Nas eleições legislativas de 2009, José Sócrates representou o PS, confrontando Manuela Ferreira Leite, mandatária do PSD e os representantes do BE, CDS-PP e PCP que já defrontara em 2005. Apesar de todos os escândalos e conflitos noticiados, José Sócrates volta a ganhar as eleições com o 36,56% dos votos, não conferindo a maioria absoluta. O aumento da abstenção eleitoral foi notório nestas eleições para 40,32%.17
O segundo mandato de José Sócrates acabou por ser mais conturbado que o anterior. A cobertura jornalística mantinha-se negativa. Além dos casos anteriormente apresentados, o primeiro-ministro permaneceu associado a escândalos e à crise económica no país. Uma das primeiras notícias polémicas foi o caso de Luís Figo, ex- futebolista e um dos apoiantes na campanha de José Sócrates, que alegadamente tinha
13 Informação consultada no site do Público, no artigo «Licenciatura de José Sócrates gera
polémica na Wikipédia» – 04 de Abril de 2007.
14 Informação consultada no site do Público, no artigo «Sócrates aceitou demissão de Manuel
Pinho» – 02 de Julho de 2009.
15 Informação consultada no site do Público, no artigo «José Sócrates proíbe represálias sobre a
Manuel Alegre» – 24 de Janeiro de 2006.
16Informação consultada no site Negócios Online, no artigo «Jornais destacam clima de guerra
entre Cavaco Silva e José Sócrates» - 30 de Setembro de 2009.
recebido fundos financeiros para apoiar a campanha do primeiro-ministro18. A crise do país torna-se um retrato cada vez mais visível em Portugal e o primeiro-ministro apresenta o primeiro Plano de Estabilidade e Crescimento, mais conhecido por PEC19.
Enquanto se propunham medidas de austeridade através do PEC, outros escândalos foram publicados, como o caso da tentativa de compra da TVI por parte da
Portugal Telecom, que consistia no “alegado envolvimento do Governo” nesta
aquisição20. Para além disso, o canal televisivo TVI recorreu a um processo de
difamação, no qual o líder do Governo, José Sócrates, é acusado de difamação e injúrias
para com a jornalista da TVI, Manuela Moura Guedes, em Junho de 201021. Uma outra
acusação que surgiu no segundo mandato do primeiro-ministro, foi o processo “Face
Oculta”, no qual alegadamente o Governo de José Sócrates estaria envolvido22. Este
processo consiste em crimes de corrupção política, evasão fiscal e lavagem de dinheiro.
Em Março de 2010, é apresentado o novo líder do PSD, Pedro Passos Coelho que substituí a sua antecessora Manuel Ferreira Leite23. Mais tarde, os confrontos políticos surgem à ribalta, como o confronto entre o primeiro-ministro José Sócrates e Paulo Portas, representante do CDS-PP, que trocam “acusações mútuas de
desperdiçarem dinheiro público em anos de crise. José Sócrates lembrava que os submarinos comprados por Portas vão custar 900 milhões de euros este ano e Portas apontava o dedo ao chefe do Governo pelos custos do TGV”24. Além deste conflito, a
18 Informação consultada no site do Público, no artigo «Figo nega ter recebido dinheiro para
apoiar campanha de José Sócrates» – 18 de Fevereiro de 2010.
19 Informação consultada no site Negócios Online, no artigo «José Sócrates apresenta PEC a
Cavaco Silva» – 09 de Março de 2010.
20 Informação consultada no site do Público, no artigo «José Sócrates é o último a ser ouvido no
inquérito da TVI» – 19 de Março de 2010.
21 Informação consultada no site do Público, no artigo «Sócrates arguido em processo de
difamação» – 23 de Junho de 2010.
22
Informação consultada no site do Expresso, no artigo «Escutas entre Sócrates e Vara
debatidas no julgamento do Face Oculta» – 23 de Novembro de 2011.
23 Informação consultada no site Sapo/Agência Lusa, no artigo «PSD: José Sócrates felicita
Pedro Passos Coelho pela vitória e deseja-lhe “boa sorte” nas novas funções» – 27 de Março de 2010.
24Informação consultada no site Agência Financeira, no artigo «Portas vs Sócrates: submarinos
relação do primeiro-ministro com o Presidente da República, Cavaco Silva, também assemelhava-se instável, pela divisão de opiniões em relação ao Estado social em Portugal. O primeiro-ministro chegou mesmo a referir que o Presidente da República
“não é um analista político”25.
O fim do segundo mandato de José Sócrates está marcado pelo aumento
dos juros da dívida portuguesa26, pela crise económica, assim como pela renovação do
Programa de Estabilidade e Crescimento, que chegara à quarta alteração, conhecido por PEC IV, que o Parlamento acabou por chumbar, desencadeando não só uma crise económica, como uma crise política. A demissão do primeiro-ministro José Sócrates
segue-se como consequência do chumbo do PEC IV27, “destacando que a situação de
Portugal «ficou pior» depois da reprovação do PEC”28. A decisão do primeiro-ministro em se afastar do Governo, levou à realização das eleições legislativas antecipadas de 2011.
25Informação consultada no site do Público, no artigo «Cavaco Silva recusa comentar críticas
de Sócrates por não ser “analista político”» – 18 de Dezembro de 2010.
26
Informação consultada no site do Público, no artigo «José Sócrates: aumento dos juros dívida
resulta da especulação contra zona euro» – 2 de Novembro de 2010.
27 Informação consultada no site Agência Financeira, no artigo «Sócrates demite-se:”Crise
política vem no pior momento”» – 23 de Março de 2011.
28 Informação consultada no site do Público, no artigo «”Pergunto-me como foi possível fazerem
CAPÍTULO IV| ESTUDO DE CASO DAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS ANTECIPADAS DE 2011: ANÁLISE DE CONTEÚDO E PARAMETROS ABORDADOS
IV.1| ANÁLISE DE CONTEÚDO COMO MÉTODO DE ESTUDO DA