• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II – O contexto legislativo e sua repercussão na organização e

2.1. O Sistema educativo de Angola

2.1.2. O Subsistema de Formação de Professores: organização e

O Artigo 26º da Lei 13/01 de 31 de Dezembro de 2001 institui o referencial organizador do subsistema de formação de professores e postula que o subsistema de formação de professores reserva-se à formação de docentes para a educação pré-escolar e para o ensino geral, nomeadamente a educação regular, a educação de adultos e a educação especial.

Este subsistema realiza-se após a 9ª classe com duração de quatro anos nas escolas normais e após este em escolas e institutos superiores de ciências de educação. Pode-se organizar formas intermédias de formação de professores após a 9ª e a 12ª classe, com a duração de um a dois anos, de acordo com a especialidade.

Relativamente aos objectivos o Artigo 27º determina que são objectivos do subsistema de formação de professores: formar professores com o perfil necessário à materialização integral dos objectivos gerais da educação; formar professores com sólidos conhecimentos cientifico-técnicos e uma profunda consciência patriótica de modo a que assumam com responsabilidade a tarefa de educar as novas gerações; desenvolver acções de permanente actualização e aperfeiçoamento dos agentes de educação.

Quanto à sua organização, o Artigo 28º estipula que o subsistema de formação de professores estrutura-se em:

 Formação média normal, realizada em escolas normais;

 Ensino superior pedagógico realizado nos institutos e escolas superiores de ciências de educação.

Por um lado a formação média normal a que se refere o nosso estudo destina-se à formação de professores de nível médio que possuam à entrada a 9ª

34

classe do ensino geral ou equivalente capacitando-os a exercer actividades na educação pré – escolar e a ministrar aulas no ensino primário, nomeadamente na educação regular, na educação de adultos e na educação especial; por outro lado o ensino superior pedagógico destina-se à formação de professores de nível superior, habilitados para exercerem as suas funções, fundamentalmente no ensino secundário e eventualmente na educação pré-escolar e na educação especial. Este ensino destina-se também à agregação pedagógica para os professores dos diferentes subsistemas e níveis de ensino, provenientes de instituições não vocacionadas para a docência.

Como se pode até aqui constatar em nenhum momento a LBSE de 2001 estabeleceu concretamente as normas gerais da Formação de docentes e Agentes de Educação, na estrutura da formação média e normal que se destina a formação inicial de professores habilitados para o exercício da formação docente no I ciclo. O Ministério da Educação, ciente das dificuldades que enfrentaria no processo da implementação da reforma educativa, em 2007, desenhou um Plano Mestre de Formação de Professor (PMFP) através do seu Instituto Nacional de Formação de Quadro (INFQ), em concertação com uma consultoria técnica e metodológica do Bureau d´Ingénierie en Education et Formation (BIEF) e com apoio financeiro da UNICEF.

Este Plano Mestre tem como alvo „operacionalizar, nas condições concretas de Angola, os seis objectivos fixados pelo Fórum Mundial da Educação, no Âmbito do Quadro de Acção de Dakar‟11

. Neste âmbito o Plano Mestre de Formação de Professor se revelou ambíguo e, sobretudo, à margem da consagração da reforma educativa, cenário que só se alterou em Maio de 2011 com a publicação do Estatuto do Subsistema de Formação de Professores12. No presente estatuto se estabelece que a formação de Professores é feita sob a responsabilidade dos Magistérios Primários e das Escolas de Formação de Professores por via da formação inicial, formação contínua e formação à distância. E entende-se como «Escolas de Formação de Professores», as

11

Werthein, J. (Coord.) (2001). Educação para todos: o compromisso de Dakar. Brasilia: Unesco Consed.

12

35

Escolas Secundárias do II Ciclo, vocacionadas essencialmente para a formação exercício da função docente em, pelo menos, duas disciplinas do I Ciclo do Ensino Secundário que se concretizam nos níveis do saber, do saber-fazer e do saber ser na esteira do movimento designado por Competencies Based Teacher

Education (CBTE)13

O Subsistema de Formação de Professores rege-se pelos seguintes princípios: a) Princípio da formação global: a formação realiza-se tendo em atenção a dimensão científica e pedagógica e envolve componentes de ordem teórica e prática, que promovem a aprendizagem de diferentes funções congruentes com o exercício da função docente; b) Princípio da flexibilidade: a formação é flexível, articulada e permite a mobilidade de professores e agentes de educação, pelas diversas áreas de docência, sempre que para tal tenham adquirido o perfil exigido; c) Princípio da prática: a formação de professores e agentes de educação - considera as práticas pedagógicas afins ao nível de ensino perspectivado para o exercício da função docente; d) Princípio do

envolvimento construtivo com a comunidade: a formação promove, favorece e

estimula as práticas de intervenção junto das comunidades com vista ao seu desenvolvimento; e) Princípio da participação democrática: a formação aceita a participação de representantes da comunidade nos seus órgãos de gestão.

Conforme a alínea d) do ponto 1 do artigo 15.° da estrutura curricular dos cursos de Formação Inicial de Professores estipula-se que este curso deve obedecer a uma estrutura curricular que inclui, entre outras, uma componente de prática pedagógica orientada pela instituição formadora, com a colaboração do estabelecimento de ensino em que a prática é realizada e cujas áreas de conhecimento incidem sobre: a) as áreas disciplinares, que constituem matéria curricular nos vários níveis de educação b) as Ciências da Educação; c) a Prática

13

O CBTE, Houston (1988) define cinco grandes tipos de competências para o professor: cognitivas, activas e proactivas (de desempenho), sociais, afectivas e exploratórias ou investigativas. Defende que um programa de formação de professores deverá ser caracterizado por; (i) instrução individualizada e personalizada; (ii) aprendizagem conduzida por feedback; (iii) apresentação de um todo sistemático; (iv) ênfase nos requisitos de saída e não de entrada e (v) modularização da instrução.

O movimento PBTE (Performance Based Teacher Education), postula que aos saberes deveriam juntar-se saberes-fazer e saberes-ser.

36

e a investigação pedagógica e didáctica nos diferentes domínios da docência; d) a Formação pessoal, deontológica e sociocultural; e) as Tecnologias de Informação e Comunicação aplicadas à Educação e ao Ensino em conformidade com o artigo 18º do mesmo decreto-lei.

No final desta formação, está previsto a profissionalização que consiste na agregação do valor pedagógico à formação científica e se faz através da conclusão dos cursos de formação contínua de nível médio. Na formação de professores do 1º ciclo do ensino secundário, “a prática pedagógica constitui uma área autónoma para onde concorrem e onde se integram, diversos saberes e aprendizagens adquiridos ao longo da formação. Como tal, e no sentido de construir de raiz e de forma sólida - uma profissão, a prática pedagógica actualmente se organiza ao longo do curso de uma forma gradativa, proporcionando ao formando, desde o início da sua formação, o envolvimento e implicação progressiva em situações pedagógicas reais”14

nas quais nos debruçaremos a seguir.

2.2. A supervisão das práticas pedagógicas no âmbito da formação de