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Objetivos e Diretrizes Gerais do PDOT/DF e do PDTU/DF

CAPÍTULO 4 ANÁLISE DAS DIRETRIZES DO PDOT E DO PDTU QUANTO À FORMAÇÃO DE ÁREAS

4.3. Objetivos e Diretrizes Gerais do PDOT/DF e do PDTU/DF

Este item se propõe a uma primeira aproximação do foco principal da pesquisa, verificando, a partir dos objetivos e diretrizes gerais estabelecidos nas legislações do PDOT/DF e do PDTU/DF, indicativos que se relacionem com a integração entre as políticas urbanas, com a centralidade e com a abrangência territorial, considerando a dimensão metropolitana de Brasília.

4.3.1. Objetivos e Diretrizes Gerais do PDOT/DF

Conforme mencionado no item 4.2, o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal vigente refere-se à Lei Complementar n° 803 de 25 de abril de 2009, atualizada pela Lei Complementar n° 854 de 15 de outubro de 2012.

Enfatiza-se de início, que o PDOT determina no parágrafo 1° do Art.5° que os Planos setoriais do Governo do Distrito Federal, na sua elaboração ou revisão, deverão se adequar aos dispositivos nele estabelecidos, confirmando a sua posição de referência para os demais Planos.

A leitura dos objetivos gerais do PDOT/DF já permite uma apreensão dos direcionamentos que se seguem, destacando-se no contexto do tema da presente análise:

 a melhoria da qualidade de vida da população e redução das desigualdades socioespaciais;

 o fortalecimento do Plano Piloto como Patrimônio Cultural da Humanidade;  a descentralização de atividades referente à distribuição mais justa e

equilibrada entre locais de emprego, equipamentos urbanos e comunitários e das moradias, e à promoção do desenvolvimento de novas centralidades no DF;

 a promoção da mobilidade urbana e rural de forma a garantir a circulação por todo o DF;

 a integração da política de ordenamento territorial com as demais políticas setoriais que atuam no território do DF e dos municípios limítrofes;

 o reconhecimento da necessidade de gestão compartilhada e de articulação da promoção do desenvolvimento territorial e econômico do DF, com o desenvolvimento metropolitano e regional.

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Percebe-se, de antemão, que a maioria dos objetivos do PDOT/DF envolve o tema da centralidade. O fortalecimento do Plano Piloto como área tombada direciona a análise no sentido de se supor que a intenção é a de manter o centro consolidado resguardado do processo de expansão urbana, mantendo-se a baixíssima densidade populacional.

A descentralização de atividades se apresenta como um tema relevante, sendo elencados em vários incisos, objetivos a ela relacionados, demonstrando o reconhecimento dos problemas decorrentes da excessiva centralidade do Plano Piloto. Com esta consideração, o Plano reforça a necessidade do equilíbrio entre localização de empregos, equipamentos urbanos e comunitários; e explicita claramente como um dos objetivos: “a promoção do desenvolvimento de novas centralidades no território do Distrito Federal” (DF, LC n°803/2009, inciso XII, Artigo 8°). Observa-se neste contexto, a abordagem acerca das desigualdades socioespaciais que caracterizam a configuração espacial de Brasília.

Comparecem ainda entre os objetivos gerais, os temas relativos à mobilidade urbana, à integração entre as políticas setoriais e à área metropolitana, que remetem à indicação de que há no PDOT direcionamentos referentes a tais assuntos.

4.3.2. Objetivos e Diretrizes Gerais do PDTU/DF

O Capítulo I da Lei n°4566/2011, relativo aos objetivos gerais do Plano, estabelece no Artigo 1° que se regem por ela as normas gerais básicas para a implementação do PDTU/DF, em consonância com o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal (PDOT/DF) e com o Estatuto da Cidade.

Dentre os objetivos e diretrizes gerais dispostos na referida Lei, destacam-se no contexto proposto:

 o estabelecimento de políticas estratégicas para a gestão dos transportes urbanos, planejamento e execução, no âmbito do DF e do entorno;

 a eficiência na prestação dos serviços mediante rede de transporte coletivo que articule os seus diferentes modais, garantindo condições adequadas de mobilidade e acessibilidade88 para a realização das atividades que a vida

moderna impõe;

88 A referida Lei associa mobilidade urbana ao conceito de sustentabilidade, definindo-a como o resultado de um conjunto de políticas de transporte e circulação que visem proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano e rural, priorizando os modos de transporte coletivo e não motorizados de forma efetiva, socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável. A acessibilidade é considerada na Lei, como a humanização dos espaços públicos e dos

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 a prioridade para os transportes coletivos e para os não motorizados, em detrimento aos modos motorizados individuais;

 o acesso amplo e democrático ao espaço urbano e rural;

 a articulação com as políticas públicas, sobretudo com as políticas de desenvolvimento urbano;

 a implantação do sistema viário estruturador em consonância com o estabelecido no Relatório Técnico do PDTU, com os instrumentos de política urbana, com o PDOT e com os Planos Locais;

 o tratamento especial na inserção de Polos Geradores de Viagens (PGV)89, por

meio da instituição de instrumentos legais que promovam a adequada acessibilidade aos empreendimentos, garantindo a mobilidade de todos os usuários, bem como, o desempenho operacional seguro e eficaz dos sistemas viários e dos transportes

Por se tratar de um Plano de caráter setorial, os objetivos dispostos no PDTU são mais específicos, voltados às questões de mobilidade sustentável, integração modal e acessibilidade a todo o território. No âmbito do tema da pesquisa, todas essas considerações são relevantes, na medida em que configurarem facilidades de deslocamentos que induzam ou consolidem áreas de centralidade.

Observa-se entre as diretrizes estabelecidas no PDTU, a articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e particularmente com o PDOT. Nesse sentido, a Lei n°4566/2011 determina que compete à Secretaria de Estado de Transportes, órgão responsável pela gestão do PDTU, desenvolver instrumentos legais que integrem o Sistema de Transporte Público Coletivo do DF90 (STPC) em consonância com o PDTU

e com o PDOT, que constituem parte do processo contínuo e integrado de planejamento e integração setorial.

Na conotação relativa aos Polos Geradores de Viagens, que por suas características podem conformar áreas de centralidade, percebe-se que as ações do PDTU estão mais voltadas ao impacto que podem causar na circulação urbana do entorno do que

serviços de transporte, estabelecendo-se condições para que sejam utilizados com segurança, equidade, economia e autonomia total ou assistida. (DF, Lei 4.566/2011, I e II, § único, Art.2°).

89 Também chamados de Polos Geradores de Tráfego. No Distrito Federal, o decreto n° 26.048/05 conceitua Polo Gerador de Tráfego como a edificação, ou conjunto de edificações, cujo porte, natureza e oferta de bens ou serviços criam uma situação de complexidade com interferências no tráfego do entorno e grande demanda por vagas de estacionamento ou de garagem (ST/2010).

90 Os serviços de transporte público coletivo são classificados em Básico e Complementar. O Básico compreende linhas do modo rodoviário e metroviário, podendo operar mediante integração física, tarifária e operacional. O Complementar, linhas do modo rodoviário, atendendo a segmentos específicos de usuários (ST, 2010).

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propriamente com relação à indução da formação ou consolidação das referidas áreas.

A vinculação das diretrizes gerais do PDTU com o tema da centralidade está explícita no Capítulo V da Lei 4566/2011, referente ao transporte público coletivo, ao dispor como um dos direcionamentos para a instituição da rede viária básica estrutural do transporte coletivo:

a implantação de eixos estruturais de transporte coletivo, a médio e longo prazo, interligando-se as Regiões Administrativas e municípios do Entorno com a área central de Brasília e demais polos centralizadores e priorizando-se a circulação do transporte coletivo, mediante a utilização de faixas exclusivas e prioritárias e a expansão do modo ferroviário, além de ciclovias e infraestrutura de apoio à população usuária. (DF, Lei n°4.566/2011, II, Art.17).

Nessa abordagem, os eixos de transporte estão relacionados à sua função de interligação entre os polos de centralidade e não como indutores de novas áreas. Porém, ao tratar das premissas que condicionaram a caracterização do ambiente institucional demandada para a elaboração do PDTU a ST/DF (2010) destacou entre outros aspectos:

a necessidade de deslocamentos vista como consequência da distribuição e da densidade de ocupação e do uso da malha urbana e o sistema viário e de transportes tidos como fortes indutores dessa distribuição, fazendo com que a mobilidade urbana seja, ao mesmo tempo, causa e consequência do desenvolvimento econômico e social. (ST, 2010:48).

A colocação acima ratifica a intrínseca relação entre sistemas de transporte e uso do solo, coadunando-se com a conceituação referente à reciprocidade entre fixos e fluxos apresentada no item 1.3 do capítulo 1 da dissertação.

A apresentação dos objetivos e diretrizes gerais relacionados neste item visou proporcionar uma ampla apreensão do que preconizam os Planos Diretores objetos da presente investigação.

Considerando que o objetivo a ser alcançado na pesquisa refere-se à análise das diretrizes do PDOT e do PDTU relativas ao tema da centralidade urbana, o item a seguir descreve as variáveis selecionadas com vistas à sistematização da comparação entre os Planos, envolvendo abordagens que se julga serem relevantes no contexto proposto.

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