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2.2 SOBRE AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO

2.2.2 O Sistema ACAFE

No Estado de Santa Catarina, pode-se dizer que a década de sessenta foi a era do planejamento governamental, onde surgiu a Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC durante o governo de Celso Ramos, concentrando o ensino superior na capital. No governo de Ivo Silveira, houve um grande empenho na reforma da educação, realizando-se inúmeras alterações em todos os níveis de ensino; no ensino superior, a média era de um aluno para cada grupo de cem na faixa escolar. Dessa forma, Santa Catarina estava em situação inferior ao cenário nacional.

Nos anos setenta, no governo de Colombo Machado Salles, investiu-se na integração do Estado, de maneira que se fortalecia o ensino no interior bem como as fundações que respondiam pelo ensino superior nestas localidades. Dessa forma, a educação ganha impulso no planejamento governamental no plano nacional.

Em 02 de maio de 1974, dá-se a criação da ACAFE – Associação Catarinense das Fundações Educacionais, congregando 18 fundações municipais que se uniram em torno da criação de um órgão com as atribuições de planejar, articular e coordenar as ações integradas dessas fundações. E o primeiro grande impulso foi a canalização de recursos do FAS – Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social, que culminou com a implantação da infra-estrutura dos ‘campi’ das fundações nas microrregiões.

Em 1999, o sistema ACAFE contava com 79 mil alunos, que representavam 80% dos estudantes universitário de Santa Catarina, distribuídos em mais de 180 cursos de graduação e 230 programas de pós-graduação em todas as áreas de conhecimento. Essas instituições vêm alargando a sua área de influência, abrigando um número cada vez maior de municípios.

Ao longo dos anos as fundações universitárias vêm respondendo com eficiência e notoriedade às exigências do crescimento social, bem como às particularidades do desenvolvimento econômico das microrregiões. Estão apoiadas por uma intensa mobilização de esforços de recursos locais e contam com o decidido apoio de lideranças políticas e administrativas do Estado e mantém o traço de espírito público balizado pela manutenção de seu regime não-lucrativo, com

domínio patrimonial coletivo e impessoal e com o comando de colegiados representativos dos diversos segmentos locais.

No ano de 2004, com 15 instituições, os números relacionados ao Sistema ACAFE são gratificantes. A expansão do número de novos ‘campi’, de cursos fora da sede e de programas de extensão e promoção sócio-cultural se espalham por quase todo território catarinense e já alcançam 69 cidades, onde empregam 9.803 professores, 5.757 funcionários, e conta com mais de 173 mil alunos nos 744 cursos de graduação e/ou 414 cursos de pós-graduação.

Figura 1: Mapa do Sistema Acafe

Fonte: Sistema ACAFE de Dados Estatísticos, base 2007

A presença desse sistema vem cobrindo a oferta de ensino superior em todo o território catarinense e atualmente, com 71 cidades atendidas constitui uma comunidade superior a 210 mil pessoas, entre alunos, funcionários e professores, mobilizando em torno dela um enorme contingente de pessoas direta ou indiretamente envolvidos na utilização ou prestação de serviços.

A atuação na área de pós-graduação é muito recente no Sistema ACAFE e é através da evolução das matrículas nos cursos de pós-graduação que se pode verificar como a questão da qualidade tem evoluído de modo diverso nos diferentes segmentos do ensino superior de Santa Catarina.

Os programas de pós-graduação ‘lato sensu’ começaram a ser oferecidos na década de 80, sendo que os ‘stricto sensu’, que envolve os mestrados e doutorados, somente na década de 90 iniciam sua implantação nas fundações educacionais catarinenses. Em 1998, o sistema ACAFE contava com 871 alunos de mestrado e 226 de doutorado, sendo que esses números tornavam modesta a participação no cenário da educação de pós-graduação.

É importante considerar que esse retardamento no ingresso do sistema na oferta de programas de pós-graduação seja ‘lato sensu’ ou ‘stricto sensu’, é resultado da convergência de fatores determinantes que são originários do segmento de ensino genuinamente catarinense, onde se pode citar uma predominância do ensino noturno e uma sustentação econômico-financeira baseada na cobrança de mensalidade dos alunos nas instituições que criadas por leis municipais.

Também a incapacidade econômico-financeira para investimento em infra- estrutura física e para dispêndio em programas de longo prazo para a capacitação de pessoal docente, onde estes tem a predominância em regime horista ou de tempo parcial e em sua grande parte sem qualificação formal para envolvimento em atividades de pesquisa. A incapacidade financeira é a causa também do número reduzido de instalações e equipamentos laboratoriais especializados, bem como para a expansão e diversificação dos acervos bibliográficos.

No entanto, a aceleração do processo de transformação em universidades das instituições criadas por lei municipal vem mudando de forma progressiva essa situação, de um lado se tem a força dos novos requisitos legais interpostos para análise e aprovação dos processos de transformação das instituições em universidades, de outro, a partir dos critérios de avaliação da qualidade de ensino adotados mais recentemente pelo Ministério da Educação.

Acredita-se que o Sistema ACAFE, hoje predominantemente universitário, deverá seguir evoluindo com a oferta de cursos diurnos, inclusive como condição para o alargamento do regime de trabalho dos professores, bem como com a qualificação dos quadros docentes por via da titulação ou de contratações a partir de

critérios mais exigentes em relação à titulação básica dos candidatos para ingresso nas carreiras, assim tendo maior tempo dedicado as atividades de pesquisa e de consultoria especializada.

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