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Adriana Fantoni Naurath Colares Fabrízia Miranda de Alvarenga Dias

JOGO OBJETIVO

Gennius Trabalhar a memória visual e auditiva; Jogo da Memória Trabalhar Memória visual, memória de trabalho e atenção

Jogo Lince Trabalhar Atenção Seletiva e Sustentada/Percepção Visual e Espacial; Jogo Ligue 4 Trabalhar atenção, a concentração, o planejamento, o raciocínio lógico; Aplicativo Alfa-Fon Identificar o som das letras

Piafe Organizar ideias e desenvolver a organização do pensamento e das ações.

Figura 1: Atividades lúdicas visando desenvolver a percepção, atenção, memória, linguagem e as funções executivas. Fonte: Dados da pesquisa

Segundo Relvas (2010, p. 92), “o processo de aprendi- zagem é desencadeado a partir da motivação”. Por tanto o aten- dimento neuropsicopedagógico teve início com atividades lúdicas para desenvolver a percepção auditiva relacionadas com o tema que provoca maior interesse pelo paciente, o time Flamengo. Desta forma, despertou-se o interesse para que E.R.B. tenha motivação para apropriar-se do conhecimento.

A emoção é a primeira opinião que o cérebro emite sobre um assunto, baseado em toda a experiência que acumulou ao longo dos anos. Por isso, por mais que pareça paradoxal, elas são perfei- tamente lógicas. Como são rápidas e personalizadas são valiosas, sobretudo quanto o tempo é curto. (RELVAS, 2010, p. 111)

E.R.B. possui um grande apreço pelo time de futebol do Flamengo. Utilizando esse tema, na “fase intermediária” foram trabalhadas as técnicas e estratégias de estudo, que objetivaram melhorar o processo da aprendizagem associado ao Método Fônico de Alfabetização Multissensorial. Consequentemente percebeu-se um envolvimento maior do paciente motivando a persistir mesmo diante das dificuldades e superar suas inibições na aprendizagem.

Na “fase final” foram verificadas as diferentes formas de estudo aprendidas e apreendidas e a melhoria de seu desempenho

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acadêmico, onde foram identificados os ganhos do tratamento neuropsicopedagógico, além do levantamento de alternativas para a manutenção destes.

Reavaliação da hipótese inicial

A hipótese inicial foi confirmada que a criança apresenta indi- cadores compatíveis com Transtorno do Desenvolvimento Intelectual que inclui déficits funcionais, tanto intelectuais quanto adaptativos, nos domínios conceituais, social e prático, como também na apren- dizagem demonstrados nas dificuldades no campo da leitura e compreensão, raciocínio lógico, resolução de problemas, planeja- mento, pensamento abstrato, aprendizagens acadêmicas, que não correspondem à média esperada em comparação com os seus pares. Revela-se imatura nas suas relações sociais e na comuni- cação com as pessoas do seu convívio. Demonstrados durante a aplicação dos testes padronizados, ecológicos e sessão lúdica e, também, durante o período de intervenção.

E.R.B. apresenta comportamento inquieto, com dificuldades de sustentar a atenção durante um período de tempo, mesmo que seja curto. Seu pensamento domina mais os conteúdos relacio- nados ao 2º Ano do Ensino Fundamental I. O seu nível de enten- dimento não corresponde as expectativas associadas à sua idade, demonstrando imaturidade nas ações e no modo de se expressar. Encontra-se no nível de escrita Silábico-Alfabético.

Apresenta comportamento inquieto, com dificuldades de sustentar a atenção durante um período, mesmo que seja curto. Seu pensamento é lento, necessitando manusear materiais concretos para compreender o processo até chegar à abstração. Seu processo de aprendizagem sofre as consequências em suas várias fases, tais

quais a codificação da informação, consolidação, armazenamento na memória e evocação das informações, em decorrência das difi- culdades na atenção sustentada, bem como no estabelecimento de objetivos, no planejamento das ações, esquece com facilidade das instruções dadas, relacionadas com a memória de trabalho e funções executivas.

Apresenta resistência para com atividades que envolvam leitura, escrita ou qualquer situação onde se sinta avaliado ou que exigem maior esforço cognitivo. Considera-se incapaz logo desis- tindo em realizá-las.

Portanto, pode-se concluir que a dificuldade de aprendizado está relacionada com Transtorno do Desenvolvimento Intelectual que foram confirmadas durante o atendimento neuropsicopedagógico.

Conclusão

Este estudo teve por objetivo demonstrar como a avaliação e a intervenção neuropsicopedagógica podem auxiliar nos pacientes com dificuldades de aprendizagem ou transtornos, elucidando suas potencialidades e restrições que o Sistema Nervoso Central realiza, bem como estabelecendo metas que visem o estímulo das funções cognitivas, emocionais e sociais.

No estudo de caso apresentado, verificou-se que o paciente E.R.B. apresenta o Transtorno do Desenvolvimento Intelectual ou Deficiência Intelectual. Na intervenção neuropsicopedagógica, percebeu-se que a utilização do Método Fônico de Alfabetização Multissensorial seria mais adequada por estimular áreas cognitivas promovendo o desenvolvimento da consciência fonêmica e fonoló- gica, permitindo uma evolução do nível de escrita Silábico-Alfabético para o Alfabético no qual o paciente agora se encontra. Durante todo

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o período de atendimento, houve uma preocupação em promover a motivação e integração do paciente com todo o processo de avaliação e intervenção, através de um ambiente acolhedor onde o vínculo afetivo seria o fator impulsional deste sujeito para o desen- volvimento da sua aprendizagem.

O contato com a escola fez com que os profissionais que acompanham E.R.B. tivessem um novo olhar na relação ensino- -aprendizagem. Todavia, não foi possível colocar em prática muitas das sugestões dadas, em função do tipo de organização acadêmica relacionada as diferentes disciplinas e professores de áreas espe- cíficas. Foi estimulado a participação de E.R.B. na sala de recursos cujos trabalhos são desenvolvidos pela psicopedagoga em contra turno, com dois encontros semanais. Tal trabalho foi organizado para dar continuidade as atividades desenvolvidas nas interven- ções neuropsicopedagógicas tendo como resultado um desenvol- vimento significativo quanto ao processo de alfabetização. E.R.B. já consegue ler palavras canônicas e procura ler sílabas compostas.

O trabalho conjunto melhorou a participação de E.R.B. nas atividades escolares. Entretanto, ele foi reprovado no 6º ano do Ensino Fundamental II devido ao baixo rendimento acadêmico e difi- culdades apresentadas, comprometendo a compreensão e o rendi- mento escolar, mesmo assim, sua evolução foi notória. Atualmente, E.R.B. apresenta mais interesse e menos resistência em participar das atividades escolares.

Conclui-se que é de suma importância compreender como o cérebro funciona auxilia no desenvolvimento das diferentes áreas de desenvolvimento cognitivo, motor e emocional. Por meio de sessões de intervenção neuropsicopedagógica voltadas para estimular concomitantemente a emoção, a atenção, a memória, o equilíbrio socioemocional, a autoconfiança, pode-se verificar uma melhoria na aprendizagem.

Faz-se necessário respeitar o ritmo de cada um e acreditar que, embora haja dificuldades ou transtornos que dificultem a aprendizagem, existem diferentes áreas cerebrais a serem estimu- ladas para que o indivíduo possa se sentir capaz e se sentir incluído na sociedade, ou seja, ser um cidadão respeitado.

Referências

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FERNANDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre. Artes Medicas, 1991.

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PEREIRA, Rafael S. (org). Abordagem Multidisciplinar da Aprendizagem. Lisboa. Editora QualConsoante, 2015.

RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Educação. Rio de Janeiro, RJ.Walk, 2010. ROTTA, NewraTellechea (org). Transtornos da Aprendizagem. Porto Alegre. Artmed, 2016.

RUSSO, Rita M. T. Neuropsicopedagogia Clínica: Introdução, Conceitos Teoria e Prática. Curitiba. Juruá Editora, 2015.

CAPÍTULO 9

A MÚSICA COMO POTENCIALIZADORA DAS