Valor locativo e renda — O valor locativo de uma propriedade rústica ou preço de locação, é o valor que corresponde ao uso temporário dessa propriedade. Referido ao ano, toma o nome de renda que pode ser paga em géneros ou em dinheiro, ou de ambas as formas ; de qualquer modo, a renda representa sempre uma importância determinada, fixa, que muitas vezes é paga adiantadamente. A renda é estabelecida por um contrato (arren damento, escrito ou, muitas vezes, verbal, durando freqiientemente apenas um ano, mas prorrogando-se a miúdo por acordo tácito.
Vantagens dos arrendamentos — O sistema de exploração por arrendamento tem sofrido e sofre pesadas críticas. Antes porém de apresen tar os seus defeitos vamos mostrar algumas vantagens que tal sistema pode apresentar.
Para se fazer agricultura é necessário dispor, como é obvio, de duas espécies de capital: o capital fundiário, constituído essencialmente pela pro priedade, e o capital de exploração composto dos meios necessários para fazer face aos trabalhos e despesas dessa exploração.
Todos os economistas estão de acordo em que a melhor forma de explo ração é a de conta própria, isto é, aquela em que o empresário é também proprietário da terra ou terras que explora, reunindo assim na sua mão o capital fundiário e o capital de exploração. Neste caso, o empresário não deixa de fazer, sempre que pode, os melhoramentos de que a propriedade carece ; preocupa-se, por interesse próprio, com a manutenção da fertilidade da terra que, em geral, defende o mais possível pois é o seu bem.
Há, porém, casos em que a exploração por conta própria não pode ser feita, tendo então de se recorrer à exploração por arrendamento Certos des ses casos aparecem quando ao proprietário : a) faltam capitais de exploração e não tem possibilidade de os arranjar; b) faltam conhecimentos técnicos para se ocupar da exploração; c) faltam faculdades de direcção ou mesmo não quere preocupar-se com ela; em resumo, quando há falta de dinheiro ou de competência ou de vontade ou todas juntas.
Outras vezes, a impossibilidade da exploração de conta própria apresen ta-se quando o prédio de cuja exploração se trata, está muito afastado do centro da exploração principal do empresário que dificilmente o pode englo bar no conjunto que dirige ; ainda pode suceder que faleça um proprietário deixando filhos menores sem haver quem tome conta directamente da explo ração. Nestes casos, compreende-se que o proprietário, ou o seu tutor, que não queira trocar a propriedade por outros capitais, recorra ao arrendamento.
Por outro lado também, para o indivíduo que pretende tornar-se empre sário agrícola, o arrendamento de uma propriedade é, muitas vezes, o único modo de tal conseguir, pois não pode empregar na compra da propriedade o capital de que dispõe para a exploração. A exploração por arrendamento, estabelecendo uma espécie de sociedade entre o que possue o capital-proprie dade e o que dispõe do capital de exploração, aumenta as possibilidades de um empresário, ao mesmo tempo que facilita ao proprietário a remuneração do seu capital.
Inconvenientes dos arrendamentos — Tudo iria muito bem se com agricultura as coisas se passassem tão simplesmente como em qualquer indústria fabril; bastaria regular-se com justiça a remuneração de cada espé cie de capital e fazer respeitar os direitos de cada uma das partes.
Em agricultura, a própria natureza dos capitais em jogo complica as re lações entre eles. A propriedade necessita muitas vezes de bemfeitorias de vária ordem para melhoria da sua exploração ; sem muito insistir nas cons truções necessárias para abrigo de homens, gados, materiais ou géneros e para preparação ou transformação de certas colheitas, basta acentuar que a terra pode precisar de trabalhos de irrigação, drenagem ou margagem ou de acolher plantas de certas espécies que possam dar prolongadamente certas produções ; tudo isso acarreta despesas e implica a posse da terra por um demorado período de tempo para poder colher totalmente os benefícios. Tais trabalhos só podem ser executados à custa de capital fundiário, pois valori zam a propriedade, mas o proprietário, ligado por um contrato de arrenda mento, desinteressa-se ou hesita em introduzir bemfeitorias de que não tem a certeza de obter a compensação num aumento de renda, seja porque o ren deiro presente, ou um que possa propôr-se no futuro, não concorde com esse aumento ou tenha de desistir do arrendamento por não ter conhecimentos para tirar benefícios do que o proprietário considerou bemfeitorias.
Pelo seu lado, o arrendatário não pode meter-se em tais empreendimen tos pois o seu capital de exploração (quási sempre deficiente) não deve ser desviado do seu fim. Mesmo que o empresário ousasse realizar tais trabalhos, como praticava bemfeitorias em terra alheia, nenhuma garantia tinha de que
delas tiraria todos os lucros nem de recuperar o capital empatado; ligado por um contrato ao proprietário, só em raríssimos casos êste lhe permitiria, findo o seu contrato — e geralmente os contratos são excessivamente curtos — prorrogá-los nas mesmas condições para que essa recuperação podesse fa zer-se ; a bem feitoria ficando ligada à terra pertenceria ao legítimo possuidor dessa terra ; o empresário para rehaver o capital empatado teria de repartir a sua desvalorização pelo período que mediasse até ao fim do contrato sempre consideràvelmente menor que a duração presumível da bemfeitoria, o que aumentaria consideràvelmente os encargos da exploração, quiçá excedendo o benefício resultante da bemfeitoria. Basta a suspeição de poder vir a perder o o dinheiro ou dêle não poder tirar tudo o que julga lícito pertencer-lhe, para fazer o empresário hesitar e renunciar a tais empreendimentos.
A consequência que disto tudo resulta é que, geralmente, uma proprie dade rústica arrendada se mantém indefinidamente no mesmo estado, sem sofrer transformações ou bemfeitorias que a melhorem.
Independentemente dessas bemfeitorias a largo prazo, o peor mal das propriedades arrendadas é a geral decadência da sua fertilidade.
A primeira condição de uma boa técnica em agricultura é a manutenção da fertilidade da terra quando não possa ser melhorada ; a exploração por arrendamento, salvo poucas excepções, leva exactamente à situação contrária e é êsse principalmente o seu grande inconveniente.
O arrendatário só tem interêsse pela terra enquanto dela tem o uso e ainda êsse interêsse não é bem pela terra mas pelos produtos que dela possa tirar. Enquanto possa utilizar a fertilidade da terra, sem dispender capital do seu bolso, não a poupa; só enterra capital, isto é, só aumenta as suas des pesas, se se persuade de que as pode recuperar nas colheitas. As estrumações que podem manter ou aumentar o humus na terra e conservar-lhe a fertili dade, levam anos a ser consumidas e o empresário-arrendatário hesitará em fazê-las sempre que suponha que, ao findar o arrendamento, não terá conse guido rehaver todo o dinheiro dispendido, pois de antemão prevê que, ou o senhorio sabendo as terras mais rendosas, por mais fertilizadas, lhe eleva a renda, por própria iniciativa, se êle quiser continuar a utilizá-las, ou algum concorrente, conhecedor do bom estado das terras, lhas disputará ganancio samente, oferecendo mais renda ao senhorio que não saberá reconhecer a garantia que lhe dá um rendeiro cuidadoso e, geralmente, só verá o benefício imediato e palpável da maior renda pois chega a desconhecer o prejuízo que no futuro advirá do depauperamento da terra. Nalguns países, como a In glaterra, há legislação que garante, aos rendeiros cessantes, indemnizações pelos benefícios trazidos à terra e não utilizados; esta legislação que é de defesa dos rendeiros é afinal, principalmente, de defesa dos proprietários pois
permite a continuidade da manutenção da fertilidade ; infelizmente no nosso País não existe nenhuma legislação sôbre o assunto.
Assim, é facto conhecido e sabido, que as propriedades rústicas arren dadas não só, não são, geralmente, susceptíveis de benfeitorias, mas também estão, em grandíssima maioria dos casos, expostas a um decrescimento de fertilidade.
Os maus rendeiros — Além dos inconvenientes gerais dos arren damentos, não queremos deixar de apontar certos inconvenientes de ordem particular que dão lugar a justas queixas de alguns senhorios contra os seus rendeiros.
Efectivamente, alguns rendeiros consideram-se verdadeiros donos para abusarem dos seus recursos, cortando árvores sem permissão e descurando os mais elementares cuidados com as culturas e com a terra; outros são re missos no pagamento das rendas, que, ou não pagam por completo, ou só pagam com muito atrazo. Há, assim, rendeiros ou caseiros que não só ex ploram as terras mas também exploram seus donos e cujo procedimento é absolutamente censurável. E se abandonam uma terra procuram instalar-se noutra para repetirem os seus malefícios, basilio telles descreveu bem essa
espécie de rendeiro :
«É uma sorte de gafanhoto que devora a verdura suculenta da planta, levanta depressa o voo e vai mais longe levar a sua fome destruidora... à vontade na pendente dos seus interêsses egoístas, da sua crassa ignorância e do seu desapego pelo solo que não é seu.»
No entanto, sem de forma alguma pretendermos desculpar o procedi mento incorrecto dos rendeiros, faremos notar que a falta de pagamento da renda# se dá muitas vezes, nas chamadas explorações anãs ou patológicas, isto é, naquelas incompletas explorações que superabundam no nosso País, insuficientes para garantirem sequer a existência do empresário, da mulher e dos filhos pequenos. O empresário, por vezes, pobre jornaleiro temporário^ que não tem nenhuma garantia de ganhar o suficiente para completar o que a exploração lhe não dá, vê-se a miúdo na contingência de a família querer pão para matar a fome e não o ter; se existe na arca o milho ou o centeio que representa a pensão ou renda destinada ao senhorio, então raro será o que resista a não entrar por ela... e o senhorio terá que esperar. Há porém rendeiros que, sem tais motivos de miséria, são descuidados e rebeldes ao cumprimento das obrigações que contraíram.
Os maus senhorios — Assim como há maus rendeiros temos de reconhecer que há maus senhorios; principalmente entre os donos de peque nas terras. A êstes nada chega para os satisfazer e levam as rendas a um exagêro inconcebível, tornando os rendeiros em verdadeiros escravos pois todo ou quási todo o seu trabalho é empregado na obtenção da renda que hão-de entregar ao senhorio não chegando a ficar para êles sequer o jornal normal que corresponderia à sua labuta. Considerando a terra como um sim ples valor comercial, valendo-se da falta de trabalho, da fome da terra, da miséria, enfim, transformam-se em verdadeiros usurários, expoliando os que lhe caiem nas mãos. Não podendo, não sabendo e não querendo explorar directamente, procuram tirar de um capital-terra o máximo juro, sem se preo cuparem com a mais elementar noção de justiça mas simplesmente com a sua maior conveniência. Esquecem que todo o prédio rústico pode apresentar dois valores; um dêles é um valor de capitalisação, o que tem para todos os capitalistas e determinado racionalmente pela taxa normal de colocação de capitais; o outro, é um valor de produção que é o que tem para todos que exploram directamente a terra.
O que deve ser a renda — Do que tem sido exposto vê-se eviden temente que muito conviria estabelecer regras que definissem do modo mais perfeito possível, os direitos e os deveres tanto do senhorio como do rendeiro e fixassem os limites dentro dos quais deverá oscilar a renda de qualquer propriedade rústica, sem afectar a justiça devida a qualquer das partes.
Já em outro trabalho (Inquérito Económico-Agrícola) apresentámos a nossa opinião sôbre a Renda. Vamos aqui repeti-la, ampliando-a e detalhan do-a. O quadro da pág. 65 ajudará a tornar mais compreensível a nossa ex posição.
Procuramos determinar qual deve ser a renda teórica que a qualquer propriedade rústica deverá caber no caso de arrendada. A renda real ou contratual é aquela que realmente é paga nas condições usuais de cada re gião, mas, como já vimos, nem sempre a renda real corresponde ao justo equilíbrio entre direitos e deveres do senhorio e do inquilino. Ao técnico, e ao economista, cumpre estabelecer as bases em que deve ser fixada a renda teórica, procurando que a real dela se aproxime quanto possível. É assunto que muito interessa ao progresso da agricultura e à economia da Nação; in teressa directamente ao Estado que procura o justo equilíbrio entre as diver sas classes, que procura melhorar os níveis de vida por vezes tão baixos em Portugal e que tem vantagens directas e indirectas em aumentar o poder de compra das classes trabalhadoras ; interessa ao progresso do agricultor por que os rendeiros não têm estímulo para melhorar os seus processos pois sa
bem que uma melhoria da sua situação quási inevitàvelmente acarretará um aumento de renda que lhes levará os benefícios conquistados. O estudo cui dadoso e consciencioso da renda da propriedade rústica poderá vir a estabe lecer bases em que assente uma legislação especial que se torna necessária. Há muitas dificuldades a vencer pois carece-se ainda de suficientes dados económicos; mas recordando que já muito se tem feito nos últimos anos, devemos ter a esperança de que novos éstudos metódicos venham ampliar os nossos conhecimentos e dar uma base sólida às presunções que hoje apenas ousamos formular.
A renda da propriedade rústica (como a da propriedade urbana), que podemos chamar renda total, decompõe-se (a nosso ver) em duas partes de muito diversa naturesa.
A primeira parte, a que damos o nome de quota de reembolso, constitui apenas uma compensação de despesas efectivas realizadas ou a realizar, definidas ou calculadas, que competem ao proprietário e de que este só pode cobrir-se pondo-as a cargo do empresário ou dele as recebendo por meio da renda.
Essas despesas compreendem:
a) as desvalorizações do capital fundiário-benfeitorias que a exploração deve pagar e que o proprietário tem de receber como compensação de des gaste dêsse capital;
b) as reparações dêsse mesmo capital que o proprietário tem de con servar sempre em estado de servir;
c) as contribuições cujo pagamento evidentemente deve sair da renda. Tôdas estas despesas são mais ou menos fixas; não dependem da von tade do proprietário pois as desvalorizações e reparações são condicionadas pelo valor e duração dos bens e seu estado de conservação e as contribuições são determinadas por lei.
Às vezes, o contracto de arrendamento põe tôdas ou parte destas des pesas a cargo do rendeiro, independentemente da renda1; por vezes até o
1 Num contracto de arrendamento de propriedades rústicas que há pouco tivemos ocasião de examinar e que compreendia atôdas as máquinas e motores, vasilhas de azeite, existentes nas propriedades arrendadas» e também englobava «casa de habi tação, lagares de azeite e vinho, armazém, vacaria, estábulo, palheiros e garage», es tabeleciam-se entre outras cousas as seguintes cláusulas :
«O rendeiro é obrigado a conservar, tal como se encontram na actualidade, tôdas as construções e oficinas agricolas e a reparar todos os prejuízos causados, e bem assim substituir todos os maquinismos ou peças que se inutilizem ou partam durante a vigência do arrendamento, fazendo à sua custa todas as
rendeiro fica com as contribuições a seu cargo; nestes casos a renda total é constituída só pela segunda parte (de que vamos tratar) ou muito dela se aproxima.
A segunda parte da renda total, a que damos o nome de renda pura é essencialmente variável; depende em grande parte da vontade do proprietário e representa o juro que o proprietário aufere do seu capital fundiário. E esta renda pura que nos importa discutir.
Muitos proprietários entendem que esta renda pura deve compreender todo o rendimento da propriedade; alguns vão mesmo até ao rendimento líquido e alguns ainda, além disso, como já atrás mencionámos, vão buscar uma parte dos salários que deviam pertencer ao empresário (rendeiro) e sua família. Causa estranhesa, a algumas pessoas, que tal possa suceder mas não deixa de ser vulgar. Há por esse País tora muitos jornaleiros temporários com família que procuram acudir às suas faltas arrendando terras; muitas vezes, o produto colhido depois de paga a renda e a semente, freqiientemente obtida por empréstimo, se fòr traduzido em dinheiro, apenas representa uma fraeção do salário normal que corresponderia aos dias de trabalho efectivo que o rendeiro e os seus dedicaram à obtenção da colheita.
De um caso sabemos nós, o de um rendeiro, chefe de uma familia de 10 membros, que paga de renda por 400 metros quadrados e um miserável casebre de pedra e madeira, de um só compartimento de 3 X 5 m., a renda anual de 420S00. As receitas líquidas auferidas da terra são calculadas em 440$00. Pagarão os 20 escudos de diferença, acrescidos de alguma fruta e algumas couves cultivadas em qualquer canto, os salários dos dias empre gados pela família para obter aqueles 440^00 de receitas ?
Consideramos que a renda pode ser injusta, de justiça incerta e simples mente justa.
obras de reparação necessárias, de forma a entregar ao senhorio tudo nas mesmas condições em que recebeu, incluindo fechaduras de portas e portões e respectivas chaves».
«O rendeiro obriga-se a conservar... o pomar... substituindo qualquer árvore que secar...»
oO rendeiro... substituirá tôdas as cepas mortas...»
«O rendeiro obriga-se a manter limpas as valas e abertas da propriedade e bem assim os caminhos e estradas internas e as vias de acesso particular.»
«O rendeiro obriga-se a mandar limpar todos os anos o pôço e nascente...» Como se vê as desvalorizações e reparações das construções ficam a cargo do rendeiro, assim como uma parte das desvalorizações do pomar e da vinha.
Consideramos renda injusta, e cremos que isso é evidente a tôda a gente, a que absorve uma parte do valor dos salários que como trabalhadores deviam caber ao empresário e a sua família; igualmente é evidente que também é venda injusta a que absorva os juros do capital de exploração que pertencem ao rendeiro, e a que êle tem legítimo direito.
Ficamos assim reduzidos ao rendimento da propriedade mas esse ren dimento engloba as despesas condicionais ou a remuneração do empresário pelo trabalho de direcção e o prémio do risco do mesmo empresário. Consi deramos também injusta qualquer renda que absorva estas despesas condi cionais, ganho legítimo do empresário e motivo que o leva em geral, a tentar tal empreedimento *.
Renda justa. Renda mínima e renda maxima — Do rendi mento da propriedade restam agora apenas duas verba: os juros do capital fundiário (benfeitorias e terra) e o lucro puro da exploração.
Consideramos que só é verdadeiramente iusta a renda que apenas com preenda os juros normais do capital fundiário e adiante daremos as razoes do nosso modo de pensar. O lucro puro da exploração, o lucro industrial, de justiça deve pertencer ao rendeiro-empresário que toma a responsabilidade da exploração.
Reconhecemos no entanto, no caso especial e actual da agricultura, que é difícil a um empresário-rendeiro guardar para si só o lucro puro da explo ração. Embora esse lucro provenha em geral das suas maiores aptidões para dirigente ou dos seus maiores conhecimentos técnicos, logo que se verifique que êle realmente realiza êsse lucro ou o proprietário lhe exige maior renda 1
1 Nas circunstâncias actuais da agricultura, tratando-se de explorações por arrenda mento feitas por emprésas familiares — isto é, por emprêsas em que o trabalho manual é feito pelo empresário e sua família, só excepcionalmente empregando trabalho de estranhos — ou por emprêsas pessoais tendo à sua conta explorações parcelares, há casos, tanto mais freqQentes quanto mais pequena fôr a exploração em que se poderá aproximar mais a renda teórica da renda real desde que se nâo atenda às despesas con dicionais, quere dizer, se abandone tôda a possibilidade de reservar para o rendeiro o
lucro bruto da exploração.
Para isso entendemos ser indispensável ter contado por inteiro os salários do empresário e da família e as considerações que poderão levar ao abandono do lucro
bruto sâo as seguintes :
i.° O empresário nestas condições, sem instrução, sem conhecimentos, desejoso apenas de utilizar os seus braços e os da família, não é mais do que um simples traba lhador que procura subsistências, não sabendo, não tentando e não tendo que empregar