso III da CRFB) e a Lei de Execução Penal que determina “não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal” (Art. 45 da Lei 7.210/84). A regulamentação do regime ainda dependia da tramitação do Projeto de Lei que havia sido apresentado em 2001 modificando a Lei de Execução Penal.

A discussão da matéria foi levada ao plenário da Câmara dos Deputados no dia 01 de abril de 2003 provocando um intenso debate entre os parlamentares. O Deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) foi um dos primeiros a se posicionar contra o projeto, segundo ele o “projeto representa um grande retrocesso”, pois a violência dos presídios não nasce porque não há disciplina rígida, mas pela falta de condições adequadas para manter os presos “que vivem amontoados, comem mal e são permanentemente violentados.” E continuou:

Esse projeto é ideal para os campeões de voto. Todos os campeões de voto podem sorrir porque a opinião pública quer isso. A população brasileira quer que mate e esfole (...) A vontade de ganhar votos, de seduzir a população pelo imediatismo, é uma irresponsabilidade política à longo prazo!261

O Deputado Inaldo Leitão (PSDB- PB) lembrou que o projeto de lei sobre o Regime Disciplinar Diferenciado já tramitava há algum tempo e somente após o assassinato de um juiz no Espírito Santo262 é que ele foi colocado em votação. Para o deputado, “estamos mudando o eixo da política criminal e penitenciária mediante o endurecimento das penas em razão da falência do sistema penitenciário. Não precisamos de novas leis nem penas mais duras, porque já temos, mas de reestruturação do sistema”.263

Para o Deputado Coronel Alves (PL-AP) “é nos momentos de emoção que a Câmara é cobrada pela sociedade brasileira”, e esta precisa ter coragem para dar a resposta que a sociedade espera aprovando esta lei que pode ser mais uma ferramenta de proteção264. Fica evidente nos discurso dos deputados a preocupação em dar um resposta à sociedade quando ocorrem alguns fatos graves, a atuação de modo sempre reativo, revela a falta de um debate interno sobre política criminal e de segurança publica no Brasil.

Grande parte dos discursos proferidos no plenário na ocasião da votação do projeto de lei ressaltaram a questão do aumento da criminalidade e das formas de coibi-la, segundo alguns deputados a sociedade espera que eles produzam uma legislação de endurecimento penal que se associa ao movimento da Lei e da Ordem. O Deputado Eduardo Paes (PFL-RJ) afirmou que tem “ouvido os reclamos da população e as cobranças da imprensa para que os parlamentares tomem medidas contundentes em relação à criminalidade que se alastra em nosso país”.265 Pois “é preciso endurecer o jogo, temos que saber diferenciar os direitos humanos

261

Diário da Câmara dos Deputados. 2 de Abril de 2003. Pg. 11622. 262

O Deputado se refere ao assassinato do juiz Alexandre Martins, crime ocorrido em 23 de março de 2003, no município de Vila Velha, Espírito Santo.

263

Diário da Câmara dos Deputados. 2 de Abril de 2003. Pg. 11623. 264

Ibidem. Pg. 11624. 265

dos humanos direitos”266, não permitindo que as cadeias se transformem em hotéis de cinco estrelas, onde o criminoso compra pizza, telefone celular e receba mulheres267, complementaram outros deputados.

O Deputado Orlando Fantazzini (PT-SP) lembrou que:

Ao longo de vários anos, e a cada momento que ocorre uma ação de natureza violenta, a sociedade procura pressionar para que haja leis mais duras. Há dez anos estamos discutindo o agravamento

de penas e as agravando, como se o mero agravamento fosse trazer resultados e reduzir a violência. Nós agravamos várias

penas, e a violência continua no meio da sociedade (...) Temos que levar em consideração o tratamento desumano oferecido pelo nosso sistema penitenciário falido, que só contribui para que as pessoas que saem das prisões voltem a cometer crimes bárbaros. Então, não acredito que esta proposta vá solucionar o problema que estamos vivendo. (grifo nosso) 268

Contudo, sob o argumento de que os presídios nacionais são comandados por “patrões do crime organizado”, e de que a sociedade vive em total insegurança, o projeto de lei foi aprovado em 18 de novembro de 2003, após algumas modificações, e sancionado em 01 de dezembro de 2003 sob a forma da lei 10. 792.

A lei 10.792 altera alguns artigos da Lei de Execuções Penais e define que o preso provisório ou condenado está sujeito ao Regime Disciplinar Diferenciado com as seguintes características: a) duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; b) recolhimento em cela individual; c) visitas semanais de duas pessoas, sem contar crianças, com duração de duas horas; d) direito de saída da cela para banho de sol por duas horas diárias (art. 52, incisos I a IV, LEP).

A esse regime serão encaminhados os presos que praticarem fato previsto como crime doloso constituindo falta grave e, quando ocasione a subversão da ordem ou disciplina interna. Podem ser incluídos no mesmo regime, presos, nacionais ou estrangeiros, provisórios ou condenados, que apresentem alto risco

266

Deputado Cabo Júlio (PSB- MG) Diário da Câmara dos Deputados. 2 de Abril de 2003. Pg. 11626. 267

Deputado Gilberto Nascimento (PSB-SP) Diário da Câmara dos Deputados. 2 de Abril de 2003. Pg. 11626

268

para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade (art. 52, § 1º.), bem como aqueles que (provisórios ou condenados) estiverem envolvidos ou participarem, com fundadas suspeitas, a qualquer título, de organizações criminosas, quadrilha ou bando (art. 52, § 2º).

Percebe-se que, ao eleger o termo “alto risco para a ordem e a segurança (...) da sociedade”, o legislador atribui a tarefa de mensuração do cabimento ou não do RDD à apreciação casuística do juiz, ensejando a concepção de um verdadeiro conceito jurídico indeterminado. Este nada mais é do que a permissão legal, baseada num conceito vago, de que o juiz utilize o seu critério de experiência pessoal e conhecimento jurídico para aferir, no caso concreto analisado, eventual existência do “alto risco” a que a norma se refere.

Para aqueles que já se encontram presos, o regime diferenciado somente poderá ser decretado pelo juiz da execução penal, desde que proposto, em requerimento pormenorizado, pelo diretor do estabelecimento penal ou por outra autoridade administrativa (por exemplo, o Secretário da Administração Penitenciária), e deverá ter a manifestação do Ministério Público e da defesa. Embora o juiz tenha o prazo máximo de 15 dias para decidir a respeito, a autoridade administrativa, em caso de urgência, pode isolar o preso preventivamente, por até dez dias, aguardando a decisão judicial.

Observa-se a severidade inconteste deste regime criado sob o argumento de atender às necessidades de combate ao crime organizado e aos líderes de facções que, de dentro dos presídios brasileiros atuam na condução dos negócios criminosos fora do cárcere. Mas a permanência desses líderes do tráfico na condução dos negócios ilícitos dentro dos presídios se dá pela falta de fiscalização e controle, ou mesmo pela corrupção dos agentes penitenciários, e não pela ausência de um regime de isolamento completo.269

269

A prisão americana conhecida como Pelican Bay é inteiramente automatizada e planejada de modo que cada interno praticamente não tem qualquer contato direto com os guardas ou outros internos. A maior parte do tempo os internos ficam em celas sem janelas, feitas de sólidos blocos de concreto e aço inoxidável, sem direito a trabalho, recreação e sem se misturar com outros internos. “O que os internos do Pelican Bay fazem em suas celas solitárias não importa. O que importa é que fiquem ali, e foi planejada como fábrica de exclusão e de pessoas habituadas a sua condição de excluídas”.. BAUMAN. Zigmunt. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editor, 1999. Pg.116 e121

A mesma lei provocou uma modificação do sistema de progressão de regime prisional. Antes era necessário, para que o preso pudesse progredir de regime, o preenchimento dos requisitos: objetivo (cumprimento de 1/6 da pena imposta) e subjetivo (parecer da Comissão Técnica de Classificação dando conta de que o preso possuía mérito para efetuar a progressão). O parecer da Comissão Técnica de Classificação, composta por assistentes sociais (avaliavam reintegração do preso em cotejo com o mundo exterior), diretor do presídio (verificava conduta do preso durante o cumprimento da pena), psicólogos (estabeleciam o grau de maturidade que o preso adquirira durante o tempo de cárcere) e psiquiatras (faziam um prognóstico analisando uma eventual periculosidade do preso se posto em liberdade) norteava a decisão do juiz da execução com mais segurança para reconhecer ou não o mérito e determinar a progressão pretendida.

Com a alteração do artigo 112 da Lei de Execuções Penais, promovida pela Lei nº 10.792/2003, essa lógica progressional da pena se alterou. A nova redação do dispositivo exige apenas um atestado de bom comportamento carcerário, a ser emitido pelo diretor do estabelecimento em favor do preso, para viabilizar a progressão de regime. Em verdade, a ausência de faltas graves ou médias no prontuário do preso já possibilita a emissão do dito atestado. Todavia, parece temerário atribuir esta responsabilidade aos diretores de presídios, pois sua proximidade com os condenados pode permitir decisões eivadas de vícios.270

O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça produziu em agosto de 2004 um parecer271 sobre o RDD com o objetivo de perscrutar eventuais incongruências entre os dispositivos da lei 10.792/2003 e os direitos e garantias individuais previstos na Constituição Federal. 272

270

Segundo matéria publicada foram os deputados da base do governo que conseguiram derrubar alguns pontos do projeto como a rejeição do artigo que dava total autonomia apara os diretores de presídio. Pelo projeto original, eles poderiam transferir presos sem ordem judicial, e decidir quem deveria ser mantido em regime especial e por quanto tempo. Pelas modificações feitas o diretor poderá pedir a inclusão do preso no RDD, mas a palavra final será a do juiz. Outro ponto importante vetado foi o banho de sol por apenas uma hora diária. Mais Rigor no Cárcere. Jornal O Globo. 28 de março de 2003.

271

Fonte: Ministério da Justiça. Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária http://www.mj.gov.br/cnpcp/legislacao/pareceres/Parecer%20RDD%20_final_.pdf Acesso em 02 de Janeiro de 2006.

272

As incompatibilidades do RDD com a Constituição Federal também foram analisadas no Parecer à luz do que dizem os tratados internacionais de direitos humanos, notadamente a Declaração

O parecer ressalta que no artigo 10, incisos 1 e 3 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos273, estão definidos: “Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada com humanidade e respeito à dignidade inerente à pessoa humana; (..) E de forma análoga dispõe o artigo 5º da Convenção Americana de Direitos Humanos274: “Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral (...). Para complementar, a Constituição Federal Brasileira determina que: “Ninguém deve ser submetido à tortura nem tratamento desumano ou degradante (artigo 5º, inciso III).

A conclusão do parecer a partir do confronto das regras instituídas pela Lei 10.792/03 com a Constituição Federal e os Tratados Internacionais de Direitos Humanos ressalta a incompatibilidade da nova sistemática em diversos aspectos, como a falta de garantia para a sanidade do encarcerado com a duração excessiva do regime, implicando violação à proibição do estabelecimento de penas, medidas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, previstas nos instrumentos citados. Além:

da falta de tipificação clara das condutas e a ausência de correspondência entre a suposta falta disciplinar praticada e a punição decorrente, revelam que o RDD não possui natureza jurídica de sanção administrativa, sendo, antes, uma tentativa de

segregar presos do restante da população carcerária, em

condições não permitidas pela legislação. (grifo nosso) 275

A Lei de Execução Penal define que os presos devem ser classificados, conforme seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal, o que então, não impede o Estado de separá-los. Dessa forma, separação de líderes de facções criminosas do restante da população carcerária e

Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e a Convenção contra Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes, no âmbito das Nações Unidas, assim como a Convenção Americana de Direitos Humanos e a Convenção Interamericana para Prevenir a Punir Tortura da Organização dos Estados Americanos. Além destes, também serviu de referência as Regras Mínimas para o tratamento de Prisioneiros da Organização das Nações Unidas, que embora não possam ser denominadas de “Tratado Internacional” vêm sendo reconhecidas como meio de interpretação daqueles.

273

Aprovado pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 16.12.1966. 274

Adotada e aberta à assinatura na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, em San José de Costa Rica, em 22.11.1969 – ratificada pelo Brasil em 25.09.1992.

275

Conclusão do Parecer do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária sobre o Regime Disciplinar Diferenciado. Ob. Cit. Pg.23.

sua colocação em estabelecimentos de segurança é uma responsabilidade estatal, porém esta forma de reclusão viola a finalidade primordial do cumprimento de pena, qual seja, a reintegração social harmônica do condenado à sociedade. Revela ainda um endurecimento no regime de execução da pena condizente com as políticas de recrudescimento penal dos últimos anos, que atendem ao “clamor social”, mas comprovam-se sem eficácia e violadoras de princípios de direitos humanos recentemente conquistados na história brasileira. 276

No documento TESE Nalayne Mendonça PDF (páginas 158-166)