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4. DIDÁTICA DAS DANÇAS DE SALÃO

4.1. Objetivos

Permitir que os alunos consigam ter maior consciência do seu corpo, aceitando-o com as suas limitações e debilidades e aprendam, em simultâneo, a utilizá-lo com criatividade de forma a desenvolver e melhorar as suas potencialidades, pretendendo assim que cada aluno ao seu ritmo descubra do que é capaz de realizar e expressar com o seu próprio corpo.

Objetivos específicos:

 Desenvolver o esquema corporal e a coordenação motora;

 Desenvolver as capacidades expressivas, criativas e a capacidade de improvisação e interesse sobre o próprio corpo;

 Desenvolver a expressão verbal e não-verbal;

 Desenvolver as capacidades rítmicas e de dança coreografada;

 Aquisição do conhecimento do corpo em termos da comunicação e expressão;  Criar e estabelecer vínculos afetivos entre os vários participantes do grupo.

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4.2. Cronograma

Tabela 2 - Cronograma das aulas

RITMOS

AULAS Merengue Rumba Valsa Vienense

1,2 Passo base (várias direções, sem par e com par)

3,4

Passo base com pequena coreografia sem par. Passo base com troca de pares

Passo base (com troca de pares)

Passo Base (sem par e com par)

5,6 Passo base com par Voltas por baixo do braço

Passo base com par Volta da senhora por baixo do braço

Passo base em

progressão na pista de dança

7

Passo base com par Voltas por baixo do braço Sombrero

Passo base com par Volta da senhora por baixo do braço

New York (direita e

esquerda)

Passo base em

progressão na pista de dança

Animação de grupo, com troca de pares

8

Animação de grupo com merengue em roda, com troca de pares

Passo base com par Volta da senhora por baixo do braço

New York (direita e

esquerda)

Passo base em

progressão na pista de dança

9 Situação de baile com a mistura dos ritmos e com trocas constantes de par

10,11

Animação de grupo com merengue em roda, com troca de pares

Passo base com par Volta da senhora por baixo do braço

New York (direita e

esquerda)

Passo base

Volta da senhora à volta do homem

12,13

Coreografia sem par: passo base, em frente, para trás, para a direita e esquerda, tudo em 8 tempos e com trabalho de braços (cima, baixo) e com palmas.

Passo base com par Volta da senhora por baixo do braço

New York (direita e

esquerda)

Mão a mão (direita e esquerda)

Passo base

Volta da senhora à volta do homem

14 Merengue em roda com troca de pares

Passo base com par Volta da senhora por baixo do braço

New York (direita e

esquerda)

Mão a mão (direita e esquerda)

Passo base

Volta da senhora à volta do homem

Volta para a direita da senhora por baixo do braço

15 Pequenas coreografias sem e

com par Revisões Revisões

16,17 Merengue em roda com troca de pares

Pequena coreografia com troca de pares

Pequena coreografia com troca de pares 18 Situação de baile com a mistura dos ritmos e com trocas constantes de par

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4.3. Metodologia/Estratégias de ensino

Numa primeira fase, foram abordados jogos lúdicos, cantados e dançados, passando por passos soltos e formando pequenas coreografias individuais e numa segunda fase foi realizado trabalho a pares, isto, num contexto de aulas descontraídas e animadas, não descurando a componente técnica adequada aos alunos supracitados. Como referido, uma das metodologias utilizadas serão os jogos lúdicos, uma vez que as atividades lúdicas dão prazer e diverte as pessoas envolvidas. O conceito de atividades lúdicas está relacionado com o ludismo, ou seja, atividade relacionadas com jogos e com o ato de brincar. Os conteúdos lúdicos são muito importantes na aprendizagem, porque é fundamental incutir nas crianças a noção que aprender pode ser divertido. As iniciativas lúdicas nas escolas potenciam a criatividade, e contribuem para o desenvolvimento intelectual dos alunos.

A outra didática aplicada foi o trabalho a pares, que promove a sociabilização, a empatia, o respeitar o espaço do outro, desenvolvendo aspetos corporais: postura, alongamento e a perceção da diferença entre os corpos. Dançar aos pares estabelece algum contato entre si, desde a posição fechada até a posição aberta. Na posição fechada o homem envolve a mulher colocando a sua mão direita nas costas dela e suporta a mão direita da mulher na sua mão esquerda, fazendo com que o par se coloque frente a frente com pouco ou sem espaço livre entre eles. Na posição aberta o distanciamento do par é maior e o ponto de contato é uma das mãos do homem segurando uma das mãos da mulher. Independente da posição do par, fechada ou aberta, um dança com e para o outro.

O grupo de alunos nunca tinha vivenciado a dança, revelando falta de coordenação, velocidade de reação, memorização e a mais evidente foi o pouco à vontade, principalmente no toque com os colegas.

Para o desenvolvimento cognitivo, foi feito trabalho aos pares com memorização de passos e de pequenas coreografias. A nível psicomotor, sempre que realizavam os passos individualmente e aos pares. Para aumentar as capacidades afetivas, trabalharam o tocar (trabalho de pares) e o saber olhar um para o outro, principalmente nos exercícios de trabalho em espelho (por exemplo na base de rumba e merengue).

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A distribuição do trabalho desenvolvido foi efetuado em três aulas semanais de 45 minutos cada. As aulas decorreram no pavilhão de educação física do Agrupamento de Escolas Lousada Este. Os ritmos abordados durante as aulas foram o Merengue, a Rumba e a Valsa Vienense.

Estratégias:

 Exercícios de aquecimento;

 Executar batimentos corporais com música;  Realizar jogos rítmicos de imitação;

 Fomentar a dança e a expressão corporal;

 Executar exercícios de improvisação com suportes rítmicos e melódicos simples;

 Proporcionar situações de protagonismo;  Realizar jogos de espelho;

 Realizar jogos com diversos materiais, arcos, bolas, cordas, etc;  Realizar e criar movimentos rítmicos ao som da música;

 Exercícios de relaxamento com música.

De seguida, estão expostas atividades que foram os sustentáculos na realização das aulas, segundo as experiências já vivenciadas ao longo destes anos, pois são de extrema importância, podendo ser utilizadas com as músicas e ritmos abordados:

 Dança da Estátua (dançar livremente em diferentes ritmos e quando o professor parar a música, fazer estatua, seguindo as instruções do professor: sozinho, dois a dois, etc);

 Dança do balão (ao dançar equilibrar o balão em determinada parte do corpo, conforme o professor solicitar);

 Dança da Cadeira (em pé todos dançam conforme o ritmo que está a tocar e quando parar a música, todos devem tentar sentar-se numa cadeira o mais rápido possível). Uma variante fantástica, é dar tarefas ao aluno antes de

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sentar, por exemplo: senta com um lápis na mão direita, senta com uma peça de vestuário ou calçado de um colega, etc.;

 Dança do Gataflau (ao comando do professor, os alunos em fila, realizam uma pequena coreografia com movimentos e sons coordenados);

 Dança de Imitação (em grupo, uns atrás dos outros, deslocam-se ao som da música. O elemento da frente faz gestos livremente e os outros imitam-no. Ao sinal do professor, o elemento da frente passa para trás da fila, passando outro aluno a coordenar os movimentos).

Tabela 3 - Controlo do Processo de Ensino

Alunos Variáveis Início Final

Alunos A, C, E

e F

Coordenação Motora

Identifica direita e esquerda. Dificuldades em trabalhar simultaneamente membros superiores e inferiores Trabalha em simultâneo, membros superiores e inferiores Memória

Sequencial Memoriza 2 a 3 passos

Memoriza pequenas

coreografias Contacto

Afetivo

Rejeição ao toque com os pares

Aceitação ao toque

(Coreografia com os pares) Atenção e

Concentração

Tempo de atenção

concentração reduzido

Aumento significativo do tempo de atenção concentração Ritmo

Dificuldades em realizar movimentos do corpo com estruturas rítmicas

Realiza movimentos do corpo com estruturas rítmicas

Alunos B e D

Coordenação Motora

Muitas dificuldades em identificar direita e esquerda. Dificuldades em trabalhar simultaneamente membros superiores e inferiores

Identifica direita e esquerda. Trabalha em simultâneo, membros superiores e inferiores Memória Sequencial Memoriza temporariamente 1 passo Memoriza pequenas coreografias com a colaboração do par Contacto Afetivo

Rejeição ao toque com os pares

Aceitação ao toque

(Coreografia com os pares) Atenção e

Concentração

Tempo de atenção

concentração muito reduzido

Aumento significativo do tempo de atenção concentração Ritmo

Muitas dificuldades em realizar movimentos do corpo com estruturas rítmicas

Realiza com algumas dificuldades movimentos do corpo com estruturas rítmicas

Após um ano de trabalho, com o grupo, foi notório a satisfação dos alunos na apresentação do trabalho realizado. Para além da elevada auto estima, melhoraram muito a coordenação motora, a memorização de pequenas coreografias e o ritmo.

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Foram também notórios os vínculos afetivos entre os pares. Estes resultados estão expressos na tabela 3.

Foi sem dúvida uma mais-valia para os alunos que tiveram a oportunidade de experimentarem uma área diferente e para a escola foi gratificantes proporcionar a estes alunos estas vivências.

Considerações Finais

Considerações Finais

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5.1. Conclusão

As danças de salão na escola quando aplicada com metodologia adequada e, principalmente com consciência pedagógica, possibilita ao aluno aumentar as suas capacidades de interação social e afetiva, desenvolvendo as capacidades motoras e cognitivas. Quando realizada de forma lúdica, possibilita a integração entre todos os alunos, aumentando assim a autoestima, colocando em prática o sentido de uma educação voltada para a inclusão. Os professores são responsáveis por programar ou, melhor, saber “criar” um ensino que possibilite aos alunos, a motivação, o entusiasmo, a curiosidade, o sentido de humor e o espírito crítico. A influência do professor no fenômeno da aprendizagem é enorme e deve ser construída a partir da empatia e da qualidade afetiva.

5.2. Propostas futuras

Para além do trabalho a desenvolver nas turmas de currículo normal, será também uma mais-valia o ensino das Danças de Salão, nas turmas de currículo alternativo. Terá também de passar por uma melhoria na formação dos professores nesta área.

Considerações Finais

Bibliografia

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Anexos

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