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O VARÃO DA MACEDÔNIA

No documento 36-ChicoXavier-Emmanuel-CaminhoVerdadeeVida (páginas 167-172)

“E Paulo teve de noite uma visão em que se apresentou, em pé, um varão da Macedônia e lhe rogou: Passa à Macedônia e ajuda-nos!” — (ATOS, capítulo 16, versículo 9.)

Além das atividades diárias na vida de relação, participam os homens de vasto movimento espiritual, cujas fases de intercâmbio nem sempre podem ser registradas pela memória vulgar.

Não só os que demandam o sepulcro se comunicam pelo processo das vibrações psíquicas.

Os espíritos encarnados fazem o mesmo, em identidade de circunstâncias, desde que se achem aptos a semelhantes realizações.

Mais tarde, a generalidade das criaturas terrestres ampliará essas possibilidades, percebendo-lhes o admirável valor.

Isso, aliás, não constitui novidade, pois, segundo vemos, Paulo de Tarso, em Tróade, recebe a visita espiritual de um varão da Macedônia, que lhe pede auxílio.

A narração apostólica é muito clara. O amigo dos gentios tem uma visão em que lhe não surge uma figura angélica ou um mensageiro divino. Trata-se de um homem da Macedônia que o ex-doutor de Tarso identifica pelo vestuário e pelas palavras.

É útil recordar semelhante ocorrência para que se consolide nos discípulos sinceros a certeza de que o Evangelho é portador de todos os ensinamentos essenciais e necessários, sem nos impor a necessidade de recorrer a nomenclaturas difíceis, distantes da simplicidade com que o Mestre nos legou a carta de redenção, na qual nos pede atenção amorosa e não teorias complicadas.

APROVEITEMOS

“E destas coisas sois vós testemunhas.” — (LUCAS, capítulo 24, versículo 48.)

Jesus sempre aproveitou o mínimo para produzir o máximo. Com três anos de apostolado acendeu luzes para milênios.

Congregando pequena assembléia de doze companheiros, renovou o mundo.

Com uma pregação na montanha inspirou milhões de almas para a vida eterna.

Converte a esmola de uma viúva em lição imperecível de solidariedade. Corrigindo alguns espíritos perturbados, transforma o sistema judiciário da Terra, erigindo o “amai-vos uns aos outros” para a felicidade humana.

De cinco pães e dois peixes, retira o alimento para milhares de famintos. Da ação de um Zaqueu bem-intencionado, traça programa edificante para os mordomos da fortuna material.

Da atitude de um fariseu orgulhoso, extrai a verdade que confunde os crentes menos sinceros.

Curando alguns doentes, institui a medicina espiritual para todos os centros da Terra.

Faz dum grão de mostarda maravilhoso símbolo do Reino de Deus.

De uma dracma perdida, forma ensinamento inesquecível sobre o amor espiritual.

De uma cruz grosseira, grava a maior lição de Divindade na História. De tudo isso somos testemunhas em nossa condição de beneficiários. Em razão de nosso conhecimento, convém ouvirmos a própria consciência. Que fazemos das bagatelas de nosso caminho? Estaremos aproveitando nossas oportunidades para fazer algo de bom?

ESPEREMOS

“Não esmagará a cana quebrada e não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo.” — (MATEUS, capítulo 12, versículo 20.)

Evita as sentenças definitivas, em face dos quadros formados pelo mal. Da lama do pântano, o Supremo Senhor aproveita a fertilidade.

Da pedra áspera, vale-se da solidez.

Da areia seca, retira utilidades valiosas. Da substância amarga, extrai remédio salutar. O criminoso de hoje pode ser prestimoso companheiro amanhã.

O malfeitor, em certas circunstâncias, apresenta qualidades nobres, até então ignoradas, de que a vida se aproveita para gravar poemas de amor e luz.

Deus não é autor de esmagamento. É Pai de misericórdia.

Não destrói a cana quebrada, nem apaga o morrão que fumega. Suas mãos reparam estragos, seu hálito divino recompõe e renova sempre.

Não desprezes, pois, as luzes vacilantes e as virtudes imprecisas. Não abandones a terra pantanosa, nem desampares o arvoredo sufocado pela erva daninha.

Trabalha pelo bem e ajuda incessantemente.

Se Deus, Senhor Absoluto da Eternidade, espera com paciência, por que motivo, nós outros, servos imperfeitos do trabalho relativo, não poderemos es- perar?

NÃO CRER

“Mas quem não crer será condenado.” — Jesus. (MARCOS, capítulo 16, versículo 16.)

Os que não crêem são os que ficam. Para eles, todas as expressões da vida se reduzem a sensações finitas, destinadas à escura voragem da morte.

Os que alçam o coração para a vida mais alta estão salvos. Seus dias de trabalho são degraus de infinita escada de luz. A custa de valoroso esforço e pesada luta, distanciam-se dos semelhantes e, apesar de reconhecerem a própria imperfeição, classificam a paisagem em torno e identificam os caminhos evolutivos. Tomados de bom ânimo, sentem-se na tarefa laboriosa de ascensão à montanha do amor e da sabedoria.

No entanto, os que não crêem, limitam os próprios horizontes e nada enxergam senão com os olhos destinados ao sepulcro, adormecidos quanto à reflexão e ao discernimento.

Afirmou Jesus que eles se encontram condenados.

A primeira vista, semelhante declaração parece em desacordo com a magnanimidade do Mestre.

Condenados a que e por quem?

A justiça de Deus conjuga-se à misericórdia e o inferno sem-fim é imagem dogmática.

Todavia, é imperioso reconhecer que quantos não crêem, na grandeza do próprio destino, sentenciam a si mesmos às mais baixas esferas da vida. Pelo hábito de apenas admitirem o visível, permanecerão beijando o pó, em razão da voluntária incapacidade de acesso aos planos superiores, enquanto os outros caminham para a certeza da vida imortal.

A crença é lâmpada amiga, cujo clarão é mantido pelo infinito sol da fé. O vento da negação e da dúvida jamais consegue apagá-la.

A descrença, contudo, só conhece a vida pelas sombras que os seus movimentos projetam e nada entende além da noite e do pântano a que se condena por deliberação própria.

NÃO PERTURBEIS

“Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” — Jesus. (MATEUS, capítulo 19, versículo 6.)

A palavra divina não se refere apenas aos casos do coração. Os laços afetivos caracterizam-se por alicerces sagrados e os compromissos conjugais ou domésticos sempre atendem a superiores desígnios. O homem não ludibriará os impositivos da lei, abusando de facilidades materiais para lisonjear os sentidos. Quebrando a ordem que lhe rege os caminhos, desorganizará a própria existência. Os princípios equilibrantes da vida surgirão sempre, corrigindo e restaurando...

A advertência de Jesus, porém, apresenta para nós significação mais vasta.

“Não separeis o que Deus ajuntou” corresponde também ao “não perturbeis o que Deus harmonizou”.

Ninguém alegue desconhecimento do propósito divino, O dever, por mais duro, constitui sempre a Vontade do Senhor. E a consciência, sentinela vigi- lante do Eterno, a menos que esteja o homem dormindo no nível do bruto, permanece apta a discernir o que constitui “obrigação” e o que representa “fuga”.

O Pai criou seres e reuniu-os. Criou igualmente situações e coisas, ajustando-as para o bem comum.

Quem desarmoniza as obras divinas, prepare-se para a recomposição. Quem lesa o Pai, algema o próprio “eu” aos resultados de sua ação infeliz e, por vezes, gasta séculos, desatando grilhões...

Na atualidade terrestre, esmagadora percentagem dos homens constitui-se de milhões em serviço reparador, depois de haverem separado o que Deus ajuntou, perturbando, com o mal, o que a Providência estabelecera para o bem. Prestigiemos as organizações do Justo Juiz que a noção do dever identifica para nós em todos os quadros do mundo. Ás vezes, é possível perturbar-lhe as obras com sorrisos, mas seremos invariavelmente forçados a repará-las com suor e lágrimas.

No documento 36-ChicoXavier-Emmanuel-CaminhoVerdadeeVida (páginas 167-172)

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