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Obrigações do empregador frente ao seu subordinado referente as

2. A RELAÇÃO JURÍDICA DO EMPREGADOR PARA COM O

2.4 Obrigações do empregador frente ao seu subordinado referente as

Conforme destaca Nascimento (2009, p. 535): “O acompanhamento da saúde do empregado é obrigação do empregador. Diversas obrigações a serem cumpridas pela empresa são previstas pela lei”.

Com as mudanças ocasionadas pela Revolução Industrial na relação de trabalho, devido ao grande número de doenças e acidentes causados pela falta de políticas de prevenção à saúde e a segurança do obreiro, passou-se a ter a noção de que o lado mais forte da relação de trabalho, o empregador, deve sempre zelar pela saúde do seu subordinado, surgindo assim, a implantação de medidas de prevenção no ambiente de trabalho.

Ao passar dos anos, criou-se diversos normativos que visam forçar o empregador a adotar medidas preventivas de saúde e medicina do trabalho para proteger o seu empregado. Como exemplos, podemos citar a identificação dos riscos presentes no ambiente do trabalho, a implantação de programas educativos para conscientização da importância em fazer uso dos equipamentos de proteção, bem como usar das medidas preventivas para neutralizar ou minimizar os efeitos causados por agentes nocivos à saúde dos obreiros.

A própria Consolidação das Leis do Trabalho disciplina o assunto. Senão, vejamos:

Art. 157. Cabe às empresas:

I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;

II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;

III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente;

IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente. Conforme dispõe o inciso I, do artigo supracitado, as empresas possuem autonomia para fazer os empregados cumprirem as normas de saúde e segurança do trabalho. Isso significa que caso o trabalhador se negue a usar corretamente os equipamentos de segurança, por exemplo, ele será primeiramente advertido e caso continue se negando a utilizar estes equipamentos, poderá caracterizar falta grave e o trabalhador pode ser demitido por justa causa.

Além disso, referente aos procedimentos que as empresas devem adotar para zelar pela saúde dos seus empregados, a Norma

Regulamentadora nº 7, instituída pela Portaria SSST n.º 24, de 29 de dezembro de 1994, trouxe a obrigatoriedade de elaboração e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), que visa controlar a saúde dos trabalhadores de acordo com os riscos aos quais estejam expostos. Abaixo, cabe o destaque da NR 7:

7.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a

obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores.

Do PCMSO resultará um laudo pericial, onde serão verificados quais os exames obrigatórios que os trabalhadores de uma determinada função específica terão que fazer. Ainda, o laudo servirá para verificar se a pessoa é apta ou não para aquele serviço.

Neste sentido, todo trabalhador que tiver o intuito de ser admitido na empresa, deverá passar por uma bateria de exames admissionais. Estes exames irão fornecer ao empregador o resultado sobre a capacidade ou não da pessoa em laborar naquele tipo de serviço. É exatamente isso que dispõe o artigo 168 da CLT. Senão, vejamos:

Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas

condições estabelecidas neste artigo e nas instruções

complementares a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho: I- na admissão;

II- na demissão; III- periodicamente [...]

Parágrafo 3º O Ministério do Trabalho estabelecerá, de acordo com o risco da atividade e o tempo de exposição, a periodicidade dos

exames médicos.

Conforme destaca Nascimento (2009, p. 532-533) “Primeiro, o exame médico que é obrigatório, é por conta do empregador, inclusive na admissão do empregado (CLT, art. 168). Será renovado anualmente: porém, nas atividades com insalubridade, de seis em seis meses”.

Nota-se, no trecho destacado pelo autor, que nas atividades insalubres a preocupação é sempre maior, por isso, os exames devem ser renovados a cada seis meses.

Outra obrigação do empregador frente ao seu subordinado que se demonstra pertinente, é a implementação da Comissão Interna de Prevenção

de Acidentes (CIPA). A própria CLT, no artigo 163, trata do assunto quando diz que “será obrigatória a constituição da CIPA, de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, nos estabelecimentos ou locais de obras nelas especificadas.”

Ainda referente à CIPA, a Portaria SSST n.º 08, de 23 de fevereiro de 1999, trouxe nova redação a Norma Regulamentadora nº 5, que trata sobre o assunto. Conforme destacado na própria NR 5, a CIPA é uma comissão composta por representantes dos empregados e dos empregadores, escolhidos por votação e tem por objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.

Nascimento reforça a ideia:

É obrigatória nas empresas com mais de 50 empregados, a constituição de um órgão interno denominado CIPA, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CLT art. 163). O número acima mencionado é fixado em Portaria e, portanto, sujeito a alterações. Compete ao Estado, por meio do MTE, a inspeção do trabalho e a fiscalização do cumprimento das normas pelas empresas. (2009, p.535).

Por fim, impende destacar outra medida preventiva que visa tutelar a saúde e a segurança dos trabalhadores que é o uso do equipamento de proteção individual – EPI.

De acordo com o artigo 166 da CLT:

A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.

Como bem destaca o teor do artigo citado, o equipamento de proteção individual deve ser fornecido gratuitamente aos trabalhadores, não podendo o valor do equipamento ser descontado do salário do obreiro. Ainda, o EPI deve possuir o certificado do Ministério do Trabalho e Emprego, como bem destaca a Norma Regulamentadora nº 6, com redação posta pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de 2001. Vejamos:

6.2 O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.

Ainda, a própria NR 6 traz um rol taxativo de obrigações do empregador inerentes ao EPI. São elas:

6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI:

a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; b) exigir seu uso;

c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;

d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;

e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e, g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico.

Vale o destaque para o subitem estipulado na letra “d”, onde demonstra que tão importante quanto o fornecimento do EPI por parte do empregador, este também deve orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado do equipamento e sobre o modo de guardar e conservar o mesmo.

Neste sentido, é a súmula 289 do Tribunal Superior do Trabalho:

O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso do equipamento pelo empregado.

Diante de todo o exposto ao longo do tópico, conseguimos visualizar claramente a grande preocupação que se tem hoje no Brasil quando o assunto é a saúde e a segurança no trabalho. O legislador, por diversas vezes, estipulou normas de prevenção que devem ser seguidas pelo empregador. Entretanto, é essencial que haja a colaboração por parte do empregado, já que para que funcione a relação de trabalho, deve haver reciprocidade entre os seus membros. Inclusive, a própria Norma Regulamentadora nº 6 estipula obrigações que devem ser seguidas pelo empregado, a fim de que sua segurança seja garantida. Senão, vejamos:

6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI:

a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;

c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e,

d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. É notória a preocupação do legislador em fazer com que o empregado e o empregador tenham consciência de que as medidas de prevenção são

adotadas para tutelar o elo mais fraco da relação laboral e que o cumprimento das determinações impostas, são de observância obrigatória a ambos.

Infelizmente, algumas empresas brasileiras ainda resistem as medidas preventivas, impedindo que ações que visam melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, sejam impostas. Sendo assim, quando as medidas necessárias não são tomadas e o trabalhador é posto em risco por culpa do empregador, cabe a este arcar com a sua responsabilidade jurídica. Assunto que será tratado no último tópico deste trabalho.

2.5 A responsabilidade jurídica do empregador em decorrência da

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