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3 A redução eidética começa com a observação de que apreender a consciência não é suficiente Pelo

3.3 OBJETIVO DO ESTUDO

O presente estudo pretende investigar a experiência de supervisão existencial na perspetiva do supervisando, na descrição da experiência de supervisão que vem à sua consciência, como também fazer uma análise profunda dos elementos eidéticos resultantes das descrições dos participantes, na procura de aspetos invariantes pretendendo alcançar uma estrutura de significado psicológico, para a compreensão dos resultados alcançados.

Nesse percurso, destacam-se vários elementos que se interligam nesse processo que podem traduzir a síntese de significados psicológicos sobre o fenómeno em estudo e não a experiência individual dos sujeitos, que surge nos resultados finais, permitindo deste modo, elucidar sobre o significado dos participantes nas descrições, que surgem das relações intencionais que estes têm com o mundo.

Este estudo procura explorar esta temática através de uma metodologia qualitativa fenomenológica, que, pela sua natureza, tem como objetivo enfatizar a reflexividade, e embora o ponto de partida seja a experiência dos sujeitos, espera alcançar estruturas significativas a partir dessas experiências.

Trata-se de um estudo de investigação ainda embrionário em Portugal, sem categorias pré-definidas. Consegue, assim, constituir uma oportunidade para entender o processo em causa sem afetar nem privilegiar nenhum dos fatores à partida para além da perspetiva do supervisando, tal como este se apresenta e se expressa de forma livre e autêntica.

3.4 PARTICIPANTES

Os critérios de seleção dos participantes no presente estudo foram os seguintes: A seleção dos Participantes foi efetuada de forma aleatória pelo responsável do projeto de investigação. Para o presente estudo foram escolhidos três supervisandos da SPPE, dois deles já tinham terminado a sua formação na sociedade e um ainda se encontrava a receber supervisão e formação na Sociedade, na data da entrevista.

Caraterísticas dos participantes do estudo:

Participante 1 (P1) sexo feminino, 31 anos, nacionalidade portuguesa, residente na Grande Lisboa, habilitações literárias grau de mestre, com a profissão de Psicóloga Clínica/Psicoterapeuta/Acupuntora (medicina tradicional chinesa), com experiência profissional de seis anos, experiência de supervisão em grupo e individual no modelo fenomenológico existencial de quatro anos com a frequência semanal e/ou quinzenal durante a sua formação na SPPE. Apresenta experiência anterior de supervisão no modelo psicodinâmico com a duração de um ano e meio. Presentemente, após terminar a sua formação na SPPE em Dezembro de 2014, continua a receber supervisão no modelo fenomenológico existencial com a frequência mensal.

Participante 2 (P2) sexo masculino, 38 anos, nacionalidade portuguesa, residente no concelho de Lisboa, habilitações literárias licenciatura, com a profissão de consultor e terapeuta, experiência profissional de quatro anos, experiência de supervisão em grupo no modelo fenomenológico existencial de três anos com a frequência semanal durante a sua formação na SPPE. Não apresenta experiência anterior de supervisão.

Participante 3 (P3) sexo feminino, 30 anos, nacionalidade portuguesa, residente no concelho de Setúbal, habilitações literárias grau de mestre, com a profissão de psicóloga clinica, experiência profissional de cinco anos, experiência de supervisão em grupo no modelo fenomenológico existencial de quatro anos com a frequência semanal durante a sua formação na SPPE. Apresenta experiência anterior de supervisão também em grupo no modelo psicodinâmico. Presentemente, após terminar a sua formação na SPPE em Dezembro de 2014, continua a receber supervisão no modelo fenomenológico existencial com a frequência mensal.

Tabela 1. Dados sócio demográficos da amostra

3.5 INSTRUMENTOS

Foi utilizada a entrevista qualitativa fenomenológica, onde foi solicitado ao supervisando que descrevesse de forma tão completa quanto possível a experiência vivida em supervisão no modelo existencial na SPPE.

Para Giorgi & Sousa (2010), este instrumento pressupõe um procedimento metodológico que procura recolher dados que refletem em si mesmo, uma conceção diferente de produção de conhecimento, de construção de significado sobre a ação humana. Na perspetiva de Kvale (1996), a entrevista fenomenológica torna-se num espaço inter- relacional, dialético e de conversação entre sujeitos, promovendo um contexto empático que proporciona as condições adequadas para que os sujeitos descrevam e clarifiquem os significados do mundo quotidiano da experiência humana. O seu objetivo “orientado para o tema da entrevista” prende-se com a necessidade do investigador recolher informações a partir da experiência do entrevistado, na obtenção de descrições do mundo experiencial, do mundo da vida do entrevistado e as suas explicações dos significados sobre os fenómenos descritos. O instrumento escolhido para analisar os dados deste estudo, teve presente na sua aplicação os doze pressupostos considerados por Kvale como fundamentais na entrevista qualitativa, atendendo ao Mundo da Vida - com base na experiência quotidiana do mundo vivido do supervisando e da sua relação com o mundo (dirigida ao tema do estudo); Sentido-importância da descrição do significado dos temas centrais da vivência de supervisão; Qualitativa - recolha de dados qualitativos; Descritiva - descrição da experiência do supervisando; Específica - descrição de situações e ações específicas; Suspensão de Pré-Conceitos- suspensão de conhecimentos do entrevistador e a abertura a informações e fenómenos inesperados; Focada - entrevista aberta mas focada no tema do estudo; Ambiguidade - por vezes os relatos podem expressar ambiguidades sobre a Código Idade Sexo Nacionalidade Residência Habilitações

literárias Situação Profis- sional Profissão Experiência Profissional Experiência Supervisão Modelo FE Frequência da Supervisão Experiência Supervisão Noutro Modelo Experiência Supervisão P1 31 F Portuguesa Concelho

Oeiras Mestrado Ativo

Psicóloga Terapeuta Acupun-

tora

6 Anos 4 Anos Semanal e

Quinzenal 1,5 Anos Sim Grupo

P2 38 M Portuguesa Concelho

Lisboa Licenciatura Ativo Consultor Terapeuta 4 Anos 3 Anos Semanal Não Grupo

P3 30 F Portuguesa Concelho

experiência do supervisando e a sua relação com o mundo; Mudança - e própria entrevista é um processo reflexivo, o entrevistado pode expressar novos insights ou pensamentos no curso da entrevista, podendo mudar significados pré - estabelecidos; Sensibilidade - diferentes supervisandos podem expressar diferentes descrições; Situação interpessoal - o relato das descrições recolhidas resulta de uma interação entre duas pessoas (supervisando e entrevistador) e por fim, a Experiência Positiva - a entrevista qualitativa pode manifestar-se numa experiência positiva para o entrevistador e entrevistado, na medida em que as duas partes acrescentam saber e conhecimento sobre diferentes perspetivas.

A entrevista fenomenológica deste estudo partiu de uma pergunta aberta que foi gravada no formato áudio, sobre a experiência de supervisão na SPPE na perspetiva do supervisando. Tentei captar aspetos considerados pelo supervisando como cruciais na sua vivência nas sessões de supervisão, no decorrer da sua formação na sociedade e que contribuíram para a formação enquanto terapeuta neste modelo, permitindo entender como o supervisando sente, vive, e como apreende esse processo de supervisão. Esta entrevista não previu a existência de um “guião” de entrevista, mas sim uma pergunta aberta, a partir da qual iniciámos a entrevista de caráter exploratório mas “theme oriented”. As questões subsequentes surgiram a partir do fluxo das descrições dos participantes, procurando obter clarificações quando os depoimentos foram pouco claros, atendendo ao foco no objeto do estudo e não para validar hipóteses ou questões previamente delineadas. A descrição surge tal como foi experienciada ou tal como se apresentou ao supervisando.

Sempre que as descrições nas entrevistas se alargavam e afastavam muito do objeto do estudo, eram novamente orientadas pelo entrevistador para o foco do objeto do estudo. Quando os entrevistados não abordavam naturalmente tópicos considerados importantes no desenvolvimento deste estudo, eram introduzidas questões de forma simples e clara, para que os supervisandos explorassem o tema livremente, facilitando ao investigador aceder à elaboração das experiências dos entrevistados com detalhes e exemplos. Foram solicitados aos supervisandos a partilha de aspetos considerados por eles, como mais marcantes desta experiência de supervisão (e.g. aspetos para si mais importantes na supervisão; pontos mais ou menos favoráveis; o que o ajudou mais; o que encontra em comum com outros modelos; sugestões e obstáculos sentidos, etc.). Daqui surgiram espontaneamente respostas, sem dar lugar à interpretação nem intervenção intencional do entrevistador, permitindo elaborar uma análise da descrição e reflexão sobre as narrativas dos supervisandos.

3.6 PROCEDIMENTOS

A análise da investigação recai sobre os dados recolhidos das entrevistas áudio, realizadas por Rute Estevens que as aplicou aos supervisandos.

Os participantes foram contatados por correio eletrónico pela autora, tendo-lhes sido apresentada a finalidade desta investigação, assim como o pedido para o consentimento informado em relação aos procedimentos do estudo. Mais tarde foi combinado telefonicamente o local a realizar as entrevistas. Todos os participantes foram devidamente informados sobre a recolha da informação através da gravação áudio de entrevistas, tendo concordado e aceite as condições do presente estudo. Foi garantida a confidencialidade relativamente a todos os dados recolhidos e transmitida a informação de utilização destes unicamente para fins de investigação clínica. Foram ainda informados, da criação de um código de identificação que lhes foi atribuído de forma a garantir maior segurança e anonimato. Todas as questões relacionadas com a confidencialidade foram devidamente aclaradas no momento que precedeu a assinatura dos consentimentos informados, tendo sido nesse momento também facultado um contato para o esclarecimento de quaisquer dúvidas que pudessem surgir posteriormente. As Entrevistas depois de ouvidas foram transcritas ípsis verbis para um documento digital.

Na realização das entrevistas foi criado um ambiente empático, tranquilo e informal, onde antecipadamente o entrevistador agradeceu a disponibilidade na colaboração do estudo, explicando novamente o objetivo da investigação e os respetivos procedimentos. Não foi estabelecido tempo limite para a duração das entrevistas. Tendo as mesmas ocorrido com uma duração média de 58,3 minutos e com o mínimo de intervenção por parte do entrevistador, tentando adotar uma atitude fenomenológica. A questão central colocada correspondeu a: “ Como foi para si, na sua formação em psicoterapia existencial vivenciar a experiência de supervisão?”.

Para o participante P1 do presente estudo, foi realizada uma entrevista com a duração de 1h 07 minutos. Tendo a entrevista ocorrido no dia 20 de Março de 2015 numa sala de aula no ISPA.

Para o participante P2 do presente estudo, foi realizada uma entrevista com a duração de 0h 45 minutos. Tendo a entrevista ocorrido no dia 26 de Março de 2015 no gabinete do entrevistado.

Para o participante P3 do presente estudo, foi realizada uma entrevista com a duração de 1h 03 minutos. Tendo a entrevista ocorrido no dia 10 de Abril de 2015 no gabinete do entrevistado.

Após o registo áudio e a transcrição das três entrevistas (Anexo C), procedeu-se ao tratamento dos dados através deste método que compreende quatro passos, já mencionados anteriormente. Os passos dois (2) divisão das Unidades de Significado e três (3) Transformação das Unidades de Significado em Expressões de Carácter Psicológico deste método encontram-se disponíveis no anexo (D). De seguida passaremos ao passo quatro (4) Estruturação Geral de Significados Psicológicos deste método.

4. RESULTADOS

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