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Para Mezzadri (2003), tanto no Brasil, como no Rio Grande do sul, o mercado de animais, para reposição, apresenta baixos índices, dificultando a atividade de recria. A demanda por bezerros também está prejudicada, devido ao avanço da agricultura, principalmente do aumento significativo das lavouras de soja, no lugar das áreas de pastagens, além de fatores como frio, geadas e longa estiagem. O crescente abate de fêmeas, ocorrido no primeiro trimestre deste ano, quase 50% a mais em relação aos outros anos, levará à redução na oferta de bezerros, Mezzadri afirma, que o mercado de animais para reposição deve melhorar nos próximos anos, com a tendência de os produtores manterem suas matrizes, equilibrando, assim, o comércio de animais para reposição.

O diretor do frigorífico Vanhove explica que a empresa atua na atividade de cria, recria e engorda de animais, como alternativa para não depender, exclusivamente, da compra de animais para o abate, demonstrando que essa alternativa possibilita flexibilidade para compra de animais tanto para recria como para engorda, em épocas em que o preço está em baixa, buscando uma auto- sustentação para repor a matéria prima ao frigorífico. Afirma que o comércio de animais, para reposição e para o abate, baseia-se, principalmente, nos preços médios fixados em leilões realizados, periodicamente, no município de São Gabriel e nas cidades vizinhas como Rosário do Sul, Alegrete, Vila Nova e Lavras do Sul.

Para o diretor, a oferta de animais é o principal fator que contribui para diminuir o preço de animais para reposição. Outro fator é o incentivo da plantação de soja, o que leva muitos produtores a disponibilizarem áreas para a plantação de soja em suas propriedades. A área de soja plantada no município de São Gabriel, passou dos 35 mil hectares, no ano de 2002, para 55 mil hectares em 2003 mantendo-se até os dias atuais, e esse aumento também é observado nos municípios vizinhos.

4.5 O setor pecuário e as indústrias frigoríficas

A indústria frigorífica, como todas as empresas do setor pecuário, são pressionadas a reformularem suas estratégias devido à política econômica praticada no país, principalmente por estarem vinculadas entre si e possuírem a

característica de utilizarem a mesma matéria prima, carne bovina. A atividade pecuária, no Brasil, apresenta, há muitos anos, índices de produção defasados e abaixo dos padrões internacionais, afirma (Buvinich 1989, apud NETO, 1997). Segundo este autor, fatores como baixo nível nutricional, em períodos secos do ano, manejo inadequado dos rebanhos e a elevada incidência de doenças, que retardam o desenvolvimento dos animais, elevando as taxas de mortalidade e afetando, assim, os índices de produção, fatores como baixo nível nutricional, são levados em consideração e, muitas vezes, rejeitados pelas indústrias frigoríficas.

Neto (1997) explica que as empresas pecuárias, especializadas em cria, preocupam-se em aspectos reprodutivos, trabalhando para produção e venda de terneiros, tornando necessário uma atenção voltada ao manejo sanitário, nutricional e reprodutivo dos animais, principalmente das vacas, consideradas como matrizes da produção.

O setor frigorífico está enfrentando um novo ambiente diferente do tradicional. Os fatores que definem o novo ambiente competitivo são: estabilidade de preços, concorrência com outras carnes, concorrência externa, concentração dos canais de comercialização e novos hábitos de consumo. As novas condições de concorrência têm produzido resultados muito negativos para diversos agentes da cadeia. O empobrecimento dos pecuaristas tradicionais e o fechamento, ou elevada capacidade ociosa da indústria frigorífica, são indicadores das dificuldades de competição do setor. A relação de fragilidades da cadeia de carne bovina é extensa, começando pela mentalidade conservadora de vários participantes e terminando na inadequação das estruturas empresariais. Caracterizando-se, assim, uma relação de incerteza comercial entre os pecuaristas e os frigoríficos. Na cadeia bovina não há, como na avicultura, contratos de longo prazo, vinculando produtores e indústrias.

Considera-se um fator importante, para a pecuária brasileira, e o setor frigorífico, à implantação de programas e equipamentos de informática, no campo igualando, assim, o Brasil, à tecnologia de países do primeiro mundo, (para Harsh 1985, apud NETO, 1997) o uso da informática, em empresas agropecuárias, iniciou pela aplicação do computador no suporte à contabilidade, facilitando o uso da tecnologia de informação em empresas agropecuárias.

Neto (1997) explica que o setor frigorífico, por sua vez, está enfrentando uma cobrança maior dos consumidores, na qualidade dos produtos e serviços

oferecidos, além de enfrentar conseqüências negativas pela abertura gradual de mercado, especialmente pela criação do MERCOSUL, que permite, aos consumidores, adquirirem carne diretamente do Uruguai e Argentina. O setor frigorífico, assim como o setor pecuário, recorre à tecnologia de informação, através do uso da informática, como ferramenta de apoio à decisões, possibilitando planejar novas estratégias para confrontar-se com este novo ambiente.

Quando da aquisição de animais para o abate, as indústrias frigoríficas encontram insuficiência nos seguintes aspectos:

- Sanidade dos animais; - Nutrição;

- Condição genética;

- Qualidade, quantidade da matéria prima;

Esses fatores, para Neto (1997), estão relacionados à gestão e manejo dos rebanhos, demonstrando a importância de uma melhoria na gestão das empresas pecuárias, no sentido de buscarem alternativas de aprimorarem a qualidade e reduzirem a idade de abate dos animais. Para o autor acima, existem estratégias em relação ao uso da terra que são utilizadas nas empresas agropecuárias, como alternativa para o sistema de produção:

- Sistema extensivo: consiste da engorda dos animais a pasto nativo, esta estratégia é baseada na lotação de animais em uma área determinada de campo e no tipo de pastagem utilizada em períodos específicos.

- Semiconfinamento: também consiste na lotação de animais em uma área determinada de campo, além do fornecimento de concentrados alimentares diários em cochos, até atingirem o peso exigido pelos frigoríficos.

- Confinamento: é uma estratégia de produção baseada, exclusivamente, no controle dos aspectos nutricionais, onde o alimento é todo plantado sendo descartado o uso do campo nativo e as pastagens.

4.6 Análise cronológica do setor da carne bovina do Brasil no período de