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1.5 Observação direta / Participante e Entrevistas Semi Estruturadas

Escolhemos a observação direta como método de recolha de informação neste projeto, com o objetivo de observar as relações e as interações da criança com os seus pares. Os dados de que o estudo se auxiliou partiram da observação direta do aluno com PEA em interação com os seus pares, educador e terapeuta.

Para Quivy e Campenhoudt (2003, p. 164)

(…) a observação engloba o conjunto de operações através das quais o modelo de análise (constituído por hipóteses e por conceitos) é submetido ao teste dos factos e confrontado com dados observáveis. Ao longo desta fase são reunidas numerosas informações. (…) A observação é, portanto, uma etapa intermédia entre a construção dos conceitos e das hipóteses, por um lado, e o exame dos dados utilizados para as testar, por outro.

Isto é, quem investiga consegue captar as suas capacidades sensoriais, de percecionar e processar cognitivamente e que se mostrem pertinentes para o estudo em curso. Os dados que a investigação requeria, foram conseguidos através da observação direta da criança com PEA como também do envolvimento e da participação da sua família. A observação desta interação e envolvimento foi estruturada em torno de temáticas relacionadas com a interação entre pares e as suas aprendizagens como promotor da socialização e inclusão. A metodologia da entrevista caracteriza-se por um contacto direto entre quem investiga e os seus interlocutores. Ao contrário do que se verifica através do inquérito ou questionário.

Ao falar, o sujeito torna-se presente, deixa o seu testemunho, estabelecendo assim uma troca de informação, durante a qual o interlocutor do investigador comunica as suas perceções de um acontecimento ou de uma situação, procurando que esses fossem objetivamente relacionados com as interações sociais e incapacidade na comunicação envolvendo a criança com PEA. Conversar sobre o que se sentiu/sente e pensa aproxima, permite criar uma harmonia, confere um rosto à teoria. Apesar de se ter um conjunto estruturado de perguntas, procurou-se dar espaço ao entrevistado para se expressar livremente, dando assim, à entrevista um registo de conversa. Neste sentido, ter a

perceção do modo como os vários interlocutores vivenciaram as incapacidades da comunicação, na interação entre pares com a criança A, possibilita ao investigador relativizar a própria experiência, procurando, dessa forma, o seu conhecimento sobre o impacto que o Jardim de Infância tem na sua promoção e relação entre os seus pares.

A entrevista adquire muita importância no estudo de caso, pois é através dela que o investigador compreende a forma como os indivíduos interpretam as suas vivências já que ela

(…) é utilizada para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspetos do mundo (Bogdan e Biklen, 1994, p.134).

Os diversos tipos de entrevistas que existem têm sido classificados de diferentes formas.

Fontana e Frey (1994), demonstram a existência de três grandes tipos de entrevistas: estruturada, semiestruturada, e não estruturada. Consideram assim, as entrevistas sendo ideal quando existem vários entrevistadores pois as questões são colocadas previamente descritas, as palavras que são utilizadas são pensadas e escolhidas também previamente, as eventuais categorias de respostas estão definidas e é reduzida a avaliação das respostas durante as entrevistas.

Bogdan & Biklen (1994), afirmam que na investigação qualitativa, as entrevistas podem ser usadas de duas formas. Por um lado podem constituir a estratégia principal para a recolha de dados, por outro, podem ser utilizadas em conjunto com a observação participante, análise de documentos e outras técnicas, como é o nosso caso. Qualquer se sejam as situações, a entrevista é utilizada para recolher dados descritivos, possibilitando ao investigador fortalecer intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspetos do mundo.

As entrevistas não têm o dever de verificar hipóteses nem recolher ou analisar dados próprios, permitir a reflexão, aumentar e determinar os horizontes de leitura, ter consciência das dimensões e dos aspetos de um dado problema, que nunca teríamos pensado espontaneamente. Quivy & Campenhoudt,( 2003).

Assim sendo, a entrevista pareceu-nos que seria o instrumento mais apropriado para a nossa pesquisa deste estudo de caso. Organizámos um guião da entrevista (Anexo 13), que serviria como um alicerce no qual desenvolveríamos e pré determinaríamos as nossas questões, em conformidade com os objetivos deste estudo, sustentadas pela literatura revista. No nosso estudo procurámos aplicar um estilo de entrevista semi

estruturada. Esta configuração obedece a um plano semi estruturado, composto por uma série de questões previamente selecionadas e integradas num guião, onde se torna essencial, minimizar a variação entre as questões colocadas aos entrevistados e possibilitar maior uniformidade no tipo de informação recolhida. Segundo Fontana & Frey (1994), este tipo de entrevista é ideal quando há vários entrevistadores dado que as questões são colocadas tal como foram anteriormente escritas, as palavras empregadas são escolhidas e pensadas previamente, as praticáveis categorias de respostas estão antecipadamente definidas e a avaliação das respostas durante as entrevistas é reduzida. Estes autores, salientam também, que são vantagens deste tipo de entrevista: ajudar a análise posterior, restringir o efeito do entrevistador e as distorções de opinião, possibilitar a verificação e confirmação da instrução, auxiliar a organização e análise de dados e tornar mais fácil uma réplica do estudo. Os mesmos autores, referem também algumas desvantagens e mencionam: a redução da flexibilidade e da espontaneidade, a quase anulação da possibilidade de aprofundar questões que não foram previstas pelo entrevistador, o facto de não serem tomados em consideração as circunstâncias e os elementos pessoais do entrevistado, podem levar a algum constrangimento e limitações nas pessoas entrevistadas.