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4 RESULTADOS

4.2 Análises: a interface com a prosódia semântica

4.2.3 O terceiro argumento

Ao fazer uma busc e 7 de poucas, totalizando 29 oc de muito poucos nem de muit português brasileiro para very few a suposição de que a combinação nativos do português brasileiro em Partindo para o corpu realizada, isto é, foram encont totalizando 5.937 ocorrências de

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CORPUS DO PORTUGUÊS, 2014.

o seu uso geral na língua. A medida de info ibuir para informar acerca do comportamento de

lizar uma busca de very few no COCA, sem pré foi obtido:

ado s à esq uerda de few no COCA

ry few nesse quadro é de 4.61, enquanto que no

– não o terceiro – entre os colocados, o valor ico a atração entre o intensificador very e o qua gado à manifestação do fenômeno da prosódia

, o acadêmico.

usca no Co-RAP, foram encontradas 22 ocorrên ocorrências de poucos(as). Entretanto, não ho

uito poucas, que seriam as expressões corr

few na língua inglesa. Tal resultado de busca po

ção muito poucos(as) talvez não seja vastame em registro acadêmico.

rpus de referência Corpus do Português34, a m ntradas 3.983 ocorrências de poucos e 1.9 de poucos(as). Para a colocação muito pou

formação mútua de colocações em pré-definir a seção no quadro 6, além lor MI é 6.22. Isso uantificador few é dia semântica, em rências de poucos houve ocorrências orrespondentes no pode apontar para mente usada pelos

mesma busca foi 1.954 de poucas, poucos, foram 56

ocorrências, e para muito p muito pouco(a) foram exc como complementos, logo n sim no plural.

De acordo com muito poucos(as) no Cor ocorrências de poucos(as) pouco frequente do padrão para esse resultado é a d concordância nominal leva como ‘muito poucos estud estejam gramaticalmente co Ainda em consu esquerda de poucos e de po

Quadro 15 – 12 primeiro s co

Fonte:CORPUS DO PORTUGU Quadro 16 – 12 primeiro s co

Fonte: CORPUS DO PORTUGU

o poucas foram 60, somando 116 no total. Vale excluídas porque o quantificador few exige s o não cabe fazer uma comparação com a coloc

om o cálculo da porcentagem, tem-se que as orpus do Português correspondem a apenas – 5.937 – nesse corpus. A baixa porcentagem ão em questão. Uma hipótese que pode contem

de que como o português brasileiro é um va em conta o número, podem parecer contra- tudos’ e ‘muito poucas pessoas’, por exemplo

corretas.

nsulta ao Corpus do Português, foi feita uma b poucas, e os seguintes quadros, 15 e 16, foram

colocado s à esq uerda de pouco s no Corp us do P

UÊS, 2014.

colocado s à esq uerda de pouca s no Corp us do P

UÊS, 2014.

ale dizer que buscas com substantivos contáveis locação no singular, mas

as 116 ocorrências de nas 1,9% do total das em obtida atesta um uso templar uma explicação uma língua na qual a -intuitivas construções plo, embora as mesmas

a busca dos colocados à m gerados:

o Português

Enquanto no quadro 15 é possível perceber que o item lexical muito nem consta na lista dos 12 primeiros colocados à esquerda de poucos, o quadro 16 apresenta esse item na quarta posição. Contudo, nesse mesmo quadro 16, verifica-se que o valor MI para muito poucas (4.01) é menor se comparado ao valor MI de very few (6.22) no quadro 6, o que reduz o grau de atração entre as duas palavras dessa colocação no português brasileiro.

Presume-se, portanto, que a interlíngua dos aprendizes quanto ao uso do quantificador few no que concerne a interação com a prosódia semântica negativa – gerada na língua inglesa pelo padrão very few – pode ser afetada pela influência do uso, ou pouco uso, de muito poucos(as) na língua materna. Desse modo, além de a captação do fenômeno da prosódia semântica na língua-alvo não se dar de forma tão natural ou transparente pelos aprendizes, o uso que os falantes brasileiros fazem de muito poucos(as) parece não estar pragmaticamente ou numericamente (em termos de frequência) emparelhado com o uso que os falantes nativos do inglês fazem do padrão correspondente em sua língua. Isso, portanto, contribui para fomentar a postura de ‘evitação’ que os brasileiros adotam frente ao uso dessa colocação.

Tendo em vista que no português brasileiro existe a forma adjetiva pouquíssimos(as), cujo sentido se assemelha a muito poucos(as), tomou-se a decisão de averiguar qual seria a manifestação da prosódia semântica em seu uso. Para tanto, seguem os dois quadros 17 e 18 que mostram ocorrências aleatórias de pouquíssimos e de pouquíssimas, retiradas do Corpus do Português.

Quadro 17 – Ocorrências aleatórias de pouquíssimos no Corp us de Português

Fonte: CORPUS DE PORTUGUES, 2014

Fonte: CORPUS DE PORTUGUES, 2014.

Por meio da observação de tais exemplos, é possível depreender a emergência de uma prosódia negativa imbuída no uso desses vocábulos. No quadro 17, alguns exemplos de itens lexicais que contribuem para essa prosódia são ‘mal’, linha 8, ‘desistiram’, linha 9, e ‘lamenta’, linha 12. Para o quadro 18, podem ser destacadas palavras como ‘ordinário’, linha 11, ‘dispendiosos’, linha 13, e ‘castigava’, linha 15.

No total para o Corpus do Português, são 32 ocorrências de pouquíssimos e 17 de pouquíssimas. Já no Co-RAP, não houve ocorrências para pouquíssimos, e apenas uma de pouquíssimas, como mostra o quadro 19, a seguir:

Quadro 19 – Imagem gerada pelo pro grama AntCo nc da única o corrência de pouquíssi ma s no Co -RAP

Fonte: Gerado pelo programa AntConc 3.2.1.

É possível estimar, embora ainda seja necessária a realização de muitas outras pesquisas para melhor validar tal estimativa, que as variantes muito poucos(as) e pouquíssimos(as) parecem competir, no português brasileiro, para expressar a prosódia semântica negativa.

Após a apresentação e explanação de cada argumento, portanto, é possível defender a hipótese de que o padrão very few se encontra em subuso na produção escrita dos aprendizes participantes do Br-ICLE muito provavelmente pela dificuldade de transpor o fenômeno da prosódia semântica entre as línguas e também pelo fato de o padrão equivalente na língua materna – muito poucos(as) – não ser amplamente usado pelos falantes nativos do português. A língua materna, então, parece influenciar as decisões quanto a escolhas de palavras e expressões feitas pelos aprendizes, e a maneira de atenuar tal influência é fornecendo instruções mais pontuais para os aprendizes, através das quais eles possam visualizar exemplos reais de uso que os nativos fazem de uma determinada estrutura, e serem estimulados a colocarem os ensinamentos em prática em suas produções.

Além de se referendar a língua materna para a melhor compreensão dos fenômenos de interlíngua, Römer (2011) também reforça que estudos com corpora de

aprendizes são de extrema relevância para a confecção de materiais didáticos e para o provimento de instruções pedagógicas mais conscientes das “necessidades específicas de cada população de aprendizes” (MEUNIER, 2002 apud RÖMER, 2011, p. 209). Mais ainda,

corpora de aprendizes ajudam a testar a intuição de professores quanto ao nível de dificuldade

que os alunos têm na absorção de determinados fenômenos e padrões linguísticos da língua- alvo (GRANGER, 2002).