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Objectivo e Hipóteses

No documento Ser violetista, ainda há discriminação? (páginas 85-105)

3. Estudo Empírico — percepções actuais sobre a viola e os violetistas

3.1 Objectivo e Hipóteses

Esta investigação tem como objectivo principal caracterizar as representações (preconceitos, estereótipos, comportamentos de humor) dos outros músicos e dos vio- letistas face à viola e aos violetistas. Para além disso, pretende-se averiguar o que o público em geral (pessoas que não são músicos) acha acerca do instrumento viola.

Procura-se em particular compreender as emoções sentidas em relação à viola, as actitudes face ao instrumento, as actitudes para com os violetistas pela parte dos outros músicos e a percepção dos violetistas acerca das mesmas, quais os estereótipos atribuídos aos violetistas e de que forma estes são percepcionados pelos mesmos, en- tender até que ponto as piadas da viola fazem rir os outros músicos e o que sentem os violetistas ao ouvir as mesmas piadas.

Pretende-se ainda averiguar quais as emoções sentidas acerca da viola e do violi- no pela parte do público em geral, assim como perceber como este grupo avalia o som dos dois instrumentos.

Neste sentido, a autora construiu as seguintes hipóteses:

H1: as emoções sentidas acerca da viola pela parte dos outros músicos e dos violetistas

são maioritariamente positivas.

H2: as emoções sentidas acerca da viola e do violino pela parte do público em geral

diferem significativamente.

H3: o público em geral identifica características distintas no som dos dois instrumen-

tos avaliando mais positivamente o som do violino.

H4: as actitudes para com a viola pela parte dos outros músicos são moderadamente

positivas e as actitudes para com a viola pela parte dos violetistas são positivas.

H5: as actitudes para com os violetistas pela parte dos outros músicos são moderada-

mente positivas.

H6: a percepção dos violetistas acerca do modo como são avaliados pelos outros músi-

cos é maioritariamente negativa.

H7: os estereótipos atribuídos ao violetista pela parte dos outros músicos são modera-

H8: a percepção dos violetistas acerca dos estereótipos que lhes são atribuídos é maio-

ritariamente negativa.

H9: os outros músicos acham graça às piadas sobre a viola e os violetistas expressam

desconforto ao ouvir as mesmas piadas.

H10: os outros músicos acham graça às piadas sobre aos violetistas e os violetistas

expressam desconforto ao ouvir as mesmas piadas.

3.2. método

3.2.1 participantes

OUTROS MÚSICOS

No primeiro questionário participaram 79 estudantes que frequentavam o curso de música do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, no ano letivo 2012/2013. A amostra foi constituída por 45 participantes do sexo masculino e 33 participantes do sexo feminino, sendo que um dos participantes não respondeu a esta questão. A idade dos participantes varia entre os 18 e os 43 anos, sendo a média de idades de 23 anos. Estes participantes encontravam-se a frequentar a Licenciatura (54%), o Mestrado em Ensino de Música (29%), o Mestrado em Performance (7%), sendo que ainda foram referidos outros cursos.

VIOLETISTAS

No segundo questionário participaram 50 violetistas, tanto profissionais como alunos de escolas superiores de música de todo o país. A amostra foi constituída por 16 participantes do sexo masculino e 34 participantes do sexo feminino. A idade dos parti- cipantes varia entre os 16 e os 54 anos, sendo a média de idades de, aproximadamente, 29, 24 anos.

PÚBLICO EM GERAL

O terceiro questionário, foi respondido por 74 pessoas do público em geral, isto é, que não são músicos. A amostra foi constituída por 18 participantes do sexo masculino e 34 participantes do sexo feminino, sendo que 22 participantes não responderam a

esta questão. A idade dos participantes varia entre os 18 e os 59 anos, sendo a média de idades de, aproximadamente, 32, 79 anos.

Relativamente ao conhecimento do instrumento ‘viola’, 24 participantes afirma- ram conhecer o instrumento viola, 31 responderam desconhecer e 19 dos participantes não responderam a esta questão. Entre os respondentes, 15 participantes declararam ter recebido formação musical para além da que se obtém no ensino regular, enquanto que 37 participantes não receberam formação adicional à do ensino regular.

3.2.2 instrumentos 3.2.2.1 emoções

Para avaliar as emoções sentidas em relação à viola d’arco (pela parte dos outros músicos e dos violetistas) foi pedido aos participantes que pensassem na última vez que ouviram ou tocaram o instrumento e que indicassem em que medida sentiram um conjunto de emoções. Os itens foram medidos a partir de uma escala de Likert de 8 pon- tos que variava entre ‘0’ e ‘7’ (e.g., 0 — Nenhuma felicidade; 7 — Muita felicidade). Foi realizada uma análise fatorial exploratória de modo a identificar grupos de indicadores que pudessem ser agregados. Os resultados desta análise fundamentam a criação dos índices (i.e., agrupamentos de indicadores) ‘emoções positivas’ e ‘emoções negativas’.

No sentido de averiguar as emoções sentidas pelo público em geral em relação ao som da viola e do violino, foi pedido aos participantes que ouvissem um excerto musical sem saber de qual instrumento se tratava e indicassem em que medida sentiram um con- junto de emoções. Os itens de resposta foram medidos a partir de uma escala de Likert de 8 pontos que variava entre ‘0’ e ‘7’ (e.g., 0 — Nenhuma felicidade; 7 — Muita felicidade).

De modo a apurar quais as características que o público em geral identificou no som dos dois instrumentos, foi apresentada uma lista de 6 itens (‘som agradável’, ‘som estridente’, ‘som doce’, ‘som desagradável’, ‘som interessante’ e ‘som agressivo’) e pedido que avaliassem o som de acordo com os mesmos. Os itens de resposta foram medidos a partir de uma escala de Likert de 8 pontos que variava entre ‘0’ e ‘7’ (e.g., 0 — Discordo totalmente a 7 — Concordo totalmente). Foi ainda pedido aos participantes que ava- liassem o som dos dois instrumentos a partir de uma escala de Likert de 8 pontos que variava entre ‘0’ e ‘7’ (e.g., 0 — Muito negativamente a 7 — Muito positivamente).

3.2.2.2 actitudes

De forma a avaliar as actitudes dos outros músicos e dos violetistas em relação à viola, foram apresentadas várias afirmações acerca do instrumento e pedido aos par- ticipantes que expressassem a sua opinião acerca das mesmas. Os itens de resposta foram medidos a partir de uma escala de Likert de 8 pontos que variava entre ‘0’ e ‘7 (e.g., 0 — Discordo totalmente a 7 — Concordo totalmente).

Foi realizada uma análise fatorial exploratória de modo a identificar grupos de indicadores que pudessem ser agregados. Os resultados desta análise fundamentam a criação dos índices ‘actitude positiva’, ‘actitude negativa’, ‘som’ e ‘dificuldade’.

No sentido de estimar as actitudes dos outros músicos para com os violetistas e averiguar a percepção que estes têm sobre o modo como são avaliados pelos outros músicos, foram apresentadas várias afirmações acerca dos violetistas e pedido aos par- ticipantes que expressassem a sua opinião acerca das mesmas. Os itens foram medidos a partir de uma escala de Likert de 8 pontos que variava entre ‘0’ e ‘7 (e.g., 0 — Discordo totalmente a 7 — Concordo totalmente).

Foi realizada uma análise fatorial exploratória de modo a identificar grupos de indicadores que pudessem ser agregados. Os resultados desta análise fundamentam a criação dos índices ‘actitude positiva’, ‘actitude negativa’, ‘características relacionais dos violetistas’ e ‘características de escuta interpessoal dos violetistas’.

3.2.2.3 estereótipos

Com o intuito de averiguar o que o grupo dos outros músicos pensa acerca dos violetistas e qual a percepção que os violetistas têm acerca das características que lhes são atribuídas (meta-estereótipos), foram apresentadas várias afirmações sobre os violetistas e foi pedido aos participantes que dessem a sua opinião acerca das mesmas. Os itens foram medidos a partir de uma escala de Likert de 8 pontos que variava entre ‘0’ e ‘7 (e.g., 0 — Discordo totalmente a 7 — Concordo totalmente).

3.2.2.4 piadas

No sentido de avaliar até que ponto os outros músicos acham graça às piadas sobre a viola e os violetistas, foram apresentadas um conjunto de piadas típicas e foi pedido aos participantes que indicassem em que medida as mesmas lhes deram von- tade de rir. Os itens de resposta foram medidos a partir de uma escala de Likert de 8 pontos que variava entre ‘0’ e ‘7 (e.g., 0 — Nenhuma vontade de rir a 7 — Muita vontade de rir).

De forma a calcular o impacto que as piadas sobre a viola e os violetistas têm na forma como os violetistas se sentem, foram apresentadas algumas piadas e foi pedido aos participantes para revelarem como se sentiriam ao ouvi-las. Os itens de resposta foram medidos a partir de uma escala de Likert de 8 pontos que variava entre ‘0’ e ‘7 (e.g., 0 — Sentir-me-ia muito mal a 7 — Sentir-me-ia muito bem).

3.2.3 procedimentos

Para a realização da recolha dos dados do questionário dos outros músicos, fo- ram contactados vários professores de disciplinas teóricas do curso de música do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, com o fim de obter permissão para a aplicação do questionário em questão. Após consentimento de alguns professores, a aplicação foi efetuada pela autora deste trabalho, que permaneceu na sala de aula para esclarecer eventuais dúvidas. Finalmente, depois de recolhidos os questionários respondidos, agradeceu-se a colaboração dos participantes. Em média, foram suficientes 30 minutos para concluir o questionário em cada sala de aula. O ques- tionário foi aplicado no mês de Junho de 2013.

Para a concretização da recolha dos dados do questionário dos violetistas, foram contactados via email violetistas profissionais e alunos de escolas superiores de música de todo o país, através da base de dados da Associação Portuguesa da Viola d’arco, com o objetivo de adquirir voluntários, para o preenchimento do questionário em questão.

Após o consentimento, o questionário foi enviado por email para os interessa- dos em colaborar. Este questionário foi aplicado através da plataforma online “Google docs”, durante o mês de Agosto de 2013.

Para a execução da recolha dos dados do questionário do público, foram anga- riadas pessoas do público em geral que não são músicos, através das redes sociais, com o objectivo de adquirir voluntários para o preenchimento do questionário em questão.

Após o consentimento, o questionário foi enviado por email para os interessados em colaborar. O questionário foi aplicado através da plataforma online “Qualtrics”, ten- do estado ativo desde o mês de agosto de 2013 a março de 2014. Foram iniciados 278 questionários e, efectivamente, concluídos 74.

Este questionário contou com um ficheiro áudio (os compassos iniciais do 3º andamento da Sinfonia Concertante de W. A. Mozart) tocado na viola e no violino, in- terpretado pelo prof. doutor David Lloyd, professor auxiliar convidado da Universidade de Aveiro.

3.2.4 resultados

EMOÇÕES

A primeira hipótese (H1) propunha que as emoções sentidas pelos outros músi- cos e pelos violetistas acerca da viola fossem maioritariamente positivas, o que se veio a verificar, uma vez que os resultados permitem concluir que ambos os grupos refe- rem experimentar mais emoções positivas do que negativas (Gráfico 1). No entanto, o diferencial entre as emoções positivas e negativas é mais acentuado pela parte dos violetistas. 0 1 2 3 4 5 6 Emoções negativas Emoções positivas violetistas outros músicos 3.9 5.7 1.5 0.8

A segunda hipótese (H2), propunha que as emoções sentidas acerca da viola e do violino pela parte do público em geral diferem significativamente.

A hipótese não se verificou uma vez que os resultados indicam que os respon- dentes não experienciaram emoções diferentes relativamente aos dois instrumentos (Gráfico 2).

Será importante relembrar que os participantes avaliaram o som dos dois instru- mentos após a escuta de um trecho de viola d’arco ou de violino, num contexto em que não é dada informação sobre o instrumento executado.

0 1 2 3 4 5 Prazer Satisfação Entusiasmo Desprezo Divertimento Espanto Tristeza Felicidade Violino Viola 4.0 4.2 4.1 4.1 2.0 1.9 2.7 2.8 4.0 4.0 1.4 1.5 4.0 4.2 4.4 4.3

Gráfico 2 – Emoções experienciadas pelo público em geral em relação à viola d’arco e ao violino

A terceira hipótese (H3) propunha que o público em geral identifica característi- cas distintas no som dos dois instrumentos, avaliando o som do violino de forma mais positiva.

Esta hipótese veio a verificar-se uma vez que os resultados asseguram que os participantes avaliam o som de modo distinto em algumas características (Gráfico 3). Especificamente, os respondentes consideram que o violino emite um som mais ‘es- tridente’, ‘desagradável’ e ‘agressivo’ que a viola d’arco. Por outro lado, referem que a viola d’arco tem um som mais ‘agradável’ e mais ‘doce’. Quanto à avaliação dos dois ins- trumentos, esta hipótese não se verificou uma vez que os respondentes avaliam mais positivamente o som da viola. Relativamente aos demais atributos, não se registaram diferenças significativas na avaliação dos participantes.

0 1 2 3 4 5 6 Avaliação som Som agressivo Som interessante Som desagradável Som doce Som estridente Som agradável Violino Viola 5.5 5.3 2.1 5.1 5.1 5.1 5.4 2.0 1.4 1.9 2.9 3.6 3.6 4.3

Gráfico 3 – Avaliação do som da viola e do violino feita pelo público em geral

ACTITUDES

A quarta hipótese (H4) propunha que as actitudes para com a viola pela parte dos outros músicos são moderadamente positivas e que as actitudes para com a viola pela parte dos violetistas são positivas.

A hipótese veio a verificar-se uma vez que os resultados permitem concluir que ambos os grupos avaliam positivamente o instrumento, no entanto essa avaliação é significativamente mais favorável pela parte dos violetistas (Gráfico 4). Relativamente à actitude negativa, os resultados indicam a ausência de uma avaliação negativa quer por parte dos outros músicos, quer no que se refere aos violetistas. Igualmente, no que se refere ao ‘som’ e à ‘dificuldade do instrumento’, não se registam diferenças estatisti- camente significativas entre os dois grupos, os quais avaliam favoravelmente o som e a dificuldade do instrumento. 0 1 2 3 4 5 6 7 Di�iculdade Som Atitude negativa Atitude positiva violetistas outros músicos 3.9 6.2 1.1 0.4 3.6 4.0 3.4 4.1

Gráfico 4 – Actitude face à viola d’arco por parte dos outros músicos e dos violetistas

A quinta hipótese (H5) propunha que as actitudes para com os violetistas pela parte dos outros músicos são moderadamente positivas.

Esta hipótese veio a verificar-se uma vez que os resultados permitem concluir que as avaliações dos outros músicos face aos violetistas são moderadamente positi- vas relativamente à dimensão positiva, às características relacionais e às características de escuta interpessoal dos violetistas. Os resultados mostram ainda que as avaliações na dimensão negativa traduzem a ausência de uma avaliação negativa dos violetistas (Gráfico 5).

A sexta hipótese (H6) propunha que a percepção dos violetistas acerca do modo como são avaliados pelos outros músicos é maioritariamente negativa.

A hipótese não se verificou, uma vez que os violetistas têm uma percepção mode- radamente positiva acerca da avaliação que deles é feita pela parte dos outros músicos. No entanto no que se refere à dimensão ‘actitude negativa’, os violetistas consideram que os outros músicos apresentam uma avaliação moderadamente negativa para com o seu grupo, contrastando com a ausência de avaliação negativa pela parte dos outros músicos (Gráfico 5). 3.4 3.4 3.5 2.0 4.3 4.7 4.3 4.0 0 1 2 3 4 5

Características escuta interpessoal Características relacionais Atitude negativa

Atitude positiva

violetistas outros músicos

Gráfico 5 – Actitude face aos violetistas por parte dos outros músicos e a percepção dos violetistas sobre o modo como são avaliados pelos outros músicos

ESTEREÓTIPOS

A sétima hipótese (H7) propunha que os estereótipos atribuídos ao violetis- ta pela parte dos outros músicos são moderadamente positivos. Esta hipótese veio a verificar-se uma vez que a análise dos resultados permite verificar que os outros músi- cos não concordam com muitos dos estereótipos atribuídos aos violetistas (Gráfico 6). Especificamente, o único traço estereotípico que os outros músicos atribuem negativa- mente aos violetistas refere-se à ‘perspicácia’.

1.7 3.5 3.4 1.7 2.5 4.3 2.1 0.9 4.0 4.0 2.5 2.2 4.9 0 1 2 3 4 5

violetistas são �le

veis

violetistas são humildes

di

spensa violetistas or

questr

a

violetistas são mau

s ou

vint

es

violetistas são delicados

violetistas t

em pr

oblemas rítmicos

violetistas são arr

og

ant

es

violetistas são competiti

vos

violetistas são per

guiçoso

s

violetistas são boas pesso

as violetistas t ocam de sa�i nados

violetistas são perspicazes

violetistas não escutam

os outr

os

Gráfico 6 – Estereótipos atribuídos aos violetistas pela parte dos outros músicos

A oitava hipótese (H8) propunha que a percepção dos violetistas acerca dos este- reótipos que lhes são atribuídos é maioritariamente negativa.

A hipótese não se verificou uma vez que a análise da percepção dos violetistas relativamente aos traços que os outros músicos lhes atribuem (meta-estereótipo) per- mite verificar que é largamente coincidente com as atribuições de traços por parte dos outros músicos analisadas anteriormente (Gráfico 7). Neste contexto é importante des- tacar que os violetistas têm a percepção que os outros músicos consideram que não são perspicazes.

0 1 2 3 4 5 6 7 2.7 3.4 2.5 1.4 3.6 4.0 2.5 2.6 4.8 4.3 3.9 3.6 6.1

violetistas são �le

veis

violetistas são humildes

di

spensa violetistas or

questr

a

violetistas são mau

s ou vint es violetistas são de licados violetistas t em pr oblemas rítmicos

violetistas são arr

og

ant

es

violetistas são competiti

vos

violetistas são per

guiçoso

s

violetistas são boas pesso

as

violetistas t

ocam de

sa�i

nados

violetistas são perspicazes

violetistas não escutam

os outr

os

Gráfico 7 – Meta-estereótipos — Percepção que os violetistas têm acerca dos estereótipos que lhes são atribuídos pelos outros músicos

PIADAS

A nona hipótese (H9) propunha que os violetistas expressam desconforto ao ou- vir as piadas dirigidas à viola, enquanto que os outros músicos acham graça às mesmas piadas.

Esta hipótese veio a verificar-se sendo que os resultados permitem verificar que se os violetistas exprimem uma posição ambígua, os outros músicos acham graça às piadas sobre a palavra Bratsche, sobre as violas grandes e sobre a viola e o cortador de relva (Gráfico 8). Em linha com estes resultados, a comparação das médias entre os dois grupos revela que os outros músicos acham significativamente mais graça às piadas anteriormente descritas, do que os violetistas.

3.3 3.3 3.6 4.1 4.4 3.8 3.8 4.1 3.9 3.1 3.1 3.1 0 1 2 3 4 5

Piada sobre tocar viola Piada sobre som da viola

Piada sobre viola e cortador de relva Piada sobre as violas grandes

Piada sobre palavra Bratsche Piada sobre viola e aspirador

outros músicos violetistas

Gráfico 8 – O que os outros músicos e os violetistas acham acerca das piadas sobre a viola

A décima hipótese (H10) propunha que os violetistas expressam desconforto ao ouvir as piadas dirigidas aos violetistas, enquanto que os outros músicos acham graça às mesmas piadas.

A hipótese veio a verificar-se uma vez que os resultados confirmam que os vio- letistas têm uma posição ambígua relativamente a todas as piadas (Gráfico 9). No que se refere aos outros músicos, estes acham graça às piadas sobre os violetistas tocarem desafinado, sobre o cânone e sobre os dedos do violetista. A comparação das médias entre os dois grupos revela que os outros músicos acham significativamente mais graça às piadas anteriormente descritas, do que os violetistas.

3.5 3.7 3.6 4.1 3.4 4.3 4.8 4.7 4.0 3.6 0 1 2 3 4 5

Piada sobre violetistas serem boa gente

Piada sobre dedos de violetistas Piada sobre cânone

Piada sobre violetistas tocarem desa�inado Piada sobre violetista que tocou a�inado

outros músicos violetistas

Gráfico 9 – O que os outros músicos e os violetistas acham acerca das piadas sobre os violetistas

Os dados obtidos revelam-nos ainda que os violetistas acham que os outros músicos não têm preconceito nem os discriminam. No entanto, pela parte dos outros músicos, 25% da amostra diz já ter troçado de um violetista, sendo as razões mais apontadas a diversão, a brincadeira e o sentido de humor. Será importante referir que quatro respondentes argumentaram que troçaram do violetista por ser geralmente o instrumento com o qual gozam, independentemente de não nutrirem inimizades por violetistas; pela maneira como os violetistas tocam e pelo som; por ser um violetista e porque grande parte dos violetistas são cromos.

Levantamento de piadas (que não as apresentadas nos questionários) menciona- das pelos outros músicos e pelos violetistas

No que diz respeito ao grupo dos outros músicos, estas foram as piadas mencionadas: 1. Qual a diferença entre um gato morto (atropelado) na estrada e um violetista morto na estrada? O

gato tem marcas de travagem.

2. Qual a diferença entre a 1ª estante e a 2ª estante de violas? Vários compassos.

3. Qual a diferença entre a 1ª e a 2ª estante das violas? meio-tom!

4. Qual a diferença entre uma violinista e uma violetista? A violetista tem mais pêlos nas costas.

5. Qual a diferença entre a 1ª e a última estante das violas? meio tom.

6. Qual a diferença entre um violino e uma viola? A viola arde mais tempo.

7. Qual a diferença entre a 1ª estante e a 2ª estante das violas? meio tom.

8. Qual a diferença entre a 1ª e a 2ª segunda estantes das violas? Meio tom.

9. Qual a diferença entre 2 violas d’arco? meio tom.

10. Qual é a diferença entre a 1ª e a última estante das violas numa orquestra? 2 compassos.

11. Sabe qual é a diferença entre um violino e uma viola? A viola é um violino com trissomia 21.

12. Qual a diferença entre a 1ª e a 2ª estante das violas? 1 tom. e da 1ª para a última? 2 compassos.

13. Qual é a diferença entre a 1ª e a última estante das violas? 5 compassos.

14. Qual a diferença entre um naipe de violas e uma máquina de lavar? Ambos tremem mas o resulta- do da máquina é mais limpo.

15. O que é pior que uma viola? Duas.

16. O que acontece a uma viola quando cai do 10º andar? Ninguém quer saber.

17. Qual é a diferença entre um violetista e um balde de merda? O balde.

18. Qual é a diferença entre o 1º e o 2º violetista? meio tom

19. Um violinista e um violetista atiram-se de um prédio. Quem chega ao chão primeiro? O violinista, pois o violetista perde-se pelo caminho.

No documento Ser violetista, ainda há discriminação? (páginas 85-105)

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