• Nenhum resultado encontrado

3.1 Geral:

Investigar a viabilidade do uso de resíduos produzidos nas feiras abertas da cidade de Manaus como substrato para o cultivo e produção de lacase de Pleurotus ostreatus.

3.2 Específicos:

-Caracterizar quanto à composição centesimal os resíduos: casca de tucumã (Astrocaryum aculeatum), casca de cupuaçu (Theobroma grandiflorum), casca de pupunha (Bactris gasipaes), caroço de açaí (Euterpe oleracea) e casca da raiz de mandioca (Manihot esculenta).

-Avaliar qual desses resíduos é mais adequado como substrato para o cultivo e produção de lacase por P. ostreatus.

-Investigar quais as condições ótimas de cultivo e produção de lacase por P. ostreatus utilizando o resíduo selecionado.

20

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os materiais e métodos, resultados e discussão da presente dissertação serão apresentados em formato de artigo que será encaminhado para a revista Process Biochesmitry

Cultivo e produção de lacase por Pleurotus ostreatus

utilizando resíduos das feiras abertas da cidade de Manaus

como substrato.

21

Cultivo e Produção de lacase por Pleurotus ostreatus utilizando resíduos produzidos nas feiras abertas de Manaus como substrato

Luana Carolina R. M. dos Santosa, Mariane Caroline Martinsb, Anna Karolina G. Rodriguesb, Vitória Elizabeth S. Lopesb, Walter Oliva Pinto Filho Segundod, João Paulo Alves da Silvac João Vicente Braga de Souzad , Érica Simplício de Souzaa,b

a

Programa de pós-graduação em Biotecnologia e Recursos Naturais, Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Av. Carvalho Leal 1777, CEP 69065-001, Manaus-AM, Brasil

b

Escola Superior de Tecnologia (EST), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Av. Darcy Vargas 1200, CEP 69050-020, Manaus-AM, Brasil.

c

Escola de Engenharia de Lorena (EEL), Universidade de São Paulo (USP), estrada Municipal do Campinho, s/nº, CEP 12602-810, Lorena-SP, Brazil.

d

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Coordenação de Sociedade, Ambiente e Saúde (CSAS), Av. André Araújo 2936, CEP 69060-001

Resumo

O objetivo deste estudo foi investigar a viabilidade do uso de resíduos produzidos nas feiras abertas da cidade de Manaus como substrato para o cultivo e produção de lacase por Pleurotus ostreatus. Foram utilizados os resíduos de casca de tucumã (Astrocaryum aculeatum), casca de cupuaçu (Theobroma grandiflorum), casca de pupunha (Bactris gasipaes), caroço de açaí (Euterpe oleracea) e casca de mandioca (Manihot esculenta). Foram realizados experimentos avaliando qual dos resíduos da feira foi mais adequado para o cultivo e produção de lacase. As condições mais adequadas de cultivo e produção de lacase foram investigadas no resíduo selecionado. A casca de tucumã apresentou valores mais altos para a produção de lacase (21766,82 U/Kg) seguida pela casca da pupunha (6161,43 U/Kg). A casca de mandioca demonstrou a maior eficiência biológica (12,82%). O resíduo de casca de pupunha foi selecionado para a etapa de otimização da produção. Utilizando planejamento fatorial e superfície resposta foi possível determinar as melhores condições para a produção de lacase por Pleurotus ostreatus. Assim, a condição excelente para a produção de lacase foi utilizando casca de pupunha sem nenhuma suplementação de farelo de trigo e 60% de umidade onde se obteve uma produção de lacase de 3565,02 U/Kg.

Palavras-chave: cogumelos comestíveis, planejamento fatorial, bioprocessamento de

resíduos agroindustriais, inóculo.

1 Introdução

Nas feiras abertas da Cidade de Manaus, diariamente, são geradas toneladas de resíduos vegetais que se apresentam como um desafio do ponto de vista ambiental (poluição visual, mal cheiro e contaminação da água) e do ponto de vista de gerenciamento (armazenamento, transporte e destinação). Uma alternativa para o aproveitamento desses resíduos vegetais seria a sua utilização como substrato para o cultivo e produção de lacase por cogumelos. Os cogumelos possuem valor econômico e nutricional como alimento e durante o seu desenvolvimento sobre o substrato esses podem vir a produzir enzimas de interesse econômico/industrial como as lacases. Pouco se conhece sobre a o aproveitamento como substrato dos resíduos gerados a partir do processamento dos produtos vegetais da região

22

norte do país, sendo necessário o desenvolvimento de trabalhos no sentido de investigar o potencial desses para produção de cogumelos e lacases [1].

O cogumelo comestível Pleutotus ostreatus é rico em proteínas e vitaminas e apresenta um baixo teor de gorduras [2], sendo um decompositor primário de madeira e resíduos vegetais. No cultivo de Pleurotus ostreatus já foi utilizado palha de bananeira [2], bagaço de cana-de-açúcar e estirpe de pupunheira [3], grãos de cerveja [4], entre outros substratos. A investigação do cultivo de cogumelos do gênero Pleurotus em resíduos vegetais produzidos em feiras amazônicas possui potencial para gerar uma alternativa promissora para o aproveitamento de resíduos pela bioconversão destes em produtos de maior valor nutricional e gastronômico.

Pleurotus ostreatus, além de ser um cogumelo comestível, é um produtor de lacase. Essa enzima é capaz de extrair elétrons de compostos fenólicos atuando de forma inespecífica sobre os substratos. Devido a essa peculiaridade, essa enzima é atualmente comercializada para a produção de biocombustíveis, diagnóstico laboratorial, biorremediação, indústria têxtil e de alimentos [5]. Entendendo-se que parte dos custos da produção dessa enzima estão relacionadas ao bioprocesso, incluindo custos com substrato, torna-se interessante a busca de alternativas como a utilização de resíduos.

Especificamente quanto aos resíduos, é importante salientar que nas feiras abertas e no comércio da cidade de Manaus são produzidas aproximadamente 35 toneladas diárias de resíduos vegetais [6]. Esses resíduos, apesar do seu potencial de aproveitamento, atualmente são causa de poluição ambiental e geram custos quanto a sua disposição final. Dentre esses deve-se citar: casca de pupunha, casca de tucumã, casca de cupuaçu, semente de açaí despolpada e casca de mandioca.

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade de resíduos vegetais regionais produzidos nas feiras abertas de Manaus no cultivo e produção de lacase por Pleurotus ostreatus.

2 Materiais e Métodos

2.1 Microrganismo

Foi utilizada neste estudo uma linhagem de Pleurotus ostreatus 154 foi adquirida do site http://cogumelohobby.com. Essa foi mantida em meio ágar sabouraud (dextrose-40g, peptona-10g, ágar-15g) à 27˚C.

2.2 Resíduos

Os resíduos agroindustriais selecionados para serem utilizados como substrato para o cultivo do fungo Pleurotus ostreatus foram casca de pupunha (Bactris gasipaes), casca de tucumã (Astrocaryum aculeatum), casca de cupuaçu (Theobroma grandiflorum), semente de açaí (Euterpe oleracea ) despolpada e casca de mandioca (Manihot suculenta) que foram obtidos das feiras abertas e comércio da cidade de Manaus. Foram obtidos 20 kg de cada um desses resíduos, no período do mês de abril de 2015 e esses foram armazenados a -20 oC.

23

2.3 Caracterização Centesimal dos resíduos

A composição dos resíduos foi determinada segundo a metodologia recomendada pela Association of Official Analytical Chemists (AOAC,1997). A determinação da umidade foi fundamentada na perda de peso e substâncias voláteis em estufa regulada à 100˚C, até a obtenção de peso constante. O resíduo mineral fixo (Cinzas) foi determinado pela incineração da amostra, previamente desidratada, em mufla à 550ºC. A fração de proteína foi determinada pela determinação de nitrogênio, obtido por meio do processo de digestão ácida pelo método Micro-Kjeldal. Foi utilizado o fator 6,25 na conversão do nitrogênio. A fração extrato etéreo foi determinada pela extração contínua em aparelho Soxhlet por seis horas, usando éter etílico como solvente e posterior evaporação em estufa a 105˚C por duas horas. Os teores de carboidratos totais foram obtidos pela diferença das demais frações.

2.4 Seleção do melhor resíduo para o cultivo e produção de lacase por Pleurotus ostreatus 2.4.1 Produção de cogumelos

Foi realizado segundo a metodologia descrita por Obadai [7]. Foi utilizado 1 Kg de cada um dos resíduos secos (70˚C por 3 dias).Os resíduos foram triturados e padronizados tendo a umidade corrigida para 70%. Foi realizado um controle utilizando serragem de Pinus que foi preparado da mesma maneira que os demais resíduos. Os resíduos foram suplementados com 20% de farelo de trigo.

Os substratos foram acondicionados em pacotes de polipropileno de alta densidade e conduzidos a esterilização a 121˚C por 3 dias consecutivos. Para o inóculo foi utilizado 6g de farelo de trigo acondicionados em erlenmeyers de 125 ml e adicionado 14 ml de água. Os frascos foram inoculados com 6 fragmentos (5 mm) obtidos de uma cultura previamente desenvolvida (5 dias) em ágar sabouraud.

Após 144h de incubação o conteúdo dos erlenmeyers foi inoculado nos pacotes contendo resíduo. Os pacotes de resíduo foram incubados a 25˚C até a colonização completa do substrato. Após a colonização completa os pacotes foram transferidos para a câmara de incubação e a temperatura foi reduzida e a umidade aumentada (22,2˚C e 90% de umidade) até a frutificação. A luminosidade foi mantida em 2000 Lux, com fotoperíodo de 12h. Após a frutificação, os cogumelos foram colhidos e pesados quando maduros e depois secos em estufa de circulação de ar (70˚C) para determinação da massa seca.

2.4.2 Determinação da atividade da lacase

Para avaliar a atividade enzimática da lacase foram retiradas amostras do substrato nos períodos de 10, 15, 20, 25 e 30 dias. Foi retirado cerca de 1g do conteúdo dos sacos e seguiu- se à extração mecânica do extrato enzimático adicionando-se 9 ml de água e levando à agitação a 100 rpm por 30 minutos. O sobrenadante obtido foi recolhido e centrifugado e 1000 rpm por 3 minutos.

Para a quantificação da Lacase foi preparada a seguinte reação: 0,7ml de tampão citrato-fosfato pH 5,0 a 0,5M, 0,1 mL de orto-dianisidina (1 mM) e 0,1 mL do sobrenadante contendo a enzima. A oxidação da orto-dianisidina foi acompanhada pelo aumento da

24

absorbância a 525 nm (525= 65,000M-1cm-1). O tempo inicial (zero) foi determinado como a medição da absorbância no momento em que se adicionou a solução de orto-dianisidina, sendo realizada a medida da absorbância de 10 em 10 segundos durante 2 minutos [8].

2.4.3 Determinação do crescimento de Pleurotus ostreatus

O processo foi realizado como descrito por Campos (2010) [9]:

a) Eficiência biológica (EB) (g/g): demonstra quanto substrato foi bioconvertido pelo fungo em corpos de frutificação (EB= Massa fresca de cogumelos em g/Massa seca de substrato em g x 100).

b) Perda de matéria orgânica (PMO) (g/g): mostra a massa perdida de substrato durante o crescimento fúngico (PMO = Massa seca do substrato residual em g/Massa seca do substrato inicial em g x100).

2.5 Otimização das condições de cultivo e produção de lacase

A influência dos fatores umidade e farelo no cultivo e produção de lacase por Pleurotus ostreatus foi investigada utilizando planejamento fatorial 2² com três repetições no ponto central. Assim, 4 experimentos foram realizados com 3 repetições no ponto central, totalizando 7 experimentos.

O substrato definido na tabela 1 foi preparado e esterilizado por 15 minutos a 121˚C durante 3 dias consecutivos. Para o inóculo foi utilizado 6g de farelo de trigo acondicionados em erlenmeyers de 125 ml e adicionado 14 ml de água. Os frascos foram inoculados com 6 fragmentos (5 mm) obtidos de uma cultura previamente desenvolvida (5 dias) em ágar sabouraud. Após 144h de incubação os 7 sacos contendo substrato foram inoculados com o conteúdo dos erlenmeyers. Após 20 dias de incubação foram retiradas amostras do meio de cultivo para a determinação da atividade da lacase.

Tabela 1. Níveis e variáveis umidade e relação resíduo:farelo usados no planejamento fatorial.

Variáveis Níveis

+1 -1

Umidade (%) 40 60

Porcentagem de farelo de trigo (%) 0 0,5

2.6 Análise dos resultados

Todos os experimentos foram realizados em triplicata e foram calculadas a média e o desvio padrão para cada uma das determinações realizadas. Quando necessário comparar variâncias foi utilizado teste de ANOVA suplementado pelo teste paramétrico “t”, com intervalo de confiança de 95%. A análise da influência de variáveis sobre a produção de lacase foi desenvolvida utilizando o software profissional STRATGRAPHICS PLUS v. 4.1

25 0,00 5000,00 10000,00 15000,00 20000,00 25000,00 30000,00 35000,00 10 15 20 25 30 A ti vi d ad e d a la ca se U /Kg Tempo(dias) Semente de açaí Casca de pupunha Casca de mandioca Casca de cupuaçu Casca de tucumã Serragem 3 Resultados

3.1 Composição Centesimal dos resíduos

No intuito de conhecer sobre a composição dos resíduos estudados esses foram avaliados quanto a sua composição. Na Tabela 2 observa-se composição centesimal dos resíduos de casca de cupuaçu, casca da raiz de mandioca, casca de pupunha, casca de tucumã e semente de açaí. A casca de tucumã apresentou o maior teor de proteínas (9,83%) e a semente de açaí apresentou maior teor de carboidratos (83,32%).

Tabela 2. Composição centesimal dos resíduos (casca de cupuaçu, casca da raiz de mandioca, casca de pupunha, casca de tucumã e semente de açaí) coletados nas feiras abertas da cidade de Manaus. Parâmetro Casca de Cupuaçu Casca de Mandioca Casca de Pupunha Casca de Tucumã Semente de Açaí Umidade (%) 65.95 ± 0.01 70.15 ± 0.04 37.2 ± 0.6 57.19 ± 0.01 9.64 ± 0.01 Cinzas (%) 2.2 ± 0.1 11.6 ± 0.6 2.48 ± 0.07 4.87 ± 0.05 1.56 ± 0.03 Lipídeos (%) 0.7 ± 0.1 0.72 ± 0.03 34.3 ± 0.4 22.6 ± 0.4 0.20 ± 0.01 Proteínas (%) 4.7 ± 0.1 6.32 ± 0.01 6.3 ± 0.1 9.83 ± 0.06 5.26 ± 0.07 Carboidrato (%) 26.5 ± 0.1 11.5 ± 0.6 19.7 ± 0.4 5.4 ± 0.4 83.30 ± 0.03 3.2 Produção de lacase

Bioprocessos foram realizados para investigar a produção de lacase por Pleurotus ostreatus utilizando os resíduos como substrato. Essa enzima foi determinada nos dias 10, 15, 20, 25 e 30 de cultivo . A Figura 1 mostra a cinética da produção de lacase nos resíduos estudados. A casca de tucumã foi o substrato destacado para a produção de lacase (21766,82 U/Kg).

Fig.1.Cinética da produção de Lacase por Pleurotus ostreatus utilizando como substrato

resíduos coletados nas feiras da cidade de Manaus (casca de cupuaçu, casca da raiz de mandioca, casca de pupunha, casca de tucumã e semente de açaí).

26

3.3 Produção de Cogumelos

Para avaliar qual dos resíduos de feira era o mais adequado para o cultivo e produção de cogumelos por Pleurotus ostreatus foram utilzados os índices de eficiência biológica e perda de matéria orgânica. Na Tabela 3 é observada a eficiência biológica e a perda de matéria orgânica calculadas durante o cultivo de Pleurotus ostreatus nos resíduos. A casca de mandioca se destacou na produção de cogumelos (Figura 2) obtendo uma eficiência biológica de 12,82% e a casca da pupunha apresentou a maior perda de matéria orgânica (78,9%). Tabela 3. Eficiência Biológica e Perda de matéria orgânica dos substratos agroindustriais utilizados para a produção de cogumelos por Pleurotus ostreatus

.

Substrato Eficiência biológica (g/g) (%) Perda da matéria orgânica (g/g) (%)

Casca de tucumã 1.5% 68.3% Casca de pupunha 4.8% 78.9% Semente de açaí NF 74.1% Casca de mandioca 12.8% 73.6% Casca de cupuaçu NF 70.8% Serragem 1.2% 41%

Legenda “SF“: não houve frutificação

Fig.2. Produção de corpos de frutificação de Pleurotus ostreatus nos resíduos: serragem de

Pinus (a), casca de mandioca (b,c), casca de pupunha (d,e), e casca de tucumã (f).

3.4 Planejamento Fatorial e Superfície de resposta

Com a finalidade de investigar a influência das condições de cultivo na produção de lacase, bioprocessos foram realizados investigado os fatores concentração de umidade e de farelo por meio da metodologia de planejamento fatorial e superfície de resposta, com três repetições no ponto central. Os resultados do planejamento fatorial (Tabela 4) mostraram uma produção de lacase que variou de 995 U/Kg a 3565 U/Kg demonstrando a importância dos fatores investigados.

27

Tabela 4. Resultado do planejamento fatorial com três repetições no ponto central para a produção de lacase por Pleurotus ostreatus em casca de pupunha.

Experimento Umidade (%) Porcentagem de farelo de trigo (%) Lacase (UI/Kg)

1 40.0 0 2448 2 60.0 0 3565 3 50.0 25 2582 4 50.0 25 2440 5 60.0 50 995 6 40.0 50 1237 7 50.0 25 2400

Os efeitos principais e suas respectivas interações calculadas a partir dos dados da tabela 4 são apresentados na tabela 5. Os erros padrão () dos efeitos foram calculados a partir das replicadas do ponto central (tabela 4). Segundo Barros Neto et al., ao nível de 95% de confiança, somente são considerados significativos os efeitos, em módulo, cujos valores forem maiores que “tv x ” , onde tv é o valor do teste t para  graus de liberdade. O valor do teste t para 2 graus de liberdade (t2), ao nível de 95% de confiança é 4,313.

Tabela 5. Efeito dos fatores umidade e porcentagem de farelo de trigo na produção de lacase, calculados a partir dos dados apresentados na Tabela 4.

Efeitos estimados Lacase UI/Kg

Média 2238 ± 36 A: Umidade* 438 ± 96 B: Porcentagem de farelo de trigo* -1891 ± 96 AB* -680 ± 96

Os erros padrão em um erro puro com 2 graus de liberdade *Efeitos com significado estatístico ao nível de 95% de confiança.

Quanto a produção de lacase, nas condições experimentais, os fatores Umidade e Porcentagem de Farelo de trigo e a interação desses apresentaram significância estatística. Considerando-se esses efeitos estatisticamente significativos, um modelo linear foi ajustado com os dados da Tab. 4 e esse é descrito a seguir:

Equação 1

Lacase (U/Kg) = 390,893 + 55,85*Umidade + 3014,0*Porcentagem de Farelo de trigo - 135,9*Umidade*Porcentagem de Farelo de trigo

Análise de variância (ANOVA) foi realizada para validação do modelo matemático descrito na Equação 1 (Tab. 5). Esse modelo matemático apresentou regressão significativa (93,1%), seus fatores apresentaram significado estatístico e falta de ajuste insignificativo (p > 0,05).

28

Tabela 6. Análise de variância para avaliar a significância estatística do modelo para a produção de lacase.

Fonte Soma dos

Quadrados Gl Quadrado médio Valor de F Valor de P A: Umidade 191406.0 1 191406.0 20.92 0.0446 B: porcentagem de farelo de trigo 3.57399 × 106 1 3.57399 × 106 390.69 0.0025 AB 461720.0 1 461720.0 50.47 0.0192 Falta de ajuste 292050.0 1 292050.0 31.93 0.0299 Erro 18296.0 2 9148.0 Total (corr.) 4.53746 × 106 6

R-quadrado = 93,1604 por cento

R-quadrado (ajustado para d.f.) = 86,3207 por cento

Para representar a estimativa de Lacase produzida foram feitas superfícies de resposta (Fig. 3) a partir dos dados gerados pelo modelo avaliado (Fig. 1). A superfície de resposta construída demonstrou que as condições mais adequadas para a máxima produção da lacase foram: 60 % de umidade e nenhuma suplementação com farelo de trigo.

Fig.3. Superfície de resposta apresentando as informações geradas pela Equação 1, influência

da Umidade (%) e da Razão Farelo/resíduo g/g (Farelo de trigo/casca de pupunha)na produção de lacase por P. ostreatus.

29

4 Discussão

Cogumelos comestíveis são alimentos de importância econômica e nutricional e podem ser cultivados utilizando resíduos como substrato. O uso de resíduos no cultivo desses cogumelos possibilita o seu aproveitamento na obtenção de cogumelos comestíveis e de lacase que é uma enzima de valor econômico sendo utilizada na indústria têxtil e de alimentos. No presente trabalho foi demonstrado ser possível produzir cogumelos e lacase utilizando como substrato resíduos otidos em feiras abertas. O resíduo casca de pupunha demonstrou ser adequado para o crescimento do cogumelo comestível Pleurotus ostreatus e possibilitou a produção da enzima lacase em durante seu crescimento nesse resíduo sendo selecionado para a etapa de otimização.

Comparando-se com substratos já utilizados no cultivo de Pleurotus ostreatus quanto aos teores de carbono e nitrogênio os resíduos de casca de pupunha e casca de tucumã apresentaram teores de proteínas mais altos do que os resíduos convencionalmente utilizados (6,34% e 9,83%). Campos (2010) [9] avaliou a composição dos substratos de bagaço de cana- de-açúcar, farelo de trigo e farelo de arroz obtendo no bagaço de cana de açúcar teor de proteínas de 2,56% e para o farelo de trigo de 16,25%. Para o teor de carboidratos dos resíduos a casca do cupuaçu e a casca da pupunha se destacaram entre os demais resíduos (26,45% e 19,65% respectivamente). Quando comparados aos teores de carboidratos do resíduo de bagaço de cana de açúcar obtidos no trabalho de Campos (2010) os resíduos de cupuaçu e mandioca se apresentaram inferiores. Sabe-se, entretanto, que este baixo teor de carboidratos no substrato pode ser corrigida pela adição de suplementos [10].

Durante o cultivo nos resíduos regionais a casca de tucumã e a casca da pupunha se destacaram demonstrando altas taxas de produção de lacase (21766,82 U/Kg e 6161,43 U/Kg). Silva (2012) cultivou Pleurotus ostreatus em cascas de café utilizando extrato de levedura como fonte de nitrogênio obtendo uma produção de lacase de 20 U/ml [11]. Alexandrino (2007) obteve valores de lacase de 73 U/ml utilizando resíduo de bagaço de laranja sem qualquer suplementação, proporcionando a obtenção de elevada atividade enzimática com potencial para uso industrial [12]. Menezes (2009) utilizou bagaço de cana de açúcar para o cultivo de Pleurotus ostreatus e obteve valor de 6,23 U/l para a enzima lacase [13]. Regina (2012) cultivou Pleurotus ostreatus em sabugo de milho e alcançou valores de lacase de 1,2 U/l em meio líquido e 2,8 U/Kg em meio sólido [14]. Melo (2011) utilizou solução Manachini suplementada com CuSO4 e glicose tendo seus sais dissolvidos em água de imersão de palha de bananeira obtendo uma produção de lacase de 3,132 U/l. Os trabalhos citados apresentaram taxas de produção de lacase inferiores às obtidas neste trabalho demonstrando que os resíduos de regionais de casca de tucumã e a casca de pupunha são substratos adequados para o cultivo de Pleurotus ostreatus visando a produção de lacase. A figura 2 mostra a produção de corpos de frutifição para o resíduo de casca de mandioca obtendo eficiência biológica de 12,82%. Holtz (2009) utilizou resíduo de algodão da indústria têxtil sem adição de suplemento no cultivo de Pleurotus ostreatus obtendo eficiência biológica de 5% [15]. Marino (2008) cultivou em casca de coco suplementada com farelo de trigo ou arroz e obteve eficiência biológica de 5,9% [16]. Estes valores demonstraram que a casca de mandioca se mostrou mais eficaz no cultivo de Pleurotus ostreatus do que os resíduos citados. Dias (2003) [17] utilizou os substratos de palha de feijão pura no cultivo de Pleurotus sajor caju e obteve eficiência biológica de 85,7% [18]. Esse valor foi superior ao encontrado na casca de mandioca e pode ser devido ao alto teor de proteínas (91,25%) presente no substrato de palha de feijão. A palha de milho quando utilizada juntamente com o farelo de trigo no cultivo de Pleurotus também obteve valores elevados de eficiência biológica (83,4%) [18]. Campos (2010) utilizou serragem de marupá e pau-de-balsa provenientes da indústria madeireira e obteve eficiência biológica de 94% e 64,60% [10].

30

Entretanto, o resíduo de casca de mandioca se mostrou eficiente na produção da enzima lacase, sendo que a deficiência no teor de proteínas do mesmo pode ser corrigida utilizando a suplementação com farelos.

Algumas limitações encontradas nesta pesquisa, uma delas é a necessidade de uma análise

Documentos relacionados