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Estágio 3 Comunidade de especialistas profissionais

3. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

3.1 O Sistema Financeiro Nacional

3.1.1 Breve histórico do SFN

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) tem suas características notadamente marcadas por fatores internacionais e nacionais. Dos fatores internacionais, o SFN sofre o impacto do processo de globalização das relações em nível de produção e comércio, e também da velocidade da integração mundial por meio das redes de comunicação que interligam os centros financeiros.

A partir da segunda metade dos anos 90 do século XX, seguindo a tendência de liberação dos fluxos internacionais de capitais, os preços dos ativos financeiros passaram a ser determinados por interações instantâneas entre agentes privados, transacionando volumes de recursos superiores às reservas existentes nos Bancos Centrais, retirando, em boa medida, dos governos nacionais o poder de determinar sua política econômica e expondo os países emergentes a ataques especulativos (Miranda, 2001).

No âmbito nacional, os sucessivos planos econômicos em busca de estabilidade monetária, a reestruturação da economia brasileira iniciada no princípio dos anos de 1990 e a necessidade do país participar mais ativamente do comércio mundial repercutem na dinâmica de funcionamento do SFN.

O Brasil possui o maior e mais complexo sistema financeiro na América Latina, com 164 bancos, que se distribuem por aproximadamente 18 mil agências e cerca de 15 mil postos de atendimento adicionais, mas cujo desenvolvimento foi impulsionado pelo longo período inflacionário com o qual a economia brasileira conviveu ao longo das últimas décadas (bcb.gov.br – O Banco Central e as novas

técnicas de saneamento do Sistema Financeiro Nacional após a estabilização monetária).

3.1.2 O Ambiente de Desenvolvimento do SFN

O formato pelo qual o sistema financeiro apresenta-se em determinado momento decorre de uma gama de fatores diversos que envolvem aspectos regulamentares e estruturais como a natureza dos mercados e relacionamentos entre instituições e demais agentes econômicos (Relatório BACEN – Sistema Financeiro Nacional – 1989 a 2000).

Entre fevereiro de 1986 e janeiro de 1991, o Brasil realizou diversas tentativas de controle da inflação: Plano Cruzado (28/02/86); Plano Cruzado II (15/11/86); Plano Bresser (12/06/87); Plano Verão (15/01/89); Plano Collor (13/03/1990) e Plano Collor II (31/01/91). A cada novo plano o agravamento da conjuntura inflacionaria era interrompida e apresentava queda temporária, sempre intercalada por períodos de nova aceleração rumo a índices mais elevados.

Em meio a essa conjuntura transcorreu o processo de reordenamento financeiro governamental que se estendeu até 1988, quando as funções de autoridade monetária foram transferidas progressivamente do Banco do Brasil para o Banco Central, enquanto as atividades atípicas exercidas por esse último, como as relacionadas ao fomento e à administração da dívida pública federal, foram transferidas para o Tesouro Nacional.

Ainda no ano de 1988, dois fatos marcantes modificaram a configuração do SFN desenhada a partir de 1964. O primeiro foi a Resolução 1.524, de 21.09.1988 que criou a possibilidade de as instituições oferecerem todos os tipos de serviços financeiros, os chamados bancos múltiplos (bcb.gov.br). O segundo foi a promulgação da nova Constituição Brasileira que através do artigo 192 eliminou as barreiras de entrada no setor financeiro ao suprimir a necessidade da compra de pontos de instituições já autorizadas a funcionar.

O artigo 192 da Constituição estabelece que o sistema financeiro nacional seja estruturado de forma a “prover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir

aos interesses da coletividade, (...).”. A matéria, remetida à legislação ordinária e ainda não regulamentada, prevê a elaboração de Lei Complementar do Sistema Financeiro Nacional, que deverá substituir a Lei 4.595/64 e redefinir as atribuições e estrutura do Banco Central do Brasil.

Após a nova legislação de 1988, o sistema bancário novamente expandiu alcançando o número de 246 bancos ao final de 1994. O quadro inflacionário, presente na economia brasileira, desde os anos de 1960, mostrou-se favorável ao desenvolvimento do sistema bancário, cuja capacidade de adaptação e o aproveitamento de oportunidades regulatórias permitiram ao setor absorver parte considerável do imposto inflacionário.

3.1.3 Custos de Informação e Fricção nos Bancos

Troster (2003) sugere que, como os bancos operam num ambiente de assimetria de informações, o poder de mercado dessas instituições advém da extração de rendas informacionais decorrentes do grau de conhecimento de seus clientes que ficam presos a determinado banco pela dificuldade de transferir para um concorrente sua reputação, comportamento financeiro e histórico cadastral.

A prática de fornecer empréstimos proporciona às instituições financeiras, informações sobre projetos e intenções de investimentos que pela prática repetida gera um conhecimento, tanto sobre tomadores de recursos quanto seus projetos para o futuro (Lee, 2001).

Nessa mesma corrente está inserido o pensamento de que o argumento essencial é que os agentes financeiros reduzem as ineficiências, ao adquirir, antecipadamente, informações privilegiadas sobre projetos de indivíduos. Essa vantagem informacional, além de reduzir os riscos de empréstimos a empreendimentos de menor solidez, potencializa a criação de novos produtos.

Para Levine (1997), os agentes financeiros, no exercício de suas atividades, estimulam a acumulação de capital e a inovação tecnológica. O funcionamento dessas instituições, ao reduzir os custos de informações e de transações corrente, neutralizam os efeitos das imperfeições ou fricções de mercado.

Dick (2003) aponta que Banco, hoje, é um sistema de tecnologia de informações, dominado por poucos e grandes bancos que obtêm economias de escala com a conquista de clientes e o corte de estruturas em termos de agências e pessoal.

A estrutura do sistema é de um oligopólio diferenciado que compete menos em preço e mais em conveniência, cuja proposição de valor representa um diferencial competitivo favorável aos grandes em relação aos pequenos bancos especializados e vantagens absolutas nos custos das empresas já existentes sobre as entrantes que carecem de rede abrangente para atuar além de nichos específicos.

Como o sistema financeiro está cada vez mais sujeito a evoluções externas à sua indústria, como informática, telecomunicações, robótica, nanotecnologia, aspectos sociais, políticos e do próprio crescimento econômico, na medida em que estas mudanças se processam, influenciam a demanda por serviços e alteram a estrutura do Sistema Financeiro Nacional (Levine, 1997).

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