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O ROTACISMO E O NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS ENUNCIADORES

O rotacismo é um metaplasmo de transformação em que ocorre a alternância ou transformação do fonema /l/ em /r/, por exemplo: bici/cl/eta > bici/cr/eta; /pl/acas > /pra/ cas ; pro/bl/ema > pro/br/ema; te/cl/ado > te/cr/ado; com/pl/ etar > com/pr/etar etc.

No caso específico desta investigação, podemos perceber na forma de comunicação característica da comunidade pesquisada. Observamos que, além de os falantes selecionados serem da zona rural, dois deles sem estudo e com a idade aproximadas, considerados idosos, um deles possui estudo, é influente na comunidade, jovem e, no entanto, também apresenta o rotacismo na linguagem.

Isso mostra a dinamicidade da língua. É preciso deixar claro que são muitos os fatores que condicionam a forma de comunicação e que a variação linguística não está diretamente ligada somente às pessoas que não possuem estudos ou são de condições socioeconômicas desprestigiadas ou por possuir uma idade mais avançada. Claro que são candidatos mais fortes ao uso do rotacismo, mas é preciso lembrar que a variação linguística está presente no cotidiano de qualquer pessoa.

Segundo Bagno (2007, p.73) o fato da transformação de /l/ por /r/ não está diretamente ligada a características de pessoas “socialmente desprestigiadas” como falantes da zona rural, sem estudos ou considerados pobres. O autor analisa de forma ampla este processo, que teve ocorrência, segundo ele, na historia da língua portuguesa em que muitas das palavras que apresentam R na escrita hoje, tiveram L na sua origem. Exemplos: blandu (latim); brando (português); clavu (latim); cravo (português) etc.; São exemplos do latim clássico.

O rotacismo, segundo Bagno (Ibid., p. 74):

Trata-se do prosseguimento de uma tendência muito antiga no português (e em outras línguas) que os falantes rurais ou não escolarizados levam adiante [...] muitas palavras com /r/ estão documentadas em textos escritos no português medieval, indício de que, em algum momento da história, elas gozaram de prestígio, antes de serem substituídas (no século XVI, período relatinização) pelas formas com /l/.

Assim o autor discorre que o que pode ser chamado de “erro” tem uma explicação científica ou histórica, uma vez que pode ser considerada de ordem “fonética, semântica, sintática, pragmática, discursiva, etc.”. Tudo na língua tem explicação para os fenômenos que a cometem.

Essa posição de Bagno pode ser comprovada nos discursos apresentados pelos colaboradores da pesquisa. Vejamos que Marta é uma mulher jovem, que possui o ensino médio completo, é agricultora, moradora da zona rural e não possui um status financeiro considerado elevado. Ela assume, na comunidade, uma espécie de cargo de liderança em relação às causas sociais. Mesmo escolarizada, em seu discurso, notamos a presença de rotacismos na sua linguagem, mas não apresentando uma porcentagem tão alta.

Gilson, por exemplo, é nascido e criado no campo, não possui nenhum grau de escolaridade, embora tenha desenvolvido a habilidade de ler e escrever sozinho. Também é agricultor com renda econômica baixa, com idade aproximada de 60 anos. No seu discurso, notamos que ele foi quem menos apresentou rotacismos na linguagem, embora tenha sido o participante que mais apresentou metaplasmos no discurso enunciado.

Nelson, por sua vez, também é pertencente à zona rural, é agricultor, tem idade acima dos 60 anos, portanto, já considerado uma pessoa idosa, não tem nenhum grau de escolaridade e apresenta situação econômica um pouco mais elevada do que os outros dois colaboradores. Nelson mostrou-se ser o participante que apresenta um nível de rotacismo na linguagem mais elevado.

Nesse sentido, dentro do que foi estudado nessa comunidade de fala, encerramos essa análise com as ideias de Bortoni-Ricardo (2014) que faz uma ligação ao contexto situacional das falas e que cada comunidade estabelece regras para se comunicar, além de adotarem uma relevância sociossimbólicas. Ou seja, para Bortoni-Ricardo (2014, p.68), “[...] é preciso identificar regras que sejam indicadores de estratificação social ou etnicidade e/ou marcadores de variação estilística”. Segundo a autora, esses são alguns fatores que influenciam o pesquisador ao escolher uma regra para análise.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Sociolinguística é a ciência que busca estudar a língua e sua ligação com a sociedade, analisando o uso corrente da língua por meio da interação social. Esta ciência relaciona as várias situações e possibilidades comunicativas efetivas que ocorrem em determinados grupos ou comunidades de fala.

Com base na análise quantitativa, totalizamos 138 metaplasmos encontrados nos discursos e, desse total, 22 são rotacismos. Representando em percentuais temos 85,00% de demais metaplasmos e 15,00% de rotacismos, equivalendo aos 100,00% de metaplasmos no total geral encontrado nos discursos dos colaboradores da pesquisa.

A pesquisa evidenciou que os discursos analisados dos colaboradores do Assentamento Zequinha, região de Sousa/PB, mostraram certa tendência ao uso do metaplasmo rotacismo, assim como também outros metaplasmos encontrados ao longo da análise. E, de acordo com o perfil dos participantes, o rotacismo é bastante comum na comunidade e que, para alguns deles, parece ser decorrente da falta de escolarização e, para outros, com estudos seria uma forma condicionada ao ambiente de vivência de ambos.

Como resultados obtidos, evidenciamos que dos três discursos analisados nessa pesquisa aparentemente, o rotacismo está diretamente ligado ao modo de se comunicar das pessoas dessa comunidade, claro que o fator social e grau de escolaridade também contribuem para a ocorrência desse fenômeno, mas por ser algo que perpassa a questão da idade e até mesmo a questão de conhecimento de algumas pessoas. O rotacismo passou a ser um hábito constante na fala desses habitantes.

O questionamento de pesquisa foi respondido, uma vez que os objetivos foram alcançados. Assim também a metodologia adotada foi satisfatória para a realização de todos os procedimentos e, por se tratar de uma pesquisa etnográfica, gerou uma aproximação maior e mais detalhada do objeto e dos colaboradores da pesquisa, permitindo uma visão mais ampla da realidade abordada.

A bibliografia nos permitiu um maior conhecimento da sociolinguística, contribuiu de forma imprescindível para a organização e fundamentação teórica da pesquisa. Os autores utilizados no decorrer do trabalho corresponderam todas as expectativas às quais se esperavam, desde conceitos, exemplos e até mesmo como base para a construção das análises. Após fazermos a pesquisa, nossa compreensão sobre os metaplasmos, principalmente o rotacismo, foi ampliada e, em meio aos estudos, notamos que existem outros fenômenos

linguísticos, como o aparecimento de outros metaplasmos nos discursos, que podem gerar novas pesquisas acerca do assunto.

Enfatizamos que as análises do corpus desta pesquisa sobre o fenômeno rotacismo presente nos discursos dos colaboradores não implica dizer que seja um fato decorrente somente na fala de pessoas com baixo nível de escolaridade e que sim mostra a dinamicidade da nossa língua portuguesa.

Ao realizar esta análise, notamos a grande diversidade de formas de comunicação que a língua permite utilizar, são variedades que não podem ser chamadas de “erro” porque, dentro da variação e do conhecimento que estas pessoas possuem, há concordância, significação, compreensão e, como vimos ao longo da pesquisa, existe uma explicação científica ou histórica para todos os fenômenos linguísticos que nos cercam.

Por fim, esperamos, com esta pesquisa, colaborar para fomentar outros debates, pois somos conscientes de que a temática da pesquisa não se apresenta como discussão concluída, uma vez que toda ciência é incompleta, necessitando de outros olhares e posições concordantes ou discordantes, mas que se mostrem interessados em aprofundar e aperfeiçoar posições.

REFERÊNCIAS

BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 49. ed. São Paulo: Loyola, 1999.

______ Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

______, Marcos, Gramática Histórica: do latim ao português brasileiro. Textos compilados, condensados e adaptados, Brasília: Universidade de Brasília, 2007, p. 1-73.

BORSTEL, Clarice Nadir Von. Sociolinguística: teoria, método e objeto em pesquisas in loco.

Web-Revista SOCIODIALETO, Campo Grande/MS, v. 4, n. 12, p. 504-523, mai. 2014. Disponível em: www.http/sociodialeto.com.br. Acesso em: 18.dez.2016.

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Manual de Sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2014.

CANDIDO, Evelyn Coutinho Rother; BARROS, Adriana Lúcia Escobar Chaves de. Sociolinguística: variação e mudança na língua falada e escrita. Avepalavra, Campo Grande/MS, ed. 19. , p. 1-13, 1.semestre.2015. Disponível em: www2.http/unemat.br. Acesso em: 7.dez.2016.

COELHO, Izete Lehmkuhl, Sociolinguística. Florianópolis : LLV/CCE/UFSC, 2010.

COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática Histórica. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2011.

FIORIN, José Luiz (Org). Titulo. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2012.

FACHIN, Odília. Fundamentos de Metodologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

GODOY, Arilda Schmidt. Pesquisa Qualitativa Tipos Fundamentais. São Paulo: Revista de Administração de Empresas, 1995.

JÚNIOR, Silvio Nunes da Silva; OLIVEIRA, Fernando Augusto de Lima. Abordagem conversacional do rotacismo, Web-Revista SOCIODIALETO, Campo Grande/MS, v. 5, n. 14, p. 96-110, nov. 2014. Disponível em: www.http/sociodialeto.com.br. Acesso em: 4.nov.2016.

LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

MOLLICA, Maria Cecilia; BRAGA, Maria Luiza (Orgs.). Introdução à Sociolinguística: o tratamento da variação. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2010.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. 5 ed. São Paulo: Ática, 2003.

PRODANOV, Cleber Cristiano. Metodologia do trabalho Científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico, 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

1 Perfil do colaborador da pesquisa. Idade: ( ) 20 a 30 anos ( ) 50 a 60 anos ( ) 30 a 40 anos ( ) + de 60 anos ( ) 40 a 50 anos 2 Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 3 Escolaridade:

( ) Nunca estudou ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino fundamental completo ( ) Graduação completa ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Graduação incompleta ( ) Ensino médio incompleto

( ) Outro. Qual? ________________________________________________________

4 Local de origem:

( ) Zona Rural. Qual?_____________________________________________________ ( ) Zona Urbana Qual?____________________________________________________ 5. Renda familiar: ( ) Até 880,00 ( ) Até 1.760,00 ( ) Até 2.640,00 ( ) Acima de 2.640,00 Obrigada.

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado a participar como voluntário (a) no Trabalho de Conclusão de Curso “A

VARIAÇÃO FONÉTICA NO DISCURSO ORAL DOS MORADORES DA REGIÃO DE SOUSA/PB”,

coordenado pela aluna Roziany Pereira da Silva, Estudante da Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Acadêmica de Letras, Centro de Formação de Professores, Cajazeiras – PB.

Sua participação é voluntária e você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. Este estudo tem por objetivo analisar discursos orais de moradores da cidade de Sousa - PB, a fim de perceber a variação fonética ali presente.

Caso decida aceitar o convite, você será submetido (a) ao(s) seguinte(s) procedimentos: responder a um questionário e terá seu discurso gravado. Os riscos envolvidos com sua participação são: desconforto pelo tempo exigido ou até mesmo constrangimento. Para que não haja desconforto ou constrangimento, você pode optar por não responder os questionários e as gravações serão compostas por fatos de seu cotidiano, sem que lhe cause prejuízos. Os benefícios da pesquisa serão: O conhecimento e a importância da linguagem e o reconhecimento dos fenômenos presentes nos discursos enunciados.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de maneira que não permita a identificação de nenhum voluntário.

Se você tiver algum gasto decorrente de sua participação na pesquisa, você será ressarcido, caso solicite. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será indenizado.

Você ficará com uma via rubricada e assinada deste termo e qualquer dúvida a respeito desta pesquisa, poderá ser requisitada a aluna Roziany Pereira da Silva, cujos dados para contato estão especificados abaixo.

Dados para contato com o responsável pela pesquisa Nome: Roziany Pereira da Silva

Instituição: Universidade Federal de Campina Grande – CFP - UAL

Endereço: Rua Sérgio Moreira de Figueiredo, Casas Populares, Cajazeiras - PB Telefone: (83) 9-8136 - 5352

E-mail: anysilva270@gmail.com

Declaro que estou ciente dos objetivos e da importância desta pesquisa, bem como a forma como esta será conduzida, incluindo os riscos e benefícios relacionados com a minha participação, e concordo em participar voluntariamente deste estudo.

___________________, ____de _______________2017.

_______________________________ _________________________________ Assinatura ou impressão datiloscópica Roziany Pereira da Silva

ANEXO A - DISCURSO “A”: MARTA

Marta: /.../ oi mulherzinha! tudu bom?

Marta: /.../ tá indo (+) tá bem (+) graças a Deus! (+) tudu na paz

Marta: /.../ muier a situação é a merma aqui (+) pra começá o o o probrema nós tamu com uma dificudadi danada na construção dessas casas aí (1.8) as casa de taipa num é mai pra ex ex existir aqui. Ai a rente num sabe pra onde corrê/

Marta: /.../ fizeram três de alvenaria (+) mai num sai assim faci/ aí teve reunião lá em cima (+) tivi que ir de bicicreta uma DISTANÇA da molesta daqui pra lá (+) muito difici (+) mai dá pra rente ir se virandu/ meu transporte é a bici ci ci bicicreta/ aí (1.8) cheguei lá (+) pra ajuda lá com uns probremas (+) mai oh povo difici da molesta/

((Fala pausadamente))

Marta: /.../ é é é eu façu parte da da da diretoria lá (+) a rente tenta ajeitá lá (+) amenizar a situação de muitos (1.8) a leitura do pessoal aqui é poca (+) aí quando você vai jogá uma dificudade (+) um probrema” pra ser resovidu fica (1.8) PI::OR/ o probrema lá nu mei de todu fica pior/

((Fala nervosamente))

Marta: /.../ justamente o povo cria mai probrema ainda/ purque cada um quer dizé uma coisa e cada um quer o melhor e acaba chegando a nenhum acordu”/ vira um auê lá (+) uma confusão danada /.../

ANEXO B - DISCURSO “B”: GILSON

Gilson: /.../ agora eu to por aqui pruque num tivi pra ondi eu ir (+) mai depoi que minha mãe morreu pra mim isso aqui (1.8) acabô/

Gilson: eu eu eu num tem pra onde ir não” eu eu eu num vô saí de um cantu memo sufrido(+) quem nem nós veve aqui (+) para pra ir si socar em casa de fí de irmão (+) dá trabáio aos otos.

Gilson: /.../ pelo meno meu nome (+) minha fia eu sei iscrevê (+) eu sei lê um poquim (+) memo sem tê istudadu (+) mai quem foi plimeiramente um professor foi Deus (+) e segundu (+) eu pegava um jornal e assuletrava uma letra aqui ota acolá (1.8) pur isso (+) eu lê ainda um poquim/

Gilson: Num sendu uma carta difici (+) embaraçada eu lê ela toda (+) sendu uma carta boa (+) uma caligrafia boa (+) eu lê ela/

Gilson: /.../ eu chegu na capital João Pessoa (+) eu entru em toda rua, pra eu me perder num num num rua daquela não (2.5) pruque a rente lê uma praca a rente sabe aonde é que tá/

Gilson: (dúvidas) chegu num hospital (+) quem nem eu chegu em João Pessoa (+) resorvu tudo (+) num pregunto (+) é difici eu preguntar a uma pessoa (+) se tem pracas em frente ao hospital dizendo (+) a rente chega lá e e e resorve o que vai atrás nos hospital/

Gilson: /.../ e hoje (1.8) memo assim já ficano rei (+) paim acha graça (+) ((risos)) ele troxe um microfone pra eu (+) ele diz ti (( nome)) tem ainda vontade de aplender uma coisa/

Gilson: Meu fi eu vô (2.5) é pruque agora nu momento num posso/

Gilson: Mai vô ver se compru um tecrado pra mim e meu mininu (2.5) aí nem sei de nada ainda (+) e nem ele/ mai quando nós começá a aplender ele vai insinar a eu e eu a ele/

Gilson: /.../ memo assim sem aplender mai eu tenhu vontade/

Gilson: /.../ se eu morasse na cidade de Sousa eu ia enflentar uma dificulidade (+) mai eu ia pagar aula de tecradista pra eu aplender (+) pruque lá (+) tem os professor pra insinar/

Gilson: /.../ pra sanfonero (+) eu ia iscuier uma arte dessas lá e ia istudar seis mês lá (1.8) ainda dano aula cum eles lá (1.8) pra eles me dar uma aula (+) me insinano o tecrado (+) me insinano a sonfona /

Gilson: (2.5) é quem nem eu aufereçu a meu mininu aqui (+) mai esses povo novu/ Gilson: aí a rente que mora afastadu da cidade fica difici (+) as coisas (+) fica longe (2.5) pra rente (+) num num num sendu de dentu da cidade (+) se mora na cidade tudo é mai faci (+) a rente mora nessa distança tudo é difici (+) transporte (+) tudo é difici /.../

ANEXO C - DISCURSO “C”: NELSON

Nelson: num fui pra canto nenhum (+) daqui num saí/

Nelson: /.../ me criei aqui (+) e hoji to com 63 ano e só sai daqui (+) quandu for pra cova/ (( risos)). ((nome da pessoa)) chegó onte dizeno que eu tinha 66 ano (2.5) disse você se inganô viu/ compretei 63 ano na sumana santa (+) mãe me disse/mai é lá no oto ano a sumana santa você vai compretar /.../ dexe chegá a sumana santa que eu compreto seu DEUS quisé/

Nelson: /.../ apaz eu fui pra iscola (+) mai num deu certo (+) o finad ((nome da pessoa)) veí com ingnorance comigo (+) eu disse umas de coisas com ele logo (+) veí com a parmatoria pra dar na minha mãozinha (+) passei lá mão assim ((gesto)) que a parmatoria foi ficar lá em cima/

Nelson: bom que eu levei uma pise de pai/ levei uma pise danada por cause do véi/ Nelson: digo nem fui e nem vou mai (+) ocê né meu pai pra dar em neu e num fui não (+) pruque é que to burru hoje (+) pruque num fui não/ num sei nem assinar o nome/

Nelson: /.../ é o cabo da inxada (+) minha leitura (2.5) mininu quando eu vi o finad (( nome de pessoa)) pegá nus meu quato dedu assim ((gestos)) que foi levantano essa mão isquerda assim (( gestos)) eu dei-lhe um supapu na mão do véi a parmatoria foi fica lá na casa do finad ((nome de pessoa)) ta bebo apaz (+) você num me criô não pra dar na minha mão (+) botô uma ruma de mio pra eu sentar em cima (+) butar o jueio em cima/ digo nem fico e você não dar na minha mão/

Nelson:/.../ era prefessor ele (+) bom todo dexô um monte de gente sabido aqui/ Nelson: nunca mais fui pra iscola dele /.../ fui pra nenhuma mai/

Nelson: /.../ apaz eu prantei (+) o fejão tá que nem bredo/ meu bachio prantei sexta- feire (+) vamo rezar pa pa pa nascer (+) que se não é ota pranta que vou fazer (+) mai a de cá ta boa toda (+) chega ta preta(+) é lasto de fejão com tudo/

Nelson: /.../ eu quelo ver ele rozinha pra falar com o merdico pra tirar esse caloços do meu espinhaço aqui, nu dia que veio atrás dos voto de nós eu mostrei a ele (+) e falou com (( nome de pessoa)) oh leve seu ti que vou ajeitar com o dotor pra tirar/ (( nome da pessoa)) veí com a historia que tinha que pagar umas coisas pra tirar/

Nelson: /.../ Ele disse que tinha uma coisinha pra pagar /.../ e eu quelia tirar rozinha (+) ante de começar a limpar mato/ é três aqui no espinhaço, mai o que doi mermu é esse aqui (( mostra o local)) é três (+) três carocim e palece que é de massa/

Nelson: /.../ eu tem que tirar isso aqui (+) qui daqui é donde o caba força (+) trabaia/ e eu quelo tirar/.../ antes de limpar matu/ /.../ foi gostu meu precisano/.../

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