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3. Guilherme de Vasconcelos Abreu (1842-1907)

3.2. O professor do Curso Superior de Letras

3.3.3. O tratamento documental

A biblioteca de Guilherme de Vasconcelos Abreu terá passado por diversas fases de tratamento na Biblioteca da Faculdade de Letras. A maioria das espécies terá sido integrada na colecção da Biblioteca, sobretudo nas secções LV (Literatura Vária) e LVC (Literatura Vária Crítica), havendo no entanto exemplares dispersos em quase todas as secções, com particular incidência (até esta data) nas secções G (Geografia) e R (Religião). Contudo, uma parte nunca terá sido registada, catalogada ou sequer integrada, tendo sido encontrada encaixotada, antes de ter dado início a esta dissertação, como foi dito atrás, certamente por ter ficado a aguardar o tratamento documental necessário. Provavelmente, o facto de a cadeira a que esta parte poderia interessar se ter extinguido muito terá contribuído para esse adiamento no tratamento, ao deixar de ser considerado prioritário; também terá contribuído para o adiamento o desconhecimento dos bibliotecários e mesmo dos investigadores acerca das matérias leccionadas ou mesmo da sua existência ou de quem teria sido o seu anterior possuidor e a sua importância para a história da Faculdade de Letras.

Conforme foi já referido, a biblioteca de Vasconcelos Abreu integra na sua quase totalidade a secção de reservados da Faculdade de Letras, pois compreende na sua maioria publicações do século XIX, sendo residual o número de livros que lhe pertenceram e que foram publicados no século XX. Conforme escrevemos antes, encontra-se em fase de identificação (a existência de assinatura ou da pequena página colada como certeza da proveniência é fundamental), separação (devido à inexistência de uma listagem é necessário passar a pente fino todas as secções da Biblioteca da Faculdade de Letras, o que a torna uma tarefa morosa e sem previsão de quando terminará) e integração no catálogo. Do acervo bibliográfico em análise cerca de metade contém marginália, a qual vai desde observações sobre o texto ou sobre o autor do texto nas guardas ou páginas iniciais ou junto ao corpo do texto, a observações sobre a aquisição desses mesmos livros (custo, local e, por vezes, data), quase sempre nas guardas e na pequena folha colada que identifica a sua biblioteca. Devido à secção que integra, o seu tratamento documental será o do livro antigo, ou seja, a sua descrição será feita de forma mais pormenorizada do que a do livro corrente, sendo anotados pormenores do livro habitualmente não referidos, como sejam a encadernação e mesmo o estado de conservação. Seguir-se-ão aqui as regras constantes na ISBD(A) para a descrição de livros antigos. A existência de marcas de

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posse e de notas marginais será obrigatoriamente referida nos campos correspondentes do catálogo informático (UNIMARC, campos 316 e 317), ajudando sem sombra de dúvida as primeiras a reconstituir a parte da sua biblioteca que seja claramente identificada. No caso das notas, pode equacionar-se o uso da tabela constante neste trabalho como base para a sua descrição e referenciação, com as opções tomadas e referidas no capítulo seguinte desta dissertação. Qualquer utilizador que consulte o catálogo colectivo da Universidade de Lisboa, o SIBUL, poderá assim encontrar desde logo não só os livros que Vasconcelos Abreu editou/escreveu, mas também os que lhe pertenceram e fizeram parte da sua biblioteca pessoal. O acesso a esta biblioteca, por a mesma integrar os reservados, será sempre restrito e sujeito às normas de consulta características desta secção.

Optou-se, nesta fase, por referenciar apenas os títulos que constituem o corpus estudado nesta dissertação (quarenta títulos) e desde logo a sua catalogação levantou diversos problemas. Parte deste corpus é constituída por traduções de textos em sânscrito, sem indicação precisa da sua autoria original, quando é possível determiná- la, o que traz dificuldades na identificação dos autores, sobretudo a quem não possui os conhecimentos mínimos necessários sobre as matérias estudadas por Vasconcelos Abreu. A colaboração dos investigadores nesta matéria será crucial para a correcta identificação e consequente referenciação, para além da consulta de catálogos de outras bibliotecas nacionais e, sobretudo, estrangeiras, as quais nem sempre fornecem as informações correctas e necessárias para este trabalho, havendo enormes discrepâncias nos níveis de tratamento destes livros, provavelmente por serem edições do século XIX. Se para muitos o mais importante é o editor literário ou o tradutor por os mesmos serem figuras cimeiras da época na investigação e divulgação destas matérias, para um catalogador a correcta identificação dos autores das obras, sobretudo se se trata de textos antigos (neste caso textos hindus escritos na Antiguidade, sem que se consiga ter certezas de quando terão sido exactamente escritos) é de vital importância para ajudar o seu futuro utilizador a identificar correctamente o texto e a sua origem. Os temas abordados, apesar de terem pontos comuns, não são fáceis de identificar rigorosamente para quem não domina de todo a temática – vão desde a religião e direito hindus, aos textos sânscritos/védicos e ao estudo da língua sânscrita, passando pela história e pelos usos, costumes e tradições, quase sempre à luz dos preceitos hindus, nas suas diversas escolas e correntes de

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estudo e aplicação. Isto já para não falar dos textos em sânscrito que são impossíveis de transliterar neste momento, quanto mais não seja por não haver quem o possa fazer na Biblioteca da Faculdade de Letras, por desconhecimento da língua. Por outro lado, a aplicação prática da tabela poderá não ser fácil, conforme já foi referido em capítulos anteriores, havendo eventualmente que optar por descrever apenas alguns dos aspectos que nela constam, de forma a dar aos investigadores algumas pistas desde já. O capítulo seguinte abordará essa descrição em cada um dos livros que constituem o

corpus utilizado nesta dissertação, independentemente de a sua descrição no catálogo informático da Biblioteca da Faculdade de Letras poder vir a ser feita posteriormente, caso a tabela aqui proposta seja adoptada.

Numa fase posterior, coincidindo com o tratamento documental do livro antigo do século XIX existente na Biblioteca da Faculdade de Letras, proceder-se-á à identificação, separação, catalogação e referenciação dos restantes livros que não fazem parte do corpus, já que nessa altura estará terminado o inventário dos depósitos e devidamente identificados, separados da colecção moderna e colocados no depósito de reservados, todos os livros antigos. Apenas nessa altura será possível identificar então todos os livros que terão pertencido a Vasconcelos Abreu e que ainda integrarão a colecção da Faculdade de Letras, permitindo-nos eventualmente reconstituir na totalidade ou quase na totalidade a parte que foi adquirida pelo Curso Superior de Letras, dado que não dispomos de quaisquer listas ou catálogos próprios que nos possam fornecer as informações necessárias para o fazermos neste momento com toda a certeza e segurança.

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4. Marginália na Biblioteca de Guilherme de Vasconcelos Abreu

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