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3. Prática de ensino supervisionada

3.2. Observação de aulas

Nós entendemos a observação de aulas como uma componente fundamental para a nossa formação enquanto futuros professores, pois os modelos que recebemos dos professores cooperantes podem ser muito importantes para quem tem pouca ou nenhuma experiência pedagógica. Por outro lado, a observação efetuada pelos professores cooperantes e o feedback que deles recebemos também nos permite mudar comportamentos e melhorar o nosso desempenho profissional.

Iniciámos a nossa PES de Português no dia 19 de setembro de 2013. Nesse dia a Dra. Conceição Vicente Carvalho levou-nos a conhecer as instalações da escola. Para além disso, facultou-nos informações sobre os horários e as turmas que eram da sua

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responsabilidade. Como os horários de Português coincidiam como os de Espanhol, foi necessário encontrar uma solução para que pudéssemos realizar o nosso trabalho em ambas as escolas. Desta forma, ficou estipulado que as quartas e as sextas-feiras seriam para a escola de Carnaxide. Por seu turno, as segundas-feiras seriam destinadas à escola do Parque das Nações, bem como as quartas-feiras e as quintas-feiras a partir das 17 horas.

A nossa segunda deslocação à escola Camilo Castelo Branco foi precisamente para darmos início à observação de aulas no 9.º A e desde o primeiro dia ficámos frente a frente com os alunos. As mesmas eram lecionadas tendo como base o manual adotado; no entanto, a professora utilizava outros materiais para além deste recurso, nomeadamente textos e fichas, estas últimas especificamente para trabalhar os conteúdos gramaticais, conteúdos, esses, que, segundo a experiência da professora, não eram do agrado da maioria dos alunos. No entanto, constavam do programa e são necessários, pelos motivos que apresentámos no subcapítulo 1.3. Como os alunos não aderiam bem ao estudo da gramática, a professora cooperante tinha algumas estratégias para lidar com a situação. Uma delas era não dedicar muito do tempo letivo aos tópicos gramaticais: abordava os conteúdos em pequenos blocos, o que era possível, porque a maioria dos conteúdos já tinham sido lecionados em anos anteriores. Para além disso, tentava, sempre que possível, adotar formas mais ativas de ensinar a gramática e, portanto, facilitadoras das aprendizagens, de forma a envolver mais os alunos no processo de ensino-aprendizagem, promovendo assim a sua autonomia. Aliás, o manual do 9.º ano20 já segue uma tendência mais indutiva na forma de abordar os

conteúdos gramaticais, pois os mesmos são, em geral, apresentados de forma a levar os discentes a descobrir as regras e a refletir sobre as estruturas enunciadas. Para concluir, à medida que a professora abordava os conteúdos gramaticais, tentava alertar os alunos para a importância que a competência gramatical tem no ensino-aprendizagem da LM. Em primeiro lugar, porque esta faz parte intrínseca da língua e como tal tem de se conhecer e saber utilizar. Em segundo lugar, referia que a gramática é importante para o desenvolvimento da competência escrita e oral e que esse conhecimento não serviria

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apenas para desempenhar um bom trabalho académico, pois o mesmo poderia ser mobilizado para situações reais e diárias das suas vidas, como, por exemplo, quando tivessem de ler e interpretar determinados documentos ou tratar de assuntos em repartições públicas.

3.2.2. Aulas de Espanhol

Iniciámos a nossa PES de Espanhol no dia 7 de outubro de 2013 e, neste caso, ficámos inicialmente sentados ao fundo da sala e, assim, pudemos observar todos os passos da professora cooperante. Pouco tempo depois passámos a ter uma participação mais ativa, mais concretamente no apoio a determinadas tarefas que os alunos realizavam. Também nos foi proposto que acompanhássemos mais de perto, nomeadamente a partir do segundo teste do primeiro período, um aluno do 9.º C e outro do 8.º A. Para o efeito, nestas duas turmas, ficámos sentados ao lado dos alunos em questão.

No nosso relatório, interessa-nos em especial relatar a forma como a professora cooperante abordava os conteúdos gramaticais. Assim, passando à lecionação das aulas, de uma forma geral, eram dadas pelo manual. A professora explicou-nos que, para uma melhor gestão do tempo que tinha disponível, raramente lecionava de outra forma; no entanto, algumas vezes incorporava nas suas aulas atividades que não se encontravam no manual. Assim sendo, para ensinar a gramática, a professora cooperante também seguia os manuais adotados21 e os respetivos

cadernos de exercícios, que geralmente são elaborados de acordo com o método comunicativo (ver 1.3) e cujo processo de ensino-aprendizagem se encontra organizado por tarefas. Para abordar a gramática, a professora guiava-se pela informação contida nos manuais, em que os conteúdos gramaticais surgem organizados da seguinte forma: primeiro aparece uma pequena explicação sobre a forma e o uso e num momento posterior surgem alguns exercícios de aplicação, que consistem normalmente em exercícios de seleção, de estabelecimento de

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correspondência ou de preenchimento de espaços. Por conseguinte, os alunos tomavam primeiro contato com a regra presente no manual e, antes de passarem aos exercícios de aplicação, caso fosse necessário, a professora explicava-a com maior detalhe, ensinando, assim, a gramática de forma dedutiva.

Apesar de ser esta a prática habitualmente adotada pela professora, por vezes esta tentava utilizar formas mais ativas de ensinar gramática, recorrendo, por exemplo, a abordagens de caráter mais indutivo, que exigiam uma maior participação dos alunos na aprendizagem dos tópicos gramaticais. No entanto, defendia que o método dedutivo é mais eficaz, quando se trata de ganhar tempo para cumprir os conteúdos programáticos (na linha do que referimos em 1.3 em que enumerámos as vantagens e desvantagens das abordagens através da descoberta). Para além disso, os alunos não se mostravam muito recetivos a um tipo de ensino de índole mais indutivo, em que fossem utilizadas metodologias que lhes permitissem refletir sobre o conhecimento explícito da língua, porque estavam mais habituados a um ensino gramatical mais tradicional.