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2.2 O setor de confecção brasileiro

2.2.3 O setor de confecção em Minas Gerais

O setor de confecção no estado de Minas Gerais não se diferencia do restante do país, ou seja, é constituído principalmente por pequenas empresas. As empresas que atuam no setor estão espalhadas por todo o estado, porém alguns pólos destacam-se neste cenário, sendo que esses se desenvolveram a partir da existência de pólos de fiação, têxteis e malharias existentes no estado.

Segundo o IEL, CNA, SEBRAE (2000, p.344):

O macropólo de Minas Gerais abrange todos os segmentos, desde a produção da matéria-prima (no norte do Estado) até a confecção. É conformado por um polígono que se inicia em Montes Claros e Pirapora, atinge Caetanópolis, passa por Belo Horizonte, Distrito Industrial de Contagem, até a Zona da Mata, passa por Sete Lagoas e vai até o Sul de Minas. De acordo com as informações obtidas, há uma concentração de empresas dos setores têxtil e confecção, na região central de Minas, onde estão 53% das indústrias do setor. Na Zona Central está a região da Grande Belo Horizonte, Contagem e o Município de Divinópolis. O segundo grande pólo de desenvolvimento está na Zona da Mata, que congrega cerca de 17% das indústrias do Estado, em que se destaca uma concentração de empresas no Município de Juiz de Fora. Por último, o pólo local do sul de Minas concentra 16% das indústria, com uma concentração em Varginha. Além desses grandes pólos locais, há de se destacar cidades de porte médio, onde existem pólos locais de importância, como as cidades de Itaúna, Cataguases, Montes Claros, a própria cidade de Varginha e Três Corações, que são também importantes como micropólos dentro desse grande polígono que conforma o macropólo mineiro das indústria de fiação, tecelagem e confecção.

No período de julho a agosto de 1998, o SEBRAE-MG (1999, p.ii) realizou um estudo em 724 empresas do setor de confecções localizadas em dezessete municípios espalhados em várias regiões do estado. Sendo, o objetivo o de diagnosticar as características e dificuldades do setor de confecção no estado.

O estudo partiu da classificação das empresas quanto ao porte, e para tal foi utilizou-se a tabela elaborada pelo próprio SEBRAE que classifica as empresas indústrias de acordo com o número de funcionários e o setor em que as mesmas atuam (ver Tabela 1.1, p.18).

A seguir são apresentadas algumas conclusões do estudo. Deve-se destacar que em algumas das conclusões os percentuais são superiores a 100%, isto se dá devido à possibilidade de respostas múltiplas para as questões analisadas.

• As microempresas (até 19 funcionários) representam 80,2% do total das empresas pesquisadas. Deste percentual 49,4% possuem até cinco funcionários; 16,9% de seis até dez funcionários e 13,9% de onze até dezenove funcionários. O que segundo a pesquisa é coerente com o cenário existente no estado.

• Há uma predominância no setor de empresa com mais de 10 anos de mercado (31,7%) seguido de empresa entre 5,1 a 10 anos de existência (30,3%).

• Apesar da diversificação dos produtos fabricados, existe uma concentração na produção de roupa esporte ou social (50,9%), de roupa infantil (24,6%), de “jeans” (18,7%), “sportwear”ou moda esportiva (14,3%) e de roupa profissional (13,1%). • As empresas têm preferência da matéria-prima nacional (64,9%), seja a fibra de

origem vegetal, animal ou sintética. Nas fibras vegetais o destaque é para a utilização do algodão (82,9%), seguido pelo linho (19,5%) e rami (14,9%). Nas fibras de origem animal o destaque é para a seda (16,1%), seguido pela lã (8,5%). Nas fibras sintéticas o destaque é para o poliester (59,%), a poliamida (51,6%) e a viscose (37,3%).

• As empresas escoam sua produção para lojas de pronta-entrega (34,2%), por encomenda (22,2%) ou a combinação de pronta-entrega e por encomenda (44,3%). O destino da produção é de 45,24% para o mercado local, 15,56% para o mercado regional e 17,38% para o mercado estadual.

• O volume médio de produção mensal gira em torno de quatro mil peças. Considerando somente as microempresas a produção é de aproximadamente de três mil peças mensais.

• A maioria das empresas (acima de 80%) independente de seu porte realizam internamente todas as atividades, desde o desenvolvimento de moldes e modelos, até o acabamento dos produtos. As atividades normalmente terceirizadas são a costura e o acabamento, para as empresas com até dezenove funcionários os

percentuais são de 16,4% e 9,0%, enquanto para as com mais de dezenove funcionários os percentuais são 26,8% e 10,4% respectivamente.

• Destaca-se também a freqüência de lançamentos de novos produtos, 16% das empresas o fazem quatro vez por ano e 38,6% mais de quatro vezes por ano. Tal fato se dá principalmente para atender a clientes de pronta-entrega, que são em sua maioria formados por lojistas e sacoleiras que não tem programação definida e simplesmente repõem seus estoques. A estratégia de competitividade está voltada para a diferenciação dos produtos e não na busca de ganhos em escala.

• Adoção de baixa tecnologia, ou até mesmo o desconhecimento da tecnologia disponível no mercado. Grande parte das empresas ainda adotam a tesoura de corte, ignorando a tecnologia básica existente há muito no mercado, que é a máquina de corte.

• Em relação à necessidade de treinamento destaca-se o treinamento em marketing (área de vendas); controle de produção e técnicas de produtividade (áreas gerencial e técnica).

De acordo com o IEL, CNA e SEBRAE (2000, p.345), a industria de confecção no estado “é caracterizada por uma baixa utilização de equipamentos informatizados, em torno de 20% das empresas e uma estrutura de comercialização e mercado com canais bastantes frágeis de venda, à exceção de algumas que detêm sistemas de franquias e produção voltadas principalmente para o mercado interno”.

Apesar do estado ser considerado como o segundo pólo lançador de moda do país, ainda segundo o IEL, CNA e SEBRAE (2000, p.345), predomina nas confecções do estado “a categoria de modinha, ou seja, o aproveitamento das coleções lançadas pela alta moda” , principalmente entre as micro e pequenas empresas.

2.3 Necessidade de um Sistema de Custos para Micro e Pequenas Empresas do Setor de

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