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O trabalho de campo: critérios da amostragem

1. INTRODUÇÃO

1.2 METODOLOGIA

1.2.2 Obtenção de dados

1.2.2.2 O trabalho de campo: critérios da amostragem

O trabalho de campo compreendeu duas etapas de pesquisa. A partir do trabalho realizado pela incubadora, se definiram as comunidades a serem estudadas na primeira fase: Guaraqueçaba e Barra do Superagui, ambas no entorno da economicamente desenvolvendo atividades tradicionais de forma sustentável?

3.3 São dadas, ou existem, bases de sustentação para que as pessoas dessas comunidades consigam melhorar seu bem estar de forma sustentável? Exemplifique.

3.4 Quais os conflitos socioambientais contemporâneos gerados entre comunidades e gestores das Unidades de Conservação a partir de sua criação? Como resolvê-los?

3.5 O turismo pode colaborar na diversificação econômica (alternativa de subsistência) e colaborar para a adaptação das comunidades frente às mudanças ambientais e climáticas que vem ocorrendo na região?

3.6 Modos de vida próprias dos moradores do Superagui podem ser atrativos turísticos, levando visitantes para estas comunidades?

4.3 Em quais comunidades o turismo pode ser considerado mais adequado? O que deve ser observado ao desenvolver a atividade na região?

4.4 Sendo um atrativo os modos de vida das comunidades, que atuam no sentido inverso da lógica de mercado, podem colaborar para que o turismo seja uma atividade de baixo carbono?

4.5 O turismo pode diversificar a renda dos moradores e ao mesmo tempo colaborar na manutenção da atividade pesqueira?

unidade de conservação e que desenvolvem a atividade turística. Procurou-se compor uma amostra diversificada da área de estudo mesclando critérios ligados à problemática, objetivos e questões de pesquisa, com critérios relacionados à viabilidade de execução, considerando tempo, acessibilidade, equipe disponível, características gerais das vilas e sua aproximação e aceitação dos pesquisadores.

Em razão de se adequar o esforço amostral ao tempo e à capacidade de trabalho, não foi possível entrevistar moradores de cada comunidade. Contribuiu para isso também a própria realidade local, onde muitos pesquisadores têm feito pesquisas e os comunitários já não estão dispostos a colaborar.

A primeira etapa denominada exploratória foi feita em janeiro e fevereiro de 2014, objetivando uma leitura do “olhar” do morador local sobre a frequência e intensidade dos impactos de diversas ameaças ambientais e climáticas sobre seus modos de vida, bens e meio ambiente. Foram realizadas 20 entrevistas. Utilizando técnicas amostrais na aplicação de questionário, abordou-se o morador local com idade compreendida dos 18 aos 80 anos, permitindo uma baliza temporal mais ampla. Aplicou-se um questionário com perguntas abertas e fechadas para posterior confronto e validação das afirmações.

Durante essas primeiras visitas foram realizadas as entrevistas, para testar os questionários e promover eventuais modificações. Após análise dos dados obtidos nesta primeira fase, alguns aspectos dos questionários foram aperfeiçoados como a redação das perguntas e a sequência delas na entrevista.

Portanto, a segunda etapa da pesquisa sofreu adequações e novos questionamentos foram incorporados, entre elas aspectos relacionados ao turismo.

Observou-se agora a questão da proximidade e exposição à elevação do nível do mar e práticas econômicas ligadas à pesca e ao turismo.

Assim, nos meses de outubro e novembro de 2014 foram realizadas novas visitas para aplicação do questionário a 48 moradores do município de Guaraqueçaba (área urbana), e das vilas de Barra do Superagui, Bertioga, Barbados, Praia Deserta e Barra do Ararapira (Gráfico 01).

Na definição das vilas a serem estudadas, procurou-se compor uma amostra diversificada da área de estudo, mesclando critérios ligados à problemática, objetivos e questões de pesquisa. Critérios relacionados à viabilidade de execução, considerando o tempo e características gerais das vilas foram observadas.

Considerando o objetivo de avaliar o impacto da unidade de conservação (UC) sobre os elementos que compõem a vulnerabilidade das populações que

habitam a área de estudo, buscaram-se vilas em diferentes posições em relação ao Parque Nacional do Superagüi. Assim a localização das vilas: três dentro do parque (Barbados, Barra do Ararapira e Praia Deserta), duas no entorno (Bertioga e Barra do Superagui) e o núcleo urbano de Guaraqueçaba foram critérios fundamentalmente considerados.

Outro critério considerado foi a ocorrência da atividade turística na área de estudo (Guaraqueçaba, Barbados, Barra do Superagui e Praia Deserta), podendo fornecer um gradiente maior de informações sobre como se desenvolve e qual a importância do setor para a região.

Gráfico 01 - Comunidades onde residem os entrevistados.

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

As entrevistas foram conduzidas, em geral, na casa dos moradores, junto à praia, em seus lugares de trabalho ou onde era possível encontra-los. A entrevista era precedida por um tempo variável de conversa, onde era incluída a explicação sobre os objetivos da pesquisa e sobre como e onde os dados seriam usados.

Garantia-se o anonimato. A partir dessa explicação, obtinha-se um consentimento informal por parte do entrevistado para a realização da entrevista e a utilização dos dados.

O universo abrangido pela pesquisa contempla distintas faixas etárias objetivando recobrir várias gerações e possibilitar conhecimento intergeracional dos aspectos ambientais do local. Entre os entrevistados, a maioria 94% nasceu na região do parque. A demarcação precisa da idade dos pescadores não foi objeto de preocupação, adotando-se como marcador a faixa etária aproximada dos 18-80 anos, para observar a memória que demonstram indícios de mudanças ambientais e climática.

44%

23%

11%

8%

8% 6%

Guaraqueçaba Barra do Superagui Bertioga

Barbados Praia Deserta Barra do Arararpira

Quanto ao gênero, 67% são do sexo masculino e 46% destes, encontra na pesca sua principal atividade econômica, sendo complementada, muitas vezes, com outras atividades como o turismo (transporte de barco dos turistas de Paranaguá até Guaraqueçaba) e/ou produção de artesanato (feito principalmente pelas mulheres).

Estas representam 33% das entrevistas.

Vale destacar que o auxílio governamental como aposentadorias, pensões e bolsa-família em alguns casos completa, em outros possibilita, o total sustento de muitas famílias de pescadores, principalmente durante a época do defeso11.

Foram entrevistados indivíduos de diferentes áreas profissionais (Gráfico 02), para ampliar a compreensão das situações socioambientais ocorridas no território.

Gráfico 02 – Profissões exercidas entre os entrevistados

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

Entrevistar indivíduos de diferentes profissões ocorre em face de a pesquisa buscar identificar no turismo uma estratégia de adaptação econômica frente às mudanças ambientais e climáticas que possam afetar o território. Portanto, buscou-se compor uma análibuscou-se a partir de profissionais ligados à atividade turística de forma direta ou indireta, onde 12% dos entrevistados eram guias de turismo, turismólogos, guarda parque ou artesãos. Essa escolha possibilitou conhecer a relação morador/profissional com o visitante, tendo em vista que a região do Superagui recebe um contingente cada vez maior de turistas.

Quanto à escolaridade (Gráfico 03) os entrevistados em sua maioria 46%

possuem o ensino médio completo, 23% o ensino superior, 19% o fundamental incompleto e 12% o fundamental completo.

11 No período entre outubro a fevereiro, diversas espécies continentais entram no período de defeso. O defeso é uma medida que visa proteger os organismos aquáticos durante as fases mais críticas de seus ciclos de vida, como a época de sua reprodução ou ainda de seu maior crescimento. Dessa forma, o período de defeso favorece a sustentabilidade do uso dos estoques pesqueiros e evita a pesca quando os peixes estão mais vulneráveis à captura, por estarem reunidos em cardumes (MMA, 2007).

46%

23%

15%

12% 4%

Pescadores Outras

Professores e Funcionários Públicos Turismólogos, Artesãos, Guia Turístico e Guarda Parque Donas de Casa

Gráfico 03 – A escolaridade entre os pesquisados

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

Embora os entrevistados possuíssem em sua maioria o ensino médio ou superior, parte deles não detinham informações consideradas suficientes a cerca do tema proposto na pesquisa. Esse fato, como em qualquer trabalho de campo, demandou explicações e exemplificações sobre o tema da pesquisa e do que se tratava cada uma das questões apresentadas. Assim, foi possível trocar informações, esclarecer fatos e rememorar o conhecimento registrado ao longo da vida, o que para muitos continua guardado na memória. De toda forma o aporte recebido pelos moradores colaborou para analisar seu olhar acerca das mudanças ambientais e climáticas e de como o turismo pode ser uma estratégia de diversificação econômica gerando trabalho e renda no local.