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O Texto Literário no Programa de Espanhol

No documento Relatório de Estágio (páginas 41-45)

Neste capítulo, pretendemos criar laços afetivos entre os estudantes de língua espanhola e literatura espanhola contribuindo, assim, por um lado, para o desenvolvimento da competência social e cultural dos mesmos e, por outro para, ajudar a construir e ampliar a

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sua competência literária. É mais do que sabido que, através da literatura, os alunos aprendem a ler, a imaginar e, consequentemente, começam a criar.

A literatura é uma maneira de ver a realidade, ela ajuda ao desenvolvimento do pensamento e à criação de leitores críticos, sendo assim indiscutível o importante valor pedagógico dos textos literários. É importante que o estudante de espanhol esteja em contacto com a língua real e isso é possível através do contacto comunicativo com os nativos ou, então, através da leitura de textos literários, como frisa o autor: Ernesto Martín Peris “Texto, por tanto, para promover la comunicación, más que para estudiar y observar las formas linguísticas” (cf. Peris, 2000:103).

Os professores que ensinam a língua espanhola têm o dever de lutar para que a componente literária não fique esquecida nas suas aulas. Atualmente, numa aula de língua estrangeira valoriza-se mais a aquisição de conteúdos do que propriamente a competência intelectual e esta forma de projeção para o ensino deve ser alterada, pois a literatura passou para segundo plano nas aulas de espanhol.

O Ministério da Educação estabelece como dimensões essenciais para a educação o desenvolvimento de aptidões, aquisição de conhecimentos e apropriação de atitudes e valores. Face ao pressuposto, o programa de espanhol contempla “[…] a construção de aprendizagens significativas tanto no domínio dos conhecimentos como das atitudes, valores e competências” (Programa de Espanhol, 1997: 5).

Figura 5: Capa do Programa de Espanhol

No que diz respeito à componente linguística, o programa diz que a língua é um meio de comunicação que serve para transmitir e receber informação diversificada, “[…] ao aprender uma língua, não se adquire única e exclusivamente um sistema de signos mas, simultaneamente, os significados culturais que os signos comportam, i. e., o modo de interpretar a realidade” (Programa de Espanhol, 1997: 5).

Na verdade, reconhece-se, no programa, que “[…] o aluno que inicia a aprendizagem de uma língua estrangeira tem, pois, diante de si um poderoso meio de desenvolvimento pessoal, de integração social, de aquisição cultural e de comunicação” (Programa de Espanhol, 1997: 5).

Ora, aprender uma língua, não implica somente saber comunicar (embora seja uma das metodologias mais importantes), mas implica também conhecer a sociedade, a cultura e as tradições desse país. Portanto, tal facto só vem reforçar que a literatura deve ocupar um lugar de destaque no campo da aprendizagem de uma língua, pois, com a leitura e estudo de textos literários, conhecemos a realidade de um país. Por outro lado, ao contactarmos com

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outras línguas, permite-nos reforçar o nosso conhecimento da própria língua materna e mais o contacto com outras culturas, quer através da língua quer através de uma abordagem intercultural, permitindo o respeito por outras formas de pensar e de atuar, dando lugar à construção de uma visão mais ampla e rica da realidade.

Todavia, o programa de Espanhol favorece a metodologia comunicativa, o aluno é o centro da aprendizagem, sendo que esta metodologia é composta por cinco competências que se complementam entre elas: a linguística, a discursiva, a estratégica sociocultural e a sociolinguística. A aquisição da língua estrangeira caracteriza-se por uma construção criativa em que o aluno põe em prática tudo aquilo que adquire. Importa o que se aprende, mas também como se aprende.

O aluno é o centro desta aprendizagem e é mediante as suas necessidades que o docente deve trabalhar, deste modo, o programa “[…] não se apresenta apenas como um conjunto de conteúdos a aprender, mas antes pretende ser instrumento regulador de prática educativa contendo flexibilidade e abertura que permitam corresponder às necessidades e interesses dos alunos e às condições em que decorre a prática pedagógica” (Programa de Espanhol, 1997: 6).

O programa apresenta, então, as seguintes finalidades:

 Proporcionar o contacto com outras línguas e culturas, assegurando o domínio de aquisições e usos linguísticos básicos;

 Favorecer o desenvolvimento da consciência de identidade linguística e cultural, através do confronto com a língua estrangeira e a (s) cultura (s) por ela veiculada (s);  Promover a educação para a comunicação enquanto fenómeno de interação social,

como forma de incrementar o respeito pelo (s) outro (s), o sentido da entreajuda e da cooperação, da solidariedade e da cidadania;

 Promover o desenvolvimento equilibrado de capacidades cognitivas e sócio afetivas, estético-culturais e psicomotoras;

 Promover a estruturação da personalidade do aluno pelo continuado estímulo ao desenvolvimento da autoconfiança, do espírito de iniciativa, do sentido crítico, da criatividade, do sentido de responsabilidade, da autonomia;

 Fomentar uma dinâmica intelectual que não se confine à escola nem ao tempo presente, facultando processos de aprender a aprender e criando condições que despertem o gosto por uma atualização permanente de conhecimentos (Programa de Espanhol,1997:7).

Como objetivos gerais, pretende-se que, ao longo do 3º ciclo, a disciplina de Espanhol proporcione aos alunos condições que lhes permitam adquirir as competências básicas de

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comunicação na língua espanhola e estas passam por compreender textos orais e escritos, de carácter diversificado e por construir enunciados orais e escritos. Pretende-se também que os alunos valorizem a língua espanhola em relação às demais línguas e saibam apreciar as vantagens que proporcionam o seu conhecimento. No entanto, os alunos devem conhecer a grande variedade linguística de Espanha e valorizar a sua riqueza idiomática e cultural.

Passando à proposta de conteúdos para a língua espanhola, o programa preocupou-se em apresentar conteúdos de cariz diversificado, que devem aparecer ao longo das diferentes unidades didáticas, com atividades variadas e em distintos momentos. Estes conteúdos distribuem-se pelos domínios da compreensão oral, da expressão oral, da compreensão escrita, da expressão escrita, da reflexão sobre a língua e a sua aprendizagem, e dos aspetos socioculturais. No que diz respeito ao texto literário, pois é dele que este capítulo fala, ao analisar o programa, verifica-se que o mesmo não especifica concretamente o que deve ser apresentado e trabalhado.

O programa diz que, no domínio da compreensão escrita, deve dar-se importância à compreensão de textos relacionados com as atividades desenvolvidas na sala de aula; à compreensão global de textos escritos, tais como artigos de revistas, textos humorísticos ou literários, entre outros; à compreensão, pormenorizada, das informações mais relevantes dos textos anteriormente referidos; à utilização de variadas estratégias de leitura; à identificação de diferentes tipos de textos; à identificação da ideia principal de um texto; à diferenciação da ideia principal em relação às secundárias; à dedução de hipóteses sobre os diferentes significados do texto; à identificação de convenções linguísticas e sociais nos textos escritos; à identificação e distinção de características dos textos descritivos e narrativos; à identificação e contraste entre a ortografia das palavras da língua materna, da língua estrangeira I e do espanhol; à dedução, tendo em conta o contexto, do significado de vocabulário desconhecido; à identificação de palavras semelhantes, comparando com a língua materna, com a língua estrangeira I e com o espanhol e à utilização seletiva do dicionário.

Já no que diz respeito às atitudes, neste domínio, os alunos deverão interessar-se pela leitura autónoma de textos escritos na língua espanhola e desenvolver a capacidade de compreender globalmente os textos, sem necessidade de compreender cada um dos elementos do mesmo.

No domínio da expressão escrita, o programa define procedimentos orientados para a escrita de textos narrativos, descritivos e expositivos de pequenas dimensões; para a produção de textos escritos simples, que apresentem uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão; para a organização, coerente e coesa, das ideias expressas; e para a escrita de textos de dificuldade progressiva, gramaticalmente corretos.

Apesar de este programa não destacar mais a literatura, é fundamental vincar que todos os procedimentos descritos, bem como as atitudes, podem ser adquiridos e trabalhados através da leitura de textos literários e através do conhecimento da vida e obra dos escritores.

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Seria extremamente positivo que, aquando da revisão curricular e reformulação do programa, o Ministério da Educação desse um pouco mais de atenção a este campo, pois ler é uma porta aberta para o contacto com a língua estrangeira que se aprende e, por outro lado, estimula não só a produção escrita como também a produção oral/comunicativa; ler proporciona uma imagem da realidade, da sociedade e da cultura de um país em diferentes épocas.

2.3. Análise Crítica aos Manuais Escolares de Espanhol no

No documento Relatório de Estágio (páginas 41-45)

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