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Objectivos, Estrutura e Organização

CAPÍTULO 4: Resultados

4.2. Plano Nacional de Saúde 2004-2010

4.2.2. Objectivos, Estrutura e Organização

O PNS6 pretende ser um fio condutor para as “instituições do Ministério da Saúde, outros organismos do sector da Saúde - governamentais, privados e de solidariedade social - e de outros sectores de actividade” (DGS, 2004a, p. 13), definindo como objectivos estratégicos:

“• Obter ganhos em saúde, aumentando o nível de saúde nas diferentes fases do ciclo de vida e reduzindo o peso da doença;

• Utilizar os instrumentos necessários, num contexto organizacional adequado, nomeadamente centrando a mudança no cidadão, capacitando o sistema de saúde para a inovação e reorientando o sistema prestador de cuidados;

• Garantir os mecanismos adequados para a efectivação do Plano, através de uma cativação de recursos adequada, promovendo o diálogo

6 As grelhas de análise à semântica, estruturas e conteúdos dos dois Volumes do PNS encontram-se em anexo.

intersectorial, adequando o quadro de referência legal e criando mecanismos de acompanhamento e actualização do Plano” (Ibid., 2004a, p.19)

Enquanto processo, o Plano é apresentado como work in progress, em actualização contínua, prevendo-se uma implementação nacional e a sua tradução ao nível regional, promovida pelas Administrações Regionais de Saúde (ARS), cujo percurso contempla três fases distintas, que, de forma resumida, correspondem à (I) definição de estrutura, orientações e metas, a concretizar até 2004 (II) Operacionalização de estruturas e procedimentos, até 2006, e (III) execução e monitorização, até 2010 (DGS, 2004a).

São definidas 13 orientações estratégicas globais que, de acordo com as suas características, foram agregadas em quatro categorias: (I) Estratégias gerais, (II) Estratégias para obter mais saúde para todos, (III) Estratégias para gestão da mudança, e (IV) Estratégias para garantir a execução do Plano (Quadro 8).

I- Estratégias Gerais

1. Prioridade aos mais pobres 2. Abordagem programática

3. Abordagem com base em settings

II - Estratégias para Obter Mais Saúde para Todos 4. Abordagem centrada na família e no ciclo de vida 5. Abordagem à gestão integrada da doença

III - Estratégias para a Gestão da Mudança 6. Mudança centrada no cidadão

7. Capacitar o sistema de saúde para a inovação 8. Reorientar o sistema de saúde

9. Acessibilidade e racionalidade da utilização do medicamento

IV - Estratégias para Garantir a Execução do Plano 10. Acompanhamento do Plano

11. Cativação de recursos 12. Diálogo

13. Quadro de referência legal

Quadro 8: Estratégias e Orientações Globais do Plano Nacional de Saúde Fonte: DGS, 2004a, p. 39

As Estratégias Gerais são apresentadas como transversais a todo o sistema de saúde. A prioridade aos mais pobres põe a tónica na promoção do acesso aos serviços de saúde como pilar fundamental de equidade, essencial para a estratégia de Ganhos em Saúde. A abordagem programática dá continuação à política de desenvolvimento de “Programas Nacionais de Intervenção para, de uma forma horizontal, serem executados por todos os intervenientes no sistema de saúde” (Ibid., p. 44), abrindo-se espaço à sua eventual revisão ou à criação de novos Programas Nacionais. Por fim, a Abordagem por settings é focada na escola, locais de trabalho e de lazer enquanto “ambientes integradores de uma multiplicidade de intervenções de carácter diverso” (Ibid., pp. 44-45), de natureza intersectorial e interdisciplinar.

As Estratégias para obter mais saúde para todos propõem uma abordagem centrada na família e no ciclo de vida, que permite uma percepção integrada dos “problemas de saúde que devem ser priorizados para os diferentes grupos etários, nos diferentes papéis sociais que vão assumindo ao longo da vida” (Ibid., p. 53), e uma abordagem à gestão integrada da doença, onde se define um conjunto de doenças cuja resposta é prioritária.

As Estratégias Para a Gestão da Mudança visam a promoção de uma “mudança de cultura, de hábitos de trabalho e de formas de responsabilização” (Ibid., p. 64), através de uma abordagem sob três perspectivas: A Mudança centrada no cidadão, cujo eixo passa pela promoção de comportamentos e ambientes saudáveis e pelo reforço do papel da cidadania enquanto agente activo do sistema de saúde; Capacitar o sistema de saúde para a inovação e desenvolvimento, comunicação e conhecimento e Reorientar o Sistema de Saúde, orientação que tal como a que é relativa à política de medicamento, visa uma intervenção ao nível do investimento e dos gastos em saúde.

Nas Estratégias para Garantir a Execução do Plano, através da especificação de recursos necessários, de mecanismos de diálogo intersectorial e com a sociedade civil e da definição um quadro de alterações legais a implementar, procura-se criar condições para a implementação e acompanhamento e avaliação do Plano.

Pela natureza intersectorial e pelo carácter ao mesmo tempo específico e abrangente da proposta que o PNS representa, estas 13 orientações estratégicas podiam,

de alguma forma, dar um contributo para prevenir e combater a Pré-obesidade e a obesidade infantil e dos jovens. No entanto, para obter mais saúde para todos “privilegiam-se duas estratégias: centrar as intervenções na família e no ciclo de vida e abordar os problemas de saúde através de uma aproximação à gestão da doença(Ibid., p.53), verificando-se que estas, no desenvolvimento que lhe é dado no segundo volume, acabam por enquadrar muitas das restantes orientações, como por exemplo a abordagem por planos e por settings ou a mudança centrada no cidadão, pelo que iremos centrar aqui a nossa análise, procurando a expressão concreta desse contributo.

O documento é constituído por dois volumes, onde são apresentadas as estratégias globais de intervenção, as prioridades e as metas a atingir no combate à doença e promoção da saúde, concretizadas pela definição uma série de medidas a pôr em prática.

No primeiro volume, são apresentadas as quatro categorias de estratégias, com destaque para as Estratégias Gerais e Estratégias para Garantir a Execução do Plano, definindo-se ainda as prioridades para Obter Mais Saúde Para Todos e para a Gestão da Mudança.

No segundo volume, partindo das prioridades definidas, são traçadas as orientações e intervenções necessárias para obter ganhos em saúde, clarificando-se também orientações e instrumentos para a gestão da mudança no sistema de saúde (DGS, 2004b).