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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 O SERVIÇO DE TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO

HEMATOPOÉTICAS

Segundo Flick (2009) a observação sistemática deve iniciar com uma observação descritiva do local de estudo que forneça dados iniciais e gerais sobre o campo. Desta forma, a apresentação dos resultados irá iniciar com a descrição estrutural do campo de estudo e da dinâmica do trabalho de enfermagem como um todo. Esta descrição irá auxiliar na compreensão das atividades desempenhadas pelos enfermeiros.

O Serviço de Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas (STCTH) se localiza na área de imunossuprimidos da instituição, que inclui também os setores de oncologia e de hematologia. Esta é uma área em que a estrutura e o atendimento são diferenciados das demais do hospital, visto que trata-se de um atendimento prestado a pacientes que requerem cuidados rigorosos para a prevenção e controle de infecções.

O STCTH realiza transplantes do tipo alogênico aparentado e não-aparentado, com células provenientes de medula óssea, de sangue de cordão umbilical e placentário e de sangue periférico. Os transplantes autólogos são realizados em uma ala específica do serviço de hematologia, sendo os cuidados prestados por outra equipe de assistência. Doadores de medula óssea não-aparentados, que são aqueles cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), também ficam internados neste setor. Desta forma, a coleta de dados ocorreu especificamente no setor de TCTH, que é responsável pela realização de procedimentos de transplantes alogênicos.

Este serviço possui um documento de controle de dados internos referentes aos procedimentos de transplantes de células-tronco hematopoéticas realizados na instituição desde a inauguração do setor. A chefia do setor forneceu esse instrumento para a utilização desses dados na caracterização do campo de estudo. Os dados abaixo são provenientes desse documento (FUNDAÇÃO AMARAL CARVALHO, 2011b).

A instituição já realizou 1.545 procedimentos de transplante de células-tronco hematopoéticas, sendo 68% transplantes alogênicos e 32% autólogos (dados de agosto de 1996 a abril de 2011). No ano de 2010 foram realizados 211 transplantes, sendo 79

transplantes autólogos, 100 transplantes alogênicos aparentados e 32 não-aparentados. Neste ano de 2011, entre janeiro e abril já foram realizados 62 procedimentos de transplantes, sendo 19 autólogos, 31 alogênicos aparentados e 12 não-aparentados. O setor realiza transplantes alogênicos em pacientes com diagnóstico de leucemia mielóide aguda e crônica, leucemia linfóide aguda e crônica, anemia aplástica severa, mielodisplasias, linfomas, entre outros. Já o transplante autólogo é realizado em pacientes com diagnóstico de mieloma, linfoma Hodgkin e não-Hodgkin, neuroblastomas, sarcomas, câncer de mama, entre outros. O serviço atende pacientes provenientes de todas as regiões do país, sendo a maior parte proveniente do estado de São Paulo, seguido dos estados do Ceará, Santa Catarina e Amazonas.

Os reinternamentos ocorrem no setor de hematologia para pacientes adultos, e na unidade de pediatria para crianças em uma ala específica para pacientes imunodeprimidos, os quais permanecem em isolamento protetor.

O STCTH não atua isoladamente dentro da instituição. Para o bom funcionamento do serviço, o trabalho ocorre em conjunto com outros setores. Para uma maior compreensão dessa integração com os outros serviços da instituição, foi feita uma visita em cada um desses setores em companhia da chefia de enfermagem do STCTH. São eles a hematologia, que inclui a ala para TCTH autólogo, a oncologia, o ambulatório de TCTH, o ambulatório de quimioterapia, a unidade de pediatria, a farmácia de quimioterapia, o setor de radioterapia, e o setor de laboratórios, que inclui as unidades de aférese, a agência transfusional e o laboratório de tipagem para antígeno leucocitário humano (HLA).

A estrutura física da unidade é formada por uma parte externa, que inclui sala de reuniões, vestiário, banheiro para funcionários, armário de uniformes e lavatório. Antes de adentrar na parte interna da unidade, os funcionários fazem a paramentação com o uniforme fornecido pela instituição e a lavagem completa das mãos com sabonete líquido degermante.

A parte interna do setor possui o posto de enfermagem localizado de forma centralizada, que contém balcão, computadores, impressoras, telefones, pia, recipientes para descarte de resíduos comuns e infectantes, painel de campainhas e estantes para arquivamento de prontuários e outros documentos. O posto de enfermagem possui ainda uma capela de fluxo laminar para preparo de medicamentos pela equipe de enfermagem.

Outras instalações incluem copa para funcionários, expurgo, depósito de materiais de limpeza, armário de rouparias e metais e a sala de arsenal, a qual funciona para o armazenamento de medicações, materiais médico-hospitalares, equipamentos, geladeira de medicamentos e carro de emergência, e também como local de passagem de plantão entre a equipe de enfermagem.

Uma especificidade deste setor é que ele possui um plaquetário (equipamento agitador de plaquetas), sendo os enfermeiros responsáveis pelo controle e distribuição de plaquetas na instituição. Este permanece no setor por ser o maior consumidor de plaquetas da instituição. Os demais componentes do sangue ficam sob responsabilidade da agência transfusional.

Finalmente, o STCTH possui 12 enfermarias, que ficam localizadas em torno do posto de enfermagem. De um dos lados da unidade ficam as enfermarias que possuem sistema de filtragem de ar, onde se dá preferência para o internamento de pacientes que serão submetidos ao transplante alogênico não-aparentado, visto que esse tipo de transplante implica maior risco de infecção pela neutropenia prolongada relacionada a altas doses de quimioterapia, radioterapia e imunossupressores (CASTANHO et al., 2011). A grande maioria dos pacientes é atendida pelo Sistema Único de Saúde, mas eventualmente o serviço atende pacientes que possuem convênio de saúde privado. Entretanto, não existem leitos reservados para o atendimento desta segunda categoria de pacientes.

Em cada uma das enfermarias fica internado somente um paciente e o seu acompanhante. Cada enfermaria possui um leito para o paciente e um sofá-cama para descanso do acompanhante. O local também possui uma poltrona, armário para pertences pessoais, mesas para alimentação e para armazenamento de produtos médico- hospitalares, suporte de medicações, pia, recipientes para descarte de resíduos comuns e infectantes e para descarte de rouparias, e banheiro próprio.

Neste serviço, a equipe de enfermagem é formada por vinte enfermeiros assistenciais, sendo seis do turno da manhã, seis do turno da tarde e oito do turno da noite, um enfermeiro gerencial que atua no período diurno e dezessete técnicos de enfermagem, sendo cinco do turno da manhã, quatro do turno da tarde e oito do turno da noite. Para este estudo, foram incluídos 12 sujeitos enfermeiros deste serviço.

A equipe de enfermagem possui ainda apoio de três funcionários escriturários, os quais auxiliam a equipe em atividades de secretariado, como pedido de materiais e

exames pelo sistema informatizado, impressão de documentos e recepção da unidade. Destes funcionários, dois atuam no período diurno e um no noturno.

Os técnicos de enfermagem, além de assumirem a assistência direta aos pacientes, também possuem outras funções, como auxiliar os enfermeiros em algumas atividades e também realizar atividades externas ao setor, como encaminhar pacientes para exames, encaminhar exames de sangue para o laboratório, buscar hemocomponentes na agência transfusional e buscar materiais e medicamentos para a unidade. Desta forma, os técnicos de enfermagem possuem uma escala semanal para essa função externa, ou seja, cada semana um funcionário fica responsável por essas atividades.

Entre os profissionais enfermeiros, um deles é responsável pela chefia da equipe de enfermagem e pelo gerenciamento da unidade, não assumindo, desta forma, o cuidado direto aos pacientes. Já os enfermeiros assistenciais assumem o cuidado direto e integral a todos os pacientes internados, além de assumirem atividades de controle do plaquetário, cuja escala para essa atividade é semanal. Um terceiro cargo do enfermeiro neste serviço é o de enfermeiro da visita. Neste cargo, o enfermeiro se distancia do cuidado direto e assume atividades mais burocráticas de supervisão e coordenação. Os enfermeiros da visita são os mesmos que atuam na assistência, entretanto são semanalmente escalados para atuar nesta outra atividade.

Além de atuar no ambiente de TCTH, o enfermeiro assistencial também realiza atividades no centro cirúrgico da instituição, onde atua no procedimento de coleta de sangue de medula óssea. Esta é uma atividade exclusiva do enfermeiro neste serviço e requer treinamento específico para sua execução.

A equipe de enfermagem deste serviço utiliza a sistematização da assistência de enfermagem na prestação dos cuidados. A instituição possui um sistema informatizado próprio que proporciona instrumentos para os enfermeiros realizarem histórico de enfermagem, levantamento de problemas, diagnósticos, prescrições e evolução de enfermagem.

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