• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 3. REVISÃO DA LITERATURA

3.3. O Uso de Tecnologia para Soluções em Logística

A logística de carga tem sido pauta de vários estudos que visam a criação de modelos mais eficientes para melhoria do tráfego (ANAND et al., 2012; MUÑUZURI et al., 2012).

Entre as dificuldades encontradas nas áreas urbanas, para o desenvolvimento e aplicação desses novos modelos e planos para gestão da carga, estão o conflito entre os stakeholders associados ao transporte de produtos (embarcadores, transportadoras, comerciantes, gerenciadores de tráfego e a população) e a falta de infraestrutura urbana para receber os veículos que realizam o transporte (HOLGUÍN- VERAS et al., 2012).

Com foco em todas essas questões, Taniguchi et al. (2001) apresentaram o conceito de City Logistics como sendo “um processo de otimização total das atividades de logística e de transporte, por empresas privadas, nas áreas urbanas, que leve em consideração as questões relacionadas ao ambiente, congestionamento e consumo de energia”. Nesse processo o setor privado e as empresas transportadoras têm como

objetivo principal a redução de custos enquanto o setor público tenta aliviar o congestionamento do tráfego e resolver as questões ambientais.

Algumas medidas e iniciativas foram destinadas a melhorar o desempenho de distribuição de mercadorias e reduzir os efeitos negativos ambientais e socioeconômicos da distribuição de áreas urbanas. Entre essas medidas estão as restrições referentes ao tamanho dos veículos, janelas de tempo para entrega e área de circulação dos veículos.

No entanto, os resultados mostraram o surgimento de alguns “efeitos colaterais” na implementação dessas ações. Por exemplo, a restrição do tamanho dos veículos gera um aumento no número de veículos de menor porte circulantes, o que também dificulta a atividade. Para Macharis e Melo (2011), esses “efeitos colaterais” ocorrem principalmente pelo fato de que nem todas as partes interessadas foram consultadas em um pré-avaliação das ações e/ou devido a dificuldades em cooperação entre os diferentes stakeholders.

Segundo Lima Jr. (2013), existem duas possibilidades para inovações em logística urbana: soluções baseadas no uso de tecnologia, e soluções através de governança. As soluções baseadas em tecnologias são as mais exploradas atualmente, no Brasil e no exterior, e tratam de alternativas que incluem tanto as vias como as operações logísticas.

Para Taniguchi et al. (2001) a utilização de Sistemas de Informação Avançados (uso de tecnologia) está entre as soluções apresentadas para a logística urbana. Muitos outros autores também destacam o uso de tecnologia como solução para os problemas de logística como Bahnes et al. (2016), Morana (2014), Mancini et al. (2014), Muñuzuri e Cortes (2012) e Giannopoulos (2004).

O uso de tecnologias na área de transporte é usualmente chamado de Sistemas Inteligentes de Transportes (SIT). O termo SIT é descrito como “...um termo genérico para a aplicação integrada de tecnologias de comunicação, controle e processamento de informações para o sistema de transporte...e que cobre todos os modos de

transporte e considera todos os elementos do sistema de transporte: o veículo, a infraestrutura, o motorista ou usuário, que interagem juntos dinamicamente. A função geral do SIT é melhorar a tomada de decisões, muitas vezes em tempo real” (ITS, 2004).

Segundo Hoel et al. (2011), os “Sistemas Inteligentes de Transportes – SIT referem- se à aplicação de tecnologias de informação, tais como programas de computador, equipamentos, tecnologias de comunicação, dispositivos de navegação e eletrônica para melhorar a eficiência e a segurança dos sistemas de transportes”.

O uso de SIT está entre as cinco políticas bem-sucedidas identificadas por Dablanc (2011) que considera também que, conforme as tecnologias evoluem e se tornam financeiramente acessíveis, elas podem ser mais amplamente utilizadas para a melhoria da logística de carga em áreas urbanas.

Existem muitas tecnologias que dão suporte aos SIT como: equipamentos de bordo, sistemas de posicionamento global (GPS) e painéis de mensagem variáveis que podem ser ligados a sistemas de gestão de tráfego e/ou sistemas de gerenciamento de transporte de mercadorias. A demanda por tais sistemas tem crescido nos últimos anos, sendo utilizados para melhorar a rota e o planejamento de viagem, bem como os serviços prestados aos clientes (por exemplo, tempo estimado de chegada do produto). Muitos desses sistemas foram iniciados e operados por autoridades urbanas, como parte dos sistemas de gestão de tráfego utilizados para melhorar a situação do tráfego dentro da área urbana (por exemplo, por regulamentos de trânsito ou de controle de acesso) (WORLD ROAD ASSOCIATION, 2000).

Nos sistemas de gerenciamento de transporte de mercadorias, operados pelo setor privado, os SIT são aplicados principalmente para otimizar a logística e processos de distribuição, contribuindo assim para a otimização de custos da cadeia de fornecimento.

Segundo Allen et al. (2007) conforme o uso (por gestores públicos ou privados) os SIT se dividem em sistemas de gestão da mercadoria e sistemas de gestão do tráfego.

 Ordenação das entregas / Roteirização de veículos;

 Sistemas de navegação e controle de tráfego: Usado para fornecer orientações específicas a partir de informações obtidas em tempo real sobre a localização do veículo, os incidentes de trânsito e as mudanças nos requisitos dos clientes.

O uso de SIT e da Tecnologia de Informação (TI) podem ajudar as empresas a reduzir seus custos operacionais, melhorar a confiabilidade e reduzir o tempo de viagem, e dar maior agilidade para resolver incidentes inesperados. Embora a utilização de tais sistemas esteja relativamente limitada às empresas de logística, sua utilização tem sido crescente.

2) Sistemas de gestão do tráfego. Exemplos:

 Coordenação dos sistemas de semáforos para controle do tráfego em áreas específicas;

 Painéis de mensagem variável para transmitir informações aos motoristas em tempo real;

 Sensores de presença nas vagas de estacionamento.

As linhas de pesquisa e os campos de atuação dos Sistemas Inteligentes de Transportes (SIT) estão amadurecendo, expandindo-se e associando-se com outros aspectos da mobilidade e da sociedade.

Segundo Santos e Leal (2015), num primeiro momento os SIT estavam mais voltados para os aspectos básicos de segurança e gestão do tráfego. Com as novas demandas, os SIT podem ser dividido em três novos domínios: Gestão de Energia, Serviços de Mobilidade Personalizados utilizando Big Data, e Sistemas de Transporte Resilientes.

Os dois primeiros conceitos surgem a partir do amadurecimento da tecnologia de veículos elétricos e da contínua evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação e, o terceiro conceito, referente aos Sistemas de Transporte Resilientes, implica em se ter um sistema de transporte robusto o suficiente para se adaptar/rearranjar em caso de catástrofes como furacões e terremotos.

Dentre as tecnologias para o futuro, as comunicações de Veículo para Veículo (V2V) e de Veículo para Infraestrutura (V2I) avançarão significativamente nos Sistemas Inteligentes de Transportes (SIT) através de serviços de segurança de veículos e gerenciamento de tráfego, e serão totalmente integrados em infraestruturas de

Internet of Things (BANDYOPADHYAY e SEN, 2011).

O conceito de Open, apresentado no 20th Intelligent Transport Systems World

Congress Tokyo 2013, foi adotado como a palavra-chave para descrever a expansão

dos potenciais retornos sociais e econômicos obtidos nos Sistemas Inteligentes de Transportes através de novas abordagens como: plataformas abertas, conectividade aberta, oportunidades e colaboração para os três novos domínios (Figura 3.21).

Figura 3.21. Expansão do campo de atuação de Sistemas Inteligentes de Transportes (SIT) (SANTOS e LEAL, 2015).

O conceito de Internet of Things (IoT) propõe uma abordagem ainda mais ampla do uso de tecnologias para redução de problemas nas operações logísticos de distribuição.