• Nenhum resultado encontrado

O s valores de µ a obtidos para os phantoms de poliuretano apresentaram

flutuações entre 10−3mm−1 e 10−2mm−1 tanto quando a luz laser contínua foi empregada (figuras 3.1 e 3.4) quanto a pulsada (figura 3.8). A ausência de um componente absorvedor nesses phantoms foi possivelmente a causa dessas flutuações e indicam uma limitação no método IAD para calcular µa em amostras com baixa

absorção. Essa limitação já havia sido reportada no trabalho de MOFFIT et al [40]. Apesar de pouco preciso, os valores de µa obtidos para o comprimento de onda de

633 nm estão na mesma ordem de grandeza do valor de referência. Destaca-se que o próprio valor de referência para as duas amostras analisadas varia de 0,0095 mm−1 para 0,0019 mm−1 de um phantom para outro.

Ainda com relação aos phantoms de poliuretano, os valores médios de µ0s obtidos para o comprimento de onda de 633 nm apresentaram uma diferença percentual de ≈ 21% para o phantom transparente e ≈ 35% para o phantom branco quando comparados com o valor de referência. É importante ressaltar que as amostras fornecidas não são phantoms com valores padrões e que pode ocorrer variações entre a produção das amostras. Sendo assim, ela nos valeu como uma referência. Os valores encontrados pela metodologia apresentada neste trabalho se encontram na mesma ordem de grandeza do valor de referência e a variação em comprimento de onda concorda com a literatura que avalia phantoms de poliuretano com TiO2 como espalhador óptico.

Observa-se que os valores de coeficientes obtidos com a nossa metodologia para o phantom de SEBS, ao compararmos com os valores publicados no trabalho de CABRELLI, Luciana C. et al, tanto de µa quanto de µ0s obtidos estão

4 - Discussão 51 maiores em aproximadamente uma ordem de grandeza. Essa diferença pode ser justificada pela distinção entre os métodos numéricos utilizados para cálculo dos coeficientes, uma vez que para resolver a equação de transporte de fótons a teoria de Kubelka-Munk resolve somente a contribuição da radiação difusa, assumindo que a radiação colimada é nula. Apesar da diferença entre os valores dos coeficientes, o comportamento espectral dos resultados obtidos concorda com o publicado, apresentando também no comprimento de onda de 900 nm um aumento em µa (característico do material), confirmando assim que nossa metodologia tem

sensibilidade para caracterizar phantoms à base de SEBS.

Com relação à obtenção dos coeficientes com fontes contínuas e com a fonte pulsada, apresentados nas figuras 3.12 e 3.13, os resultados de µaobtidos empregando

o laser pulsado tanto para o phantom de poliuretano quanto para o de SEBS, se mostraram maiores em uma ordem de grandeza comparando os comprimentos de onda de 680 nm e 800 nm. Os valores médios obtidos para µ0s empregando o laser pulsado, para o phantom poliuretano, foram menores em 16% para 680 nm e 21% para 800 nm com relação a luz laser contínua. Para o phantom de SEBS a diferença foi de 24% e 48% para 680 nm e 800 nm, respectivamente. Note que a comparação para os valores obtidos de µa é mais crítica, pois se trata de amostras que não

possuem componente absorvedor, e estaríamos trabalhando em uma região inábil para o método IAD. A principal justificativa para a divergência entre os valores médios de µa e µ0s é a diferença entre a instrumentação utilizada (conjunto fonte e

detectores).

Os resultados obtidos empregando as fontes contínuas e os fotodiodos apresentaram, em geral, conjunto de valores cuja distribuição não está homogênea, sendo mais evidente para o comprimento de onda de 633 nm (figuras 3.1 - 3.7). Era esperado que, com a normalização feita pela leitura do detector de referência, as flutuações da fonte laser não afetassem as medidas, mas por se tratar de um procedimento experimental relativamente longo, durando cerca de 15 minutos divididos em etapas (figura 2.10), é possível que flutuações eletrônicas tenham contribuído para o resultado. O ruído gerado pela eletrônica empregada na amplificação do sinal dos fotodiodos não é possível de ser eliminado, apenas diminuído, visto que foi adotado como parte da metodologia aguardar cerca de

4 - Discussão 52 uma hora e meia a termalização do sistema para iniciar as medidas. Os resultados obtidos empregando a fonte pulsada e os transdutores piezoelétricos (figuras 3.8 - 3.15) também não apresentaram conjuntos de valores com distribuições homogêneas, embora o sistema de aquisição de dados tivesse uma eletrônica mais estável. Uma possível justificativa para este resultado é não ter normalizado as medidas pela energia do pulso de laser corretamente, uma vez que o detector de referência pode não ter diferenciado pulsos com energias próximas.

É importante salientar que os valores de µa, µ0s e g dependem dos valores

obtidos de MR, MT e MU, que, por sua vez, são calculados a partir das

medidas experimentais exemplificadas na figura 2.10. O ciclo completo de medidas empregando fonte contínua e fotodiodos dura cerca de 20 minutos quando a medida da transmissão colimada é executada e, quando não é possível medi-la, o ciclo dura cerca de 15 minutos. Dessa forma, é essencial que a fonte laser e a eletrônica sejam estáveis, pois flutuações interferem diretamente no valor dos coeficientes, como foi visto nos resultados obtidos para os comprimentos de onda de 533 nm e 633 nm (figuras 3.1 - 3.7) e também nas simulações onde foram variados os valores de MR

e MT (2.16). Constatou-se também que os valores dos coeficientes variam com a

mudança do índice de refração (2.15), sendo que, dentro do intervalo simulado as variações nos coeficiente foram superiores a 10%. Portanto, é de suma importância certificar-se de que o índice de refração informado ao algoritmo está correto.

Uma conduta que produziria o mínimo de interferência da eletrônica nos procedimentos experimentais é reduzir o tempo do experimento. Para isso, basta adquirir um menor número de leituras dos fotodiodos por medida. Tal procedimento não foi feito neste trabalho, pois nosso objetivo também era testar a reprodutibilidade do sistema. Com relação à exatidão, o próximo passo é adquirir e medir phantoms calibrados por um sistema comercial. Essa medida validará o sistema e permitirá que utilizemos tal metodologia para caracterizar diversas amostras de interesse tais como phantoms utilizados em aplicações biomédicas e tecidos biológicos. Com a caracterização óptica destas amostras será possível explorar e expandir a pesquisa em dosimetria óptica, a fim de validar e estabelecer protocolos clínicos que otimizem tratamentos, técnicas e dispositivos que fazem uso da radiação óptica na medicina.

Capítulo

5

Conclusão

O

sistema implementado mostrou-se capaz de determinar os coeficientes dasamostras empregadas neste trabalho. Algumas limitações, porém, foram observadas com relação às amostras que possuem baixa absorção. Uma maior gama de amostras com diferentes concentrações de absorvedores deve ser analisada para definir um limite inferior em que o sistema é eficiente para determinar coeficientes de absorção. O sistema se mostrou eficiente para determinar os coeficientes de espalhamento reduzido, de forma que os espectros obtidos concordam com resultados obtidos em outros trabalhos. Para obter o fator de anisotropia das amostras é essencial a medida da transmissão colimada e este trabalho mostrou que esta medida fica limitada a amostras que espalhem pouco, ou que seja possível empregar amostras altamente espalhadoras, mas com espessuras delgadas para permitir a medida da transmissão colimada.

Referências1

[1] YUST, B. G.; MIMUN, L. C.; SARDAR, D. K. Optical absorption and scattering of bovine cornea, lens, and retina in the near-infrared region. Lasers in medical science, Springer, v. 27, n. 2, p. 413–422, 2012.

[2] BASHKATOV, A. et al. Optical properties of human skin, subcutaneous and mucous tissues in the wavelength range from 400 to 2000 nm. Journal of Physics D: Applied Physics, IOP Publishing, v. 38, n. 15, p. 2543, 2005.

[3] BASHKATOV, A. N.; GENINA, E. A.; TUCHIN, V. V. Optical properties of skin, subcutaneous, and muscle tissues: a review. Journal of Innovative Optical Health Sciences, World Scientific, v. 4, n. 01, p. 9–38, 2011.

[4] POULON, F. et al. Optical properties, spectral, and lifetime measurements of central nervous system tumors in humans. Scientific reports, Nature Publishing Group, v. 7, n. 1, p. 13995, 2017.

[5] WILSON, B.; PATTERSON, M.; FLOCK, S. Indirect versus direct techniques for the measurement of the optical properties of tissues. Photochemistry and photobiology, Wiley Online Library, v. 46, n. 5, p. 601–608, 1987.

[6] CHEONG, W.-F.; PRAHL, S. A.; WELCH, A. J. A review of the optical properties of biological tissues. IEEE journal of quantum electronics, IEEE, v. 26, n. 12, p. 2166–2185, 1990.

[7] ISHIMARU, A. Diffusion of light in turbid material. Applied optics, Optical Society of America, v. 28, n. 12, p. 2210–2215, 1989.

1De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023.

REFERÊNCIAS 55 [8] NIEMZ, M. H. et al. Light and matter. In: . Laser-tissue interactions.

[S.l.]: Springer, 2007. v. 3, p. 9–44.

[9] TUCHIN, V. Optical properties of tissues with strong (multiple) scattering. In: . Tissue optics: light scattering methods and instruments for medical diagnosiss. [S.l.]: SPIE press Bellingham, 2007. v. 2, p. 3–256.

[10] MATCHER, S.; COPE, M.; DELPY, D. In vivo measurements of the wavelength dependence of tissue-scattering coefficients between 760 and 900 nm measured with time-resolved spectroscopy. Applied Optics, Optical Society of America, v. 36, n. 1, p. 386–396, 1997.

[11] WILSON, B. C.; JACQUES, S. L. Optical reflectance and transmittance of tissues: principles and applications. IEEE Journal of Quantum Electronics, IEEE, v. 26, n. 12, p. 2186–2199, 1990.

[12] LEMAILLET, P. et al. Double-integrating-sphere system at the national institute of standards and technology in support of measurement standards for the determination of optical properties of tissue-mimicking phantoms. Journal of biomedical optics, International Society for Optics and Photonics, v. 20, n. 12, p. 121310, 2015.

[13] TUCHIN, V. Tissue optics and photonics: Light-tissue interaction ii. Journal of Biomedical Photonics and Engineering, v. 2, n. 3, p. 030201, 2016.

[14] ECE532 BIOMEDICAL OPTICS. Reduced scattering coefficient. Disponível em: <https://omlc.org/classroom/ece532/class3/musp.html>. Acesso em: 20 jun. 2019.

[15] PRAHL, S. A.; GEMERT, M. J. van; WELCH, A. J. Determining the optical properties of turbid media by using the adding–doubling method. Applied optics, Optical Society of America, v. 32, n. 4, p. 559–568, 1993.

[16] OMLC. Inverse Adding-Doubling Software. Disponível em: <https://omlc.org/software/iad/index.html>. Acesso em: 20 jun. 2019.

REFERÊNCIAS 56 [17] HULST, H. C. A new look at multiple scattering. [S.l.]: NASA Institute for

Space Studies, Goddard Space Flight Center, 1963.

[18] PRAHL, S. The adding-doubling method. In: . Optical-thermal response of laser-irradiated tissue. [S.l.]: Springer, 1995. v. 1, p. 101–129.

[19] PRAHL, S. Everything i think you should know about inverse adding-doubling. Oregon Medical Laser Center, St. Vincent Hospital, p. 1–74, 2011.

[20] KARA, E.; ÇILESIZ, İ.; GuLSOY, M. Monitoring system for investigating the effect of temperature change on optical properties. Lasers in medical science, Springer, v. 33, n. 8, p. 1763–1768, 2018.

[21] HOHMANN, M. et al. Measurement of optical properties of pig esophagus by using a modified spectrometer set-up. Journal of biophotonics, Wiley Online Library, v. 11, n. 1, p. e201600187, 2018.

[22] MONEM, S. et al. Study of the optical properties of solid tissue phantoms using single and double integrating sphere systems. Applied Physics B, Springer, v. 121, n. 3, p. 265–274, 2015.

[23] MORALES-CRUZADO, B. et al. Study of the effect introduced by an integrating sphere on the temporal profile characterization of short laser pulses propagating through a turbid medium. Applied optics, Optical Society of America, v. 54, n. 9, p. 2383–2390, 2015.

[24] KIRIS, T. et al. Optical characterization of pancreatic normal and tumor tissues with double integrating sphere system. In: INTERNATIONAL SOCIETY FOR OPTICS AND PHOTONICS. Optical Interactions with Tissue and Cells XXVI. [S.l.], 2015. v. 9321, p. 932116.

[25] JACQUEZ, J. A.; KUPPENHEIM, H. F. Theory of the integrating sphere. JOSA, Optical Society of America, v. 45, n. 6, p. 460–470, 1955.

[26] GOEBEL, D. G. Generalized integrating-sphere theory. Applied Optics, Optical Society of America, v. 6, n. 1, p. 125–128, 1967.

REFERÊNCIAS 57 [27] PICKERING, J. W. et al. Double-integrating-sphere system for measuring the

optical properties of tissue. Applied optics, Optical Society of America, v. 32, n. 4, p. 399–410, 1993.

[28] LEMAILLET, P.; BOUCHARD, J.-P.; ALLEN, D. W. Development of traceable measurement of the diffuse optical properties of solid reference standards for biomedical optics at national institute of standards and technology. Applied optics, Optical Society of America, v. 54, n. 19, p. 6118–6127, 2015.

[29] HAN, Y. et al. Optical characterization of tissue mimicking phantoms by a vertical double integrating sphere system. In: INTERNATIONAL SOCIETY FOR OPTICS AND PHOTONICS. Design and Quality for Biomedical Technologies IX. [S.l.], 2016. v. 9700, p. 97000A.

[30] AERNOUTS, B. et al. Supercontinuum laser based optical characterization of intralipid phantoms in the 500-2250 nm range. Optics express, Optical SocietyR

of America, v. 21, n. 26, p. 32450–32467, 2013.

[31] ZAMORA-ROJAS, E. et al. Optical properties of pig skin epidermis and dermis estimated with double integrating spheres measurements. Innovative food science & emerging technologies, Elsevier, v. 20, p. 343–349, 2013.

[32] PARALLAX INC. PLX-DAQ | Parallax Inc. Disponível em: <https://www.parallax.com/downloads/plx-daq>. Acesso em: 08 jul. 2019. [33] TIKHONOV, E.; IVASHKIN, V.; LJAMEC, A. Reflection refractometry

for nearly normal incidence and at the brewster angle. Journal of Applied Spectroscopy, Springer, v. 79, n. 1, p. 148–156, 2012.

[34] SHANKOFF, T. Phase holograms in dichromated gelatin. Applied Optics, Optical Society of America, v. 7, n. 10, p. 2101–2105, 1968.

[35] CAMEO. Gelatin - CAMEO. Disponível em:

REFERÊNCIAS 58 [36] MOFFITT, T. P.; CHEN, Y.-C.; PRAHL, S. A. Preparation and

characterization of polyurethane optical phantoms. Journal of Biomedical Optics, International Society for Optics and Photonics, v. 11, n. 4, p. 041103, 2006. [37] CABRELLI, L. C. et al. Oil-based gel phantom for ultrasound and optical

imaging. In: INTERNATIONAL SOCIETY FOR OPTICS AND PHOTONICS. Biophotonics South America. [S.l.], 2015. v. 9531, p. 95310L.

[38] FONSECA, M. B.; AN, L.; COX, B. T. Sulfates as chromophores for multiwavelength photoacoustic imaging phantoms. Journal of Biomedical Optics, International Society for Optics and Photonics, v. 22, n. 12, p. 125007, 2017. [39] LAUFER, J.; ZHANG, E.; BEARD, P. Evaluation of absorbing chromophores

used in tissue phantoms for quantitative photoacoustic spectroscopy and imaging. IEEE journal of selected topics in quantum electronics, IEEE, v. 16, n. 3, p. 600–607, 2010.

[40] MOFFITT, T. P. Compact Fiber-Optic Diffuse Reflection Probes for Medical Diagnostics. PhD Thesis, Western Washington University, 2007.

Documentos relacionados